Jessie — 06 anos depois...
Ajeitei a minha bolsa, enquanto deixava Ryan na escola e ia em direção ao hotel — onde eu continuei trabalhando no último ano.
Eu fiquei com medo de Richard fazer algo contra mim — por achar que eu tinha o enganado —, mas com sorte, isso não yinjq acontecido e eu estava com o meu emprego e podia continuar cuidando do meu filho.
Como Anahi, minha melhor amiga, costumava trabalhar em casa, ela buscava o pequeno na escola para mim e o levava para casa.
Nos últimos seis anos, a única notícia que tive do pai do meu filho, foram pelas revistas e isso me deixava mesmo muito aliviada, principalmente, quando penso que ele podia tratar meu filho como se fosse um bastardo, um nada.
Ryan sempre obtinha a mesma resposta da minha parte, que o pai estava viajando e que era impossível manter contato com ele de onde estava e eu não me arrependia nem por um segundo das coisas que eu falava.
— Olá. — Meu chefe disse, assim que me viu entrar pela porta do hotel.
— Oi. — Dei-lhe um sorriso singelo.
– O senhor D'Angelo está voltando ao hotel com a noiva depois de todo esse tempo, espero que possa servi-los. – Ele disse.
– Eu? — franzi a testa. — por que?
— Bom, a seis anos você era a oficial nessa função, exijo que meus clientes tenham o melhor. — ele disse.
— Senhor... — tentei dizer.
— Isso, ou irá perder o seu emprego, pode escolher. — ele comprimiu os olhos, me encarando.
Eu precisava do meu salario, eu tinha um filho e não podia escolher quais funções faria. Era quase como uma ordem ou algo assim, me sentia m*l por saber que teria que passar por isso, mas estava passando.
— Não, eu... — Suspirei. – eu faço.
– Maravilha. – eld sorriu para mim.
Puxei uma lufada de ar e andei a passos firmes até o local onde se encontrava o meu uniforme. Eu tinha que me vestir rápido.
Se bem me lembro, ele só chegaria depois do almoço e eu, muito provavelmente, ficaria de bobeira para estar ao dispor do homem mais rico que esse hotel já recebeu.
Era um porre! Gostaria que todos conhecessem o verdadeiro Richard D'Angelo. Bufo.
Quando termino, tomo um pouco de café, enquanto fico encarando a parede na área de funcionários. Quando, por um súbito, a porta se abre.
Meu chefe puxava o ar com força, enquanto me encarava.
— Largue isso, e vá. — ele disse. — E cuidado, ele está uma fera.
— Ótimo. – Resmunguei.
Além de ter que aguentar a namorada modelo dele, agora teria que lidar com um Richard puto de raiva. Não podia melhorar?
Reclamo, enquanto saio do meu local sagrado e vou para a cozinha, onde a refeição dele parece estar sendo preparada.
Pego o carrinho — com tudo que ele tinha solicitado antes de chegar ao quarto — e subo pelo elevador para o local.
Não era muito difícil encontrar alguém muito rico no caminho, mas a essa hora, com sorte, o elevador estava vazio. Agradeci mentalmente, enquanto tentava me preparar para, simplesmente, o maior martírio que eu poderia conhecer.
— O que você acha que está fazendo com a sua vida? — Perguntei a mim mesma, me encarando pelo espelho.
A porta se abriu e o lugar parecia um pouco mais obscuro agora, com a luz apagada e o clima tenso e pesado.
Bati na porta duas vezes e ela não se abriu, ouvi a voz grave de Richard e me arrepiei, enquanto entráva no local.
– Bom dia, Senhor D'Angelo. – Disse, sem ter coragem de encara-lo.
— Coloque tudo na mesa e se retire. — Ele disse, sua voz firme e polida. Sua forma de falar mostrava o quão rico ele era.
Não respondi, apenas comecei a colocar tudo sobre a mesa, enquanto tentava me conter e ignorar a presença do homem atrás de mim.
Peguei a tigela com a salada de frutas, um tanto quanto incomum e coloquei sobre a mesa.
– O que você pensa que está fazendo? — Perguntou, grosso.
Franzi a testa e o encarei, confusa.
— Servindo a mesa, senhor. — Respondi.
— Já me viu comer essa salada alguma vez? Quer me matar?— Ele perguntou. — Eu sou alérgico a semente de chia.
— Ah, eu... — Olhei para ele. — Desculpe, deve ter sido um erro da cozinha.
– Em anos trabalhando para mim, não consegue ser competente e ligar uma coisa a outra? – Ele gritou. — Você ainda está com raiva por eu não ter casado com você depois de foder.mos, não é?
— Senhor D'Angelo, me respeite. — Gritei com ele, sentindo raiva na minha voz e em todo o meu corpo. — Eu não iria querer me casar com você, nem em mil anos. E ainda digo mais, o senhor é muito sem educação, sua mãe deve ter vergonha de você.
Ele franziu a testa e me encarou com o rosto vermelho de raiva e se olhares matassem, eu certamente teria morrido agora.
— Va embora. – Ele grunhiu.
Apenas sai, deixando-o lá, sozinho, com toda a sua arrogância, prepotência e m*l caratismo. Por isso, ele ficaria sozinho pelo restante da sua vida patética.
Meu celular tocou no meu bolso e eu o atendi, enquanto entrava no elevador.
— Senhora Carter, pode vir a escola? — A professora do meu filho disse, enquanto
— Algum problema com Ryan?— Perguntei.
— Sim, um problema urgente. — Ela respondeu.
— x —
1 dia depois...
"Quando terminar, passe no Rh."
Encarava a mensagem do meu chefe ainda atonita, sem acreditar.
Ontem, depois de toda a merda da briga com Richard, ele foi se queixar para o meu chefe, que não achou certo o meu tom de voz e acabou me demitindo, dizendo que era apenas um corte simples de pessoal.
Eu estava mesmo put.a com isso, mas me sentia ainda mais chateada pelo fato de ter que lidar com o meu pequeno, que lutava agora, contra a leucemia.
Eu não sabia como reagir, os exames foram tão rápidos e em apenas um dia, minha vida parecia ter virado de cabeça para baixo.
O pior, o estado era avançado e eu me culpava por não ter percebido os pequenos sinais antes de chegar em um nível tão preocupante.
Culpa, afinal, o que mais mãe sente além de culpa?
Senti uma lágrima grossa escorrer pelo meu rosto e suspirei, enquanto o observava dormindo na maca. Eu nem sabia o que fazer agora que eu estava sem dinheiro.
— Oi. — O médico apareceu na porta e me deu um meio sorriso.
Me levantei da poltrona que estava ao lado da cama do meu pequeno e saí, o encarando.
— Está tudo bem, doutor? — Perguntei.
— Na verdade, eu não tenho notícias muito boas. — Ele me encarou. – Eu estou mesmo preocupado com o estado do Ryan, os resultados do exame acabaram de sair e infelizmente, ele precisa de um transplante de medula.
— Isso vai ajuda-lo? — Perguntei.
— Sim, posso te explicar os meios técnicos, se preferir. — Ele disse, me encarando com olhos complacentes.
— Não, eu... — Passei a mão no meu rosto. — como eu sei se sou compatível?
— Podemos fazer um exame agora, ficará pronto pela manhã. — Passei meus olhos dele para a porta atrás de mim. — Fiwue tranquila, ele ficará bem sem você.
Apenas assenti. Isso era a única maneira que eu tinha de manter meu filho bem e seguro, então precisava usa-la e ter fé de que isso daria certo.
— x —
— Bom dia. — A enfermeira sorriu para mim. — A senhorita Anahi chegou, estamos querendo permissão para a sua entrada.
— Ela ficará com ele para eu ir em casa. — Eu dei-lhe um meio sorriso.
Eu estava mesmo esperançosa, tinha fé de que as coisas dariam certo e que meu filho ficaria bem. Eu acreditava fielmente nisso.
Tinha esperança de que isso fosse dar certo, na verdade, queria mesmo que desse certo, pois, se por algum motivo eu não fosse compatível com o meu filho, eu não saberia o que fazer apartir daqui.
— Querido. — Segurei a sua mãozinha.
— Sim, mamãe. — Ele piscou em minha direção.
– Mamãe terá que sair, mas a tia Anahi vai cuidar de você, tudo bem? — Perguntei.
— Tudo bem. — Ele sorriu para mim.
Passei a mão nos seus cabelos e beijei seu rosto, piscando em sua direção. Tudo estava sendo tão confuso. Sentia que iria explodir a qualquer momento.
— Te amo. — Disse, me virando para sair do quarto.
Era tão r**m vê-lo assim, abatido. Meu coração se apertava sempre que pensava em como tudo isso tinha acontecido.
Sai para fora, procurando pelo médico, encontrando-o na entrada com uma prancheta na mão. Ele me encarou, com a testa franzida.
— Bom dia. — Sua feição não estava nada boa.
— Aconteceu alguma coisa, doutor? — Perguntei.
— Não tenho boas notícias. — Ele disse, firme.
— O que aconteceu? — Perguntei, confusa.
— Vocês não são compatíveis. — Ele disse, e eu dei um passo para trás.
— E agora? — Eu estava mesmo confusa.
— Normalmente, quando a mãe acaba não sendo compatível, o pai ou os avós tanto maternos, quanto maternos, podem acabar sendo. — ele explicou. — Mas, muito provavelmente, o pai poderá ser. Ele tem pai, não tem?
Merda. Merda. Merda. Isso não pode estar acontecendo comigo, não agora, não hoje. Não quando eu não quero olhar na cara de Richard.
— Sim, ele tem. — Pisquei, ainda atordoada.
— Tente traze-lo ainda essa semana, o tempo está se esgotando. — Ele anunciou.
— Tudo bem. — Suspirei. — O-obrigada.
A verdade é que eu não só teria que olhar para Richard, como teria que implorar para que ele tivesse misericórdia, não só dele, como do meu filho também, um filho que ele não reconheceu, um filho que ele sabe da existência, mas não cuida.
É tão injusto que meu filho precise da ajuda de alguém como Richard D'Angelo.