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A aposta

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A aposta conta a história de Dandara Bispo, uma jovem fora dos padrões, filha de família pobre, conhecendo as dificuldades de viver na favela suburbana, tem um talento para o canto, que é onde ela se encontra no mundo, Dandara cresceu invejando a sua irmã mais nova, por ela ser mais bonita, tudo que ela menos poderia imaginar é que a sua irmã poderia ser a sua pior inimiga, capaz de tudo para destruir Dandara, Isabel é cheia de artimanhas para acabar com a boa reputação da sua irmã, é capaz de contratar um marginal para conquistar a jovem, seduzi-la, engana-la.

Rafael Ferreira é um moleque de morro, para muitos, uma rapaz de vinte e dois anos, entrou para o tráfico cedo, devido as facilidades que este mundo poderia lhe dá, acostumando a ser discriminado pelo que é, não imaginava que ao conhecer Dandara, uma garota até então feia, gorda para ele, lidaria com um coração puro, meigo, apesar de ser cheia de desconfianças, ambos se envolvem por uma aposta, acabam se apaixonando um pelo outro, sem perceber que um seria capaz de tudo pelo outro, até que este momento acontece.

Até onde o amor é possível fora das facilidades da riqueza, da beleza, será que ele sobrevive a um mundo real?

Alerta de possíveis gatilhos: Violência s****l, abuso parental, linguagem imprópria.

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Capítulo I- Dandara Bispo
A vida de uma mulher preta, pobre e favelada nunca foi fácil, isso eu descobrir muito cedo. Desde quando nas novelas na TV, todas as pretas sempre eram as empregadas, ninguém se importava com o final delas, com o roteiro delas, o único interesse de todos era se a comida estava bem servida, se a fofoca era quente, e se a casa era bem limpa, minha mãe uma costureira, mãe de três, meu pai eletricista, às vezes ele dava os perdidos dele, ficavam dias fora. Minha mãe surtava nesses dias, a gente tinha que aturar o mau-humor dela, abrir a boca para qualquer palavra que fosse, era motivo de desaforo, até mesmo apanhar. Era preciso pisar em ovos nestes, embora, os próximos que se sucediam eram piores. Meu pai surgia como que nada tivesse acontecido, a cara mais lavada do mundo inteiro. A medida que fui crescendo, entendi, que ele é o famoso malandro, aquele não resiste a uma novata na gafieira, no samba, eu queria qualquer coisa na minha vida, menos ser uma novata de gafieira, que ia para cama com um homem pai de três, mas o pior veio depois, nem só pai de três ele era, havia muito mais. Minha mãe era pai, também, estava explicado as razões deste estresse todo, a gente não entendia isso quando pequeno, achava ela má, bruta, enquanto ele, o santo. Demoramos demais para entender essa parte da história, era mais fácil amar alguém que vivia mais ausente, do que a bruta, a arrogante que falava aos gritos o que era certo ou errado a se fazer. Meu irmão, Maycon, era para ser Michael, devido ao cantor, mas, puseram Maycon mesmo como se ler, é o mais velho de nós três. Eu, Dandara sou a do meio, nunca fui uma garota bonita, pelo menos não era o que eu gostava de ver no espelho, não tinha ninguém como eu, na televisão, bonita, rica, ou nas revistas, os meninos nem revezavam, todos sempre se uniam com nomes estranhos na boca, tição, cabelo duro, seca da moda, era uma brincadeira deles, assim dizia a professora, mas isso só me fazia odiar-me mais toda vez que me olhava no espelho. Isabel, a minha irmã dois anos, mais nova que eu, teve privilégio, conseguiu nascer mais clara, apesar da fôrma ser a mesma, o cabelo não tão crespo, o nariz não tão largo, de um tipo facilmente chamada de morena, mulatinha, pode até ser, os lábios pequenos, sim, eu tinha inveja dela, a medida que crescemos, nossa mãe semelhante a uma mudança ou aceitação, na verdade, eu nunca soube exatamente o seu propósito de ter saído da macumba para se tornar evangélica. Apesar de não mudar muita coisa, exceto pelos trabalhos, os despachos, as rodas na igreja continuavam as mesmas, os batuques do tambor, muitos dizendo ser o espirito santo, recriminavam o que se faz no candomblé, mas de lá para cá, pouca diferença eu vi. Eu fui crescendo, não era bonita como a minha irmã mais nova, mas havia um talento que eu nem sabia que tinha, sempre gostei, é claro, de fazer a parte de Sandy, nas músicas da dupla Sandy e Júnior, mas todos em casa, mandava calar a boca. Eu sou a patética, isso era chato, foi na igreja que ganhei oportunidade, de saber que eu era boa em alguma coisa, além de ser feia, cantar as músicas mais lentas, e a cada ensaio, a cada letra fui me surpreendendo, com isso que saia de dentro de mim, a voz abafada ganhava vida, apesar de continuar feia, nariz que o boi pisou, cabelo de bombril, preta como betume, pelo menos com o microfone ou sem ele, na frente da igreja eu era mais que isso, era uma voz, um canto. Fui me achando pouco a pouco, só me encontrar nesse mundo, algumas pessoas choravam dizendo que a música lhe tocavam, para mim era como ter um merecimento, mas fora daquele lugar na igreja, nada era, ninguém me enxergava, enquanto sentada no banco, era a mesma Danda, Dandara, irmã Dandara, dois anos na igreja evangélica, minha mãe não suportou tanta castidade, não poderia beber, fumar, nem usar argola, tampouco xingar, o último ela fazia e nem sentia, desbocada, segundo o pastor. Saiu da igreja, voltando para o mundo, na Umbanda não era só uma cantora, eu sabia disso apesar de gostar da coisa de preto, porque lá, segundo a mãe de santo, ninguém era feio ou bonito, mas só girar, rodar e servir não me agradava, eu queria ser algo, ser alguém nem que para isso valesse sacrifício de ser o que eu já era, não bebia, não fumava, nem xingava apesar de não me faltar vontade. Era quase um absurdo, eu me apaixonar justamente pelo filho do novo pastor da igreja, recém chegado. Queria ter a oportunidade de algum momento ter seus olhos em mim, por isso, aproveitando-me da prática do canto, escrevi-me na aula de violão, ele sendo professor, aos meus olhos, Paulo Figueiroa, o homem mais lindo que poderia haver, além de preto, era um homem perfeito, desde a maneira de desabotoar os botões da blusa ao sorriso. Mas depois das aulas, o assunto era mesmo, aquele mesmo que falávamos após a saída do culto, ele queria saber tudo, exatamente sobre a minha irmã, quando lhe traria pra igreja. Não queria falar m*l dela, apesar de brigar muito, mas todos os garotos só a enxerga, não a mim, mais que culpa ela tinha por ser mais bonita? Nenhuma, mais quem ia fazer isso entrar na minha cabeça? Ninguém, eu era o espermatozoide feio que vingou e ela o bonito, Michael, uma mistura de nós duas, um n***o bem preto, de cabelos crespos, mas o nariz não tão largo. Era mais fácil também, ser um homem preto. Eu me dediquei anos de estudos, prática, para ser boa aos olhos de Paulo, para ser boa pra alguém, para algo, e no dia do meu aniversário, quando ele pegou o microfone na frente de todos na igreja, fez meu coração balançar, ao começar olhar para a minha fileira, neste dia, Isabel foi como convidada, com a minha mãe também, seus olhos fixos na fileira, enquanto falava em amor, eu sorri largo, esqueci-me do mundo inteiro ao redor, era só eu e ele naquela declaração, até ele perguntar. — Isabel, aceita namorar comigo? Meu mundo caiu, eu entrei colapso interno, sem falar. — O quê? — Eu só escutei do meu lado, enquanto o meu mundo estava estático, minha b***a colada a cadeira. — Eu amo você, e se você for da vontade de Deus... — Ele nem terminou de dizer, a congregação começou a dizer. — Aceita, Aceita, Aceita! — Engoli em seco, mas queria chorar. Perplexa, havia recusado convites para cantar em outras igrejas, em festinhas e até mesmo bares, porque o Pastor não concordava, eu sempre cantei de graça na igreja. Para todos era a minha oferta, mas, na verdade, eu não queria ser m*l vista pelo meu amado, eu vi a minha irmã começar um namoro, ele nem parecia se importar que ela não fosse virgem, com dezoito anos, nenhum homem, exclusivamente nenhum me olhava, nenhum assobio, nenhum olhar com segundas intenções vinha até mim. Todos em casa estavam felizes, eu queria ao menos disfarçar. Mas a cada domingo, a cada festa, natal, ano novo, era impossível engolir, foi em janeiro, que eu vi Paulo se ajoelhar aos pés de Isaura e lhe pedir em casamento, fiquei de braços cruzados observando, ela havia dito que o chefe do tráfico mandou um buque de rosas, com uma caixa de chocolate, para ela. Não, certamente não, lhe vi saltar em pulos de felicidade, levando a mão a boca, mas o pior de tudo, não era o pedido, Paulo não trabalhava, de onde ele tirou o dinheiro para comprar este anel? Mãe recusou de primeira, Isa ainda era muito nova, namorar já era demais, casar pior ainda. Eu me desmanchava em lágrimas as escondidas no beliche de baixo, ela dormia em cima. Primeiro porque tudo que eu queria aconteceu com ela, e segundo porque Deus não tirava a raiva e a inveja que crescia dentro de mim. A energia de casa foi cortada, as vésperas do carnaval, Maicon que trabalha como seguranças as noites, não tinha como pagar, Isabel só vivia distraída, tanto importava ter como não, indo e vindo da casa da vizinha, em casa só pra comer. E a minha mãe, bem, essa fazia de tudo para dá o que poderia, mas m*l ficava em casa, toda a cidade estava em festa, tomei banho, me arrumei para mais um dia de culto, somente conversando com Deus, poderia me entender, mais o varão nunca veio, andei a passos curtos pensativa para a igreja, eu tinha que dá um jeito na minha vida, era preciso. Volta para casa, foi o que a minha consciência me disse, para me era coisa do demônio, era preciso expulsar ele da nossa cidade, carnaval é coisa dele, foi o que eu aprendi, e acredito nisso de olhos fechados. Continuei a andar, orar era mais importante, somente poucos passos na porta de igreja, o tiroteio começou, tiros para todos os lados, bandidos correndo, se escondendo, eu parada, tremendo, agarrada a bíblia, não tinha culto, e ninguém me disse. — Corre ou tu quer virar alvo dos homens de bota? — Um maluco passou me dando uma braçada, no início deveria ter medo, mas o tiro passou bem na hora, bem onde eu estava. As lágrimas já descia, eu segui correndo de salto médio, saia comprida, blusa de mangas, nada de decote, pelo menos ele tinha uma arma. — Vai ficar me seguindo, p***a? — Perguntou bolado. — Perdão, moço, não tenho o que fazer. — Balançou a cabeça esgueirando na minha frente. — Te dou cobertura, tua casa é longe? — Era tiro de vários lugares, para todos os lados. — Não, é logo a uma esquina. — Deu risada, como se eu disse uma coisa louca. — Ah, claro que não, fala como se essa p***a fosse a próxima casa. — Respondeu com ironia, eu tremendo agarrada a um estranho. — Vai andando, se vier alguém atrás de mim, ver que avisa. — Eu não sabia quem era ele, mas foi o primeiro homem que fez muito por mim, dando tiros, com a mão entrelaçada a minha, andando costa a costa até em frente a minha casa, entrei varanda a dentro, foi um tiroteio intenso, fiquei encostada na porta engolindo em seco, houve tiros por muitas horas. Quando voltei a mim, me pus de joelhos, eu não pedi por ninguém, embora mãe, irmão, irmã estivesse fora de casa. Eu pedi por aquele estranho, que eu nem vi o rosto que estava envolvido pela camisa preta, queria que ele sobrevivesse, que, na verdade, nem um tiro tomasse, o tiroteio acabou, eu ainda pedia com a bíblia aberta a minha frente, sempre entendi que Deus não tinha propósito com o tráfico, nem o crime, na verdade, deveria ser uma ofensa o que eu estava fazendo, o sol nasceu, depois da tragédia, veio a quietude. Todos saiam de suas casas, a fim de ver o estrago, mas entre os homens que passavam nenhum deles, era magro, esguio, possui-a arma grande, e tinha blusa preta na cara. Queria agradecer, sei lá, dizer muito obrigado, com os olhos atentos a cada um passava, enquanto a minha irmã alisava a aliança em seu dedo do casamento negado, na janela, eu passei dias assim tentando ver em alguém um sinal, um vestígio dele. Mas ninguém tinha. — O que você tem?— Minha mãe entrou em casa perguntando, desviei os olhos da rua para lhe olhar, se eu disse ela iria me entender? — Nada, acredita que cancelaram o culto e não me disseram? — Riu fraco, como deboche. — Como não disseram, Paulo foi até a casa de Thamires para me dizer. — Isabel disse com prepotência, lamentei, tudo é questão de prioridades, a cada de Thamires fica na frente da nossa, a uma esquina da igreja, suspirei fundo. — Se você morresse, ninguém ia sentir sua falta! — Escutei quando disse antes de a nossa mãe dar-lhe um tapa no ombro. — Não fale assim com a sua irmã. — Retrucou, mas era verdade, quem sentiria falta de mim no mundo?

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