14- Um dia de amigas

1301 Words
Capítulo 14 Giovana narrando Eu tava sentada no sofá, chorando igual uma criança, sentindo um vazio tão grande que parecia que nada ia preencher. A Carla tava do meu lado, me abraçando, tentando me acalmar. Ela sempre foi assim, aquela amiga que segura a barra quando tudo desmorona. — Gio, você precisa respirar, calma... — ela disse, passando a mão nas minhas costas. — Eu sei que tá difícil agora, mas vai passar, amiga. Eu tô aqui, e você não tá sozinha nessa. — Tá tudo dando errado, Carla... — falei entre soluços, limpando as lágrimas com a palma da mão. — Perdi meu emprego, minha paz, e parece que o Hugo não vai me deixar em paz nunca mais. — Esquece esse i****a! — ela disse, levantando a voz do jeito que só ela sabia fazer pra me despertar. — Você é linda, inteligente, cheia de qualidades, e não precisa dele pra nada. A gente vai dar um jeito, eu vou te ajudar a arrumar um emprego, amiga. Você vai ver. — E se eu não conseguir? — perguntei, a voz fraquinha, como se nem eu acreditasse mais em mim mesma. — Vai conseguir sim! — Ela segurou meu rosto com as duas mãos, me olhando nos olhos. — Mas antes disso, você precisa esquecer dessa merda toda. Hoje é dia de você lembrar quem é a Giovana de verdade. — Como assim? — perguntei, confusa, enquanto ela já se levantava do sofá com aquele brilho de ideia no olhar. — Hoje tem inauguração de uma boate topíssima! Eu já tava pensando em ir, mas agora é certeza, a gente vai lá arrasar, dançar até o chão, e mostrar pra todo mundo , inclusive pra você mesma, que você não depende de ninguém pra ser feliz. — Carla, eu não tô com cabeça pra isso... — comecei, mas ela levantou a mão, me interrompendo. — Nada disso! Você vai levantar desse sofá, vai se arrumar, e vai comigo. Confia em mim, amiga. Hoje é o dia de você virar a página. Eu respirei fundo, meio sem forças pra argumentar. No fundo, ela tinha razão. Eu precisava fazer alguma coisa pra sair desse buraco que eu tava me enfiando. — Tá bom, Carla... — respondi, me rendendo. — Mas só porque você não vai me deixar em paz. Ela sorriu, daquele jeito que sempre fazia quando conseguia o que queria, e me puxou do sofá. — Bora, vou fazer algo que você gosta de comer. Quer o quê? — ela perguntou, já abrindo a geladeira com aquele jeito prático dela. — Qualquer coisa, amiga... Pode ser um estrogonofe — respondi, dando de ombros. — Fechou! Vamos fazer sim — ela disse animada, batendo a porta da geladeira. — Mas antes, vamos tomar uma cerveja pra esquecer dos problemas, né? Ela pegou duas latinhas e me entregou uma, com aquele sorriso de quem queria me arrancar das profundezas. Peguei a cerveja e dei um gole, sentindo o gelado descer e relaxar um pouco o peso que parecia estar grudado no meu peito. — Amiga, tu não ia trabalhar hoje? — perguntei, curiosa, lembrando que a Carla vivia com a agenda cheia. Ela balançou a cabeça e soltou uma risadinha. — Nada! Tô de folga a semana toda. Eu tinha muita hora extra acumulada, então resolvi tirar tudo de uma vez. Aproveitar, né? — Que sortuda... — murmurei, dando outro gole na cerveja. — Sorte nada, miga. Planejamento! Agora, bora botar a mão na massa e fazer esse estrogonofe. Mas ó, enquanto cozinhamos, quero ver você levantar o astral, hein? Hoje é dia de virar a página, esquece os problemas por umas horinhas. — Vou tentar, Carla — respondi, com um sorriso pequeno, mas sincero. Ela piscou pra mim e já começou a separar os ingredientes, enquanto eu colocava uma música pra tocar no celular. Aos poucos, o clima na cozinha foi ficando mais leve, e por um instante, os problemas pareciam menores. Depois de um tempo cozinhando e jogando conversa fora, o estrogonofe ficou pronto. A Carla colocou a mesa rapidinho, e nós nos sentamos pra comer. — Menina, você arrasa na cozinha, viu? — comentei, enquanto provava a comida. — Tava precisando de uma comidinha caseira dessas pra acalmar o coração. Ela riu, satisfeita. — Tá vendo? Eu sou a amiga perfeita! Agora come aí sem miséria, que hoje é dia de recuperar as energias. A gente foi conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Carla sempre tinha um jeito de me distrair, como se ela soubesse exatamente o que eu precisava ouvir. Quando terminamos, ela levantou e começou a recolher a louça. — Deixa que eu lavo, amiga — me ofereci. — Deixa nada. Você só seca — retrucou, me empurrando pra longe da pia. A gente ficou ali, lavando e secando os pratos, entre risadas e brincadeiras. Era um momento simples, mas cheio de significado. Aquele tipo de coisa que faz você sentir que ainda tem um pedacinho de normalidade na vida. Quando terminamos, Carla me olhou com um sorriso carinhoso. — Amiga, só pra você saber, eu tô muito feliz de te ter aqui em casa. Faz tempo que eu queria te convencer a sair daquele relacionamento furado e viver sua vida. Sei que não foi fácil pra você, mas agora que tá aqui, vamos fazer tudo dar certo, tá? Olhei pra ela, tentando segurar a emoção que veio de repente. — Obrigada, Carla. De verdade. Não sei o que seria de mim sem você. — Ih, para com isso, menina! Amiga é pra essas coisas. Agora, bora pensar na noite de hoje, porque a gente vai arrasar nessa inauguração, tá ouvindo? Ela piscou pra mim e saiu da cozinha rindo, enquanto eu ficava ali, com o coração um pouco mais leve. Afinal, não era todo dia que a gente tinha alguém disposto a segurar a barra com a gente. Depois de organizar a cozinha, a Carla veio puxando minha mão. — Bora pra sala, mulher! Vou botar uma série daquelas que a gente ama e já tô pensando em pipoca e brigadeiro pra acompanhar. — Eita, brigadeiro? Aí eu gostei! — falei, rindo pela primeira vez em dias. Ela foi até a cozinha e, em poucos minutos, já voltou com tudo preparado,.um balde de pipoca quentinha, uma tigela cheia de brigadeiro, e duas colheres pra gente dividir. — Aqui tá tudo pronto! Agora só falta escolher a série. Vai querer drama, comédia ou aquele suspense que a gente ama? — Acho que um suspense, né? — respondi. — Combina mais com pipoca. — Fechou! Mas já vou avisando, se tiver final r**m, você não reclama! Rimos juntas enquanto ela colocava a série no streaming. A sala estava aconchegante, com uma manta jogada no sofá e o clima perfeito pra esquecer dos problemas. A gente ficou ali, dividindo a pipoca e o brigadeiro, comentando cada cena da série como se fosse crítica de cinema. — Tá vendo esse cara? Aposto que ele é o assassino — disse Carla, cheia de convicção. — Nada a ver! A assassina é a vizinha que fica olhando tudo pela janela. — Quer apostar? O tempo passou voando enquanto a gente assistia à série, e quando percebi já estava quase na hora de nos arrumarmos pra inauguração da boate. Carla desligou a TV e deu aquele pulo animado do sofá. — Bora, amiga! Hora de se montar, porque hoje a gente vai lacrar! — Não sei se tô no clima, Carla... — falei, ainda meio sem vontade. Ela me olhou com aquele jeito mandão que só ela tem. — Giovana, esquece isso! Hoje é dia de brilhar, entendeu? Vem cá que vou te deixar tão gata que o mundo inteiro vai se arrepender de não te valorizar. Continua ..... Deixem bilhetinhos 📚
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