Levi Armstrong

1319 Words
Pov’s Levi Quando acordei naquela manhã de quarta feira, sabia que algo não estava certo. Não sei bem se era o fato do café estar mais amargo que o normal ou o dia mais nublado. O que sei é que quando Bruno tocou a campainha do meu apartamento eu sabia que boa coisa não era. -Pode entrar. -falei tranquilo. Sabia que para James deixá-lo subir, algo importante estava acontecendo e sabia o principal. Ele não estava armado. -O Zeus tá puto contigo. -ele falou direto e sem rodeios, seu linguajar costumeiro que eu conhecia tão bem devido ao nicho que fui criado. -Comigo? Por quê? -perguntei simples, tomando meu café sem pressa. -Desde que tu chegou pra fazer negócios, ficou cheio de regrinha. Ai não pode isso, não faz isso com as minas, não envolve criança. E é teus caras que levam uma criança? Zeus tá te achando o maior vacilão. Cheio de caô. Parei o que a caneca na metade do caminho. Zeus era o influente líder de uma favela, ou comunidade como os politicamente corretos gostavam de chamar. Comandava todo a questão do tráfico de armas e drogas e era procurado por toda a polícia do Rio de Janeiro. Porém, há cinco anos, quando meu pai adotivo morreu de ataque cardíaco, deixei de cuidar apenas das refinarias de cocaína do Oriente médio e assumi a refinaria no Brasil. Eles eram uma ótima fonte de renda e contatos, por isso me encontrei pessoalmente com Zeus e fizemos um acordo e parceria de negócios. Eu tinha três regras muito claras para aceitar essa parceria. Não deviam machucar mulheres. Não matar inocentes e o principal Não envolver crianças nos negócios Cresci vendo meu pai biológico espancar minha mãe. Ele batia tanto nela que ela desenvolveu um aneurisma cerebral e morreu quando eu tinha seis anos. Meu pai foi morto por dívida de droga logo em seguida. Morei nas ruas e fui aviãozinho até meus doze anos. Até que fui realizar a entrega que mudou minha vida. Trabalho simples, entregar a cocaína pura para um gringo envolvido com a máfia americana. Aquele gringo Stuart Armstrong viu potencial em mim que nem mesmo eu via e foi assim que me tornei seu herdeiro. Minha mãe adotiva, Diana Armstrong era uma mulher jovem e muito inteligente. Vinha de uma longa linhagem de mafiosos Belgas que abandonaram a vida de roubo a bancos para se dedicar ao tráfico. Os dois me ensinaram tudo que eu sabia sobre negociação, cobrança e vingança. Mesmo sendo criado em meio ao crime e a violência eu era bem claro em minhas convicções, então ouvir Bruno ou Zeus, ou qualquer um daqueles filhos da p**a incompetentes me acusando de algo que eu não fiz. Me deixou totalmente furioso. -Do que está falando? -Questionei friamente. Isso porque frieza e contenção de furia é algo que aprendi na máfia. Não se deve explodir por qualquer provocação. -Da criança lá véi. -Bruno puxou o celular e me mostrou uma foto. -Essa aqui é a Dona Conceição, ela vende milho lá em Copacabana. Essa aqui é a Aninha, é filha dela, deve ter, sei lá, uns oito anos. Dona Conceição veio há um tempão reclamar com Zeus, pedindo ajuda que pegaram a menina na praia enquanto ela trabalhava. -E dai? -Mano, Zeus falou com uns caras e ficou sabendo que quem pegou a menina foi uns gringos. Você é o único gringo que está na parada. Zeus ficou puto contigo porque tu foi hipócrita pra c*****o com ele. Perdi a cabeça. Levantei tão rápido que Bruno nem conseguiu acompanhar o que eu fiz. Coloquei minha Five 96 apontada em sua têmpora enquanto segurava seu colarinho. Eu aguentava muita coisa, mas ser chamado de hipócrita foi a gota d'água. -Escuta aqui Bruno… Vocês se acham o máximo porque eu propus um acordo com vocês, mas deixa eu te contar só uma coisinha… -me aproximei muito, sussurrando em seu ouvido. -Eu só não cheguei aqui com os meus homens matando todos vocês, porque sou totalmente contra deixar as crianças verem tal banho de sangue. Então você vai dar um recadinho ao Zeus pra mim… Eu vou visitá-lo hoje a tarde, e é bom a recepção dele ser bem calorosa ou eu vou tomar essa cidade pra mim e pendurar a cabeça de vocês na entrada da favela. -engatilhei a arma. -Você me entendeu bem? O pobre coitado fez que sim, por fim, larguei Bruno quando vi uma lágrima escorrer de seus olhos, guardei a arma na cintura e fiz um sinal de que era para ele cair fora. Sem nem pensar duas vezes, o vi sair correndo do meu apartamento. Troquei o café por um copo de uísque enquanto mandava James subir. -Senhor? -ele chegou rapidamente, o encarei enquanto tomava um gole. -Que história é essa de uma criança sequestrada? -Eu estava investigando isso senhor, para te dar as informações corretas. -ele pegou o celular. -Ela foi vista pela última vez na companhia de uma mulher. -ele mostrou uma foto de uma mulher comum e típica americana. -Depois disso foi vista em um Iate particular. Eu estava rastreando o dono e cheguei a essa matéria. James colocou um vídeo online, uma repórter de cabelos loiros cumpridos e ondulados, olhos verdes num tom muito escuro, falava. Usava uma roupa social creme, mas com uma echarpe vermelho sangue que combinava com seu batom. O ambiente parecia um parque com neve e percebi que a roupa social incluía um sobretudo imenso e pesado. “-Hoje, mais uma família teve o seu final feliz. Alyssa Keys, 16 anos que havia sido sequestrada há dois anos em um esquema de tráfico humano foi finalmente encontrada. Os investigadores do FBI estão trabalhando em conjunto com a Interpol para identificar os sequestradores, mas três pessoas já foram identificadas e estão sob custódia policial.” O jeito como aquela repórter falava sobre a prisão, ela parecia orgulhosa e particularmente feliz com isso, quase como se tivesse participado da investigação ou até mesmo das prisões. -Quem é essa? -Essa? -James pesquisou algo rapidamente. -É Catarine dificilmente…? -ele me olhou, acabei achando graça do inglês ainda em andamento do meu amigo. James era dos garotos que resgatei do mundo das drogas quando assumi a refinaria do Brasil, atualmente era meu braço direito e a pessoa em quem eu mais confiava. Passamos muita coisa desde que ele entrou pra família. -Hardly… É sobrenome, não precisa de tradução. -Desculpe senhor. -ele voltou os olhos para o celular. -Ela é uma repórter investigativa. Parece que ela quem chegou com as pistas dos suspeitos que levou a prisão dos mesmos. -Jura? Uma repórter conseguiu pistas? -Sim, e não é só isso senhor… -James buscou algo mais no celular. -Aqui… Ela não é muito querida em Detroit, pelo que descobrimos o Iate que a criança foi vista pertence á Caleb Gordon. É um ricaço que praticamente manda em Detroit. Ele controla a imprensa e até a polícia. Na matéria que James me mostrava, tinha a foto de Catarine Hardly desenhada com chifrinhos de diabinho e no título dizia “Catarine Hardly e seu talento em acusar inocentes. Como o magnata de Detroit reagiu ao receber a ameaça da jovem repórter que publicamente alegou que iria desmascará-lo?” -Hm… E essa repórter anda rodeando o cara? -Sim, por isso ela não é muito querida. Soube que tentaram boicotar algumas reportagens que ela fez, mas ela divulgou na internet. -Interessante… -comentei olhando a foto de Catarine, ela era simplesmente linda. -Estão encomendando a cabeça dela? -Nosso informante disse que sim. -James guardou o celular. -Ela está chegando perto demais e já desmascarou muitos esquemas de tráfico humano. -Ela pode ter algo que a gente queira… Alguma pista ou informação. Temos que encontrá-la antes que ela vire estatística. Vamos até lá. -Sim senhor, vou preparar o pessoal. -Antes… Vamos ter uma conversinha com Zeus. Ele anda espalhando uns boatos sobre mim.
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