Capítulo IV- Rafael Ferreira (Jão)

2080 Words
A gordinha se tornou um desafio, nenhuma mulher tampouco garota, pode me rejeitar, é como uma ofensa a minha capacidade de ser homem, as minas do asfalto não negava, quem tem que recusar sou eu, depois que ela bateu a porta em minha cara, teve cara de p*u de me rejeitar pra ir a igreja, não via nada ali dentro que fosse melhor que um rolê de moto, que o pastor metia os cao lá, todo mundo sabia, dizer que não abria mão da igreja pra sair comigo, colé mano, essa ideia não ia colar. A n****a só podia tá pistola das ideias, mas essa crista dela eu sabia bem como abaixar, a irmã já tinha me passado as ideias, Isa ia fazer de tudo pra acabar com a fama da irmã, a santinha da casa, a bom exemplo, a que a mãe sempre confiava as responsabilidades. Comprei os lanches e esperei o culto acabar, ela não ia recusar, quando apareceu conversando com um monte de beata igual a ela, tudo de saia comprida, se achando melhor que todo mundo, eu já tinha as minhas armas em ação, gordo não recusa comida. Só fiz cena, ia ser lá no cafofo mesmo, depois do lanche, jogar no colchão, fazer a minha parte. — Pelo amor de Deus, garoto, vá procurar alguém da sua laia, me deixe em paz. — Ela saiu andando, quando pensei que já tinha tudo no esquema, fiquei com as sacolas na mão. Podia jurar que ela não ia recusar o lanche, mas a desgraçada se mandou, andou com a bíblia na mão, agarrada a ela como se fosse de ouro. — p***a! — A cada recusa dela, só me contrariava, mas não ia ter tempo, quando abrir brecha, vou esculhambar, desci o beco, dividir o lanche com os parceiros, já era tarde quando Isa brotou na esquina, todo mundo sabe que ela tá de lance com o filho do pastor, diz até que vai casar. m*l sabe ele que já tem chifre de graça. — Qual foi rapaziada o chefe ta aí? — Chegou perguntando, neguei bicudo pra o lado dela. Pior que o coroa nem quer saber dela, já mandou andar faz tempo, volta por que quer, passou a mão em meu peito, oferecendo a mercadoria, mas pensando bem, eu nem ganharia nada pegando ela, já tava rodada por geral, boca já deve tá de calo de tanto pagar boquete. — A minha irmã chegou cedo em casa, Jão, não encontrou com ela? — Olhei pra ela na raiva, mas não ia admitir que a sua irmã tava bancando a durona pra o meu lado. — Tô interessado nela, não, pô, tua irmã deve ser mais arrombada que tu. Os parceiros deu risada, quem não sabia ali do bonde que Isa é arrombada mesmo?Já soube de parceiros que dois foi ao mesmo tempo, não podemos negar que ela é bonitinha, toda novinha, mas rodada é, o chefe até botou alguns pra revezar no aniversário dele, ela tava lá chapada, não fui porque não curto, essas paradas, fica perto de macho incomoda pra p***a, já basta viver pegando as sobras de Márcio, Isa eu não queria nem pintada. Me olhou envergonhada, colocou a língua de canto, querendo provocar, logo a mim, que era só chegar no asfalto, e por muito pouco posso ter uma patricinha. — E se eu te disser que ela é virgem, purissima do jeito que veio ao mundo! — Olhei pra ela de cima, não custava acreditar não, que aquela gúria podia ser zerada. — E? Daí o que eu tenho haver com isso? — Tirei a sua mão que me tocava, já tava pilhado, a n****a recusou o meu lanche, o convite pra sair. — Tenho nada a ver com isso não Isa, só rala p***a, quando o coroa te quiser, sobe com o estalar de dedos, tu vem de joelhos se ele quiser. Ela se mandou enrolando um cacho no dedo, com certeza o crente não tava dando no couro, Isa gostar de apanhar, com força, por cima da cara, o jeito dele não é assim, hum, só balancei a cabeça, não tinha nada haver com a vida dela. Deixei passar dois dias, foi dois dias vendo a gordinha subir a ladeira com a mãe, ir com uma sacola de lado, calça folgada, tênis, cabelo que só anda na prancha preso, pelo menos sem bíblia na mão. Saia cedo de casa, subia conversando com a mãe, olhando diretamente pra ela, sem maquiagem, a pele bem escura, o problema é estar um pouco acima do peso, o irmão saia um tempo depois, sempre correndo apressado uma mochila nas costas subindo na moto vazava, Isa fica em casa, era ficar e não ficar né, porque as portas, era o caminho, eu passei a olhar a família toda, já que a gordinha saia falando com a mãe, às vezes voltava rindo com o irmão. Cheia de sacola na mão, e quando sozinha, sempre com fones na orelha, foi no terceiro dia que desci a ladeira me aproximei pegando uma das sacolas da sua mão. — Ei... — Parou quando me olhou, encarei pesado pra ela. — Não precisa, não esta pesado. — Mentiu na cara dura, a sacola tinha um peso da p***a, e ela carregava três delas. — Tô te perguntando alguma coisa? — Pergunto pra ela que n**a, balançando a cabeça. — Só estou dizendo que não precisava se dá ao trabalho, deve ser uma pessoa ocupada. Segui o seu caminho lhe deixando pra trás, ela se tornava o meu desafio maior, cheguei a porta da sua casa, lhe vendo com o rosto cansado, as sobrancelhas grossas sem fazer, pelos saindo da grossura normal da sobrancelha, os olhos pretos bem escuros um pouco amarelados cansados, o nariz largo, nem fino, nem arrebitado, largo, diferente de Isa, os lábios bem grossos, sem boquinha, a sua boca, é um bocão grosso e bem delineado pra p***a. Chegou a porta de casa, deixando as sacolas nos pés. — Isa! — Chamou com a voz bonita, isso ela tem pra p***a, nada de cintura fina, corpo magro, não, toda fora de medida, a cintura chegava a vazar mais que a largura do quadril, que é bem largo, o cabelo curto preso num mini r**o de cavalo. — Ela não tá! — Avisei quando ia chamar uma segunda vez, mas só me olhou indiretamente. — Ah Isa, o que eu faço contigo? Saiu reclamando. — Isa! — Chamei alto, lhe vendo cansada pra p***a, caminhar pra a casa da vizinha, sem sacola nas mãos, arrastava os pés. — Isa! — Chamei pela segunda vez, lhe vendo parar e suspirar fundo, aquela garota não tinha nada haver comigo, parecia uma mãe de três filhos, qualquer um diria que ela é mãe da sua própria mãe, e da Isa. Fechou os olhos por um instante, passou a lingua nos lábios. — Ela não vai vir. — Disse como se tivesse perdido a guerra. — Isa! — Gritei desta vez, ela viria, eu sei que viria porque não era pra a irmã, era pra mim, e como pensei eu vi, Isa sair da casa de Thamires, que é como ela, lanche da rapaziada, saiu num topinho amarelo bem colado no corpo, um short jeans curto que m*l tirava. — Jão? — Perguntou com um ar de esperança achando que o coroa que tinha mandado chamar. — Dá pra tu abrir a porta? — Pergunto meio descontente, mas ela só tirou a chave do bolso, jogou pra a irmã, quanto a ela não ia mudar se ela não mudasse, vi a n****a caminhar exausta, num remar pra a porta. — Obrigado! — Falou baixo, abaixou pra pegar as sacolas com esforço. — Posso pegar se quiser. — Me ofereci, mas ela pegou as duas, entrou em casa, entrei também, lhe segui até a cozinha. Deixei perto da pia, como ela deixou, foi até a geladeira pegou a jarra de água, encheu um copo de água. — Você é amigo da Isa? — Me mediu de baixo a cima, como alguém superior, apontei pra o copo. — Coloca pra mim também. — Encheu outro copo, me entregou, virei na boca. — A Isa vai casar, não é bom ter amigos como vocês, falar tudo bem, mas ficar gritando ela assim no meio da rua, não é bom, o Paulo pode se sentir... Coloquei o copo na pia ouvindo, queria era ri, mas não dei risada alguma, se ela soubesse o terço que a irmã apronta não falaria isso comigo, porque quem sempre vai atrás é ela. — ... ofendido. — Disse após me olhar. — E tu tem namorado? — Pergunto mesmo sabendo que não, lhe vejo abaixar a cabeça suspirar fundo. — Meu único amor é Cristo, tenho tempo pra essas coisas não. Prendi o riso, pra não desfazer dela. — É mesmo? — Aproximei lhe olhando nos olhos, ela nem piscou me olhando de volta. — É! Eu não tenho namorado e nem quero ter, não sou tipo que... — Dei um selinho nos seus lábios, quando ela parou de falar, recuou alguns passos, o olhar escuro surpreso, engoliu em seco, e em seguida limpou a boca. — O que você fez? Eu não sou como a Isa, me respeita menino. Eu menino? Ela não parece saber que sou um menino que faz outros. — O que tem? A minha boca tá suja? — Pergunto indo pra cima dela, que recua. — Não, mas deve tá ficando doido, sai daqui. — Não esperava por isso, achei que a gordinha ia reagir diferente depois disso, mas ela só se afastou mais, foi pra sala, abriu mais a porta. — Obrigado pela ajuda com a sacola! — Disse séria. — Não há de quê!— Passei por ela, indo embora, mas sai disposto, não ia parar por aqui, decidir investir, não era uma guria fácil, mas eu nunca provei do difícil, me senti desafiado. No dia seguinte ela não saiu, mandei o cria levar um chocolate, dentro da caixa uma rosa, sabia que não ia ter culto, mas com certeza ensaio ia ter. Vi que ele deixou o pacote na casa, só não sei quem tinha recebido. — Tá pegando Isa, Jão? — O chefe perguntou eu neguei, me joguei no sofá, notando que ele já sabia que eu andava interessado em algo naquela casa. — Não, tô com um desafio aí, a irmã da Isa, fiz uma aposta com ela. Lhe vi alisando a barba me ouvindo. — Tá ligado que a moça é direita né? Isa fica p**a com ela porque pega no pé, tem certeza? — Afirmei, pra ele não ia mentir, sempre fomos parceiros, nem lembro quando começou a nossa amizade. — Nada sério, coroa, só é uma brincadeira, a garota se acha superior a todo mundo aqui na quebrada, tá na hora de aprender que é igual a todo mundo. — Os moleque riram de mim, que ela é feia e gorda todo mundo sabia, mas que é dura, só eu pelo visto. — Então tá, se resolve por lá. — Tinha minha chance, porque eu não ia quebrar um cabaço, e ainda tirar vantagem da n****a? Claro que eu ia. Desci o morro quando chegou a hora dela ir pra a igreja, senti o cheiro do perfume assim que abriu a porta. — Gostou do chocolate que eu mandei? — Pergunto no meu canto, lhe vi sair portão a fora, fechando em seguida. — Irmã errada, quem recebe chocolates e rosas aqui é Isa, entreguei pra ela, dizendo que era do Paulo. — Olho pra a mulher bem cheia no vestido branco de tecido fino. — Tu fez o que? — Ela afirmou, na maior cara dura, sem maquiagem, cabelo molhado, com alguns cachos perdidos por ali, preferia ela de cabelo natural, sem ser na chapinha ou escova. — Dei pra Isa, não recebo flores ou chocolates, se ia perguntar. — Estendi a mão pegando no seu cabelo, mas ela se afastou. — O que esta fazendo? — Toquei o cabelo quando parou, estava molhado, era diferente. — Gosto do teu cabelo natural, devia usar mais vezes. Não ficava uma coisa artificial, como papel que não podia ver agua, e eu gostava disso. — Eu não sou a Isa, e não vai ser por sua causa que eu vou parar de alisar o meu cabelo! — O que faltava era dá jeito a sua boca mesmo.
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