Dicionário, ração e dinamite

1602 Words
— Isis! Isis! Isis! — Ruby gritou balançando a amiga que estava dormindo abraçada com uma pelúcia com um formato bastante peculiar. — Espera! Você está abraçada com um p***o de pelúcia gigante? Que diabos! Acordaaaaaa! — Não quero ir para aula hoje. — Isis murmurou cobrindo seus olhos com a mão para evitar a luz do sol que incomodava ela. — Duvido um pouco que você vá para aula. Você lembra como diabos chegamos aqui? — Ruby perguntou olhando ao redor, sem entender como acabou adormecendo em um barco no meio dos canais de Veneza. — Do que tu está falando, a gente veio no jatinho da sua mãe. Bebeu tanto que não se lembra nem como chegou aqui. — Isis brincou enquanto tentava levantar, não havia notado ainda que estavam em um pequeno barquinho. Em questão de segundos, antes mesmo que Ruby pudesse avisar, o barco desequilibrou, fazendo com que as duas caíssem na água. Por sorte, não era tão fundo, Isis afundou, mas logo voltou à superfície, Ruby caiu em pé com os braços estivados para cima segurando um p***o enorme de pelúcia enquanto ficava de ponta de pé para conseguir respirar. — Ruby... Não sou boa em geografia, mas tenho certeza que estávamos em Las Vegas, Estados Unidos. O que diabos estamos fazendo em Veneza, na Itália? Como a gente chegou aqui? São distantes, não? — Isis perguntou olhando ao redor, vendo que as duas tinham conseguido uma boa plateia. — Não sei a distância exata, mas um fica na Europa e outro na América do Norte. E o mais importante, onde diabos está a Lisa? — Ruby estava sem bolsa. Não fazia a mínima ideia de onde estava o seu celular. — Primeiro, vamos sair daqui. Já tem gente fotografando a gente. Se o meu pai descobrir que eu estou na Itália, sem avisar a equipe de segurança, pode ter certeza, eu serei presa em uma torre. — Isis fez careta enquanto tomava a pelúcia dos braços de Ruby — Deixa que eu levo isso. Você parece com dificuldades. Isis olhou ao redor bem rápido, buscando por uma saída. Encontrou uma pequena escada na margem. Sem pensar duas vezes, se virou andando na direção com a cabeça abaixada para evitar aparecer em qualquer vídeo que poderia viralizar na internet. — Isis, não sabia que você tinha tatuagem. O que tem escrito? Não consegui identificar o idioma. — Ruby perguntou ao ver algumas palavras desconhecidas escritas nas costas de Lisa. — Eu não tenho tatuagem. — Isis respondeu saindo do rio, estendendo a mão para ajudar a Ruby. — Quer dizer... Não tinha... Tem uma frase escrita em suas costas. E não é nem inglês e muito menos espanhol. Será italiano? — Ruby explicou enquanto recebia a ajuda de Isis. — Que? Aí Meu Deus! Minha mãe vai me matar. O que diabos eu aprontei dessa vez! Eu sabia que não deveria tomar aquela mistura louca que Lisa propôs misturando gin, vodka e tequila. — Isis colocou a mão na cabeça tentando lembrar quando ela havia feito uma tatuagem. — Pode ser de henna, não é? Tem que ser. — Está bem vermelho. Pare real. Sua mãe é conservadora? — Ruby perguntou tocando na tatuagem — Não sei, mas acho que você não deveria entrar em um rio com a tatuagem assim. — Minha mãe pode ser muita coisa, que até eu me surpreendo, mas conservadora passa longe. Ela diz que tatuagem são para sempre. O que é lógico. Por isso, antes de fazer, eu tenho que passar um ano, gostando de algo todos os dias e olhando para ele sem enjoar. Para não ter risco de me arrepender. Imagina eu explicar para ela que fiz a tatuagem, mas não lembro quando nem como ou com quem. Quero nem imaginar. — Isis explicou, mas foi nesse momento que notou a roupa de Ruby — Porque você está usando roupas de um presídio feminino? O meu inglês não é dos melhores, mas eu tenho certeza que tem escrito presídio feminino aí. — Espera! Que? Eu fui presa? Como assim? — Ruby olhou para sua roupa completamente em choque. — Meu Deus! Eu sou uma fugitiva? Será que fomos todas presas? A gente fugiu da prisão? E se Lisa ainda estiver lá? O que vamos fazer? Ruby colocou as duas mãos na boca sem acreditar que m*l aceitou a ideia de assumir a máfia e já era uma fugitiva de uma cadeira federal dos Estados Unidos. — Não sei, mas eu estou de biquíni. Que, aliás, nunca vi na vida. Ele é meio muito v***a, né? — Isis explicou mostrando o biquíni que apenas tapava o bico dos seus p****s com dois pequenos corações e na parte de baixo, era um fio dental com um coração na parte de cima. — Eu não sei se você virou uma foragida, mas eu estou com cara de prostituta. Isso deve explicar porque estão olhando tanto para nós. — Você também está sem bolsa? Tem algum celular com você? — Ruby perguntou enquanto puxava Isis para um beco, tentando evitar as pessoas e celulares. — Não. Eu nem tenho roupa. Quem dirá uma bolsa. A única coisa que eu tenho é essa p***o gigante. Não sei como conseguimos ele, mas eu gostei demais. Vai ficar lindo decorando o meu apartamento. — Isis brincou completamente despreocupada. Ruby ouviu alguns passos, abraçou Isis, colocando ela na parede fingindo que se beijavam para esconder a roupa de Isis, para evitar assédio. — Acharam elas? — Um homem passou pelo beco conversando com outro em inglês. — Não. Será que era mesmo ataque terrorista? Não faz sentido. Elas explodiram o torre Eiffel. — O outro respondeu balançando a cabeça completamente confuso com a notícia. — O mais louco é saber quem eram duas mulher e uma criança. E parece que foi a criança que jogou a granada que explodiu tudo. Não devem demorar para encontrar elas, afinal, a polícia toda está fazendo buscas para encontar elas. — O outro acrescentou quando eles já estavam virando a esquina.. — Isis... — Ruby olhou para Isis completamente pálida, ouvir aquela conversa fez ela lembrar de flashs da noite passada. — Eu acho... que talvez... eu tenha jogado uma granada na Torre Eiffel. — Sabe que não faz sentido. Estávamos em Las Vegas, explodimos a Torre Eiffel e depois fugimos para a Itália? Isso é um absurdo. Não diga loucuras. — Isis disse antes de usar um saco de ração com o fundo rasgado como vestido. — Fiquei bem? Dizem que é a última moda em Paris. — Não. Faz total sentido. Ainda estamos em Las Vegas, nunca saímos daqui. Estamos nas réplicas dos monumentos. Só isso explica tudo isso. Temos que voltar para o hotel. Talvez Lisa esteja lá. — Ruby sugeriu tentando não rir do modelito de Isis. — Aliás, sua roupa está uma coisa de louco. As duas cairam na gargalhada enquanto tentavam descobrir como chegar no hotel. Perguntando a todos que encontravam pelo meio do caminho. No início, estavam envergonhadas, mas depois, notaram que ninguém parecia se surpreender com o modelitos delas. Cerca de duas horas depois, finalmente chegaram ao hotel, passaram uma hora tentando conseguir um novo cartão de acesso para o quarto, obviamente, não estavam com ele. — Aliás, chegou algumas encomendas para as senhoras. — o gerente entregou o cartão e mais três caixas. Uma mais pesada que a outra. — Peço por favor que evitem bater nas portas dos vizinhos e sair correndo. Houveram várias denuncias da amiga de vocês fazendo isso ontem a noite. — Ah! Me desculpa. Bebemos demais. — Ruby se desculpou mesmo sem lembrar de nada, para quem tinha explodido a réplica da torre Eiffel, bater na porta de desconhecidos não parecia nada. Ela tinha problemas bem maiores para lidar, como o desaparecimento de Lisa. As duas subiram o mais rápido possível para o quarto preocupadas com Lisa, estavam agarradas na esperança de encontrar ela no apartamento, mas em vez disso, encontraram o quarto completamente revirado. — Parece que o quarto foi arrombado — Isis disse enquanto procurava a Lisa nos outros cômodos. — Parece, mas foi só a gente se arrumando para sair mesmo. Eu lembro da gente se arrumar. Brindar com um champanhe antes de sair. Depois disso... Acho que a gente foi para o cassino. Tudo fica uma bagunça depois disso. — Ruby tentava relembrar — Lisa não está em lugar nenhum. — Vamos procurar no teto? Lembro de um filme que a galera bebeu, ficou louca, perdeu o amigo, rodaram o mundo todo desesperados atrás dele e o tempo inteiro ele estava dormindo no teto. — Isis sugeriu tentando ler o que tinha escrito na tatuagem. — Que língua é essa? " Homines sedendi sunt, vis amare. Ideo patiuntur. " Que p***a é essa, Isis? — Tenta encontrar os nossos celulares, talvez Lisa tenha enviado mensagem ou ligado. Eu vou conseguir as imagens da câmera do cassino e do hotel para ver se descubro o que rolou — Ruby disse enquanto trocava de roupa, mas acabou tropeçando nas caixas. Uma delas, que estava semi-aberta, acabou virando, deixando o seu conteúdo. — Isso é um dicionário de latim? — Ruby perguntou olhando para o livro confusa. — Não! — O que foi? — Isis perguntou abrindo as outras caixas procurando algo mais interessante que um dicionário — Ração para lhama? Quem diabos tem uma lhama? Ruby... porque temos aqui uma caixa com dinamites e granadas? Como diabos entregaram isso em um hotel? O que merda a gente fez ontem a noite para comprar essas coisas?
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