Capítulo 15
Giovana narrando:
Continuação:
— Giovana, esquece isso! Hoje é dia de brilhar, entendeu? Vem cá que vou te deixar tão gata que o mundo inteiro vai se arrepender de não te valorizar.
Soltei uma risada curta e fui com ela pro quarto. A Carla já tinha separado algumas opções de roupas pra gente.
— Olha essa aqui, amiga, é a sua cara! — disse, me mostrando uma saia branca e um blusinha dourada, frente unica, com um decote discreto mas superchique.
— Não sei não, Carla... — falei, olhando desconfiada.
— Para com isso! Você vai ficar maravilhosa!
Depois de muita insistência, acabei aceitando a roupa. Fui tomar banho enquanto ela separava acessórios e sapatos. Quando saí do banheiro, Carla já estava quase pronta, com um vestido vermelho que realçava os cachos e o batom vermelho que ela adorava.
— Você tá deslumbrante, Carla.
— Claro, né? Eu sou maravilhosa! Agora senta aí que vou fazer sua maquiagem.
Ela foi rápida, mas o resultado ficou perfeito. Olhei no espelho e, por um momento, nem parecia eu mesma.
— Pronto, gata. Agora se veste e bota o salto e vamos arrasar.
— Eu devia ter ido buscar meu carro hoje — falei, enquanto descíamos as escadas.
Carla revirou os olhos e deu aquela risada debochada que só ela sabe fazer.
— Para com isso, amiga! Que cabeça a sua! Vamos de Uber, amanhã a gente busca seu carro. Tá bom assim? Eu não vou trabalhar mesmo, e você também vai estar aí de boa. E além disso, meu carro ainda tá no conserto, então relaxa!
— Tá bom, tá bom, você venceu — respondi, dando um meio sorriso.
Ela já tinha chamado o Uber, e o carro chegou rapidinho. Entramos e Carla, como sempre, puxou assunto com o motorista, falando sobre como a cidade estava cheia naquela noite. Eu fiquei quieta, olhando pela janela, com a mente ainda meio bagunçada, mas tentando me animar.
— Giovana, para de viajar aí e se concentra! Hoje a noite é nossa! — disse Carla, me dando um leve empurrão.
Dei uma risada fraca e concordei com a cabeça. Era melhor mesmo tentar aproveitar. Afinal, ficar remoendo as coisas não ia adiantar nada.
Chegamos à boate em menos de vinte minutos. A fachada estava cheia de luzes neon, e o som de música eletrônica já ecoava da entrada. Tinha uma fila considerável, mas Carla, cheia de contatos como sempre, conseguiu nos colocar na lista VIP.
— Tá vendo, amiga? Só anda comigo que é sucesso! — disse ela, piscando e segurando minha mão enquanto entrávamos.
Assim que passamos pela porta, a música envolveu tudo. A iluminação era incrível, o ambiente cheio de gente bonita, e o clima parecia perfeito pra esquecer dos problemas.
— Vamos pegar uma bebida e começar bem a noite! — Carla gritou por cima da música, já me puxando em direção ao bar.
Carla já estava toda empolgada, me puxando pro bar sem nem me dar tempo de respirar. A boate tava lotada, e a música parecia pulsar no meu peito. A iluminação piscava, e eu só pensava em tomar uma bebida pra tentar me soltar um pouco.
— Duas caipirinhas de limão, por favor — Carla pediu, com a segurança de quem já domina o ambiente.
Enquanto esperávamos as bebidas, resolvi olhar em volta. Foi aí que meus olhos pararam no camarote. E, caramba, que visão...
Lá em cima, encostado na grade, tinha um cara que mais parecia ter saído de um filme. Moreno, forte, cheio de presença, com aquele olhar intenso e sério. O tipo que faz qualquer um desviar o olhar, mas ao mesmo tempo não consegue evitar de olhar de novo. Ele tinha cara de problema, mas daqueles problemas que a gente quer arriscar, sabe?
E, pra completar o efeito, ele tava vestido todo no estilo, com uma corrente de ouro nada discreta, mas que brilhava na medida certa. Quando nossos olhares se cruzaram, foi como se o tempo tivesse parado. Ele me encarou sem desviar, com uma expressão que misturava curiosidade e... desafio, talvez?
Senti um arrepio subir pela minha espinha. Dei um gole na caipirinha que o barman acabou de colocar na nossa frente, tentando disfarçar.
— Que foi, amiga? Já tá de olho em alguém? — Carla perguntou, rindo, me cutucando com o cotovelo.
— Nada, coisa da minha cabeça — menti, desviando o olhar.
— Aham, sei... — ela respondeu, desconfiada, enquanto olhava na mesma direção que eu tinha olhado antes.
Eu respirei fundo e tentei me concentrar na música e na bebida. Mas a sensação de que ele ainda me observava não passava. Era como se aquele olhar tivesse marcado alguma coisa em mim.
Carla tava toda animada, já dando risada e dançando ali no bar enquanto bebia a caipirinha dela, mas eu não conseguia tirar aquele olhar da minha cabeça. Era como se ele ainda estivesse me encarando, mesmo sem eu olhar pra cima.
— Bora dançar, Gi? — Carla perguntou, me puxando pelo braço.
— Já, já... Vou termina essa caipirinha aqui, amiga. — Dei uma desculpa, tentando disfarçar.
Ela revirou os olhos, mas foi pro meio da pista sozinha, me deixando ali por um momento. Aproveitei pra levantar o olhar de novo. E lá estava ele, ainda no camarote, com um copo de whisky na mão e aquele olhar fixo em mim. Só que dessa vez ele sorriu. Não um sorriso qualquer, mas um de canto de boca, do tipo que deixa qualquer mulher com o coração acelerado.
E foi aí que ele fez um gesto simples, mas cheio de intenção. Com a mão, apontou levemente pra mim e depois levantou o copo, como se estivesse me convidando pra subir.
Meu coração disparou, mas eu balancei a cabeça negativamente, sem nem pensar muito. Eu não era o tipo de pessoa que ia atrás de qualquer cara, ainda mais de um que tinha toda aquela energia perigosa.
Só que ele não parecia alguém que aceitava um "não" com facilidade. Vi ele trocar umas palavras com um cara ao lado dele e, no segundo seguinte, começou a descer do camarote. Meu coração foi parar na garganta.
Respirei fundo, peguei a caipirinha e dei um gole longo, tentando fingir que tava calma. Quando olhei de novo, ele já tava vindo em direção ao bar, passando pela multidão com a maior tranquilidade do mundo, como se nada pudesse parar ele.
Carla voltou bem na hora, esbaforida de tanto dançar.
— Giovana! Quem é aquele cara? Ele tá vindo direto pra cá, amiga! — Ela disse, me cutucando toda empolgada.
— Não faço ideia — menti, mas minha voz saiu tremida.
E então ele parou bem na minha frente.
— Boa noite, princesa — ele disse, com a voz grave e rouca, me olhando direto nos olhos, como se não tivesse mais ninguém ali.
Continua....