Calebe
Calebe não sabia o que estava acontecendo com ele, a sua cabeça dava voltas e o seu peito se apertava todos as vezes que ele pensava na pequena garota que estava presa naquele velho porão. A sua vontade era ressuscitar o canalha do Luciano só para poder mandá-lo para o inferno novamente. As imagens da garota amarada jamais sairia da sua mente. Quando ele olhava para ela era como se visse a si mesmo naquele lugar.
Nada na sua vida tinha vindo de forma fácil, e ele não esperava facilidade na vida, mas sabia valorizar o que tinha conquistado, e o seu coração tinha doido ao ver o estado da pequena acorrentada a parede, ele queria que ela tivesse a mesma oportunidade que ele tinha tido, queria que ela pudesse recomeçar e tentar esquecer as atrocidades que tinha passado naquele lugar.
A imagem dos olhos de Dandara olhando-lhe sem vida era uma das coisas mais tristes que ele já tinha presenciado, ninguém deveria passar por algo como aquilo. Ele não sabia o que tinha o levado a levantar a voz para o seu Don por causa da menina. Quase tinha perdido o pescoço por causa daquilo, mas tinha valido a pena, ele queria ter certeza que ela se recuperaria direito e sabia que isso só aconteceria se ficasse de olho nela.
Ele esperava ao lado do carro que Simone e Dandara saíssem. A, penas a lembrança da sua mão apertando o pescoço da médica dava-lhe vergonha, ele nunca tinha agido daquela forma e sabia que ela não merecia aquele tipo de comportamento vindo dele.
Assim que elas saem os olhos de Calebe se fixam na menina que tinha o braço amparado por Simone, a médica tentava a todo o custo deixar ela confortável com a sua presença, e Calebe sabia que era importante que Dandara confiasse em alguém ali na organização, seria mais fácil para ela aceitar a nova vida que teria dali por diante.
Calebe abre a porta do carro e vê Simone ajudar Dandara a entrar, antes que ela entrasse lança a ele um olhar de advertência. Calebe conhecia bem aquele olhar, significava que ela estaria de olho nele daquele momento em diante.
Os olhos de Calebe se revezavam entre a estrada e a menina no banco de trás, ele sentia-se possessivo em relação a ela e o fato dela estar tão perto dele e ele não poder a confortar, lhe angustiava.
Ele se dirige até um shopping da cidade, Simone ajuda Dandara a descer e lhe estende a mão falando animada sobre a manhã de compras que teriam. Eles entram e Calebe olhava com cuidado cada pessoa que passam por eles, lhes lançando um olhar ameaçador quando eles encaravam de forma explicita o ferimento no rosto de Dandara.
A sua vontade era esfolar cada uma daquelas pessoas vivas, a garota não merecia aquilo de desconhecidos, ela não merecia ter que passar por tudo aquilo sendo tão jovem. Simone puxa Dandara até uma loja de peças intimas, assim que ele entra ela vira-se e o encara de forma sugestiva.
_ Não vou sair. - diz sustentando o olhar da médica. Aquilo não seria suficiente para que ele deixasse o lugar, Calebe era bom em encarar e Simone não ganharia aquela batalha com ele.
_ Ao menos poderia se sentar num canto enquanto pegamos o que ela precisa, não quero que fique constrangida com você por perto. - o rosto de Calebe se escurece, ele queria dizer a ela que sempre estaria por perto, a garota seria sua esposa e era seu dever a proteger em qualquer lugar que fosse, inclusive numa loja de langerie.
_ Tudo bem. - diz Calebe cedendo, Simone sabia ser persistente quando queria e ele não envergonharia Dandara no meio da loja.
Ele vai até uma área onde havia algumas poltronas e se senta, ele não queria as perder de vista, então os seus olhos permanecem fixos nelas o tempo todo. Calebe observa quando uma vendedora se aproxima de onde elas estavam, em seguida ele dá um pulo com o som do grito da mulher.
Calebe corre até onde elas estavam e observa Dandara encolhida num canto com lágrimas nos olhos, imediatamente os seus olhos voltam-se para a mulher parada a sua frente.
_ O que você fez com a garota? - pergunta a vendedora o enfrentando.
Os punhos de Calebe se fecham em volta do corpo quando a mulher tem a ousadia de acusá-lo de machucar Dandara, ele só não a esganava por que os seus gritos haviam atraído as pessoas em volta e agora uma pequena multidão se formava em volta.
_ Eu não fiz nada. - diz ele com o maxilar trincado.
_ É claro que fez, olha o rosto dessa menina! - diz a mulher apontando para Dandara que se encolhia nos braços de Simone.
_ Esse assunto não diz respeito a você senhor, - diz Simone com os olhos em brasa. - Ele não fez nada com a menina, pelo contrário está a ajudando.
_ É claro que você defenderia esse mostro! - diz a mulher e o murmúrio cresce a volta deles.
_ Vamos! Podemos comprar o que ela precisa em outro lugar. - diz Calebe a Simone que assente. Quando eles se viram para ir embora os seguranças da loja aproximam-se deles.
_ Não podem deixar o local, já informamos as autoridades. - diz eles impedindo a passagem deles.
Calebe olhava com ódio para os homens a sua frente, mas não poderia fazer nada já que tinha muitas testemunhas no local, então resignado ele pega o seu telefone fazendo uma ligação.
_ O que foi p***a! - vem a voz de Aurélio do outro lado da linha. O seu chefe não estava em um bom dia e as coisas estavam prestes a piorar.
_ Tivemos um incidente na loja senhor. - diz ele com a voz baixa.
_ Que tipo de insidente? - pergunta Aurelio com a voz mais tranquila.
_ Chamaram a polícia, acham que fui eu que feri a garota. - Aurélio rosna do outro lado da linha.
_ Ninguém sai dai! Estou indo.- diz desligando o telefone.
Calebe lança um olhar para Simone a preparando para o que viria, eles sabiam bem o chefe que tinham. Aurélio não deixaria pedra sobre pedra naquele lugar.