Aurélio pensava em tudo que tinha acontecido nos últimos dias, era como se o seu mundo tivesse dado uma guinada que ele não esperava, mas de certa forma ele estava feliz, a sua família estava se solidificando e ele percebia que a cada dia aquela relação antiga que tinha com Emílio estava retornando, apesar de ser um i****a Emílio ainda era seu primo, a sua família e ele lutava pela família.
Era noite quando haviam retornado e o peito de Aurélio se apertava, ele sentia-se sufocar enquanto entrava pela porta aquela era a velha sensação familiar que sempre o perseguia quando os seus pensamentos vagavam por lugares que não deviam. Pensando na informação que Xavier tinha dado ele arruma-se e sai, estava na hora de resolver aquele pequeno problema.
A noite estava escura, sombras por todos os lados, ele também era uma sombra naquela noite fria a espreita da sua presa. Alguém morreria naquela noite, os demónios de Aurélio desejavam sangue e ele não os negaria, já tinha um tempo desde que tinha matado alguém e não desejava perder a prática, então ali estava ele atrás do seu alvo.
Fazia algum tempo que ele estava investigando o sumiço de crianças numa pequena vila, e após saber que Dandara tinha sido vítima da mesma pessoa a fúria de Aurélio só tinha crescido, pela sua experiência dele sabia que alguém devia as estar sequestrando. O mundo era um lugar sujo e cheio de podridão, Aurélio não se considerava melhor que eles, mas diferente de quem se escondia do que era, ele não se importava que as pessoas visem quem habitava realmente a sua pele.
Ele tinha feito uma investigação minuciosa atrás do culpado pelos sequestros com a ajuda de Xavier, tinha levado até o lugar que estava naquele momento. Era uma casa num povoado, segundo informações eram ali que mantinham as crianças antes de as despachar para outras partes do mundo. Ele tinha que admitir que o homem era esperto, ninguém desconfiaria dele morando num pequeno povoado empobrecido.
Aurélio confere a sua arma e deixa o abrigo das sombras, ele tinha um trabalho a fazer e um pedófilo para torturar, um sorriso curva os seus lábios ao pensar que em breve estaria desfrutando dos gritos do m*ldito que tinha ousado tocar em crianças inocentes.
Lentamente ele aproxima-se da casa, mas algo chama a sua atenção, ele podia ouvir barulhos de briga dentro da casa, então sem esperar mais ele arromba a porta e entra, a suas pernas travam no lugar. Bem na sua frente ele via uma mulher, e que mulher. Ela lutava contra um homem enquanto segurava o outro pela gravata, e pela forma que o seu rosto estava ficando sem cor ele desconfia que ele não duraria muito.
Aurélio observa extasiado quando ela saca a sua arma e faz um disparo na testa do homem que tentava acertá-la. Aurélio se apoia na porta e observa com atenção a forma que ela agia, o seu coração disparado no seu peito de uma forma que ele jamais se imaginava sentir.
_ Se quer briga, então venha. - diz ela de costas enquanto encarava o homem que segurava pela gravata.
A voz dela faz um arrepio subir pela espinha de Aurélio e se alojar num lugar que ele não esperava. Ele sorri a sua curiosidade sendo atiçada pela presença dela.
_ Você está com algo que me pertence. - diz Aurélio de forma tranquila. Ela vira-se e encara os seus olhos, Aurélio se perde no rosto da mulher a sua frente, os seus olhos azuis o atraindo como imã. Ela era mais que perfeita e naquele momento ele não conseguia encontrar palavras para descrever a sua beleza.
_ Procure outro, esse desgraçado é meu. - diz ela dando as costas novamente para ele. Aurélio assistia com prazer ela puxar um canivete da cintura e cravar nas partes íntimas do homem. Aquilo mexia com a sua imaginação e o seu interesse por ela crescia.
_ Já disse que ele é meu. - diz Aurélio dando um paço a frente, ela solta o homem e puxa a sua arma, antes que Aurélio pudesse fazer algo, ela dá um tiro na cabeça do homem. Ele assistia aquela cena surpreso, não esperava que ela fosse fazer aquilo de forma tão rápida.
_ Ele é meu, e por sua causa estou sem a minha diversão. - diz ela passando por Aurélio. Ele segura o seu braço a fazendo parar.
_ Solta! - diz ela apontando a sua arma para ele, os seus olhos azuis tão frio que fazia o corpo de Aurélio se arrepiar., ele queria poder mergulhar naqueles olhos e descobrir os seus segredos mais secretos.
_ Me deve uma vida. - diz Aurélio a olhando com firmeza, ele não a deixaria ir tão facilmente. - Aquele safado era meu!
_ O que te devo é um tiro se não me soltar. - diz séria, Aurélio ri da expressão dela, sabia que estava brincando com fogo, mas não conseguia evitar.
_ Não vai sair daqui sem acertarmos isso. - diz ele com firmeza, mas, no fundo o que desejava mesmo era experimentar aqueles lábios rosados e saber se eram tão macios quando aparentava.
_ Tudo bem, - diz ela dando de ombros, a próxima coisa que Aurélio ouviu foi o som da pistola que ela segurava disparando, a dor excruciante que atravessou a sua perna dizia-lhe que ela tinha-lhe dado um tiro.
Puxando o seu braço do aperto de Aurélio ela sai da casa.
_ Espera! - grita ele com os dentes trincados de dor. - Quem é você?
_ Alguém que é areia demais para o seu caminhãozinho bonitinho. - diz ela piscando para ele. Aurélio olhava em choque enquanto ela subia numa moto e partia o deixando lá.
Um sorriso se abre no rosto de Aurélio e uma nova sensação envolve o seu peito, era ela.
Minha!
Uma gargalhada irrompe por seu peito enquanto segurava o local que ela tinha atirado, o seu peito em disparada como se exigisse que ele fosse atrás da responsável pelo caos que se formava na sua mente.
_ Acho que me apaixonei. - diz rindo se deixando cair contra a porta, a sua mente tão leve como a muito não ficava.