Início.
Isabella Narrando.
Nunca pensei muito em como seria a minha vida sem o meu pai, eu só tinha ele, mesmo ele sendo c***l comigo as vezes, eu sabia que era a única pessoa na vida que eu poderia contar de verdade, ainda mais agora, nesse casamento falso, na qual eu vivo perdida e tentando sempre ser notada, de alguma forma.
Chorar a morte do único homem que me amou de verdade dói, me corroi por dentro e me despedaça, como um vidro quando se quebra... a gente recolhe os cacos, mas nunca mais será a mesms coisa, pode passar o tempo que for, os resquícios ainda continuarão a faltar e a dor jamais sumirá.
Agora o que me resta é limpar as minhas lágrimas e sofrer o meu luto em silêncio, já que até o meu choro irrita o meu marido...
- Chega de chorar... - Martin me repreendeu. - Não fica bem estar ao lado de uma esposa que está se desmanchando em lágrimas e pior, com o rosto completamente amassado.
- Me desculpe... - Falei de cabeça baixa. - Vou tentar me conter.
- Ele não fará falta alguma... - Martin mais uma vez sendo rude comigo. - Se lembra dos tapas que ele te dava? Talvez assim você pare de chorar.
- Ele pode até ter me agredido algumas vezes, mas nunca me humilhou como você faz. - Falei com receio e medo de levar um tapa na cara. - Precisava ir acompanhado da sua amante?
- Ora, Isabella... Clara é sua prima, não estava acompanhado dela, embora fosse mil vezes melhor. - Ele deu de ombros. - Não seja ciumenta... você jamais será como ela... elegante, sexy, é de tirar o fôlego.
Eu não estava disposta a discutir com ele naquele momento... a única coisa que eu queria era curtir o meu luto em paz, sem que ele ou o primo i****a me atormentasse. Por mim, Martin poderua acabar de vez com esse casamento falso, agora que meu pai morreu, nao há mais trato algum, muito menos precisará se preocupar em custear a minha vida, o que papai me deixou será suficiente para eu viver muito bem e em paz.
Eu não aguento mais sofrer nenhum tipo de humilhação vindo da parte do meu esposo, muito menos da minha prima. Ela sempre foi uma cobra e isso a família inteira sabe, sempre me avisou, mas eu custei a acreditar em tamanho descaramento da parte dela... É muita inveja para uma pessoa só.
O que eu posso fazer agora?! Martin me mataria se eu a fizesse m*l, até mesmo a minha consciência me acusaria a todo instante, já que a minha educação é completamente diferente da que foi dada a Clara.
Assim que chegamos em casa, eu subi as escadas direto para o nosso quarto, escolhi uma roupa simples e entrei para tomar banho, acabei me esquecendo de fechar a porta, como já estava molhada, não queria fazer o mesmo com o chão, então tomei o meu banho sem me preocupar, afinal, Martin nunca me olhou como mulher, ele sequer me deseja como a sua mulher e sim, eu ainda estou intacta... ele nunca me tocou, eu ainda sou virgem e pelo visto, vou permanecer assim até morrer.
Depois que eu tomei o meu banho, eu me sequei e vesti rapidamente a minha lingerie, comecei a passar hidratante pelo meu corpo e quando levantei o meu olhar para o espelho, me deparei com o Martin me observando pela primeira vez desde que casamos.
Eu fiquei com vergonha do que estava acontecendo e acabei fechando porta do banheiro rapidamente, fazendo com que ele percebesse que eu havia visto.
Eu me surpreendi com o olhar dele, afinal, ele nunca me tocou e de repente eu o pego me observando, fiquei completamente sem reação... eu sou uma garota jovem, tenho 19 anos de idade e não sou feia, pelo menos nunca falaram que eu sou e eu não sei o motivo do meu esposo me rejeitar dessa forma.
Tenho um diferencial das garotas da minha idade, eu sou bastante reservada, não costumo mostrar o meu corpo, não gosto de muita maquiagem e minhas roupas são longas e bastante comportadas... talvez ele não me olhe por esse motivo.
Eu fiquei longo tempo no banheiro esperando ouvir algum barulho de porta se fechando ou algo que me indicasse que Martin não estava mais ali, mas nada se ouvia e então eu finalmente criei coragem e sai do banheiro, dando graças a Deus por estar ali sozinha naquele momento.
Me deitei na cama e mais uma vez as lágrimas tomaram conta do meu rosto, o meu pensamento me acusava a todo instante e a minha mente dava vários nós, eu sabia que agora que papai morreu, eu não teria valor algum para Martin e ele poderia se livrar de mim, da mesma forma que aconteceu com o meu pai.
Martin tinha absolutamente tudo o que ele queria, agora poderia ter o controle das empresas que papai me deixou e neste momento, o que mais temo é que ele me mate para finalmente conseguir o controle de tudo, assim como ele já fez com meu pai... bom, pelo menos é o que eu acho que ele fez. Engoli seco só de imaginar essa possibilidade...
Eu precisava fazer alguma coisa para poupar a minha vida e para chamar a atenção do meu marido, só assim ele não me mataria, mas o que eu poderia fazer?
Ele sempre deu o exemplo de Clara, dizendo ser sexy e deslumbrante, talvez eu tenha que ser vulgar igual a ela, exibir mais as minhas curvas, fazer ciúmes a ele, me tornar uma mulher de verdade... é, esse é o segredo, eu preciso aprender a ser uma mulher sexy, chamar a atenção dele de alguma forma, mas como?
Eu não conheço ninguém que possa me ajudar, não tenho ideia de onde ir para observar as mulheres e muito menos onde comprar roupas que valorizem o meu corpo... o problema não é o dinheiro e sim o local onde comprar, afinal, eu não conheço marca, loja, nada... sempre usei roupas recatadas e sob medida, uma moça costurava para mim.
Eu preciso de ajuda... não posso deixar para amanhã, porque pode ser tarde demais.