Capítulo 4

1156 Words
BLAKE Acabo de chegar na casa dos meus pais com o coração flutuando. Um sorriso bobo brincava em meus lábios. Alcanço a sala de jantar escutando uma verdadeira algazarra. Às vezes esqueço de como minha família é barulhenta, principalmente nossa caçula… —  Vitória! — A voz grave do meu pai ressopra energicamente. — Pai, paizinho… Eu juro que tomarei cuidado da próxima vez. Eu salvei um cachorro de ser atropelado! — Ouço sua voz perigosamente dissimulada. Sorrio, essa aí, consegue dobrar o coroa como e quando desejar. A gargalhada rouca de Gabe reverbera pela sala. — Livrou o cachorro e acabou acertando o poste de luz, não é Vick? Ou ele também entrou em seu caminho? — A provoca não contendo o riso. Minha mãe observa tudo em silêncio, embora, se a conheço bem, deva estar se contorcendo de rir, mentalmente. Adoramos provocar Vitória, que explode muito rápido e é a rainha do drama. Ela acerta Gabe na costela o fazendo engasgar com o próprio riso.  Cruza os braços com uma enorme carranca no rosto. — Não tem graça, Gabriel! — Eu sou sempre o motivo da piada de vocês, não é? Eu só quero a caminhonete emprestada, é pedir muito? — Indaga com os braços abertos aumentando o drama. — Sim! — Todos respondem em uníssono e apareço na sala gargalhando da sua cara de choro. — Posso emprestar o meu carro, se prometer cuidar muito bem dele. — Falo caminhando em direção da minha mãe e deixando um beijo no topo da sua cabeça em seguida fazendo o mesmo com o meu pai. — Ai irmãozão! Já falei que te amo muito? — Pergunta, batendo palmas, totalmente eufórica. Reviro os olhos. — Interesseira! - Gabe finge uma tosse. — Muito bem, meninos, vamos deixar o assunto fora do nosso jantar. - minha mãe exige. — Até porque dona Vitória, você só pegará em um carro novamente quando tiver responsabilidade suficiente. Fui claro? — Meu pai resmunga deixando uma Vitória nada contente. — Claro como água, pai. Ela olha entre mim e gabe com um olhar suplicante. Sabemos o que isso significa. Balanço a cabeça negando e Gabe dá de ombros. — Covardes! —  Sussurra baixo. Após tomar um banho e trocar de roupa, começamos a comer em um silêncio agradável se não fosse o mau-humor da nossa irmãzinha. — Então filho, como foi seu dia no hospital? - minha mãe pergunta com um sorriso carinhoso nos lábios. — Exaustivo como sempre, mãe. — suspiro. Ela me olha por alguns segundos e sorri. — Mesmo? - Arqueia uma sobrancelha bem desenhada, como se farejasse algo. Devia saber que nada passa despercebido por ela. — È… Hoje encontrei com a Lara, filha da Antonella. Se lembram dela? Minha mãe semicerra os olhos em minha direção e meu pai fez o mesmo. — Onde? - Meu pai quer saber. — Na casa da família Gurgel, fui visitá-los antes de vir para cá.  Inclusive, lhe dei uma carona. — Oh! — Minha mãe exclama e assente. — Você viu a mãe dela, também? - meu pai inquire, recebendo um olhar mortal da minha mãe. — Amor, eu só não quero ter que encontrar com aquela maluca outra vez — Explica encolhendo os ombros. — Não vai. —  Respondo. — Ela morreu há uma semana.  A expressão de horror se instala na face de todos à mesa. — Nossa! Coitada da Lara — Minha mãe sussurra com uma mão no peito. Nos próximos segundos, relato tudo. Desde o nosso primeiro encontro no hospital. Omitindo a parte em que me sinto absurdamente atraído por ela, é claro. ************************ — Sabia que te encontraria aqui —  Meu pai se aproxima se sentando ao meu lado no banco de madeira do jardim em frente a nossa velha jabuticabeira. — Quer me contar o que te aflige? — Olho para figura imponente, de olhar vívido e um coração enorme, a quem aprendi amar incondicionalmente.  Sempre fomos confidentes e com ele obteve os melhores conselhos possíveis. — Estou me sentindo um pouco culpado… Hoje desejei outra mulher. —  Adam me olha e cruza os braços como se falasse que tem todo tempo do mundo. — Eu senti vontade de beijar outra garota, senti desejo por ela.  — Esclareço o fazendo balançar a cabeça. —  Blake, você é adulto. Talvez esteja na hora de repensar sobre seu relacionamento. — Murmura batendo levemente em meu joelho esquerdo. — Por acaso, você nunca sentiu desejo por outra mulher quando estava com a mamãe, nenhuma vez? Ele n**a veemente. — Não. Sabe porquê? Eu a amava, e tinha certeza disso, como tenho até hoje — Ele suspira e olha por cima dos meus ombros vendo minha mãe agarrada em Gabe. — Aquela mulher bagunçou o meu mundo desde a primeira vez que a vi ainda no colegial. Se você tem dúvidas enquanto sua relação com sua namorada, não leve isso adiante, só a magoará e perderá tempo — Ele olha no fundo dos meus olhos. — O tempo, ele é precioso filho, não o desperdice! Boa noite! — Dizendo isto, se levanta e caminha de volta para casa. Fico sozinho remoendo os meus pensamentos quando observo Gabe sair em disparada da garagem dirigindo o seu Mustang vermelho. Olho no relógio em meu pulso e vejo que já passa das onze da noite. Solto um suspiro de frustração e esfrego o rosto com imagens de Lara percorrendo minha mente. Sigo para meu antigo quarto e esparramo-me na minha cama quando ouço meu celular vibrar. Uma chamada de vídeo de Nicole surge na tela. Respiro fundo tentando reorganizar os meus pensamentos. Viajamos para Florença com a intenção de restaurar nossa relação que já estava bastante desgastada. Brigávamos a todo momento e sempre por motivos fúteis. A relação  de três anos já havia esfriado. Então, Nicole sugeriu essa viagem. Deslizo o botão para atender quando enormes p****s adornados em uma camisola vermelha em cetim enchem a minha tela. — Baby! Senti saudades — Ronrona suavemente. Sorrio observando ela se deitar de barriga para baixo na cama, colocando uma mecha n***a do seu curto cabelo atrás da orelha. Sua pele bronzeada, me olhando de maneira sensual, mas que há muito tempo não possui o mesmo efeito sobre mim. — Está curtindo a viagem? — Pergunto apoiando uma mão atrás da minha cabeça. — Não é a mesma coisa sem você — Faz beicinho. Então, assisto uma Nicole eufórica relatar cada passeio e compras que fez em Florença. Seus olhos azuis brilham a cada palavra falada. Meu olhar viaja para seu rosto e pude perceber o quão distante estamos.  Não só fisicamente como mentalmente.  Chego a uma conclusão: meu pai tem razão, devo colocar um ponto final, antes que a magoe mais.  Despeço-me de Nick e fecho os olhos respirando fundo, tendo minha mente novamente invadida por um certo par de olhos castanhos e longos fios loiros esvoaçantes com um sorriso ridiculamente sexy.
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