Do outro lado da cidade algo ainda mais sombrio estava acontecendo, Paulo chegou bêbado, era a quinta fez naquela semana. Rafaela estava acostumada a mentir por ele, uma queda sempre acidental, algo absurdo sempre era usado para justificar o injustificável. Milhares de conselhos, ela sabia o que tinha que ser feito, mas não sabia como faze lo, se perguntava todos os dias como era possível que alguém fosse tão infeliz. O único momento que a confortava era quando estava sozinha com seu filho, que a olhava com verdade, amor e compreensão.
Aquele olhar lhe confortava e lhe julgava.
- Paulo, se a comida não está do seu agrado eu posso fazer outra coisa!
- E o que um homem deve fazer para ter comida decente em sua própria casa? Passe menos tempo na casa dessa sua irmãzinha imoral e mais cuidando se seus afazeres.
- Eu nem vi Isabella hoje, passei o dia em casa com o Ju. Poxa Paulo, o que você quer de mim?
Um t**a.
Sem avisos, só um t**a oco que lhe doeu os ouvidos e a atirou no chão.
Não houve revide, nem gritarias.
Rafaela pegou o seu filho do cercadinho e foi para o seu quarto.
Talvez a atitude silenciosa tenha acendido a animosidade de Paulo que já era desprovido de equilibro mental e caráter.
- Rafaela volte aqui! Essa é minha casa, e eu tenho que permitir que você saia da minha frente! – Falou Paulo gritando
Não sem antes agarrar no braço de Rafaela que lutou para se soltar com um bebê no colo. Então Paulo a empurrou contra a parede, para proteger a cabeça do filho ela bateu a própria.
Paulo como se nada tivesse acontecido sentou em uma poltrona, abriu uma cerveja, se reclinou e tratou de ir assistir ao futebol.
Crente de que sua esposa jamais cansaria de ser um saco de pancadas.
Rafaela chorou por duas horas seguidas, e ao se observar no espelho viu as marcas da agressão que havia sofrido. Encarou seu filho nos olhos, e se perguntou se queria que ele um dia infligisse a mesma aflição a outra mulher. O pensamento a afligiu, decidiu tomar uma atitude.
- Alô, Bels?
- Diga irmã, por que está sussurrando?
- Só escute, preciso que você venha aqui em casa. Vou precisar de você – Disse baixinho para não ser ouvida por seu algoz
- Estarei aí em cinco minutos.
Isabella colocou o seu roupão prendeu seu cabelo em um coque e tocou a campainha.
Rafaela atendeu prontamente, e entregou Júnior no colo de Isabella. Com a porta escancarada, Isabella pode observar malas no corredor, e os hematomas que estampavam o lado direito de sua amiga.
- O que houve? Esse cretino te bateu?
O tom da voz de Isabella acordou Paulo, que com sua conhecida atitude dissimulada perguntou:
- Rafa, aconteceu algo com você ou com Juninho? Onde vai com essas malas?
- Eu é que te pergunto Paulo, o que houve com eles?
- Tivemos apenas uma pequena discussão, onde você vai meu amor? Eu sei que me excedi em palavras, mas me perdoe...
Rafaela não respondeu nenhuma das frases. Mas Isabella não costumava oferecer a outra face.
- Pequena discussão Paulo? O que são esses hematomas? Escute aqui seu m***a, a decisão de te denunciar é dela, mas eu já teria te colocado na cadeia a muito tempo. Ouça bem para que não haja confusão: - Fique longe dos dois, ou eu acabo com você!
Paulo era covarde e sabia que Isabella sim o denunciaria.
- O que houve Rafa?
- O de sempre chegou bêbado, começou a gritar, me agredir...
- Certo, espero que você nem cogite a possibilidade de voltar! E digo mais comece a pensar na possibilidade de denuncia lo.
Apesar de toda situação vivida mais cedo Rafaela se sentia finalmente livre.
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- Serena, descobri quem é Isabella você não vai gostar...- Disse Fábio
- Desembuche... – Disse Serena
- Isabella é uma namorada de infância de Victor, a coincidência é que ela trabalha na boate onde ele foi comemorar a despedida de solteiro.
- Uma folga! Ótimo, se ele tiver tendo o que precisa para me deixar em paz com essa moça, eu já fico feliz.
- Acho que você não entendeu a gravidade, se ele se apaixonar pela moça e resolver fazer um upgrade de modelo cabeça de evento para amor da vida dele você está ferrada! Sem casamento, sem limpeza de imagem, sem dinheiro, sem dinheiro você volta a fazer foto para calendários de borracharia. É sério Serena, tome uma atitude...
- Acho que vou dançar um pouco hoje!
- Acho muito bom! Tchau baby.
As horas passaram rápido naquela tarde, Serena se arrumava para o embate, Victor bebia um uísque atrás do outro em sua sala e devorava as informações de Lucas cronologicamente arrumadas nos papeis entregues por seus detetives, Lucas e Isabella se arrumavam para trabalhar. Cada um envolto em seu ciclo de incertezas, alguns com amor, outros inveja, outros ganancia.
- Preparem o meu carro, eu vou aquela boate no centro hoje – Disse Victor tomando mais uma dose de uísque.
- Lucas hoje isso está um inferno, muito cheio, não vejo a hora de ir embora – Disse Isabella
- O problema são esses playboys mimados, os caras não aguentam beber, aí bebem e ficam dando trabalho.
Ao olhar para a porta apenas Lucas consegue perceber a chegada de Victor pela porta, com a mesma expressão arrogante e impaciente que ele detestava. Victor sinaliza para Lucas segui lo.
- Bels, vou repor algumas bebidas, Amanda te ajudara a dar conta por aqui, ok?
- Pode ir Lu, eu me viro!
Lucas deu um selinho em Isabella, e seguiu Victor até a porta da cozinha, local onde ele havia coagido Isabella da outra vez.
- Olá, o que devo a honra de sua visita?
- Eu vim ser o mais claro e objetivo possível, quanto você quer?
- O que?
- Quanto você quer para se afastar da Isabella? Sumir do mapa, desaparecer, não existir mais...
- Eu não vou te socar aqui mesmo por que estou no meu local de trabalho, jamais aceitaria propina para deixar a mulher que eu amo. Você só pode estar maluco.
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Do outro lado do salão...
- Qual de vocês é Isabella? – Disse Serena
- Eu, posso te ajudar? – Disse Isabella gentilmente
- Na verdade você pode sim, você pode se afastar do meu noivo, consegue?
- Do que você está falando? Eu nem ao menos sei quem você é que dirá o seu noivo!
- VICTOR, Está se lembrando de algo? – Disse Serena gritando.
As conversas aconteciam simultaneamente, Isabella permanecia perplexa com a audácia daquela mulher desconhecida de lhe confrontar em seu local de trabalho, Lucas perplexo pela baixeza de Victor em lhe oferecer dinheiro.
Victor e Serena estavam envoltos em sentimentos egoístas, sentimentos esses que os impediam de ver exatamente o que estava bem a frente deles.