16- Preto

1603 Words
Capítulo 16 Preto narrando : Meu dia foi daquele jeito, só BO atrás de BO. Passei o dia inteiro na correria, conferindo os corres, resolvendo treta, e só parei agora pra acender um baseado. Tava na minha sala, tentando relaxar, quando a Cheirosa apareceu. Essa mina não desiste. Já chegou se jogando na minha mesa, abrindo as pernas toda cheia de pose. — E aí, Preto? Vim te ver. Faz tempo que tu não me pega — ela mandou, com aquele sorriso que eu já conhecia. Dei uma risada baixa e neguei com a cabeça, sem paciência. — Não vai rolar, Cheirosa. Tenho uns bagulho pra resolver e já tá na minha hora. — Me levantei, jogando o resto do beck no cinzeiro. Ela me olhou bolada, cruzando os braços como se fosse me desafiar. — Qual foi, Preto? Vai me dispensar mesmo? — perguntou, a voz cheia de cobrança. — Já falei, hoje não rola. Tô de saída. Saí da sala, deixando ela falando sozinha. Essa mina é um grude, mano. Só porque eu dei uns pegas nela, já acha que é minha fiel. Sai fora, nem amarrado. Hoje eu quero outra coisa, quero uma diferenciada. Já tô pensando na boate, em quem vai cruzar meu caminho. Vou pro meu barraco, me arrumar daquele jeito. Hoje a noite promete. Subi pro meu barraco na tranquilidade, já pensando no corre de logo mais. Entrei no quarto, joguei minha camisa na cama e fui direto pro banheiro. Abri o chuveiro no quente, deixando a água cair nas costas e relaxar os músculos. Meu corpo tava pesado depois do dia, mas a mente já tava a milhão no rolê de logo mais. Enquanto a água escorria, comecei a pensar no que vestir. Queria tá na beca, mas sem chamar muita atenção. Na pista, o estilo fala, mas o porte é que manda. Terminei o banho, enrolei a toalha na cintura e fui pro quarto. Abri o closet, e puxei uma calça preta, camiseta branca e aquele Nike novo que eu só uso nas ocasiões. Coloquei um cordão dourado no pescoço, os anéis, e finalizei com meu perfume favorito, um zaad. Me olhei no espelho e dei um sorriso de canto. A presença tá garantida. Hoje, a pista é minha. Já tava pronto, só ajustando meu cordão no pescoço, quando o celular começou a tocar em cima da cômoda. Peguei o aparelho e vi que era o Tramela. — Fala, Tramela. — Atendi direto. — Bora na boate, pô. — Ele mandou no pique, como sempre. Dei um sorriso de lado, sacando a intenção. — Já é, tô pronto. — A Natália vai ir? — Ele perguntou, e na hora já fechei a cara. — Vai não. — Respondi seco, já na bronca. Ele deu uma risadinha de leve. — Tá certo, chefe. Te espero na contenção, vou de moto. — Fechou. — Desliguei, deixando o celular na cama. Saí do quarto e desci pra sala. A Natália tava largada no sofá, jogando vídeo game. Quando me viu, já soltou aquela cara marrenta de sempre. — Vai sair? — Perguntou, sem nem tirar os olhos da tela. — Vou, vou em uma boate no asfalto com o Tramela. Qualquer bagulho, me liga. — Falei firme, pegando as chaves da moto. Ela largou o controle no colo e me encarou. — E por que tu não me chamou? Também queria ir. Respirei fundo, segurando a paciência. — Natália, já falei, não gosto que tu saia do morro. Fica aqui em segurança. — Segurança? Tu vai curtir e eu fico trancada? Isso não tá certo, Preto. — Ela rebateu, cruzando os braços. Fui até ela, dei um beijo rápido na testa e olhei nos olhos dela. — Para com isso. Amanhã tu faz o que quiser, mas hoje fica aqui, de boa. Qualquer bagulho, me chama no celular. — Falei firme, saindo antes que ela começasse outro discurso. A Natália sempre vinha com essa marra dela, mas eu já tava acostumado. Ela acha que pode tudo, mas enquanto eu tiver no comando, não tem essa de minha irmã se jogando por aí no asfalto. Montei na moto e fui direto pra contenção. Tramela já tava lá, escorado na moto dele, todo no estilo. — Bora? — Ele perguntou, com aquele sorriso malandro. — Bora. — Liguei a moto, e partimos. O asfalto tava chamando, e eu sabia que essa noite prometia. Chegamos na boate sem muita cerimônia. Deixei a moto no estacionamento e fui direto com o Tramela pros fundos, que era a nossa entrada. Nada de fila, nada de enrolação. O segurança nos cumprimentou com aquele aceno de respeito, abriu a porta e seguimos pra área VIP. Assim que entramos no camarote, já veio o garçom trazendo uma garrafa de whisky. O Tramela riu, curtindo o tratamento. — É assim que eu gosto, Preto! Serviço de qualidade. — Ele disse, pegando o copo e servindo. Fiz o mesmo. Dei um gole, sentindo o calor do álcool descendo, enquanto olhava o movimento lá embaixo. A pista tava cheia, e as piranhas já estavam no pique, dançando como se o mundo fosse acabar amanhã. Tramela se encostou no sofá, botando o copo no braço da poltrona. — Tá vendo isso aí, Preto? Hoje é dia de fazer história. Eu só balancei a cabeça, observando. As mina se jogavam, umas até olhavam na nossa direção, tentando chamar atenção. Mas eu tava tranquilo. Gostava de ver o jogo antes de entrar nele. O som do funk batia pesado, e o camarote tava cheio de movimento. De onde eu tava, dava pra ver que tinha umas diferenciadas na pista. Umas que não pareciam do tipo que vinha sempre pra boate. Meu radar já ficou ligado. Peguei o copo, dei mais um gole, e Tramela me cutucou. — Tá vendo aquela ali de vestido rosa? — Ele apontou com o queixo. Olhei na direção que ele indicou. Tinha uma morena alta, com o vestido colado e aquele jeito de quem sabia que era gostosa, uma verdadeira p*****a e dava pra ver de longe. — Vi. — Respondi curto, sem dar muita trela. — Tô dizendo, irmão, hoje a gente vai sair daqui carregado. — Ele riu, empolgado. Eu só observei. Não gostava de correr pra cima. Meu estilo era deixar as coisas virem até mim. E se tem uma coisa que eu aprendi nesse corre, é que o poder atrai. Só precisava escolher qual ia ser a vítima da noite. Enquanto Tramela tagarelava sobre as piranhas da noite, continuei olhando tudo lá embaixo. O lugar tava fervendo, música alta, luz piscando, e a galera no puro gingado. Tava tudo normal, até que meus olhos bateram nela. Uma morena, cabelo liso que descia perfeito pelos ombros, olhos de mel que pareciam brilhar mesmo com as luzes piscando. Tava de sainha branca e blusa dourada, com um decote que dava pra ver o tamanho dos s***s, marcado na blusa, deixando aquele corpo perfeito em evidência. A pele dourada dela parecia pedir pra ser tocada. Fiquei encarando, e não tinha como desviar o olhar. Sabe quando tu olha pra alguém e sente que é ela? Pois é, eu sabia. Hoje, ela ia ser minha. Dei mais um gole no whisky, sem tirar os olhos dela. A morena tava com uma amiga, conversando, tranquila, rindo, como se não tivesse noção do poder que tinha. — Tramela, tá vendo aquilo ali? — Falei, apontando discretamente com o copo. Ele olhou e deu uma risada. — Tá de brincadeira, né, Preto? Tu só mira nas premium mesmo. — Não tem como errar, parceiro. — Respondi, já bolando como ia fazer minha aproximação. Ela virou de lado, e quando nossos olhares se cruzaram, foi tipo faísca. Ela notou que eu tava olhando, mas não desviou. Só deu aquele sorrisinho de canto de boca, que fez meu sangue ferver. Essa noite tava só começando, e eu já sabia exatamente com quem eu ia terminar. Dei aquele sinal clássico, só um movimento com a cabeça e o meu copo, chamando ela pro meu camarote. Mas, pra minha surpresa, ela me deixou no vácuo. Fingiu que nem viu. Aquilo me tirou do sério. Não sou de ficar esperando, ainda mais quando eu quero alguma coisa. Levantei na hora, nem esperei Tramela perguntar nada, desci direto. No meio daquela multidão, fui andando como quem já sabe onde vai chegar. Ela tava perto do bar, rindo com a amiga. Cheguei de boa, mas com presença, porque eu sei que meu jeito já impõe respeito. Parei na frente dela, olhei nos olhos e mandei: — Boa noite, princesa. Ela parou de rir na hora. O sorriso sumiu e deu lugar a um rubor que subiu pelo rosto dela. Ficou toda vermelhinha, mas tentou disfarçar, virando o rosto como se não fosse nada. — Tá falando comigo? — Ela perguntou, com a voz firme, mas eu vi que por dentro tava abalada. — Com quem mais seria? — Respondi, olhando direto nos olhos dela. — Vi lá de cima, e sabia que tinha que vir falar contigo. A amiga começou a rir, mas ela ficou séria. Ainda tava tentando bancar a difícil, mas o jeito que olhou pra mim dizia tudo. — E quem disse que eu quero falar contigo? — Retrucou, cruzando os braços. Dei um sorriso de lado, aquele sorriso que deixa claro que eu adoro um desafio. — Não precisa querer agora, princesa. Só precisava que você me notasse. Ela mordeu o lábio, e eu soube que tinha acertado na abordagem. Essa noite ainda era minha, e ela também. Continua .... Deixem bilhetinhos 📚😘
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