Kethelyn
Aos poucos minhas pálpebras vão ficando menos pesadas e assim lentamente vou abrindo-as, vendo Daniel sentado de frente a mim, olhando-me carinhosamente.
Levantei a cabeça num susto, tentando me mexer, falar, porém estava de mãos atadas diante desse... desse...
— Kethelyn, Kethelyn.
Entoou querendo me acalmar.
— Sou eu, seu Daniel.
Posicionou o rosto alinhado ao meu.
— Pare de tentar gritar e escute-me com atenção.
Ouvia a sua doce, apaziguadora voz e comecei a chorar de nervoso.
— Não chores.
Pegou um lenço, esticou o braço tocando diretamente na minha cabeça, mas o empurrei de raiva. Ele surpreso tentou limpar as minhas lágrimas.
Ele era um maníaco? Faria o que comigo agora, me matar?
O cérebro fervia diversas possibilidades, ganhando força total dentro da minha mente.
— Não consigo entender esse olhar, Kethelyn, no entanto posso perfeitamente compreender a razão que desencadeou esse motivo. Mas deixa eu esclarecer uma questão... Lembra-se do filme?
Fitou o meu rosto esperando a minha resposta. Fiz que sim, fazendo-o sorrir.
— Lembra o discurso que o Green fez a Elizabeth? — Questionou-me fascinado. — Quando ela ameaçou lavar a louça.
Completou Daniel.
Essa parte do filme eu não me recordava.
Neguei freneticamente usando a cabeça.
— Pois bem... ele disse mais ou menos desta forma; "você não vai lavar a louça, não mais, eu que lavarei, a comida eu o farei. De dia vou vesti-la e a noite irei despi-la, não precisará fazer mais nada, porque eu farei." Então, Kethelyn, você... — Apontou um dedo recolhendo a mão que havia enxugado às lágrimas. — Não irá precisar fazer nada, eu serei tudo pra você meu anjo.
Sua boca se curvou num sorriso estranho, quase diabólico. Em seguida abriu os braços.
— Vai aprender a me amar como eu te amo!
— Hum... — Reclamei revirando os olhos.
— Não quero que grite ouviu. — Proferiu astutamente pondo as mãos nas suas pernas afastadas. — Nossos destinos foram selados. Nossa atração é fatal, fulminante. Quer negar isso? Somos feitos um para o outro. Eu vou tirar a fita da sua boca e você ficará calada, não porque tenho medo de que vai chamar a vizinhança, pois eu não tenho, estamos no meio do nada.
Seu olhar mudou, sentindo... Pena?
— Tenho medo que berre até ficar rouca... — Ponderou pensativamente, em seguida disse: — Vou tirar isso, com licença.
Daniel o faz de imediato, alisando meus lábios por dó mas logo dou uma bela mordida nele.
— Aí!
Puxou o dedo resmungando de dor.
— Por que fez isso morena?
— Por ter me sequestrado, seu maluco!
Pronunciei aos berros com ele me fitando chateado.
— Não sou maluco, sou um homem capaz de demostrar o amor a mulher que ele ama.
Chocada jogo-me mais para frente, tentando em vão alcança-lo.
— Isso não é amor seu... seu... — O mirei odiosamente de baixo pra cima. — Psicótico! Lunático!
— Kethelyn... — Advertiu ficando nitidamente possesso.
— Eu deveria saber. — Falei pra mim mesma virando o rosto. — Como fui tola!
— O bastante em NÃO querer trepar, não é mesmo? Pois eu te dei essa opção.— Enunciou através do deboche e sarcasmo.
— Touché! — Concordei revoltadissima mirando-o. — Seu maníaco, vai fazer o que comigo agora, trepar a força?!
— Nunca. — Elevou-se em confusão, ficando de pé. — Acha que preciso disso? Você se entregou em diversas maneiras possíveis, de livre e espontânea vontade.
Fitou-me, suspirando pesadamente. Tenso e esperançoso.
— Vai fazê-lo novamente. — Sussurrou bem as palavras.
Me subiu um irá das brabas diante da sua confirmação absurda.
— Nuncaaaa!!!!
Explanei em prantos.
— Há formas, jeitos e atitudes que possam te fazer mudar de ideia. E estou disposto a fazer de tudo por nós dois.
Abaixou-se tocando nos meus joelhos.
Puxei o ar forçadamente, controlando o ódio implantado no meu ser.
— Como você se entregou na primeira noite, se entregara muitas e muitas vezes no futuro próximo. Tem a minha palavra de honra moreninha.
Ao relatar isso, a minha mente divagou relembrando àquele dia especificamente, constatando algo de errado. Fitei seus olhos verdes expressivos revelando sua estratégia maquiavélica. Definitivamente fui um alvo fácil.
— O que você fez? Você... batizou a água. — Constatei o óbvio.
— Sim. — Confirmou naturalmente.
— O que exatamente usou?!
Quis saber, sendo tomada pelo desespero.
— Feromônio, deixando você no cio literalmente, mas é lógico que já existia a atração entre nós, eu só queria a nossa primeira noite mais que especial. Desejei que fosse memorável, principalmente pra você.
Tentei chutá-lo, sem sucesso, estava p**a da vida. Um odio do caralh.o dos infernos.
Daniel ergueu-se devagar, me analisando lentamente, no decorrer desviou o olhar, pensando em algo.
— No entanto, me parece que os meus esforços não foram suficiente para te convencer a ficar.
Parou procurando as palavras certas, se é que elas existiam numa boca tão falsa.
— Eu te amo e você só terás o meu amor.
— n**o-me a ir para a cama contigo!
Verbalizei às pressas, enojada dele.
Daniel fitou-me em pura tristeza, seus olhos transbordaram em lágrimas, permitindo que uma gota caísse, dizendo;
— Veremos...
Murmurou em profunda tristeza.
Continua...