— Quem é você? — Pergunto incerta.
— Posso ser o pior de seus pesadelos, garotinha. — Tenho vontade de arrancar seu sorrisinho i****a aos chutes.
É claro que seria estupidez seguir esse estranho, ainda mais quando há uma floresta sombria de coadjuvante.
— Não vejo nenhuma garotinha aqui! — Empino o nariz.
Perco os dentes, mas não perco a pose.
— Por que me seguiu, garotinha? — Coloca litros de deboche ao falar.
— Você deve ter um sério problema de ego. — Debocho de volta.
— Não mesmo, apenas sei o quanto sou maravilhoso e é óbvio que veio atrás de mim. Caso contrário, o que estaria fazendo aqui fora na escuridão? — Sussurra, tentando me assustar.
— Não te deva explicações, mas estou indo embora, dormir. — Viro de costas.
— A floresta não é segura, irei acompanhá-la até o dormitório. — Sua voz ganha outra entonação, todo o deboche sumiu, então caminha em minha direção.
— Não, obrigado. É mais seguro dar de cara com um urso do que andar por aí com o pior de meus pesadelos. — b****a. — Então obrigado! Mas vou sozinha.
— Não seja tola, não existem ursos aqui.
— Alguém já disse que você é um i****a convencido e prepotente?
Que cara insuportável!
— Geralmente dizem coisas agradáveis, principalmente as garotas bonitas.
Sério, isso foi um elogio?
— Pois bem, perfeição na Terra, vou dizer com todo o prazer do mundo que é um i****a! Tenha uma ótima noite! — Saio sem olhar para trás e entro na floresta.
Quando me embrenho na mata ouço um uivo, o que me causa um calafrio.
Volto a caminhar, nem percebi estar parada.
— Desse jeito vamos demorar dois dias para chegar, que tal correr? Qual a utilidade de pernas tão curtas? — Posso sentir que está sorrindo.
— Ainda está aqui? — Fico indiferente.
— Pode me agradecer depois. — Sorri e observo o brilho de seus dentes. — Vamos, os lobos estão por perto e virão atrás de você, garotinha.
Seguimos por todo o caminho em silêncio, não quero arriscar abrir a boca e mandá-lo tomar onde o sol não bate. Enquanto caminhamos tenho a impressão de que não estamos a sós, é como se estivéssemos sendo observados. Sei que há vários animaizinhos na floresta, mas parece algo mais.
Assim que atravessamos a floresta me dou conta de algo.
— Você queria que eu te seguisse, por quê? — Isso faz com que ele pare.
— Disse saber que você me seguiu, não que queria isso. — Claro, e eu sou a Madre Teresa. — Mas é claro que você parece acreditar que planejei cuidar de uma garotinha com medo de lobos ao invés de estar transando com alguma universitária gostosa! — ele é ignorante como uma mula.
— Vá para o inferno! — Berro com ódio. — Não pedi sua ajuda, posso achar meu quarto, sozinha. — Passo por ele e sou muito adulta ao esbarrar em seu ombro.
— Deixe de ser infantil, posso levá-la. — Ignoro, não vou nem me dar ao trabalho de responder.
Caminho sem olhar para trás até que chego ao pátio, sigo para meu quarto, o dormitório está vazio, todos estão na festa. Ao entrar no quarto vou até à janela e olho na direção da floresta, me assusto ao notar o que parecem ser dois olhos vermelhos olhando em minha direção, automaticamente fecho a cortina e corro para trancar a porta.
[…]
Mas que d***a! Por que todos resolveram que a Heloísa gosta de ser acordada pelo som de sua porta sendo esmurrada?
Levanto e olho que horas são, 08:00 da manhã.
Ótimo, vejamos quem resolveu me acordar no meu primeiro dia.
— Espero que seja o dia do juízo final para estarem me acordando! — Berro ao abrir a porta.
— Vamos lá raio de sol, o dia está maravilhoso, nada de ficar trancada no quarto!
Olho perplexa para a garota radiante na minha frente, está tão linda quanto antes e parece que acabou de sair de um comercial de tv.
— Que horas você voltou da festa? — Estreito meus olhos, cheguei horas antes e parece que um caminhão me atropelou.
— Deve ter umas duas ou três horas. — Dá de ombros.
— Mas isso é humanamente impossível! — E não é justo!
— Caramba, que mau-humor, sempre acorda assim? Parece que nem aproveitou a festa ontem, e por falar nisso, onde você se meteu? — Caminha em direção ao meu armário.
— Geralmente acordo de ótimo humor, só fico assim quando me acordam sem eu ter pedido. E sim, até que a festa foi legal, tirando a parte em que aquele cara i****a me irritou!
Passo a mão no rosto, tentando clarear minhas ideias.
— Aidan? Pensei que vocês estavam se dando bem, sinceramente pensei que você iria acordar na cama dele.
— Como é? É claro que não, e não estou falando dele, estou falando do outro cara, o de olhos azuis, cabelos pretos… — Sem dúvidas ela deve conhecer ele.
— Qual o nome dele? Não conheço nenhum cara daqui com essa fisionomia. — É mentira, conheço ela tem dois dias e já sei disso.
— Tudo o que sei, é que ele é um desgraçado prepotente e irritante! — Volto para a cama e puxo o cobertor.
— Parece que gostou dele! — Seu sorriso é diabólico enquanto puxa minha coberta. — Não, nada de dormir, vamos, vá se arrumar.
— Não gostei dele, não vou gostar do primeiro i****a que conheço, que saco, vou tomar banho. — Pego a toalha e vou para o banheiro.
Demoro mais do que necessário pensando no que Briana disse, é claro que o homem é um gato, mas sua personalidade não é das melhores e não ficarei interessada em alguém tão i****a.
O pior de seus pesadelos.
Penso sorrindo no quão i****a isso soa.
Após alguns minutos saio e Briana ainda está ali, paro ao perceber o que ela tem em mãos.
— Onde achou isso? — Não disfarço minha irritação.
— Na cômoda. — Seus olhos estão fixos no objeto em suas mãos.
— Você não deveria mexer em coisas que não te pertencem. — Digo ríspida ao tomar meu caderno de suas mãos. — Isso é mais que pessoal, então não pegue novamente.
— Você desenha maravilhosamente bem, mas sabe quem ele é? — Parece que ela está falando de uma pessoa.
— Obviamente uma pantera-n***a, ou qualquer outro animal do tipo. Com belos olhos azuis e uma silhueta enorme. — Devolvo meu caderno ao lugar de onde ele nunca deveria ter saído.
Sempre escrevo e desenho tudo que acontece comigo ou o que sonho, são apenas bobagens.
Termino de me arrumar e saímos, segundo minha mais nova perseguidora conhecerei a melhor cidade desse mundo!