1º Capítulo - Heloísa

1154 Words
Bem-vindos a Universidade Tauros. Lia-se na placa do lugar com aspecto medieval que parecia sem dúvida mais com um castelo do que uma faculdade. Ao me aproximar um calafrio percorre todo meu corpo, estamos no inverno, o que quer dizer que os dias aqui serão frios e úmidos. E eu deveria ter vestido um casaco. Uma das coordenadoras foi comigo até o aeroporto, apenas para me despachar em um táxi e voltar para o colégio, mas não sem antes dar informações exatas e rígidas de como chegar à universidade e não desviar do caminho por hipótese alguma, ela também pareceu muito mais estranha do que o normal, acredito que a ouvi murmurar coisas sobre magia. Passo pelos enormes portões de ferro n***o e não vejo nem sequer uma alma viva, tudo está assustadoramente vazio. Tudo bem, só está vazio, nada de assustadoramente. — Olá! — Chamo após entrar e encontrar a porta da secretaria aberta. — Precisa de algo senhorita… — Deixa a pergunta não feita no ar. — Heloísa. — Respondo mesmo sem ver a pessoa com quem falo. — Estamos esperando uma Heloísa, pode me dizer seu sobrenome? — Uma mulher maravilhosa aparece por trás do balcão. — Você é linda! — ela tem os olhos mais verdes que já vi, são quase néons, seu cabelo é cortado na altura do queixo, os fios lisos e negros como a noite, lábios carnudos, nariz perfeito e empinado, suas maçãs do rosto são redondas e altas, as sobrancelhas parecem ter sido desenhadas pela melhor design do mundo. Ela é perfeita! — Obrigado, você é adorável. E então, qual o sobrenome? — seus olhos fixos em mim me deixam um pouquinho desconfortável. — Gross Lane. — É h******l ter que usar o sobrenome das pessoas que me abandonaram. A mulher arregala os olhos por um segundo, mas disfarça rapidamente. — Vejamos… aqui está! — observo a pasta velha em suas mãos. — Família Gross, uma das fundadoras, todo o grupo escolar ficará feliz em ter você aqui. — Seu sorriso é enorme, seus dentes parecem ser mais finos que o normal, estreito os olhos tentando ver melhor, mas deve ter sido loucura minha, vejo dentes do tamanho normal. Estou ficando louca! — Desculpe, mas deve estar me confundindo com outra pessoa, não tenho familiares vivos. — Entendo, deve ser apenas um m*l-entendido. Mas ainda assim, seja bem-vinda! — Não ignoro a maneira estranha com que me olha. — Sou Penélope, diretora e coordenadora da universidade. — Prazer. — Melhor ser simpática com a bela mulher estranha. — Aqui estão seus horários, andar, livros que deve comprar e tudo que vai precisar. — Pego a pilha de papéis. — E novamente, seja muito bem-vinda senhorita, Gross Lane. — Pode me chamar de Isa. Obrigado e com licença. — Saio com a sensação de que tem algo muito errado com essa mulher. Parece que tem algo de errado, com você Heloísa! Pare já com isso! Procuro entre as folhas a localização do meu quarto, na verdade, estou planejando alugar um apartamento assim que conhecer melhor a cidade, meus pais sejam eles quem forem, me deixaram bastante dinheiro. Encontro um mapa e tento me localizar, esse pedaço de papel só me deixa mais confusa, fico tão concentrada que não me dou conta da pessoa se aproximando até que esbarramos, nossos papéis caem e se misturam. — Mil perdões, a culpa é toda minha, estava distraída e nem vi você se aproximando, deixe que arrumo essa bagunça… — Abaixo para pegar os papéis ainda sem olhar em quem esbarrei. Começamos a juntar tudo, assim que nos levantamos me assusto e fico como diria a Anita, B.A.B.A.N.D.O, no homem parado na minha frente com um sorriso matador. O cara é lindo, lindo! Ainda mais para uma garota tonta que cresceu rodeada de mulheres. Cadê o Ed. Sheeran para cantar Thinking Out Loud nesse momento, produção? Tento não encarar, mas é difícil. — Tudo bem. — O observo jogar o cabelo para trás. — Nada como esbarrar em uma garota bonita. — Completa me entregando os papéis. — Obrigado. — Pego e vejo que ele me entregou o do dormitório. — Esse é seu. — Oferece a folha de volta. — Pode ficar, para saber onde me encontrar. — Me lança uma piscadela. — Já vou indo… e a propósito, lindo sorriso. — m*l pisco e ele já se foi, me deixando aqui com cara de i****a e sem saber ao menos seu nome. Que esse lugar esteja repleto de caras como esse! Faço uma prece silenciosa. Sigo meu caminho e descubro que os dormitórios são mais ao sul da propriedade, um espaço bem afastado e sombrio demais para o meu gosto. Certo, sei que estou achando tudo sombrio demais, mas dê um desconto, em 18 anos essa é a primeira vez que me afasto do colégio. Meu quarto é no terceiro andar, apenas vou até lá e jogo minhas coisas na cama! Assim que me deito, alguém bate na porta, me levanto, abro e dou de cara com uma ruiva com km de pernas. — Posso ajudar? — Não entendo o motivo da visita desconhecida. — Olá, é um prazer conhecê-la, sou sua vizinha de quarto. — Aponta toda sorridente para a porta da frente. — Só quero desejar boas-vindas e te convidar para a festa de comemoração de início das aulas. — É um prazer conhecê-la também, mas vou passar o convite para a festa, fiz uma longa viagem e estou acabada. Quem sabe outro dia? Desculpe, mas qual é o seu nome — ela ainda não se apresentou. — Ravensberg. — Estende a mão. — Sou Ravensberg, casa do Fogo. — Seu nome é Ravensberg? Que pais fariam isso? — É claro que não, esse é meu sobrenome, eles são importantes por aqui. Mas meu primeiro nome é Briana. Certo, aqui o que conta é o sobrenome. Infelizmente os meus não significam nada, quanto à casa do fogo não sei o que quer dizer. — Entendido Briana, sou Heloísa Gross Lane. — Ela me olha espantada. — Ah, d***a, então é você! — Exclama separando nossas mãos. — Sou eu? — Faz menos de 20 minutos que estou na faculdade. — Pode explicar? Nos conhecemos de algum lugar? — O quê? Não, não é nada! Passo aqui às 22:00, esteja pronta! — Então sai correndo antes que eu possa falar algo, ela bate à porta do outro lado do corredor. Meu Deus! Que cabelo é aquele? Quase como fogo! Brilhante e ardente. O conjunto todo da garota perfeito, ela é linda! Será que essa faculdade só aceita pessoas bonitas? E se esse for esse o caso, acho melhor nem desfazer minhas malas! Fecho a porta e volto para a cama. Nem me dou ao trabalho de trocar de roupa, simplesmente me deito e apago, é desnecessário entrar em detalhes sobre meus sonhos, são sempre sobre a mesma coisa!
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