Isabella narrando.
Uma semana se passou desde que tudo aconteceu e como prometido, Martin nunca mais chegou perto de mim e para completar, ele anda me ignorando completamente, ele procura sempre estar em locais que eu não estou e nas refeições, senta do outro lado da mesa, o mais longe que ele consegue de mim.
Por mim, tanto faz, contando que ele continue cumprindo com a promessa dele de não trazer a Clara aqui, está de bom tamanho. O que eu estranhei foi o sumiço do Dan, ele sempre aparecia aqui de vez enquanto e depois daquele dia, ele sumiu... Eu posso imaginar que tenha sido pelo desconforto que o Martin causou com aquela crise de ciúmes.
Eu fico imaginando o que passa na cabeça de um homem como ele, primeiro diz que era para eu ter mantido distância dele e depois me beija e dá uma crise de ciúmes ao me ver dançar na boate. Eu estou ficando confusa com tantas mudanças de humor repentinas...
Eu me levantei e fiz tudo o que tinha que fazer, vesti uma das roupas novas, eu precisava manter o meu plano, me maquiei e terminei de ajeitar as coisas para descer e tomar café da manhã, antes mesmo de eu abrir a porta do quarto para sair, eu ouvi batidas pesadas na porta, eu poderia imaginar quem era, mas custei a acreditar até abrir a porta e dar de cara com o Martin.
Sua cara era enigmática, seus olhos tão distantes, até mais do que antes, ele estava segurando um cabide com alguma roupa que estava envolvida numa proteção, ele esticou a mão me entregando e em seguida apontou para uma caixa de sapatos que estava no chão.
- Esteja pronta as 19:40. - Ele falou seco e virou as costas para sair do quarto.
- Ei... - Ele virou e me olhou novamente. - Posso saber para onde quer me levar?
- Evento da Máfia, você como minha esposa é obrigada a me acompanhar. - Ele respondeu parecendo ser óbvio.
- Sou obrigada? - Eu sorri. - Tá legal...
Eu me virei de costas e entrei no quarto, deixando ele plantado na porta, pendurei o tal vestido no closet e voltei para pegar a caixa no chão, ele não estava mais lá, deduzi que já estivesse lá embaixo, então eu empurrei a caixa com o pé e fechei a porta, desci as escadas e fui para a sala de jantar e para a minha surpresa, ele não estava lá.
Me sentei e tomei o meu café, depois eu pedi que os seguranças me levassem em algum salão para que eu pudesse ajeitar o cabelo, já que eu não tinha escolha e o restante do dia foi apenas para me arrumar, mesmo não querendo, eu não poderia aparecer para a alta sociedade de qualquer jeito.
Assim que eu cheguei em casa, fui direto para o quarto, estava cansada, mas a julgar pela hora, não tinha mais tempo para descanso, então corri para o banho e terminei de me arrumar, só então eu vi o vestido e era lindo, ficou tão bom no meu corpo que parecia que havia sido feito sob medida para mim.
Eu fiz tudo o que eu pude para ficar o mais apresentável possível, calcei a sandália que estava na caixa e passei o melhor perfume que eu tinha, finalmente estava pronta.
Me assustei com as batidas na porta novamente, mas dessa vez era o Peter, ele avisou que o Martin estava me esperando e pediu para eu não demorar, porque ele não gostava de esperar e ele temia pelo que ele pudesse fazer comigo.
Eu agradeci e peguei minha bolsa de mão, desci logo em seguida, chamando a atenção do Martin para mim, quanto eu estava descendo as escadas.
Ele olhava impaciente para o relógio e por curiosidade, fiz o mesmo porque para ele estar dessa forma, eu só posso estar atrasada.
- 5 minutos adiantada. - eu falei para mim mesma.
- Você está linda. - Ele falou seco. - Sabia que ia acertar...
- É, está incrível mesmo. Obrigada... - Eu sorri e andei até a porta da sala, para que a gente pudesse ir.
Martin abriu a porta para mim, assim como a do carro e entrou logo em seguida, ele preferiu ir com o motorista hoje e eu achei até melhor, se ele se aborrecesse, não ficaria cometendo loucuras no volante.
O caminho inteiro foi silencioso como sempre, ele estava incrivelmente arrumado e o seu perfume era tão bom que estava me deixando completamente hipnotizada. Martin olhava no relógio repetidas vezes e parecia estar bastante ansioso com algo ou talvez ele só quisesse que o tempo passasse depressa, já que ele não gostava de eventos como esse.
- Se comporta... - Ele falou, assim que chegamos no local do evento.
Eu não me dei ao trabalho de responder, apenas revirei os olhos e peguei na sua mão, que estava esticada para me ajudar a descer do carro.
Em seguida, Martin passou o braço na minha cintura e entramos no local como se fôssemos um casal feliz.
Eu mantive a pose de boa esposa, sorria para todos que nos cumprimentavam, até cruzar o olhar com a Clara.
O que ela estava fazendo aqui se era evento da Máfia e ela não tem nada relacionado a eles?
Ela, assim que nos viu, veio andando com uma taça de champanhe na mão e cumprimentou o Martin com um beijo no rosto, o que me deixou bastante incomodada, mas evitei demonstrar, quanto mais ela disse que eu estava irritada, mais ela provocaria e eu estava afim de passar uma noite tranquila e ir embora para casa quando a palhaçada toda acabasse.
- Você aqui... - Ela me olhou dos pés à cabeça e ergueu uma sobrancelha. - Até que está elegante, priminha.
- Gostou? - Perguntei sendo o mais provocativa possível. - Meu marido que escolheu.
- Ah, foi?! - Ela cruzou os braços e começou a bater o pé no chão. - Não sabia que agora eram um casal.
- Não enche, Clara... - Martin respondeu seco e passou a mão novamente pela minha cintura. - Sem fazer cena aqui... estou cansado dos seus dramas.
- Martin, como pode falar assim comigo? - Clara falou com voz manhosa, fazendo bico.
- Depois conversamos. - Ele respondeu grosseiramente e em seguida saiu me puxando para longe dela, deixando a Clara com cara de poucos amigos, mas, eu sabia que isso iria causar alguma confusão.
Eu só precisava me manter firme e não fazer nada que prejudicasse o Martin perante os chefes da Máfia, mas bem que ele merecia um belo castigo.
A todo instante a Clara tentava cercar nós dois, ela esbarrava em mim, entregava bilhetes para o Martin, tentou diversas vezes me fazer cair no chão para causar constrangimento, até que eu perdi a minha paciência.
- Com licença. - Pedi e fui em direção ao banheiro, Martin me acompanhou com os olhos e quando me viu entrar lá, ele voltou a conversar com os líderes.
Eu fechei a porta do banheiro e apoiei as mãos no lavatório, me olhei nos espelho por um longo tempo, eu não entendia porque a Clara estava tão ofendida, se eu sou a esposa e ela a amante... pelo menos era...
Eu abri a torneira e molhei a minha mão, em seguida passei no meu pescoço para me acalmar, até ouvir a porta do banheiro se abrir e para a minha surpresa, Clara entrou.
- Ah, aqui está você... - Ela se aproximou de mim.
- Até aqui você veio tentar tirar a minha paz? - Eu me virei, ficando de frente para ela.
- Só quero deixar claro que o Martin continua sendo meu. - Ela cruzou os braços. - Não pense que ele vai te desejar só porque esta apresentável em um evento da máfia.
- Vem cá, o que é que está fazendo aqui mesmo? Se você não pertence a esse mundo... seu pai foi desligado há anos por traição. - Eu perguntei curiosa. - Deveria ter barrada a entrada de mulheres como você.
- Que foi, o patinho feio está com medo da concorrência? - Ela debochou.
- Tanto medo que o meu marido preferiu estar comigo e não com você. - Eu sorri vitoriosa.
Clara não gostou do que ouviu e veio para cima de mim feito um furacão, ela tentou acertar um tapa na minha cara, mas eu segurei a sua mão no ar e a empurrei, fazendo com que ela se chocasse contra a parede, em seguida eu levantei a mão e fiz o que ela não conseguiu, deixei a marca dos meus 5 dedos perfeitos no seu rosto.
- Nunca mais tente me bater... - Eu falei olhando nos seus olhos.
Clara colocou a mão no rosto, com certeza estava sentindo queimar, porque os meus dedos estavam ardendo e quando ela ia abrir a boca, a porta do banheiro foi aberta e o Martin apareceu.
- Que merda está acontecendo aqui? - Ele perguntou parecendo estar irritado.
- Pergunta para a sua amante. - Eu falei andando na direção dele e saí do banheiro bufando de raiva.