... 4 dias depois ...
POV SARADA
Algo ficou estranho entre mim e Boruto depois do que aconteceu, bem, ele não estava na Vila todo o tempo, então não falamos muito, mas principalmente, não tocamos no assunto, tudo bem que aquilo não foi muito bom, pelo menos para mim, mas não queria que ficasse um clima estranho, senão não teria mentido para ele que foi bom. Mas pela manhã ele me enviou uma mensagem pedindo para me encontrar no meu intervalo antes do horário com o Hokage, eu aceitei, vamos almoçar em um restaurante próximo à torre. Por falta do que fazer, arrumo todos os papéis que precisaria levar e pego meu celular para avisá-lo que sairia em breve.
- Rinkusu-taichou - a garota de cabelos castanhos com uma máscara de pássaro abre a porta da sala em que estava, não lhe dou atenção, digitando a mensagem – pode vir aqui?
- Algum problema, Tanchou? – pergunto, virando em sua direção.
- O ninja p****e que capturamos pela manhã, chamou por você.
- Nani? Desde quando os interrogados têm as vontades atendidas? – pergunto sarcástica – Sai-sama aprovou isso?
- Ele não está, achei que você poderia resolver isso – fala bajuladora – o homem está na sala de interrogatório 1, reconheceram você em uma de suas memórias, concluímos que talvez a vinda dele até a aldeia tenha a ver com você - bufo, pego a pilha de papéis, “resolvo isso em um minuto e saio de uma vez, seja quem for, eu não tenho tempo para isso”, penso caminhando até a sala indicada, sendo seguida por ela.
- Segure isso - lhe entrego a papelada e entro na sala. O homem sorri debochado ao me ver, seus olhos são de um amarelo ocre, sem brilho e seus cabelos de um loiro acinzentado pálido, um maxilar bem quadrado, marcado pela barba por fazer, as feições duras e a pele clara, “eu me lembraria de um rosto assim”, penso.
- Finalmente apareceu... Rinkusu... – fala manso, mas seu olhar refletia puro ódio.
- Então você sabe quem sou... estou emocionada – falo debochada, ativando o Sharingan e encostando na parede à sua frente, de braços cruzados – fale logo o que quer, não tenho tempo a perder aqui.
- É difícil ter uma sessão com você, não é?
- Não costumo atender a pedidos de gente como você, sinta-se privilegiado por isso.
- Gente como eu, huh? – ele ri desdenhoso - claro que não, você é aquela que chamam quando querem matar alguém sem dar explicações, não é mesmo? – indaga de olhos sombrios, mas isso não me abala, não aqui, não vindo do inimigo – sem piedade – solto um riso nasalado.
- Então é isso? – questiono sarcástica – suponho que eu tenha matado alguém importante para você, certo? – pergunto entediada, “ele não espera mesmo que essa acusação me afete, não é?”, indago em pensamento – quem foi? – pergunto provocativa – seu filho? Não... você é jovem, não mato crianças... sua esposa? – pergunto manso.
- Ela era tudo que eu tinha, vadia... você é incapaz de demonstrar respeito aos que matou, não é? – acusa alto, a voz embargada, eu mantenho minha postura. Eu sei que todas as pessoas que matei eram algo de alguém, é lógico, mas ter na minha frente alguém afirmando isso, com tanta dor nos olhos, jogando na minha cara todo o ódio, é como um soco no estômago, mas antes que possa ser atingida por qualquer remorso, sinto meus sentidos se entorpecerem de novo, “é melhor não sentir isso, não acha? Eu cuido dele”, me diz aquela voz interior - eu vi você atravessando seu corpo com sua mão e aqueles raios, você a olhava nos olhos e sequer hesitou, ela estava parada, ela não teve tempo nem para se explicar, você não teve sequer o respeito com seu corpo, deixou que caísse penhasco abaixo – conta, “ah, claro... a mulher dos venenos”, tento lembrar, “se for... isso já faz dois anos”.
Uma mulher contaminou uma aldeia inteira e meus três companheiros na época, sendo um deles o capitão da equipe, depois de dois dias a alcancei em uma vila fora do País do fogo, onde ela planejava atacar novamente, antes que ela conseguisse lançar suas senbons envenenadas em mim, a coloquei em um genjutsu e a matei. Admito que não precisava matá-la, deveria levá-la a interrogatório, afinal a missão era de captura, mas eu quis e não me arrependo, ela mereceu.
- Mesmo que eu tivesse compaixão, ela não merecia a minha... – falo indiferente.
- Você não é capaz sequer de demonstrar remorso?
- Remorso? Ela matou milhares de pessoas – retruco.
- Você vai pagar pelo que fez com ela – cospe, eu rio, caminho até a mesa e me apoio sobre as duas mãos, o encarando nos olhos.
- É mesmo? E o que você vai fazer? - pergunto debochada – você está preso aqui, e não conseguirá se mexer enquanto meus olhos estiverem sobre você – falo baixo - mas já que a amava tanto… imagino que vá ficar feliz em se juntar a ela - falo friamente, concentrando chakra na minha mão – mas imagine o quanto ela vai te achar patético quando você contar como sua vingança fracassou – debocho, atravessando seu peito e agarrando seu coração, ele não grita, o sangue escorre de seu peito e sua boca, mas ele não emite nenhum som, seus olhos estão focados nos meus.
- Taichou, isso é mesmo necessário? - questiona uma voz conhecida e entediada pelo alto-falante da sala.
- Não se meta, Tanuki - o ouço bufar. É vingança que ele quer e eu sei como vinganças funcionam, ele não tentaria matar a mim, seria burrice, se o que ele diz sobre ela é verdade, ele deve querer outra pessoa, e pelo tempo que levou, ele deve ter um bom plano, mas preciso saber se ser pego é parte do plano ou não.
- Você acha mesmo isso? – um sorriso psicótico brota em seus lábios - esse é só o arremate da minha vingança, Rinkusu – “como pensei, é parte do plano” – tem algo que eu preciso saber... o que você sentiu ao perder tudo antes mesmo de ter? – petrifico, “não... ele não estava por trás daquilo, estava? Não pode ser... Shizune disse...”, eu sinto um arrepio correr meu corpo e minha alma voltar a mim, tento manter meus olhos firmes, não posso lhe dar o gosto de ver que conseguiu me afetar.
- Do que você está falando? – pressiono seu coração e mais sangue escorre pelo canto de sua boca. “Preciso de respostas, não pode ser real”, penso.
- Não finja que não sabe do que eu estou falando, você acreditou mesmo que foi espontâneo? – seu olhar sádico e suas palavras ecoam em minha mente, trazendo lembranças que eu havia enterrado, lembranças que golpeiam a minha mente tão vívidas que é como sentir fisicamente.
FLASHBACK ON - cerca de 1 ano antes
Estava voltando de uma missão tranquila com o time Da: Tanuki, Tanchou, Rin e eu, Rinkusu, a capitã. Senti uma leve tontura e me escorei em uma árvore, parando para respirar, acho que estava desidratando, já era fim de tarde, estávamos em missão desde o dia anterior, já havia bebido toda a minha água há um tempo.
- Rinkusu-taichou, você está bem? Parece pálida, tome um pouco d’água – Tanchou me estendeu o seu cantil, ela não me passava confiança, mas não colocaria a vida do meu filho em risco por orgulho, minha garganta estava seca, minha visão turva e o suor descia frio pela minha nuca, então aceitei.
- Obrigada – depois de respirar um pouco, já me sentia melhor, às vezes sentia alguns sintomas leves em meio às missões, nada com que não pudesse lidar, comparado ao que li a respeito, eu estava em vantagem, estava com quase três meses e m*l tinha sintomas. Shikadai precisou viajar e estava fora há 3 dias em missão, nos falamos apenas uma vez nesse tempo e ele estava preocupado, mas dei um jeito de selecionar missões que não exigissem uso de ninjutsu, não poderia simplesmente me ausentar do trabalho, mas era o que deveria ter feito, mesmo que desse uma desculpa qualquer – vamos continuar – falei voltando a correr entre as árvores a caminho da Folha.
Chegando à Vila nos dirigimos direto ao escritório do Hokage, como ele havia pedido, um leve incômodo se instalou no meu baixo ventre, comecei a passar as informações que encontramos, mas suava frio e a dor aumentava, o Nanadaime falou pelo que pareceu uma eternidade, eu não fui capaz de absorver uma palavra, a dor chegou ao ponto de provocar calafrios e eu só pensava no que poderia estar acontecendo com nosso bebê. Quando ele finalmente nos liberou a dor já estava sufocante, todos sumiram, mas eu não podia. Eu quis correr, mas andar já estava sendo uma tarefa complicada, tirei minha máscara no corredor, tentando respirar melhor, me segurando na parede, o suor descia gelado pelo meu rosto, a dor estava ficando cada vez mais forte, eu sentia que estava perdendo meu filho, um desespero me dominou, eu precisava de ajuda, pedi mentalmente que alguém aparecesse naquele corredor.
- Sarada-san, você está passando m*l? – ouço a voz de Inojin que aparecia diante de mim, com seus olhos azuis alarmados, seguido por Chouchou que arregalou os olhos ao me ver e correu até mim chamando meu nome, logo atrás vinha Shikadai, que apressou o passo ao ouvir o grito da amiga, eles acabavam de chegar da missão para a qual saíram três dias atrás. Eu ignorei os outros dois que não sabiam de nada e apenas mirei os olhos de Shikadai com desespero, lançando uma súplica de socorro, que ele entendeu de imediato e me retornou uma expressão de pânico.
- Não! – gritou, se esquivando de Chouchou e empurrando Inojin, que estava à minha frente, me pegou nos braços e correu comigo pelos corredores e a rua, as lágrimas escorriam dos meus olhos, eu sentia muita dor, podia ver seu rosto transtornado, entramos no hospital e eu logo ouço a voz da minha mãe ecoando de um corredor, ela corria até nós.
- Sarada? O que aconteceu, Shikadai? – ela perguntou parando a nossa frente e dois enfermeiros chegaram com uma maca, estendendo as mãos para me segurar, Shikadai não me entregou, me colocando na maca como se eu pudesse me desfazer, depois segurou firme o braço da minha mãe em súplica.
- Salva meu filho, Sakura! – pediu desesperado, seu tom foi alto e grave o suficiente para parecer que estava brigando, não havia cor na sua face, seus lindos olhos verdes estavam quase negros, marejados, olhando fundo nos olhos de minha mãe que se assustou com seu pedido por não ter conhecimento de filho algum, seu olhar chocado alternou dele para mim e sua expressão surpresa deu lugar a uma determinação real em uma fração de segundo.
- Chamem Shizune agora mesmo! – ela gritou muito alto – é do meu neto que estamos falando – ela falou mais baixo, os olhos vagando ainda chocados entre nós, eu gritei de dor, me contorcendo na maca, apertando a mão dele, que me olhou como se sentisse a minha dor. Ela apertou minha outra mão e saiu lado a lado comigo enquanto os enfermeiros empurravam a maca para o centro cirúrgico e eu soltei a mão de Shikadai, vendo-o ficar para trás, levando uma mão aos cabelos como se os fosse arrancar.
Shizune logo chegou até mim, mas essa foi a última visão que tive, me doparam por causa da dor e do nervosismo que sentia, depois disso eu só acordei em um dos quartos do hospital, ela e minha mãe estavam na minha frente, eu o procurei, mas ele não estava ali. Elas estavam abatidas, eu sabia exatamente o que significava, eu era capaz de sentir o vazio dentro de mim.
- Sarada... – minha mãe começou, mas a interrompi, negando com a cabeça, fechei os olhos e respirei fundo, abri e encarei Shizune, ela entendeu que devia falar, não queria ouvir a doce voz de minha mãe tentando me consolar.
- Sarada-chan, você sofreu um aborto espontâneo, foi muito rápido, tentamos de todas as formas estabilizar a situação, mas não era mais viável – falou em um tom calmo, as lágrimas emergiram aos meus olhos, eu senti como se tivesse perdido tudo, tudo que eu não sabia que queria... “você achou mesmo que depois de tudo que fez, Kami te daria um filho e um homem perfeito? Uma família feliz? Ora Sarada...”, me condenei mentalmente, “Shikadai... ele não merecia passar por isso”, pensei, me perguntando se ele já teria recebido aquela notícia.
- Onde ele está? – perguntei direto a minha mãe, ela fez uma cara profundamente triste.
- Ele ficou muito abalado com a notícia, perdeu o controle com Shizune - a vi corar - estava desestabilizado e caiu em prantos, eu chamei Shikamaru e Temari, precisei lhes pôr a par do que acontecia, e eles conseguiram levá-lo para casa, ele parecia esgotado.
- Ele tinha acabado de voltar de uma missão... eu prometi que me cuidaria – falei para mim mesma, segurando o choro.
- Há quanto tempo sabiam da gravidez? – minha mãe questionou.
- Uma semana, nós... não tivemos tempo de pensar no que fazer ou contar para vocês... foi tão inesperado... eu estraguei tudo, devia ter parado – murmuro a última parte para mim mesma.
- Não foi sua culpa, Sarada-chan, abortos são comuns até as 12 semanas de gestação, principalmente em mulheres jovens e ativas como você – Shizune falou de forma doce - o feto estava se desenvolvendo impressionantemente bem para 10 semanas, sendo recém-descoberto, ou seja, sem os devidos cuidados. Portanto, não deve se preocupar, você poderá engravidar nova...
- Me deixem sozinha, por favor – cortei, desviando o olhar para a janela – não quero mais falar nisso.
FLASHBACK OFF
“Parece que foi minha culpa afinal”, penso sentindo os sentimentos de outrora me abaterem, estavam mesmo me castigando pelos meus maus feitos… sinto meu sangue ferver e meus olhos queimarem, “quem tem coragem de matar um bebezinho só pra machucar outra pessoa?”, me pergunto encarando seus olhos imutáveis, sua expressão de quem estava se deliciando por saber que tinha encontrado o meu ponto fraco. “Como ele fez com que eu o perdesse? Se ele estava com ela, deve entender de venenos... mas como ele faria? E, principalmente, como ele soube da minha gravidez?”, começo a conjecturar hipóteses na minha cabeça, me forçando a reviver o passado e analisar tudo metodicamente, não vou me permitir ficar nas mãos desse… “Tanchou!”, “aquela filha da p**a!”, constato a sua cúmplice.
Sinto a anulação dos meus sentidos novamente me tomar, o calor do seu sangue escorrendo pelo meu braço, me delicia. Mas a dor que me obriguei a reviver, não permite que minha alma me abandone dessa vez. Dessa vez eu quero sentir tudo, não deixarei que uma lágrima sequer que derramei pelo meu filho morto e pelo meu relacionamento acabado, sejam esquecidas.
- Então você é capaz de sentir, Rinkusu? – questiona me trazendo de volta dos meus devaneios, percebo que deixei meus olhos vacilarem – se aceita uma sugestão, você devia selecionar melhor os seus subordinados - fala, fazendo referência à Tanchou, confirmando as minhas suspeitas.
- O que ela colocou na água? – pergunto com uma curiosidade sincera, Shizune é uma médica ninja experiente, minha mãe é mestra em venenos, não tinha como um simples veneno passar despercebido.
- Algumas gotas de uma infusão que fiz com um erva rara do meu país, ela não é abortiva em situações normais, mas até as 12 semanas, a gestação é muito sensível, quando soube que você ainda não havia completado o primeiro trimestre, vi a chance perfeita – sorri lembrando do que fez – com a concentração que eu usei, não havia como evitar, a ação é rápida e a substância é liberada no suor, sendo indetectável, ela não mata o feto, apenas faz o útero expulsá-lo – eu engoli seco, o quanto ele planejou aquilo... ele tinha que me odiar muito.
- Mas fetos não sobrevivem fora do útero, seu... – falo entredentes, apertando seu coração, ele faz careta e tosse, “droga, não posso matá-lo”, solto.
- Eu sei... mas sinceramente, deveria me agradecer – fala com um sorriso de canto – a verdade é que se quisesse mesmo aquele bebê, você teria parado, Rinkusu – sinto a dor no meu coração, aí está o meu maior segredo, meu ponto fraco e ele tocou sem piedade, não saber se fui irresponsável com meu bebê por não saber o que fazer ou por não querê-lo, mesmo que inconscientemente, é algo que me assombra durante todo esse tempo, mesmo que ele tenha provocado aquilo, não me exime da culpa de estar lá, expondo meu bebê.
- Você não sabe nada sobre mim – falo sentindo minha voz embargar, “não mostre sua fraqueza”, ouço na minha cabeça, ele sorri satisfeito.
- Você acha mesmo isso?
- O que quer de mim? – pergunto quase gritando, “isso, jogue tudo que construí no lixo”, a voz soa irritada, “a culpa é sua se estamos nisso”, respondo.
- De você? Nada... o que planejei para você logo estará feito - fala sorrindo de forma plena, “ele acredita que conseguiu sua vingança”, agora que viu como me afetou, ele espera que eu o mate... mas falta algo: "o arremate", foi o que ele disse. Não faz sentido aparecer assim, depois de um ano, para ser morto. Tiro a mão do seu peito, com cuidado, ele ergue uma sobrancelha para mim, “estou certa”, penso, espalmando a mão sob seu peito aberto, concentrando chakra para que ele não morra.
- Então tirar meu bebê não bastou... o que vem agora? - questiono séria, aproximando meu rosto do seu, lhe olhando nos olhos – acha mesmo que qualquer outra coisa que fizer vai me afetar mais que isso?
- Você tirou o meu futuro, Rinkusu, nada mais justo que eu tirar o seu, para que nunca saiba o que é felicidade - paraliso, “ele soube do meu filho pela Tanchou, isso significa que ela sabe quem eu sou e sobre Shikadai, mas nunca tentaram nada contra ele, o que indica que ela sabe também que não estamos mais juntos…”, penso, “o que ele poderia querer dizer com futuro.. Boruto!", ela com certeza sabe do Boruto, mas tanto quanto Shikadai, ele não seria pego facilmente… Boruto é forte e esperto, "Droga! Ela me viu mandar mensagens e me fez perder a hora me trazendo aqui, ele não reagiria a uma aproximação minha”, concluo, “esse é o plano, matar o Boruto e me culpar por isso, eu perderia tudo”. Ele percebe que eu entendi seu plano e sorri satisfeito - viva sabendo que eu me vinguei, eu tirei tudo de você, como você fez comigo - ele morde a própria língua e começa a convulsionar na minha frente. Sua boca espuma e seu olhos sangram. Eu encaro a cena indiferente e solto um suspiro pesado.
- Alguém limpe esse lixo – falo autoritária, “preciso encontrar a filha da p**a, antes que ela faça algo contra Boruto... não posso carregar a culpa da morte dele”, penso. Saio da sala, com a minha postura fria de costume – Tanuki, você vem comigo – falo caminhando em direção à saída do QG, ele me segue rapidamente.
- Taichou? – Tanuki me chama, olho em sua direção – você sabe onde ela está?
- Tenho uma ideia – falo, ele assente e seguimos até o lugar onde havia marcado de encontrá-lo, pude vê-lo de cima dos telhados. Estavam saindo do restaurante de mãos dadas, seu jutsu de transformação nem é tão bom, a tatuagem está do lado errado, “parece que alguém esqueceu as aulas da academia”, bufo, “como Boruto tá caindo nisso?” - o que devemos fazer? – Tanuki aguarda ordens.
- Vamos aguardar – há muita gente circulando nesse horário, eu não posso arriscar atingir algum aldeão, ativo meu sharingan, para não perder nenhum movimento, ela age naturalmente, não como eu agiria, na sua melhor performance de garota apaixonada, “o que ela pretende fazer?”, seguimos os dois pelos telhados.
Vejo-a se aproximar mais, o envolvendo com os braços, minhas mãos suam frio, sinto que vai acontecer a qualquer momento, “Boruto não pode morrer por minha causa”, ele se inclina para beijá-la, “No meio da rua? Na frente de todos? À luz do dia? Nani?”. Faço sinal para Tanuki, “agora é o momento ideal para ela agir”, mas nada além do beijo acontece, ela não puxa nenhuma arma, não fez movimentos de mão, eu estou certa que ela vai usar algum veneno, como fez comigo, mas ‘como’ é que é a questão, enquanto eu tento entender a situação, ela simplesmente o beija, “mas é claro, o veneno está nos lábios!”, percebo tarde demais, as veias roxas surgem no rosto e pescoço de Boruto.
- Boruto! – grito e lanço uma kunai nas costas dela evitando matá-la ou atingir algum aldeão, o que desmancha seu jutsu de transformação, as pessoas se dispersam, parecendo perceber só agora o que acontecia. Boruto arregala os olhos ao ver a mulher à sua frente que não é mais eu, olha na minha direção, mas o veneno já começa a fazer efeito, ele perde a cor – vamos, Tanuki, pegue o Boruto, eu cuido dela - nós pulamos até eles, ele segura Boruto para que não caísse enquanto avanço nela com um soco leve, só para descarregar meu ódio, lançando-a na fachada de uma loja e a pondo desacordada – leve-o para o hospital, rápido, entregue ele a Uchiha Sakura, agora! – ele assente, colocando Boruto nos braços e correndo, “tem que dar tempo”, penso, amarrando os braços da mulher e a coloco nas costas, logo quatro Anbus me alcançam, provavelmente avisados por Tanuki – vou levá-la à divisão, Rin, você vem comigo – aponto para ela – vocês dois vão até o Hokage, peçam a presença dele na divisão Anbu com urgência – aponto para dois que estavam do meu lado esquerdo, que assentem e saem – Tenzo, vá até o hospital, garanta que o filho do Nanadaime foi atendido por Sakura-sama e volte em quarenta minutos com um relatório – ele assente - e avise a Tanuki que ele deve ficar de prontidão lá até que eu diga o contrário – falo autoritária e ele parte.