Richard
Eu sempre fui um homem solto. De bem com a vida e completamente despreocupado. Nunca pensei em ter filhos ou construir uma família, muito pelo contrário, comemorei depois de ouvir que eu era infértil.
Depois disso, nunca me preocupei muito com possíveis camisinhas furadas e golpes da barriga — nenhuma tentou, inclusive.
Quando eu vi Jessie pela primeira vez, ela estava debruçada sobre o balcão, rindo de alguma piada que a sua amiga atendente tinha feito.
Ela era o meu número! Bonita, não muito alta, pele alva, bochechas vermelhas, cabelos presos em um r**o de cavalos e olhos caramelos. Seus s***s eram pequeno e caberiam bem na minha mão, assim como a sua b***a que estava bem marcada na calça de lycra.
Ela abaixou a cabeça e saiu, com um breve com licença e eu me atentei a dar entrada na cobertura. Eu gostava do lugar, mas tinha um apartamento no centro da cidade.
Tinha ido para esse hotel depois de uma infiltração na minha cobertura e desde então, não conseguia não ir mais.
Eu queria mais dela, mais do seu cheiro, mais da sua presença, ouvir mais um pouco a sua voz polida, centrada e suave.
Jessie me trazia os sentimentos mais bizarros e sufocantes e então, eu dormi com ela. Tinha que ter sido só uma noite, o encanto acabaria ali e tudo voltaria a ser como sempre foi e depois de tudo, eu ainda sentia que meu coração era dela e eu queria ser dela.
A questão, entretanto, é que eu nunca me envolveria com alguém como Jessie — ou com qualquer outra pessoa —, ela não tinha o jeito, sobrenome e o comportamento de uma mulher rica, mutio pelo contrário.
e mesmo assim, eu sentia que estava apaixonado por ela e seus cabelos longos e castanhos — que estavam sempre presos. E sempre que eu a via, queria deixar que eles caíssem como cascatas nas suas costas mais uma vez, enquanto ela grita de prazer, grita meu nome e me arranha.
O sentimento de posse aumentou ainda mais depois que eu escutei que eu era o seu primeiro. E então, como um balde de água fria, um teste de gravidez.
Fiquei devastado por dentro e foi como se todo o meu coração tivesse quebrado em um milhão de pedaços. A raiva se apossou de mim. v***a mentirosa.
O pior, me rondava, como quem queria que eu sentisse pena dela e do bastardo. A verdade é que ela só me mostrava o pior de si. Não me merecia e não merecia a minha adoração e foi ainda pior ver a sua barriga crescendo, enquanto ela exibia por aí toda a sua felicidade por ter um bebê.
Eu me sentia um i****a por isso. Me sentia um i****a por ter gostado dela. No final, achava que tinha sido somente uma obsessão estranha.
Sumi por meses e por algum impasse do destino, ela apareceu mais uma vez na minha cobertura, parecia algum tipo de perseguição. Eu odiei ter que lidar com ela e odiei perceber que depois de gerar a criança ela ainda continuava linda e radiante.
Agora, eu só conseguia sentir raiva por ela estar me usando e pelo rostinho bonito e olhos inocentes terem conquistado os meus pais.
Eu não podia ter filhos! Tinha feito os exames e deram negativo, a chance era tão mínima, que chegava a ser impossível que eu tivesse um filho com quem quer que fosse.
Ela estava alegando que o filho era meu e eu não sei se queria ir até lá. Não queria que ela estivesse certa e que algo tivesse saído do meu controle e principalmente, que o meu filho estivesse vivendo como um garoto pobre por irresponsabilidade da minha parte.
Minha mãe empurrou Jessie para o meu carro e foi para outro carro com o meu pai e agora, o clima estava tenso e muito, muito pesado e eu sabia que a culpa era minha.
— Não escute seus pais. — Eu disse. — Não quero dinheiro, vou sumir da sua vida e tanto faz.
Eu franzi a testa, a encarando:
— Ele conhece algum pai?
— Isso não lhe diz respeito agora, Senhor D'Angelo. — Ela disse baixo, encolhendo os ombros. — Agradeco por estar fazendo isso por Ryan, mas é aqui que vai acabar e você sabe disso. Sempre deixou bem claro o que achava da paternidade do meu filho.
— Você me entendeu m*l. — Ele disse. — Eu achava...
— Ainda acha! — Ela desviou os olhos da janela para mim. — Ainda acha.
– Achava... — eu olhei em seus olhos. — Estpu tentando confiar em você e se o menino for mesmo o meu filho, eu vou fazer o possível para que ela tenha uma vida boa e...
— Não quero. — Ela disse, seca. — Não quero seu dinheiro e não quero você em nossas vidas. Ele cresceu e não tem espaço para você entre nós dois.
Aquelas palavras foram como facadas no meu coração. Quero dizer, eu estava tentando me acostumar com a ideia e ela dizia que não existia espaço para mim nessa relação?
— E se eu for o pai dele? — Perguntei. — Como acha que eu vou dormir a noite? E meus pais?
— Você continuará dormindo como sempre. — Ela deu de ombros, seus olhos estavam frios. – Não precisa fingir que se importa agora, principalmente, quando nunca se importou com nenhum dos dois, nunca fez questão de perguntar se ele estava bem...
— Eu não sabia que era meu! — Eu pressionei meus olhos juntos.
— Você pensou na possibilidade e ao invés de tentar me entender, você agiu como se eu estivesse me enfiando no meio da sua vida, como se eu uiseswe qualquer dinheiro seu, quando eu só queria que você me enxergasse como pessoa e não como uma empregada. — seus olhos demonstravam mágoa. — Você me fez perceber que não merecia Ryan e ainda não merece. Você me faz perceber que não era o exemplo que Ryan precisa.
— Eu entendo você me odiar, mas se o menino for meu... — eu comecei a dizer, mas fui interrompido mais uma vez.
— Se o menino for seu... — deu ênfase no se. — Não crie expectativas, como você mesmo disse, pode não ser o pai do bastardo que eu gerei e mais, ele pode ser do homem com o qual me deitei depois de ter ficado com você.
Pisquei em sua direção. Eu tinha mesmo feito m*l a ela e ela tinha razão de me odiar. Me sentia m*l por ter feito isso.
Eu tinha dito muitas palavras que, agora, não me orgulhava e sabia que isso só a machucava e mesmo assim, tinha feito.
Eu era mesmo um monstro horrível por tudo o que fiz. Sinto apenas desorgulho de ser a pessoa que tenho me tornado. Eu podia ter sido menos rude e talvez, ela fosse mais receptiva comigo, mas ela tinha razão, ela não tinha que ser bondosa comigo.
— Certo. — Foi a única coisa que eu disse. —Mesmo que ele não seja meu, vou arcar com todo o tratamento dele. É uma maneira de eu me redimir.
Ela suspirou. Eu queria que ela entendesse que ela não tinha chance contra mim. Eu não voltava atrás quando tomava uma decisão.
A verdade é que eu nunca tinha pensado na possibilidade de ser pai e a pequena chance de ser pai daquele garoto me deixa a beira de um colapso.
Por um instante, fiquei feliz.
— x —
Ao dar entrada no hospital, Jessie pulou para fora e secou as mãos na calça, percebi que tinha ficado nervosa.
Ela me esperou e andou comigo para dentro do grande hospital.
— Jrssie. — Uma enfermeira sorriu. — Que bom que chegou, o doutor está esperando.
— Pode chama-lo para mim? — Perguntei.
— Claro, porque não vai ao quarto do Ryan? — Ela perguntou. — O envio para lá.
Ela se virou e saiu.
— A quanto tempo você está no hospital? — Perguntei.
— Três dias. — Ela andou em frente, me deixando estático.
Eu imagino o quanto não deve estar sendo difícil a ela, descobrir tão rapidamente o quanto seu filho estava a beira da morte. Eu era a única chance desse menino voltar a ter uma vida.
Meus pais apareceram, de repente, andando atrás de mim. Minha mãe estava afobada e tagarelava.
Eu só conseguia sentir meu peito subindo e descendo e a minha respiração descompassada. Quase que imediatamente, eu conseguia sentir o suor escorrer pelas minhas costas — mesmo que o lugar tivesse ar condicionado.
Eu estava nervoso e não conseguia acreditar, a ansiedade me dominava completamente.
— Doutor. — Ela sorriu para ele, andando mais rápido.
Assumo que consegui sentir uma pontada de ciúmes no meu peito, uma dor estranha. Queria que ela entendesse que eu estava ali pelo meu filho e que não queria ver ela se engraçando para qualquer um.
E se ele for namorado dela?
— Jessie, oi! — Ele sorriu. — Que bom que voltou, a luz desse hospital.
— Deixa de ser bobo. — Ela riu e suas bochechas ficaram vermelhas.
Ela nunca tinha ficado desse jeito comigo, na verdade, parecia que meu corpo inteiro se tremia um pouco. Mordi a ponta dos meus lábios.
— Estou dizendo a verdade, oras. – Ele disse e passou os olhos para nos. — Essa é a família do pequeno?
— Sim, minha última gota de esperança. — Ela me olhou. — Esse é o pai Richard, a avó e o avô.
— Richard D'Angelo. — Me aproximei dele, estendendo a minha mão e ele apertou, com um sorriso gentil no rosto.
— Bom, Ryan acabou de tomar a medicação e está dormindo, preferem fazer os exames primeiro? — Perguntou.
— Na verdade. – minha mãe disse. — gostaria de vê-lo rapidamente.
— Tudo bem. — Ele sorriu para ela.
Girou a maçaneta e abriu a porta.
— Anahi foi a cafeteria. – Ele disse, baixo a Jessie que apenas assentiu.
Anahi. Quem era Anahi?
Quando entramos, entretanto, eu paralisei assim que vi o pequeno a minha frente.
ELE ERA A MINHA CARA!