Lugar de lixo é no lixo

1914 Words
Ruby chega em casa perto do anoitecer. Deixa o carro no estacionamento e desce trocando mensagem com MB que estava tentando compreender onde Ruby queria chegar com aquele plano, mas antes de chegar na entrada do prédio, se depara com uma briga de casal, para sua surpresa, ela de certa forma conhecia ambos. — Isis, me ouve. Você precisa entender. Não tínhamos mais nada. Quantas vezes te levei no meu apartamento? A gente nem morava mais junto. Um dia ela simplesmente surgiu no meu apartamento e disse que éramos casados, que viveria lá. Eu não te enganei em momento algum. Vamos sentar e conversar sobre isso. — Henrique dizia segurando um buquê de flores vermelhas enorme, havia mais de cem rosas ali implorando para serem salvas e retiradas das mãos daquele homem que balançava elas. Isis teve uma crise de riso ao ouvir o que aquele homem estava dizendo. O absurdo era tamanho. — Vamos ver, eu estou nos meus vinte anos, gata e gostosa, sendo desejada por onde eu passo. Com um futuro incrível pela frente. E vou aceitar a traição de um calvo de quarenta anos que nem sabe onde fica o p*****g de uma mulher? Se ao menos tu fosse bom de cama, conseguiria entender a razão de tudo isso, mas nem isso você é. Me poupe. Não quero ouvir as suas mentiras. Se for para ouvir essas besteiras, vou assistir o horário eleitoral. — Isis respondeu enquanto o homem se aproximava ainda mais, mostrando as flores em sua mão. — Eu sei que errei. Não estava nos meus planos me envolver com você e muito menos dela vir. Eu quero que a gente tente dar certo. Não há mais nada para nos atrapalhar agora. Seremos só eu e você. — Henrique tinha a esperança que aquelas palavras e as flores pudessem tocar o coração de Isis, m*l sabia ele o quanto que estava enganado. — Ainda digo mais, se está aqui sem anel, tenho certeza que a sua esposa descobriu o lixo que você é e te expulsou de casa. Acreditou que eu ia te aceitar? Tá me achando com cara de reciclagem? Lugar de resto é no lixo. Não na minha cama. — Isis tomou as flores da sua mão, jogou no chão, usando elas de tapete enquanto de aproximava de Henrique — Eu deveria fazer um bom churrasco de você, mas não vale o meu tempo. Vá embora antes de me irritar ainda mais. — Pensei que agiria assim, afinal, sou apenas um professor, enquanto você é uma menina rica, linda e com muito para viver. Jamais daria certo. Vivemos vidas completamente diferentes. Eu entendo que esteja usando tudo isso como desculpa — Henrique se afastou de Isis como se tivesse ferido — Se for assim, não valeu a pena eu ter aberto mão do meu relacionamento, o meu casamento de 12 anos, para você brincar comigo e depois jogar fora. Está pensando o quê? Não. Não vou aceitar. Não podemos terminar, você tem que ser minha. Entendeu? — Nem morta serei sua. — Isis respondeu na lata. — Nunca fui e nunca serei. Eu sou minha. — É o que vamos ver — O homem gritou indo para cima de Isis, mas antes que pudesse chegar perto, o som de um tiro chamou atenção deles dois. Ruby ao ver que Henrique estava indo para cima Isis deu um tiro para o alto. Antes de chegar em casa, ela havia passado na casa de MB justamente para pegar uma arma. Afinal, ela havia se dado conta que não podia mais ser apenas protegida por todos para sempre. — Deita no chão ou o velório será com caixão fechado. — Ruby disse irritada. — Ruby? — Isis se chocou ao ver Ruby com uma arma na mão. — Isis, eu passei alguns dia no apartamento de um amigo. Conheci a mãe desse i****a e também ouvi algumas conversas. A esposa dele veio para cá a pedido dele. Estavam planejando ter um filho. Depois de descobrir a traição, soube que estava grávida e desapareceu durante a madrugada. A mãe que e tanto se orgulhava dele, amava a sogra, passou m*l quando soube de tudo e está hospitalizada. Esse lixo só se importa consigo mesmo. — Ruby estava prestando atenção nos movimentos do vizinho o tempo inteiro. — Babaca — Lisa chegou por trás sem ninguém perceber, bateu com toda força dela, usando uma mochila cheia de livros. Na mesma hora, Henrique desmaiou. — Será que eu matei? — Não. Ele ainda está respirando. O que vamos fazer com ele? — Isis disse colocando o dedo no pescoço dele para verificar se estava vivo. — Tenho uma ideia. Vamos colocar ele na mala. — Ruby abriu a mala do carro. Com a ajuda das três, conseguiram colocar o homem no porta-malas. Ruby, sem dizer o destino para as outras duas, seguiu viagem. — Vai jogar ele na porta do hospital? Você já foi mais criativa e divertida, Ruby. — Lisa se decepcionou, esperava algo mais interessante depois de tanto mistério. — Óbvio que não. — Ruby estacionou na lateral do hospital, ao lado de uma grande caçamba de lixo não reciclável . — Vamos descartar ele no local adequado. O lixo! — Eu amei a ideia. Quero até tirar umas fotos para recordação. — Isis gargalhou ao abrir a janela do carro e sentir o odor horrível que vinha da caçamba de lixo. Lisa ficou responsável por vigiar se alguém vinha e registrar o momento. Enquanto isso, Isis e Ruby tentavam tirar o homem do porta-malas e jogar na cambada. Depois de derrubar Henrique algumas vezes no chão. Conseguiram finalmente colocar ele na caçamba de lixo. — O que vamos fazer agora? Que tal comer uma pizza? Estou morrendo de fome. Pode ser sushi também. — Lisa perguntou antes de entrar no carro. — Estava pensando em uma noite das meninas. O que vocês acham? Tenho um jato disponível e uma vontade louca de beber até esquecer quem sou. — Ruby sorriu para Lisa e Isis. — Sim ou vamos? — Las Vegas? Eu topo! — Isis concordou colocando o cinto de segurança. — Antes disso, acho que quero deixar um presente de despedida para o meu querido Henrique. Será que vocês podem me ajudar com mais uma coisinha? Não vai demorar muito. Isis contou tudo plano para seu presente de despedida para Henrique. Não podia deixar de se sentir irritada com a traição e magoada ao mesmo tempo. Queria fazer algo para extravasar os seus sentimentos, jogar ele no lixo não havia sido suficiente. Primeiro passo do plano era passar em todos os supermercados, lojas e papelarias para comprar o máximo de glitter que conseguisse. Depois se gastar uma hora só em busca do material, voltaram para o prédio que moravam. Onde o carro de Henrique ainda estava estacionado em uma vaga proibida. — Como vamos abrir o carro? Quebrando o vidro? É uma boa ideia, não é? Ele merece ter um gasto depois de ser tão escroto. — Lisa sugeriu segurando uma pedra enorme que tinha encontrado no chão. Já pensando em jogar ela na janela do carro. — Chamaria a atenção. Deixa comigo. — Isis abriu o capô do carro, mexeu por algum tempo quando menos esperavam, ouviram o som do carro ligando e destravando. — O que você acabou de fazer? — Ruby perguntou curiosa. Claramente Isis havia feito algo como uma ligação direta e destravo de alguma forma o veículo sem o uso da chave. — Meu pai me ensinou que existem algumas respostas que não precisam ser ditas para segurança de todos os envolvidos, afinal, só é crime, se alguém descobrir. — Isis respondeu gargalhando. — Vamos começar? — Eu amei a sua nova amiga. — Lisa brincou levando os pacotes para perto do carro. — Esse glitter não vai ser suficiente para cobrir ele todo. A gente ia precisar de uns 15 mil quilos. Acho que temos o suficiente para jogar no chão e nos bancos. — Ruby disse passando os olhos por dentro do veículo que estava impecável de tão limpo. — Henrique tem frescura com o carro? Ele parece que saiu agora da fábrica. — Há um mês acredito que ele comprou. Uma pena, só não é? — Isis riu enquanto derramava um dos sacos de glitter no banco da frente e espalhava com ajuda do saco. — Espero que o glitter fique por gerações dentro desse carro. Usando todo glitter que compraram, espalharam por todos os bancos e no piso do carro. Os bancos estavam brilhando como se tivesse preparado para pular em um bloquinho no carnaval fantasiado de estrela. — Agora só falta um último detalhe — Isis disse antes de fechar a porta colocando o telefone no ouvido — Alô? Eu gostaria de fazer uma denuncia. Sim. Há um carro parado em local proibido, dentro do campus. Está de frente ao prédio feminino. Sim.Não. Obrigada. Eu agradeço de coração o seu trabalho. — Me lembre de nunca irritar essa daí. — Lisa sussurrou vendo o sorriso de Isis ao ouvir que o carro seria rebocado. — Fala a garota que ameaçou um mafioso sem nem piscar. — Ruby brincou com a amiga. — E você chutou os ovos dele. Se pensar bem. Eu sou um doce perto de vocês duas. — Lisa sorriu mandando beijinhos para Ruby. — Ahhhh! Como nasce uma vez só e sonsa desse jeito. Ainda bem que é minha amiga. Tu é pior do que nós duas juntas quando quer. — Ruby disse antes de destravar o carro. — Agora vamos. Já organizei o jato. Partiu para Las Vegas. Vamos curtir esse final de semana. — Final de semana? Espera. Não voltamos amanhã? — Lisa perguntou surpresa. Pensou que seria apenas uma noite das meninas. — Você tinha dito noite das meninas, não é? — Vamos estar tão bêbadas que não vamos saber se é dia ou noite. — Ruby brincou antes de entrar no carro. — Meu pai biológico morreu. Eu não sei onde está a minha mãe biológica. Meus pais adotivos me amam tanto que devem ter colocado vários seguranças atrás de mim e Verônica deve está planejando alguma coisa. Ela concordou fácil demais. Eu preciso extravasar ou vou explodir. Vai ou fica? — Ruby... Não será assim que você vai lidar com o luto. — Lisa sabia o que tinha acontecido, Natália ligou contando tudo para ela. — Não. Não será assim. Vai ser através da vingança. Vou me vingar de quem ousou encostar na minha família, mas antes disso, eu quero beber, dançar, rebolar e pegar geral enquanto posso ainda. — Ruby respondeu vendo a hesitação de Lisa. Enquanto Isis já estava dentro do carro. — Você não precisa ir. — Você está maluca? É claro que eu vou. Acha mesmo que vou deixar só você ter história para contar. — Lisa entrou no carro desligando o seu celular, guardando no porta-luvas. — Vamos curtir! — Las Vegas, aqui vamos nós. — Ruby gritou abrindo o teto solar do carro, antes de subir o volume da música ao máximo. Afinal, quando ela voltasse, tudo seria diferente. Foi a escolha que fez quando decidiu aceitar seu destino e começar uma guerra contra todas as facções, até mesmo, as aliadas. Seu plano era acabar com toda máfia. Essas três saíram de casa em busca de aventura, mas não faziam ideia que iriam se envolver em tantos problemas, que iriam precisar pedir reforços.
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