Capítulo 1
Aurélio tinha um cigarro nos lábios enquanto assistia o homem a sua frente tentar se livrar das correntes que o prendia, ele gostava daquilo, de dar a eles a ilusão que escapariam das suas mãos, era divertido vê-lo tentar.
Ele observava com atenção o homem abrir o cadeado que havia no seu pé com a chave que o seu soldado tinha "acidentalmente" deixado cair, só um t**o acreditaria naquilo, o que era o caso do homem que acabava de abrir a porta a sua frente, ele observa com satisfação os olhos dele se arregalaram quando o vê.
_ Você! - diz o homem num fio de voz, o seu rosto se empalidecendo ao encarar Aurélio.
_ Sim, eu Luciano, esperava mais alguém? - pergunta sarcástico, ele percebe a forma que o homem se segurava para não desabar a sua frente, o que iria acontecer de uma forma ou de outra.
_ Não entendo Don. - diz o homem com a cabeça baixa, dois soldados entram e arrastam o homem até Aurélio o pondo de joelhos a sua frente.
_ Sim, você entende, - diz Aurélio dando uma longa tragado no seu cigarro, os seus pensamentos voltam-se para Síria, e como ela arrancaria a sua orelha se o vise fumar. - Foi você que incentivou o conselho a me pressionar quanto ao casamento, achei que devia te agradecer pessoalmente.
Apenas uma olhada nos seus olhos azuis gelados e o homem sabia que não gostaria dos agradecimentos de Aurélio, ninguém gostava. Quando Aurélio assumiu a máfia da sua mãe, muitos dos conselheiros achavam que o controlariam assim como faziam com o antigo Don, mas Aurélio não era controlado por ninguém, era ele quem controlava as pessoas e fazia delas seu fantoche até se cansar.
Olhando para o homem enorme a sua frente fazia Luciano pensar que tinha dado um tiro no próprio pé, sabia como ele tratava aqueles que o desagradavam, mas pensou que os outros o apoiariam, o que não aconteceu.
_ Me perdoe se lhe ofendi Don, não foi minha intenção. - diz Luciano inclinando-se e tocando os sapatos de Aurélio.
_ Ei! - reclama ele chutando o homem para longe. - Sabe o quanto eu gosto desses sapatos? Foi presente dos meus afilhados!
A ira de Aurélio aumenta, ele não estava em um bom dia e alguém pagaria por todo o estresse que estava tendo. Luciano era apenas um dos motivos que tinha levado Aurélio até o seu galpão, o outro era os negócios que ele estava fazendo no seu nome achando que ele não descobriria, aquilo ele não poderia perdoar, tinha um nome a zelar e o porco a sua frente estava tentando destruir a sua reputação imaculada.
_ Me perdoe, Don! - diz o homem desesperado. - Eu limpo.
Quando ele tenta se aproximar um soldado segura ele pelo colarinho o jogando contra a parede, os olhos do homem eram escuros como a meia noite e encarava Luciano de forma mortal.
_ Não se preocupe Calebe, quando me cansar dele talvez eu deixe você se divertir um pouco.- diz Aurélio sorrindo ao ver os olhos assustados de Luciano.
_ Como desejar Don. - responde o homem com a sua voz rouca, os seus olhos fixos no rosto de Luciano.
Calebe era um soldado fiel a Aurélio, que quando soube que ele sairia da máfia do seu pai havia implorado para que ele o levasse junto. Ele era como a sombra de Aurélio, sempre se movendo em silêncio a sua volta e só falando quando o seu chefe exigia.
_ Agora me diga Luciano, - diz Aurélio com paciência. - O que acha que ganharia ao me roubar?
O homem se encolhe ainda mais no seu lugar, ele não pensava que Aurélio sabia que ele estava desviando porte das suas cargas, mas ele estava errado.
_ Eu posso explicar! - pede em desespero.
_ Você realmente me deve uma explicação, não gosto que usem o meu nome da forma que você está fazendo. - diz ele se levantando e passando a mão pelos cabelos frustrado. - Eu não estou tendo um bom dia, e você acabou de f***r com o pouco de paz que eu tinha.
Aurélio vai até o homem e segura o seu queixo com força o fazendo abrir a boca, quando ele abre ele joga o cigarro que estava fumando dentro.
_ Engole. - diz com olhos sombrios.
O homem treme diante de Aurélio e com dificuldade faz o que ele mandou. Ele podia sentir o vomito vindo até a sua garganta engolir o cigarro do seu chefe. Luciano não tinha esperança de sair com vida das mãos de Aurélio e se amaldiçoava por pensar que ele seria tão fraco quanto o antigo Don.
_ Quer saber, cansei disso. - diz Aurélio voltando a se sentar na sua poltrona. - Cuide dele Calebe.
_ Por favor Don! Eu imploro! - pede com lágrimas descendo por seu rosto. - Eu tenho uma filha!
Aquilo faz Aurélio parar na mesma hora, ele tinha pesquisado sobre o homem a sua frente e não sabia que ele tinha uma filha.
_ Anda escondendo informações de mim Luciano? - pergunta de forma ríspida.
_ Jamis Don! Ela é minha enteada, eu cuido dela desde que a sua mãe morreu. - explica ele vislumbrando um pouco de esperança.
Aurélio olha para o homem a sua frente pensativo, e pela cara que ele estava fazendo ele sabia que tinha mais naquela história do que ele queria dizer.
_ Tudo bem. - diz ele olhando serio para o homem. - Vamos a sua casa então, me prove que tem uma filha.
Luciano fica pálido na mesma hora.
_ Não precisa perder seu tempo com isso Don, eu mesmo posso cuidar dela. - diz ele de forma desesperada.
_ Calebe. - diz Aurélio e na mesma hora o soldado vai até Luciano e desfere vários socos no seu rosto. - O que tem a me dizer agora?
_ Eu levo vocês até ela. - diz ele enquanto cuspia o sangue da sua boca.
_ É assim que eu gosto, - diz Aurélio indo até ele e puxando o seu cabelo para que ele olhasse nos seus olhos. - Cachorro só late quando o dono pede, Luciano.