Capítulo 5

1130 Words
LARA — Droga! Acabaram as batatas fritas. — Emma resmunga revirando toda a sessão do supermercado. — Não é tão r**m, vai! Pode trocar as batatas, por pão integral, ou aquelas bolachinhas de nata que minha mãe sempre comprava. Ela se agacha fazendo uma nova busca nas prateleiras debaixo revirando os olhos. — Se eu te dissesse para trocar o café por um chá, o que faria? — Pergunta, concentrada em sua busca. — Nem, morta! Preciso de cafeína para sobreviver, você sabe— Murmuro para ela, que se levanta com apenas um pacote de batata nas mãos. Joga a embalagem no carrinho e me lança um meio sorriso. — Foi o que pensei. Agora sabe como me sinto! Suspiro e concordo voltando minha atenção para a lista de compras.  Emma sai resmungando que vai procurar mais batatas.  Ela e sua obsessão. Passo uma olhada rápida nos itens restantes que ainda faltam comprar e em qual sessão posso encontrá-los. Deslizo por um corredor e me deparo com um carrinho de compras bloqueando a passagem. Olho de um lado para o outro e então vejo duas mulheres conversando animadamente.  O que me enfurece.  Parece que o supermercado é um ótimo lugar para colocar a fofoca em dias. Caminho na direção das duas respirando profundamente. — Com licença! — A mulher mais jovem me olha com um sorriso terno. O que me desarma completamente. — Posso ajudá-la? — Ela pergunta calmamente, atraindo a atenção da outra mulher que me olha cautelosamente. — Aquele carrinho é de vocês? — Pergunto um pouco envergonhada. Ela olha na direção que apontei e sorri balançando a cabeça. — Me desculpe! Estava atrapalhando não, é mesmo?  Balanço a cabeça sorrindo sem graça. Então ela se move o arrastando para sua direção o colocando onde a outra mulher continuava parada.  Seus olhos, âmbar é os mais lindos que já vi, assim como o seu cabelo n***o. Ela daria uma ótima modelo para fotos. Agradeço e me viro quando sinto seu toque em meu pulso. — Lara? — Volto a encará-la com os olhos arregalados de surpresa. — Você me conhece?—  Seu largo e iluminando sorriso, respondem que sim.  — Sou Melissa, mãe do Blake. Lembra de mim? Claro! Não tenho uma nítida lembrança, mas os seus olhos são inconfundíveis.  Sempre os admirei em segredo. Desejava ter olhos bonitos como aqueles. Ele me pega em um abraço apertado assim como seu filho. — Eu sei que faz muito tempo, então, provavelmente não se lembra de mim, querida. É normal. Ela se afasta e me encara novamente sorrindo.  — Blake tem razão, você está muito linda. Minhas bochechas fervem com o mencionar do seu nome. Ele disse isso de mim para a mãe? Um sorriso bobo rasteja em meus lábios. — Meu Deus! Então é a Lara, mãe? — A garota, se volta em minha direção com os olhos brilhando. — LL, sou eu, Bea. Pisco os meus olhos sem acreditar que seja mesmo ela. Sou péssima de fisionomia, em guardar a imagem de alguém, mas eu me lembro dela. Das nossas tardes caseiras onde conversávamos no quintal da sua casa enquanto escrevíamos em nossos diários. Dos nossos banhos no lago. Blake às vezes implicava, falava que nós os excluíamos das nossas coisas de menina. Era assim que ele falava. — Bea, você está linda — Analiso seu cabelo longo, castanho-claro em uma trança lateral, seu corpo esbelto e olhos castanhos claros.  É uma perfeita boneca. A abraço me sentindo feliz em vê-la após tanto tempo. — Não quanto você, Lara— murmura. — Olha, ontem fiquei noiva— Mostra seu belo anel, com uma pequena pedra de diamante no centro, com um sorriso brilhante nos lábios. — Hoje à noite faremos um jantar para anunciar a toda a família. Será na casa dos meus pais. Você está convidadíssima. A parabenizo e começo a negar inventando um suposto compromisso com Emma, minha amiga e colega de quarto. Não me sinto bem indo, m*l a reencontrei. Acredito que isso é íntimo demais.  Mas Bea pelo visto não mudou nada. Teimosa como sempre, não aceitou a minha recusa. — Por favor, Lara, sua presença é muito importante para mim. Pode levar a Emma, ela será muito bem recebida, assim como você! — Súplica chorosa pegando em minhas mãos e não tenho como negar. — Apareça querida, Blake gostará muito de vê-la novamente. Mas uma vez me vejo corando.  Droga! Devo estar parecendo uma beterraba. Bea pega meu numero de celular e se despede. Melissa me abraça novamente e reitera o convite. Continuo as compras e encontro Emma conversando com um senhor de idade. — Pensei que tinha se perdido— Resmungo e ela sorri. — Até parece. Te vi confraternizando com duas mulheres e não quis atrapalhar— Agarro seu braço esquerdo e beijo sua bochecha. — Você nunca me atrapalha, my cherry! — Era a mãe e irmã do Blake— Seus olhos se arregalaram em curiosidade só de escutar o nome do doutor gato como ela mesmo se refere a ele. — Então… Conto para ela do convite que ela nos fizeram e que não iremos. — É claro que você vai! Eu não posso, porque já tenho um compromisso para hoje a noite. — Não Emma, eu não vou. É um jantar de família. O que eu vou fazer lá? Ela revira os olhos e começa a empurrar o carrinho. — Isso não está em discussão. Você vai! — Ela se vira para mim com um sorriso malicioso. — O Blake vai estar lá, preciso dizer o que você vai fazer? Balanço a cabeça negando. — Somos só amigos. Ele nem deve notar que eu sou uma mulher— Murmuro enchendo o carrinho com pacotes de café. Ela cessa os passos e me encara com os olhos semicerrados. — Ai Lara, às vezes sua ingenuidade me assusta. Ok! Vamos supor que seja isso, e o beijo que quase rolou no carro dele, hein? Abro a boca para argumentar, mas ela me interrompe. — Meu anjo, vou te produzir da cabeça aos pés, se hoje não rolar nada, não me chamo Emma Montenegro. Seus olhos azuis brilhando uma confiança que dá até medo. Desde aquela maldita carona não paro de pensar nele. O nosso reencontro mexeu comigo. Fez algo se acender em meu peito. Desde então meus pensamentos giram em torno das suas covinhas quando sorri, no seu olhar intenso a cada vez que olhava para mim. No seu cheiro delicioso que enviava arrepios em meu corpo quando eu o sentia. Sem falar naquele corpo.  Oh! Deus. Porque tinha que ser fodidamente tão gostoso? Meu corpo começa a esquentar e me obrigo a pensar em outras coisas. Essas últimas duas palavras juntas não fizeram muito bem ao meu cérebro.
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