Acordo assustada com o som de pancadas.
Me levanto e percebo que os barulhos vêm da porta.
E espero que a faculdade esteja pegando fogo para me acordarem assim!
Abro e dou de cara com Briana, ela está maravilhosa em um vestido de renda preto e branco, meia coxa, sem contar com os sapatos meia pata e o cabelo ruivo, se eu não estivesse com tanto mau-humor até teria elogiado.
— Não me olhe com cara de quem comeu e não gostou, por que não está pronta? — Pergunta já entrando.
— Que d***a está acontecendo aqui? Não vou a lugar algum, então boa noite!
— Não seja boba, vamos arrumar uma roupa maravilhosa para você! — Fico parada por alguns segundos enquanto ela começa a revirar minhas malas como se fossemos amigas de infância. — Perfeito, que número calça? Posso pegar uma sandália minha! — Um vestido preto já nas mãos.
— Agradeço por todo seu empenho, Briana, mas realmente prefiro ficar aqui e descansar… — Nem consigo completar a frase.
— Tem cinco minutos para se arrumar, quando chegarmos os caras gostosos vão estar todos ocupados, e por falar nisso fiquei sabendo que encontrou com Aidan mais cedo, gostou dele? — Seu sorriso é assustador.
— Tudo bem, vou com você… — Não há motivos para discutir por isso, ela dá pulinhos de alegria. — Mas nada de caras gostosos, eles são desnecessários.
— Certo, mamãe. — A ruiva faz uma careta engraçada.
De banho tomado visto a roupa que ela escolheu e calço uma bota de cano bem longo, até que não é uma má combinação. Seco o cabelo e o deixo solto mesmo, assim já estou pronta.
— Vamos logo. Antes que eu desista. — Aviso.
— Que gata, até eu pegaria você. A bota ficou perfeita e seu cabelo é lindo.
— Sim, como se algum cabelo fosse ao menos decente perto dessa maravilha que você tem na cabeça. — Sorrio me dando conta de como é fácil falar com ela.
Saímos do prédio e seguimos em direção à floresta atrás dos dormitórios.
— Festa na floresta, sério? Somos crianças agora? — Meu mau-humor volta.
— Mas é claro que não! Somos seres evoluídos, a festa está acontecendo lá! — Aponta eufórica para uma casa distante, algumas luzes coloridas brilham na floresta, ao nos aproximarmos é possível ouvir a música alta, nem posso imaginar como as pessoas conseguem conversar lá dentro.
— Ótimo, essa é claramente minha ideia de diversão. — Bufo.
— Vamos! — Me puxa, na verdade, sai me arrastando pela floresta.
Chegamos à entrada que para minha surpresa está trancada, ela sussurra algumas palavras e a porta abre sozinha!
— Não fique parada aí, venha logo! — Grita já do lado de dentro.
O lugar está lotado, Briana me apresenta para algumas pessoas.
Alguns minutos depois já a perdi de vista, é muita gente, bagunça e gritaria, confesso que preferia estar em casa apenas desenhando ou escrevendo, casa, nem tenho mais uma casa.
Me afasto e fico observando os outros dançarem, automaticamente meus olhos vão em direção a um homem do outro lado do salão, não sei o motivo, mas ele consegue se destacar na multidão, sigo seus movimentos atentamente, está encostado na parede e parece mexer em algo, deve ser um celular, algumas garotas parecem tentar chamar sua atenção, mas quando desvia os olhos do que tem em mãos seu olhar vem diretamente para mim. Um sorriso parece brincar em seus lábios quando volta sua atenção para as mãos novamente, continuo observando, tenho quase certeza de que seus cabelos são negros como a noite, mas não é como se eu realmente tivesse certeza de algo já que essas luzes piscando estão me deixando totalmente zonza. Fecho os olhos e aperto com força tentando focar minha visão, quando abro novamente ele já não está lá.
— Está tudo bem com você? — Uma garota próxima demais pergunta, me assustando muito!
— Sim, tudo bem. — Disfarço ter sido assustada e respondo constrangida.
— Nova por aqui? — É óbvio que está tentando ser simpática.
— Está tão na cara assim? — Disfarçadamente analiso a garota que veio puxar papo com a aluna nova e deslocada.
— Nem tanto, mas conheço todas as pessoas dessa faculdade… — Então completa rapidamente. — Todas as que são importantes.
— Entendo. — Morena, alta, cabelos lisos, o corpo que muitas garotas matariam para ter.
Caramba! Realmente só tem gente bonita nessa faculdade?
— Sou Pandora Ahid, Casa da Água, mas pode me chamar Pan, que tal dançarmos um pouco?
— Por mim, tudo bem, sou Isa. — Sigo a desconhecida.
Vamos até à pista de dança, dançamos enquanto músicas com batidas fortes tocam, lá pela sexta colocam algo mais lento, instantaneamente nos olhamos fazendo careta, o que é hilário, é muito estranho ver como me identifiquei com duas garotas que m*l conheço.
— Vamos beber algo. — Indica o bar.
Seguimos entre pessoas que dançam alucinadamente sem perceber que o ritmo mudou drasticamente, como esperado também tem várias pessoas se pegando entre a multidão, mas um casal chama minha atenção, parece ser o garoto que acreditei estar me encarando mais cedo e se for, ele está com a língua no pulmão de uma garota e se continuarem assim, vão t*****r no meio do povo.
— Tudo bem? — Percebo que parei no meio da multidão.
— Sim, vamos. — Eu obviamente não deveria ficar encarando.
Seguimos até o bar.
— Se alguém me falasse que tocariam música lenta nessa festa, eu duvidaria. — Bebo o segundo copo de algo muito doce e gostoso.
— Alguém deve ter subornado o DJ, posso apostar que alguém querendo conquistar uma mocinha inocente, pura e virgem! — Isso me faz rir.
— Sabe, subornar o DJ me custou 100 pratas! — O cara que esbarrou comigo mais cedo se aproxima.
— E quem será sacrificada, Bayer? — Sua voz pinga deboche.
Eles trocam um olhar estranho.
— Não faço ideia do que está falando, mas meu plano é convidar sua amiga para dançar, o que acha? — Pergunta diretamente a mim.
— Desculpe, não sei dançar. — Minto descaradamente, no colégio fazíamos aulas de toda categoria de dança, mas não sou brinquedo de ninguém.
— Não acredito nem por um segundo, venha! — Ele me puxa e fico surpresa com sua força, ele me levanta como se eu passasse 1 kg.
Então estou de volta a pista com menos pessoas dançando e mais se beijando, ele segura minha cintura com delicadeza, rodeio seu pescoço com os braços e começamos a dançar.
— Mentirosa. — Sua respiração roçando minha orelha.
Sorrio.
— Não costumo dançar com estranhos. — O sorriso ainda em meus lábios.
— Não por isso, sou Aidan Moscovi Bayer, casa da Lua.
— Sou Heloísa Gross Lane. — Ele para do nada, me fazendo tropeçar em meus pés. — Algum problema?
Como essas pessoas conhecem meus sobrenomes?
— Não é nada, apenas lembrei que preciso fazer algo, é meio urgente, mas podemos terminar essa dança. — Sua voz sai rouca, olho para seu rosto e me assusto com a beleza diante dos meus olhos.
Dançamos por mais alguns minutos, mas dessa vez em silêncio. Suas mãos são delicadas ao me tocar. Quando a música encerra, nos despedimos, Aidan sai apressado, praticamente correndo.
Volto para o bar e não encontro Pandora, Briana sumiu desde o começo. Estou pronta para sentar quando uma pessoa parada na porta chama minha atenção, é o cara de mais cedo, novamente parece que está olhando para mim, não para o corpo, para a alma.
Ele sai e sem pensar duas vezes vou atrás, não consigo me impedir.
Assim que atravesso a porta ela bate com força!
Me deixando de frente para a floresta, totalmente escura e assustadora.
Caminho até ela, algo está na floresta e me chama, me sinto hipnotizada.
Se fica perto do campus, não pode ter nada terrível aí dentro, não é mesmo? Já atravessei a mata hoje, uma vez mais não vai me m***r!
Tomo coragem.
Posso ouvir uma voz me chamando na floresta, mas o feitiço é quebrado quando alguém fala de trás de mim.
— Se fosse você, não faria isso, conhece a história da Chapeuzinho Vermelho, garotinha? — Fico indignada com esse ser depravado que ousa me chamar de garotinha, já tenho vários adjetivos na ponta da língua, mas todos somem quando me viro e encaro lindos olhos azuis.
É meio óbvio que ele é lindo de morrer!
Droga de faculdade cheia de pessoas bonitas!
Mesmo a distância posso comprovar que seus cabelos são negros como a noite.
Seus olhos azuis brilham com certo desafio.
O maxilar rígido, o nariz assim como a boca parecem ter sido desenhados com perfeição, suas sobrancelhas grossas e escuras emolduram o rosto perfeito.
Droga, com esse visual, ele é certamente o vilão!
— Quem é você? — É tudo que consigo dizer.