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3057 Words
Pensei eu que depois de minha conversa com minha filha ela estaria mais animada. Porém, ela estava estranha. Mais distante de mim e quando falo isso é porque sempre que eu estava cozinhando ela se agarrava em minhas pernas e ficava pedindo para fazer um bolo, mas dessa vez eu senti falta. Enquanto cozinhava o almoço estando quase pronto, Zé estava limpando o forno de nosso fogão. — Está quieto aqui. - Disse ele, até ele notou a ausência dela. — Num é? Josiane num tá nas minhas pernas pedindo bolo.  - Falei em seguida provei um pouco do caldo da carne,  ele levantou-se indo então para o quarto dela e pouco depois eu segui, ele entrou no quarto dela e a viu deitada na cama, abraçada com seu ursinho, fiquei observando de longe para não ser notada. — Ei princesa. Oque foi? Está tão quieta hoje. - Falou meu Zé. — Nada. - Respondeu ela puxando a coberta. — Me deixa ver aqui - Ele aproximou a mão da testa dela, mas a sua reação foi esquisita. Ela se afastou dele separando sua mão de sua testa. — Saii - Disse ela fazendo cara de choro. —Uau.ta bom, Bom, olha sua mãe vai fazer um bolo bem gostoso de chocolate, e eu vou fazer aquela cobertura bem gostosa que você gosta. Que tal ir ajudar?  – Mas a reação dela foi quieta, só abriu um sorriso de canto e ele estendeu os braços, porém ela passou por ele sem ir para seu colo  e veio até mim abraçando minhas pernas — Oii - Falei sorrindo. Ela ainda estava de pijama, deixei afinal era domingo e queria deixá-la relaxada.  Bater os ovos, separar a massa e o chocolate em pó,  bater bem até a massa ficar bem homogênea, esse era meu segredo. Podia comprar um bolo nas confeitarias de Leidiane, mas para a minha filha eu gostava de fazer com minhas próprias mãos.  Zé untou a forma com margarina e massa, coloquei já a massa do bolo bem batida e misturada ao forno, marcando em meu relógio trinta minutos — Mama, ocê quer ? - Perguntou ela enquanto lambuzava as mãos com a tigela suja. — Quero não minha bixinha, mas brigada. - respondi a ela, Meu Zé então me abraçou carinhosamente por trás dando beijos em minhas bochechas. — Eu vou fazer a calda quando o bolo ficar pronto, prefere doce ou amarga? — Doce né Zé? Se eu quero azedo ou amargo eu chupo limão e... Oxe – Josi havia saído de sua cadeira, com suas mãos sujas ela empurrava o pai pela perna. — Saii.-  Meu Zé me soltou e se afastou  de mim,  eu ainda não havia percebido, mas ela estava com raiva dele. Porém no momento eu    achei fofo, pensei que era algum tipo de ciúme então a peguei no colo. — Mar vixe minha bixinha tá com ciúme de mamãe é? - Ela me olhou e moveu a cabeça positivamente  e me abraçou, ela olhou para o pai e mostrou a língua — Fica longe dela, HM! — Ei ei ei, que coisa feia tá mostrando a língua pro teu pai porque? Ein? - Perguntei e ela abaixou a cabeça, notei ali que havia algo estranho então a levei para o quarto e me sentei em sua caminha com ela em meu colo. — Mamãe vai bigar com eu? — Num vou não, eu quero é saber. Teu pai fez alguma coisa com tu? — Não, eu so num quero ele perto da mainha. A..ham ham - ela estava começando a chorar e eu ainda não entendia a razão. — Oxe mais porque? eiii, coisinha que foi? - Perguntei olhando para ela bem preocupada — Oo menina b***a tá chorando porque? — Papai é mau, mamãe promete fica longe dele? - Dizia ela em meio ao choro. — Oxe eu fico, tá bom chore não.chore mais não. - Falei passando a destra nas costas dela fazendo carinho de maneira circular, seu narizinho começava a escorrer e eu o limpei, a dando muitos beijinhos. A deixei então em seu quarto abraçada com o ursinho, e fui falar com meu Zé. Ele estava no quarto, despindo-se indo para o banheiro tomar um banho, quando ele desabotoada sua calça eu o olhei, aquele corpo, aquela pele, respirei profundamente puxando ar para o peito e então me sentei na cama de pernas cruzadas. — Tá bom, agora seu tô preocupado com você. - Falou ele apenas de cueca. — Oxe, eu só entrei — Entrou e não apertou na minha b***a- Disse então se aproximando me sentando na cama -oque foi que aconteceu? — A Josiane acho que ela tá com ciúme de tu, ela disse que num era pra  cê encostar em mim e para eu ficar longe de ti. - Ele passou a mão na testa subindo para os cabelos  e em seguida bateu com ela no joelho. — Ana eu acho que ela não tá com ciúmes e sim que ela está com raiva de mim. — Oxe como?. —  Lembra que ela disse pro Ian que eu estava te machucando? Eu acho que é isso. Ela ficou com raiva de mim e acha que eu te machuquei. - Eu coloquei a mão perto dos lábios pensando nisso, fazia sentido a razão dela ter mostrado a língua para ele, mas como resolver aquela situação não sabia. — Oxe, mas...se tu me fizer carinho na frente dela, mostra que num me machuca. Talvez ela num tenha raiva de tu mais não. — É uma boa ideia, eu vou tomar um banho agora. Olhe o bolo - Disse ele se levantando e pegando uma toalha. — Ah Zé me deixa de ensaboar vai. — Meu cuscuz eu acho que... é bom a gente  ir com calma, - Ele falou e em seguida entrou no banheiro fechando bem a porta, e já eu fiquei triste. Não podia receber carinhos, e agora fazer amor seria mais difícil pois ele temia que nossa filha nós pegasse novamente, e eu até concordava...mas seria uma tortura. José Ian Narrando. ''Prim prim prim'' Tocava o telefone em minha casa. Por mim ele tocaria até explodir, mas eu estava com dor de cabeça, e aquele som estava sendo uma das maneiras de se castigar uma alma. Era cedo, p***a! Eu havia tido uma noite longa de bebedeira, me levantei então da cama e fui atender aquela porcaria, maldita ressaca. - Alô? - Falei em pé com aquilo um pouco distante do ouvido. - José Ian, é teu pai.- Disse aquela voz firme, fiquei contente, era melhor do que minha mãe. Agora que meu pai e eu havíamos construído uma relação melhor. - Quero que venha almoçar no endereço que vou te dar, preciso ter uma conversa séria com você. - Ah, Pai desculpe, se eu te liguei de madrugada. É que quando eu bebo eu tenho uma tedencia a falar besteira. - Falei coçando minha nuca e passando por toda a cabeça. - Não, não é isso não meu filho. É coisa boa eu garanto. Mas é só você, depois disso é que você pode decidir se conta pro seu irmão, mas você tem que vir, entendeu? E tome um banho quente pra limpar essa ressaca, até as onze. - Quando ele terminou de falar não me deixou dizer mais nenhuma palavra, ele apenas desligou e eu encarei o telefone, Era bem cedo ainda então eu tinha muito tempo para dormir. Eu tinha uma vida boa por assim dizer, apesar de ter sido internado em um manicômio, ou oque eu gosto de chamar de CTL - Centro de Tortura para Loucos, eu adoraria que aquele lugar fosse logo fechado. Mas, como eu era um homem muito bonito e vaidoso, fui logo tomar o banho de trinta minutos, lavei os cabelos, escovei até o último canto dos dentes para tirar aquele forte odor de vinho barato e cachaça pura, Me limpei tanto que apaguei até meus pecados. Uma roupa social bem limpa, mas meu blazer estava amarrotado, apenas alguém poderia me ajudar nesse momento. Bati na porta com certa força para não estrondar, Ana abriu e lá estava eu com o blazer no braço, entrei logo na casa pois a conhecendo bem ela bateria a porta na minha cara. - Ana minha consagrada eu necessito de um enorme favor seu. - Tí Ian ta bonito. - Disse a pequena Josiane, minha mais doce paixão. Estava rabiscando em um papel com giz de cera. - Obrigado minha bela dama. - Falei me curvando um pouco. - Oque que tu quer? - Falou Ana de braços cruzados, já notando que eu pediria algum favor, não era a primeira vez e eu meio que abusava disso. - Eu tenho um almoço com meu pai daqui a trinta minutos, você Pode passar meu blazer por favor? - Paga que eu passo. - Disse ela estendendo a mão, eu revirei meus olhos tão fundo que cheguei a ver oque tinha dentro de minha cabeça: nada. - Ana eu sou seu amigo, somos família e você vai cobrar? - Vou sim tu tem dinheiro e eu preciso de dinheiro pra comprar material de costura, bora que o tempo ta passando. - Disse ela batendo aquele pezinho no chão, já eu então paguei e entreguei o blazer. Não demorou dez minutos, ela passou e me entregou em perfeito estado, Eu sentia um cheiro de bolo de chocolate, e eles não me ofereceram, isso abriu mais meu apetite, então enquanto Josiane estava desenhando ela tinha duas a três bolachas em um prato, peguei duas e sai correndo, ignorando o protesto da menor. - Ei é meu! - disse ela, mas eu sai sem me despedir. Eu estava curioso, queria chegar na hora certa. Meu pai nunca me chamava para almoçar, jantar ou coisa do tipo sem ser a negócios, e quando era disso ele me avisava pelo telefone. Então eu fiz questão de chegar na hora, procurei a mesa naquele restaurante que a ana batizou de ''chique de mais'' E meu pai estava com minha mãe já, eles haviam chegado a menos de cinco minutos. - Mãe, Pai. Vocês juntos...Oh não, não me digam que vão mandar me internar. - Falei,fiquei mesmo preocupado com aquela cena, ambos juntos e felizes.porém ao me ouvir falar eles se levantaram e começaram a rir. - Não meu querido, não é sobre isso, é uma coisa boa. Por-favor se sente.- Disse minha mãe, sendo muito amorosa, oque eu estranhei ainda mais, me sentei em uma cadeira a mesa pondo as mãos em meus joelhos. - Então...Porque estou aqui? - Bom meu filho, você se casou, teve uma esposa..infelizmente ela se foi cedo de mais, você não teve mais nenhum relacionamento sério depois dela e isso me deixou triste, O amor é para todos, seu irmão já tem uma filha e você está sozinho. - Dizia meu pai fazendo um discurso para tudo. - Nós arranjamos uma noiva para você, já que nunca teve sorte escolhendo uma boa moça achamos que era bom você conhecer essa e.. - Opa, Opa, Eu não preciso me casar, eu tenho quase quarenta, já sou viúvo eu não preciso me casar de novo. Já tive minha fatia do bolo. - Era mesmo isso? Francamente, fiquei decepcionado, adoraria soltar uma bomba, palavras pesadas mas como fazia tempo que eu e meu pai estávamos em paz eu preferia manter assim. Porém enquanto eu falava, uma jovem se aproximava acompanhada por uma senhora, Cabelos castanhos escuros, olhos na cor de mel,um vestido com um tom leve de rosa e sua pele tão alva quanto algodão eu virei meu rosto e a olhei, ficando completamente encantado com a jovem.que não chegava a me olhar nos olhos.mas eu estava encantado com a sua beleza. - Eu acho que ele mudou de ideia. - Sussurrou meu pai para minha mãe. - João, Rosário me perdoe a demora, meu marido não pode vir mas mesmo assim me mandou, demorei para conseguir tirar ela do convento, as irmãs lá e a madre superior são muito rígidas. Minha filha, nse apresente. - Falou ela olhando para aquela jovem, que aparentava ter seus vinte e seis anos, ou um pouco menos. - Meu nome....é Amélia. - Se eu soubesse que me encontraria com uma mulher tão bonita, teria passado um perfume melhor. Me levantei e a estendi a mão, que ela então repousou a dela com receio. - Eu sou José Ian, mas você pode me chamar apenas de Ian, ou como preferir.. - Quase gaguejando na parte de meu nome, como ela era linda. Levantou um pouco o olhar para mim e sorriu de canto, em seguida sentou-se a mesa. Sua mãe não parava de falar, mesmo comendo ela continuava falando e falando. - Minha filha é um primor de moça, foi pro internato católico com dose anos, depois achamos melhor colocar ela para se tornar freira, mas o tempo passou, o irmão dela casou já e como ela demorou pra fazer os votos decidimos que era melhor para ela se casar, com alguém que confiamos, nós pais devemos cuidar da felicidade de nossos filhos. - Dona Carmen, perdão te interromper, mas, eu poderia me sentar em uma mesa sozinho com Amélia? Para a conhecer melhor - Falei olhando para a mulher que seria minha futura sogra, e depois direicionei o olhar para a jovem.flor - Se..você quiser claro. - Ela apenas acenou a cabeça de forma positiva. Chamei então o garçom, que não demorou em arrumar uma nova mesa para mim e ela. Um pouco mais distante de nossos pais, para que pudéssemos enfim conversar. - Então Amélia agora estamos mais ávontade você pode... - Por favor se case comigo. - Disse ela em um tom de desespero, porém baixo. - Oque? - Por favor, se case comigo. Eu...eu sou prendada, sei cozinhar, sei fazer de um tudo na cozinha, Eu...eu não sei como se consuma a relação mas você pode me ensinar e eu obedeço, sou bem obediente prometo nunca te fazer passar vergonha e... - Espera, espera. - Falei pegando a taça com água e a ofereci. - Beba e se acalma. E me diga, porque você quer tanto se casar comigo? - Eu..não quero ter que voltar pro convento, lá é como uma prisão. - Falou ela segurando minha mão sobre a mesa. - Eu vou ser uma boa esposa, eu..morro de medo de castigo, então você num vai precisar esquentar a cabeça com isso porque eu não vou ser teimosa ou qualquer... - Eu não bato em mulher, Amélia. - Ao falar, ela me olhou com um certo brilho nos olhos, eu soltei a mão dela e voltei a cortar meu bife que eu estava comendo - Eu já bati, já fui bem agressivo, mas depois que eu me casei a primeira vez eu não faço mais isso. -Nossa... - Então você fique tranquila que não vou te punir por nada. Mas, se submeteria a um casamento sem amor, você tem certeza de que quer isso? - Eu...sei oque eu passei naquele convento, e um casamento só iria me salvar. - ela respondeu dando um gole na água, mas eu parei de comer, como era uma pessoa sem paciência para certas coisas. - Então vem.- Me levantei pegando a mão dela, a puxando para irmos para a mesa de nossos pais. - Decidimos, vamos nos casar. - falei olhando para meu pai e para dona Carmen. - Mas que notícia maravilhosa. - Falou minha mãe e a dela entusiasmada ambas se olhando - E quando vai ser, temos que providenciar uma data. - Agora, cartório.Vocês vem? - Ela virou o olhar olhando para mim e sorriu, bastante animada. Seria ela tão ingênua nesse ponto? Aninha Narrando. - Come. - Falei em um tom sério segurando uma colher com carne e um pouco de salada. - num num! - Disse Josiane com a boca bem fechada e movendo a cabeça negativamente. - Josiane cê só vai comer o bolo de chocolate se comer a salada, agora abre e come, ande! - Eu so quer o... - Quando ela abriu a boca enfiei a colher na boca dela, já ela pegou a comida e começou a mastigar fazendo careta. - Isso, coma verdurinha que faz bem, depois vai vir o bolo de chocolate com a calda que o papai fez. Mastiga tudo vai. - Ela mastigava com aquela careta, expressão de nojo do legume e as folhas de alface com espinafre, ela protestava com aquela expressão e Zé começou a rir com a mão na boca. - Papa num rir! - Ela olhou para ele e cruzou os braços, já eu voltei a cortar mais salada para por naquela boquinha. E rapidamente consegui uma brecha. - Isso, cê vai comer essa salada todinha. Se não num rái ter bolo de chocolate pra tu! - Disse olhando para ela nos olhos e em seguida apertei aquele narizinho levemente enquanto ela mastigava com aquela careta. - Eu não aguento. - Ele ficava rindo, mas ouvimos uma batida na porta. - Deixa, eu abro. Continue ai. E eu continuei. Como ela estava com curiosidade sobre o bolo, conseguiu comer toda a comida, e agora que havia terminado, tirei o bolo do forno com aquela cobertura que ela tanto amava e ia cortar um pedaço. - Aninha corre aqui! - Gritou meu Zé, já eu fui correndo para ver oque era, e tive uma grande surpresa Meu sogro e minha sogra estavam ali na sala, Ian estava de mãos dadas com uma moça muito bonita com um sorriso largo nos lábios. - Ah Ana Lúcia, tome aqui um dinheiro, compre um bom presente pra minha neta e diga que eu enviei. Eu tenho que ir logo só vim dar a novidade para vocês. - Eu peguei aquela quantia e coloquei entre meu decote dentro do sutiã. E ainda estava curiosa. - Oxe, que notícia? - Aninha, essa é Amélia. Minha esposa. - Ela sorria bem alegre que mostrava até os dentes, um sorriso simpático e uma alegria de viver ela esbanjava. - Muiito prazer Ana, o Ian me falou muito bem de você! - Disse a jovem dando alguns pulinhos de euforia, sem temer esconder a animação. - Olha para ela, ela não é demais? - disse Ian.
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