A decisão de Ruby

2158 Words
Ruby gritou até perder as forças e desmaiar nos braços de Verônica que abraçava ela com força com medo que ela acabasse se ferido ao cair. — Devemos levar ela no médico? — Vitor perguntou enquanto se aproximava. — Deixa. Eu levo ela. Ruby é pequena, mas tu também é. — Engraçadinho. Tenha cuidado para não bater a cabeça ou as pernas dela em nada. — Verônica passou Ruby para os braços do pai que sem dificuldade segurou ela. — Se levar ela nessa situação para o hospital, vão dopar ela, para deixar tudo dormente, mas uma hora o efeito do remédio ataca e tudo volta ainda mais intenso que antes. A dor vai continuar em seu peito. Deixe que ela sinta isso. Não se pode evitar a dor de perder alguém importante. — Acho que a tristeza dela é não ter conseguido se despedir ou fazer as pazes. Quando ela chegou, anos atrás, todos os dias falava da sua mãe e do seu pai sem parar. Depois daquele dia, aquela bruxa abriu mão da filha por um homem e o meu irmão escolheu a máfia, Ruby nunca mais tocou no nome dos dois. Como se tivesse tentando apagar a existência deles. Deve ter sido doloroso demais para ela. — Vitor confessou ao se aproximar do carro. — No fundo, acredito que ela queria reencontrar os seus pais. Infelizmente, nenhum dos dois está mais nesse plano. — Por enquanto, vamos manter segredo que a mãe biológica dela não está viva. Deixe que ela lide com uma dor de cada vez. — Verônica abriu a porta traseira do carro e sentou no banco traseiro — Vou aqui atrás com ela. — Tudo bem. — Vitor concordou colocando Ruby com cuidado dentro do carro. Como a olha estava passando por uma reforma, Verônica e Vitor alugaram uma pequena casa beira-mar. Ficava alguns minutos do lugar. No meio do caminho, Vitor parou em uma padaria, comprou algumas comidas e partiu em direção da casa. — Vou colocar ela no nosso carro, tá? Vocês duas podem dormir lá por enquanto e eu fico na sala. — Vitor sugeriu ao estacionar o carro. — Enquanto você coloca ela na cama, vou preparar o nosso café da manhã na varanda. Precisamos de um tempo assim para acalmar a mente. — Verônica concordou segurando os sacos com tudo que Vitor havia comprado na padaria. Como os dois haviam combinado, Vitor levou Ruby para o quarto, tirou os sapatos que a filha usava, ligou o ar-condicionado e a cobriu, antes de ir, deu um beijo na cabeça dela e sussurrou. — Eu e sua mãe vamos sempre estar ao seu lado. Não esqueça nunca disso. — Vitor disse antes de sair do quarto. Quando chegou na sala, Verônica já havia arrumado toda a mesa, estava sentada tomando um suco de laranja enquanto olhava pensativa para o mar. — O que a minha mente perigoso está tramando? — Vitor perguntou sentado na cadeira ao lado da sua esposa. Já havia uma xícara de café preto preparada para ele na mesa. — Para vencer uma guerra, precisaremos de aliados fortes. — Verônica explicou olhando para o marido — Eles fizeram a minha filha chorar. Vou fazer eles se arrependerem. Ninguém mexe com a minha filha e fica vivo para contar história. — Algo me diz que a minha esposa já pensou em um plano. — Vitor havia notado que ninguém era melhor do que Verônica quando se tratava de criar um público. — Óbvio, estou pensando nisso desde que vi os olhos de Ruby vermelhos quando ela chegou nos seus braços. Vou te contar os meus planos, mas logo adianto, vamos ter que viajar. — Verônica sabia que precisava buscar pessoas que confiava. Enquanto tomavam café da manhã, planejaram todo o plano para lidar com a guerra que havia se formado dentro da máfia com a ausência de um líder e de seus herdeiros. Verônica havia conseguido informações sobre a situação e o fato de acharem ainda que Ruby está morta deixava Verônica aliviada. Depois de comerem, os dois decidiram deitar no sofá abraçados, queriam apenas descansar um pouco, mas acabaram adormecendo sem perceber. Ruby despertou um pouco depois, confusa com o lugar, mas se sentiu aliviada ao ver Verônica e Vitor dormindo no sofá. Evitando acordar os dois. Ela foi para varanda em silêncio, ficou alguns minutos assistindo o mar indo e voltando. Fazendo com que os pensamentos dela voltassem ao seu lugar. Ruby ficou tão imersa em seus pensamentos, que não notou Verônica se aproximando por trás. — Acordou? Quer comer alguma coisa?! Juro que não fui eu que fiz, compramos em uma padaria — Verônica brincou sorrindo para a filha. — Que tal a gente fazer uma macarronada por almoço? — Ruby perguntou sorrindo, era a única comida que Verônica sabia fazer além de sanduíches. — Vamos. Tem tudo na geladeira. — Verônica se surpreendeu, mas achou melhor apenas observar sem dizer nada. Juntas e a base de muitas gargalhadas, as duas prepararam uma enorme panela de macarronada. O cheio de queimado despertou Vitor, que levantou do sofá preocupado, mas ao ver as duas na cozinha, sabia o que estava acontecendo. — Amor, você acordou. Melhor ainda, vamos comer agora e aproveitar que o macarrão está quente. — Verônica queria fazer uma refeição juntos. — Agora mesmo. — Vitor concordou colocando os pratos na mesa. Sentados a mesa comendo juntos, colocaram as novidades em dia, falaram sobre a ilha, a restaurações do restaurantes, sobre a faculdade, as novas amigas e até mesmo os paqueras. Foi mais leve que Verônica esperava. — Que tal um filme? — Verônica sugeriu enquanto tirava os pratos da mesa para colocar para lavar. — Não posso. Tenho que cortar para o campus. Pai, pode me conseguir um carro? — Ruby iria precisar, já que havia vindo junto com seu pai. — Não é cedo demais? Não tem problema faltar mais uma semana. Quer dizer, não é melhor trancar o semestre? Você pode voltar próximo semestre. — Verônica não queria deixar Ruby sozinha naquela situação. — Eu tenho que voltar. Deixei um jogo pela metade. Preciso voltar para casa e terminar o que eu comecei.— Ruby disse com um olhar decidido que os pais já conheciam muito bem. Ela acordou naquela manhã completamente decidida e com um plano formado para vingar a morte de seu pai. — Ruby, o que você está planejando fazer? — Verônica foi direta, anos cuidando da sua filha, fez ela entender exatamente o que significava aquele olhar decidido. Normalmente terminava com alguém ferido, algo quebrado ou fogo. — Fazer o mesmo que todas as pessoas da minha idade, cuidar do meu lindo futuro. Não é para isso que se estuda? Por falar em futuro, quando vocês iriam me contar que a razão de passar anos longe do meu pai foi por ele estar envolvido com a máfia e eu era a única herdeira? — Ruby perguntou sendo tão direta quando a mãe. Verônica ficou tão surpresa com a pergunta que derrubou os pratos. — Sendo sincero, nunca. A partir do momento que aceitou ser minha filha, não tinha qualquer envolvimento com nada disso. Continua sendo minha filha e sempre será. Não há razão alguma para meter você nessa sujeirada toda. Não sei o que você está pensando, como soube disso ou qual os seus planos, mas eu espero que ouça bem o que estou te dizendo. Você é a minha filha. MINHA. Não tem qualquer relação com a máfia. Se algo acontecer, quero que me diga na mesma hora, eu irei cuidar para que não se repita. Te protegi até hoje e vou continuar fazendo isso. — Vitor disse com o olhar sério. Ele não iria permitir que a sua filha se metesse naquela guerra. — Vamos passar um tempo fora do país, ficaremos na casa de Ulisses. Acho melhor você vir conosco. — Não posso. Tenho aulas. Como o senhor mesmo disse, sou sua filha, porque eu deveria temer a algo estudante em uma universidade no interior do país? Não confia na filha de vocês? — Ruby tinha um plano, dessa vez, seria ela que colocaria um ponto final em tudo aquilo. — Nenhum pouco. — Verônica respondeu sentando na cadeira. — Exatamente por ser minha filha que eu não confio. Sei exatamente que tipo de absurdos eu faria. — Vocês colocaram vários seguranças no campus, eu tenho certeza, se algo tivesse acontecido, você já saberiam e se acontecer, vocês também vão saber. Tenho certeza que devem ter bolado um plano de fuga para em caso de perigo. Então... Oficina vazia é oficina do d***o, melhor me deixar no campus focada no futuro. Nesse momento, preciso disso. — Ruby argumentou pensativa do que poderia ter acontecido com os homens que seu pai colocou para vigiar ela. — O que acha, Verônica? Deixamos ela ir ou levamos conosco? — Vitor perguntou confuso. — Como se a gente pudesse forçar ela. Ruby tem dezenove anos, decide a sua vida por si só e também tem que lidar com as consequências dos seus erros sozinhos. E mesmo que a gente tentasse, estamos falando de alguém que fugia de casa com oito anos. Imagine agora. — Verônica sabia que não havia forma de prender Ruby se ela quisesse partir, mas precisa se manter de olho nela. — Posso levar o seu carro novo? Gostei dele. Parece uma nave especial e é tão confortável na estrada que eu dormi bem. — Ruby mudou de assunto antes que Verônica encontrasse uma forma de impedir ela. — Não! Leve o meu. É o mesmo modelo, só que é branco. — Verônica levantou pegou a chave do carro com um chaveiro enorme e entregou nas mãos da filha. — Qual a pegadinha? — Ruby achou estranho Verônica ter concordado tão rápido. — Você terá que crescer muito para conseguir me enganar, mas eu não posso impedir que você faça escolha, só não esqueça que tudo tem uma consequência, seja boa ou r**m. — Verônica explicou. Vamos viajar hoje a noite para os Estados Unidos. Mandarei que o jato volte e fique disponível para você perto do campus. Se algo acontecer, entre nele e vá até onde estamos. — Verônica conhecia a filha o suficiente para saber que não havia formas de impedir Ruby de tomar as decisões de sua vida. Apenas podia aconselhar e agir na surdina sem que ela perceba. — Terei isso em mente. Não se preocupem demais. Eu não farei nada que vocês não fariam. — Ruby disse com um sorriso no rosto levantando da cadeira. Indo até o quarto para pegar a sua bolsa. — Como ficou tão parecida com você? — Vitor coçou a cabeça sabendo que não teria paz até que tudo aquilo tivesse resolvido. — Não se preocupe. Ela tem o plano dela e eu tenho o meu. Vamos ver qual das duas vai agir mais rápido. E acabar isso primeiro — Verônica, diferente do que Ruby imaginava, tinha planos para manter a sua filha segura e longe de bagunça. — Obrigada, mãe e pai. Por favor, não façam besteira e cuidem bem dos meus três irmãos. Vocês não vão se arrepender de me deixar ir hoje. — Ruby disse antes de abraçar os seus pais, se despedindo. Verônica e Vitor acompanharam Ruby até a garagem onde estava o carro. Acenando enquanto ela se distanciava deles sem hesitação. — Eu já estou arrependido de deixar ela ir. — Vitor suspirou — Não deveriamos te escondido a verdade dela. Talvez ela esteja correndo perigo. — Vitor, não sei o que está acontecendo, mas sua filha já sabia de tudo.e sabe exatamente a situação que se encontra. Ruby iria fazer o que tem vontade, a gente querendo ou não. Melhor fingir que concordando e colocar alguém de olho nela. — Verônica explicou o seu plano enquanto digitava uma mensagem no seu celular. — Não já temos os nossos informantes e seguranças lá? — Vitor perguntou sem entender do que Verônica se referia. — Algo está errado. Eles deveriam ter avisado que Ruby desapareceu com você. No relatório que recebi dizia que ela está bem e em casa com a Lisa. Não sei o que está acontecendo, mas acho melhor gastar a energia para descobrir o que está acontecendo, do que tentando impedir alguém de maior de fazer o que quiser. — Verônica era objetiva, não ia gastar tempo com uma briga inútil. Ruby sabia dos perigos, ela apenas não se importava. — Vamos localizar todos os nossos homens e descobrir quem é o traidor. Enquanto Vitor e Verônica focavam em descobrir quem havia traído eles e feito um relatório falso sobre Ruby para eles dois. Do outro lado, a filha deles já estava falando no celular, movendo algumas peças, para conseguir colocar o seu plano em prática. — Matteo, eu tenho uma proposta para te fazer. — Ruby disse entrando na cidade que ficava seu campus universitário.
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