A boate e as meninas super poderosas

2017 Words
Ruby deixou Isis responsável por encontrar as bolsas, documentos e celulares, enquanto isso, iria buscar as câmeras de vídeo para saber onde Lisa havia se metido. Por desencargo de consciência, subiu no telhado para ter certeza que a amiga não estava lá, mas o acesso estava fechado por um enorme e enferrujado cadeado, o que deu a entender que aquilo não era aberto. Para conseguir acesso às câmeras não foi fácil, Ruby teve que negociar o que tinha, sem dinheiro ou celular, a única coisa de valor era um colar de rubi que ganhou de Vitor quando era mais nova. — Lisa é mais importante. O meu pai vai entender não, é? — Ruby sussurrou para si mesma enquanto tirava o colar. — Isso aqui deve ser mais que o suficiente. Quero apenas que encontrem a minha amiga. Ela estava junto comigo ontem a noite no hotel e no cassino de vocês antes de desaparecer. Preciso saber se ela saiu ou alguém levou ela. — Isso é de verdade? Vale algo ou você está tentando me enganar? — O homem perguntou vendo a pedra de rubi brilhando muito, mas não entendia de jóias para saber se era realmente legítima. — Vale muito mais do que a sua vida. E se eu fosse você, aproveitava enquanto estou tentando ser educada. Eu estou com uma ressaca infernal. Não sou do tipo que fala duas vezes, na segunda, alguém perde a língua. — Ruby ameaçou puxando a gravata do homem com força o suficiente para deixar ele sem ar. — Não brinque comigo. Vai acabar se queimando, ou melhor, carbonizado. Ruby vendo o homem nervoso, jogou ele em direção da cadeira, para que pudesse mostrar as imagens da noite anterior. O segurança demorou alguns segundos para se recompor antes começar a busca. — Para! Estamos entrando no Cassino. Adianta mais devagar. Preciso ver a hora que a gente vai sair daqui. — Ruby lembrou que foi no cassino que Lisa deu a brilhante ideia de apostar quem bebia mais. Cerca de duas horas depois, entre um copo e outro com direito a Isis beijando o garçom, as três saíram abraçadas do cassino. — Adiante o vídeo. Quero ver se a gente volta. — Ruby não tinha nenhuma dica de onde elas teriam ido, mas o segurança não encontrou absolutamente nada. E a única pista era o garçom que conversou com elas o tempo inteiro enquanto estavam no cassino. — Ruby! Finalmente achei você. Encontrei a sua bolsa. Tem um cartão de acesso desconhecido e olhas os vídeos que eu achei na galeria. — Isis entrou na sala entregando o celular aberto para Ruby. Ela havia trocado de roupa. Em vez do saco de ração, agora usava um short curto e uma blusa folhada. No vídeo, Lisa estava vestida de freira dançando com uma lhama em cima de uma mesa, o cenário chamava bastante atenção, haviam várias mulheres usando apenas lingeries dançando de forma sexy. — O que diabos a gente estava fazendo em uma boate de stripper? E onde Lisa arrumou a roupa de freira e essa lhama. Aí Meu Deus! Por isso compramos tanta ração? onde conseguimos esse bicho? — Ruby não sabia o que mais surpreendia ela naquele vídeo, mas logo algo chamou sua atenção. — Espera? Ali atrás é você dançando no palco? Você trabalhou de striper? Como assim? — Não sei ao certo, mas pelo vídeo, eu ganhei muito dinheiro. Todos estavam jogando dinheiro em mim. Ser gostosa tem os seus encantos. — Isis disse toda orgulhosa. — Você tem cara de pervertido que não arruma ninguém. Deve saber que boate é essa, né? — Ruby perguntou mostrando o lugar para o homem. — Império do prazer. Fica aqui perto. — O segurança respondeu envergonhado, mas não teve coragem de retrucar. — Vamos falar com o garçom que tu beijou a noite toda e depois vamos para essa boate. — Ruby imaginou que Lisa pudesse estar em um desses dois lugares. Desceram para o cassino, mas o garçom já não estava mais lá. Ruby ficou com o seu número de celular com o gerente e pediu para que passasse ao garçom. Havia algo muito importante para conversar com ele. O próximo destino, enquanto esperavam a ligação, era a boate. A boate não ficava muito longe. Assim que chegaram na porta o segurança que bloqueava a porta teve uma crise de riso enorme. Ruby e Isis se olharam confusas, mas ao menos, sabiam que estavam no lugar certo. — Cadê a lindinha?? Pensei que as meninas super poderosas só andassem juntas. Será que ela ficou de ressaca depois de passar a noite dançando com uma lhama? E vocês, vieram tentar pegar a roupa de vocês de volta? — O segurança perguntou tentando controlar o riso. — Não vou mentir que já vi acontecer de tudo, mas foi a primeira vez que vi mulheres vendendo as roupas para entrar em uma boate. Por sorte, as roupas eram todas de marca e as nossas meninas aceitaram, em troca deixaram vocês escolher algumas roupas no baú de fantasias. — Isso explica muita coisa. Por isso, Lisa estava de freira, você de prisioneira e eu... — Isis não conseguiu terminar o seu raciocínio, o segurança interrompeu. — Vocês não lembram? A docinho disse que ia ganhar dinheiro para pagar mais uma rodada no cassino, porque vocês tinham zerado a conta de vocês e perdido tudo. Por isso, pediu as meninas para subir no palco. A florzinha disse que era uma terrorista desde pequena e por isso, deveria experimentar as roupas de prisioneira e a Lindinha, disse que a roupa de freira combinava com a gravata da lhama. Nunca vi um trio tão apocalíptico. — O segurança brincou vendo que elas estavam sem entender nada. — Aliás, eu não iria buscar as roupas. Não sei o que aconteceu, mas vocês saíram correndo daqui, com algumas das nossas meninas correndo atrás de vocês. Elas colocaram até gente para procurar vocês. — Será que foi inveja porque o público me amou? — Isis gargalhou com a ideia. — Você foi ótima, mas ouviu só por alto, parece que teve algo com uma pelúcia... Elas não quiseram dizer. — O segurança estava desconfiado que as mulheres que trabalhava na boate estava escondendo algo. — Hey! São vocês. Meninas! As vadias ladras estão aqui. Dessa vez, não vou deixar você escaparem! — Uma mulher usando um vestido de tubinho vermelho de couro, menor do que o seu tamanho, em cima de um salto plataforma de vinte centímetros gritou ao ver Ruby e Isis . — Corre! — Isis puxou Ruby pela mão. Mesmo que não soubessem o que estava acontecendo, ficar lá e tentar explicar não parecia ser uma boa opção. Por incrível que pareça, mesmo usando salto alto, as dançarinas acompanharam Ruby e Isis que corriam desesperadamente tentando não ser capturadas por elas, mas conseguiram escapar depois que umas das mulheres que perseguiam ela tropeçou e torceu o tornozelo, as outras ficaram para auxiliar. — Acho que conseguimos despistar elas. — Isis disse ofegante enquanto as duas se escondiam em uma pequena viela. — Juro. Eu queria só sair. Beber. Tentar afogar a dor do meu luto. Nunca pensei que acabaria em uma bagunça dessa. Temos que achar a Lisa logo. Talvez seja melhor ligar para os pais dela. Se ela tiver em risco? Não temos mais nenhuma ideia de onde ela poderia está. — Ruby pensou que encontraria respostas na boate, mas não conseguiu descobrir nada. — Será que ela foi para outro hotel? Temos um cartão de acesso aleatório. Tenta buscar na internet para ver se encontra. — Isis entregou o cartão para Ruby. — É verdade! — Ruby disse lembrando dos recebidos. Havia algo preocupante, como ela conseguiu dinamite e granadas? Ela não tem contatos para conseguir aquilo. Enquanto usava o buscador de imagens para tentar encontrar o uso do cartão, o seu celular começou a tocar. Era um número desconhecido. Sem hesitar ela atendeu. Suspeitando que podia ser o garçom. * CHAMADA ON* — Oi, é o Mark. O gerente disse que estavam me procurando. Aconteceu alguma coisa? — O homem pareceu preocupado. — Estamos com algumas dúvidas sobre o que aconteceu ontem. Pensamos que poderia nos dizer. Afinal, passamos boa parte da noite sendo servidas por você. E acredito que você se serviu bastante da Isis. A gente disse algo? — Ruby foi direta enquanto notava uma movimentação estranha na rua próxima do beco em que elas estavam. — Oh? Então são vocês. Cara! Vocês são maluquinhas. Estavam apostando quem bebia mais. No meio disso, você disse que iria se tornar a maior criminosa que existiu. Que faria algo legendário. O mundo inteiro iria saber o seu nome, a Isis disse que te ajudaria, por ter contatos. A mais quietinha surtou com um panfleto de uma exposição e insistiu para ir. Acho que vocês saíram do cassino para ir a exposição. Quando encontrei vocês novamente, estavam completamente diferentes, pareciam ter vindo de uma festa a fantasia, foi quando eu estava saindo do trabalho, na frente do hotel. Você me perguntou onde poderia colocar algo precioso e para não ser roubado por um médico. Sugeri o cofre do hotel. Depois disso, não entendi mais nada. Vocês pararam de falar inglês. — Mark explicou parecendo tentar lembrar de algo mais. — Acho que é só isso. — Obrigada. Foi muito útil. — Ruby disse antes de desligar o celular. * CHAMADA OFF * — Esse cartão deve ser a chave do cofre do hotel. O que será que a gente guardou de tão valioso? Será que a gente arrumou encrenca com um médico? Não duvido mais nada nesse ponto. — Ruby olhou para o cartão e gargalhou — Eu não teria trancado Lisa em um cofre, não é? Antes que Isis pudesse responder, foram cercadas por cerca de oito policiais armados, apontando as armas para elas duas. — Parada! Você está presa pela destruição da réplica da torre Eiffel. Nós acompanhe até a delegacia. — O policial explicou enquanto um outro algemava Ruby. — Levem ela! — Ruby! Aí Meu Deus! — Isis não estava acreditando que uma noite das meninas acabou em prisão e uma amiga desaparecida. — Não se preocupe comigo. Primeiro ache a Lisa. Tenho certeza que há alguma coisa no cofre ou na exposição que dirá onde ela está. Qualquer coisa, tente ver as câmeras, mas por favor, ache para onde ela foi. Tome o celular! — Ruby disse jogando a bolsa com tudo que estava carregando — Ligue para Verônica! Ou Natalia se não encontrar nenhuma pista sobre ele. Essas duas vão conseguir fazer Lisa aparecer. Ruby gritou antes de ser colocada dentro de uma viatura, sendo levada para delegacia mais próxima. Isis ficou parada sozinha com as duas amigas em problemas. — Acho que as coisas estão complicadas demais. Não posso resolver tudo isso. Preciso de reforços. — Isis pensou alto enquanto digitava um número de telefone. * CHAMADA ON * — Mãe, pode me ajudar? Eu acho que me meti em problemas. — Isis disse olhando para o cartão de acesso desconhecido e vendo o carro da polícia com Ruby dentro se afastando. — Talvez eu tenha colocado minhas amigas em problemas... Não tenho certeza. Pode vir aqui me ajudar? Acho que vamos precisar de um advogado também. — Quem vocês mataram? Colocou fogo? Vou pegar um helicóptero agora e vou para aí — Maitê, mãe de Isis, respondeu na mesma hora. — Bem. É que... Eu meio que estou em Las Vegas — Isis fechou os olhos já imaginando a reação da mãe. — VOCÊ ESTÁ A ONDE, ISIS? — Maitê gritou surpresa em saber que sua filha não estava no campus universitário estudando. Havia algo que Ruby e Lisa não sabiam sobre Isis. Um segredo sobre o passado de sua família. Assim como a Ruby, a família da Isis tinha uma ligação forte com o crime, que mexeu muito com todos os membros. Embora hoje estejam afastados da máfia, não se pode mudar o passado, às vezes, ele persegue para cobrar seus débitos.
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