Só pode ser castigo

1976 Words
Ruby ficou receosa, não sabia que tipo de reação a garota teria ao saber que alguém tinha assistido aquele momento tão constrangedor dela, mas para sua surpresa, Isis não estava envergonhada, tinha ciência que a culpa era de Henrique, ela era uma vítima, entretanto, não podia deixar de ser sentir triste com a situação, afinal, ela havia sido enganada e traída. E essa era uma dor que não se podia negar. — Ah, eu me chamos Isis, moro na república flor de cerejeira. Também fica aqui perto. E vou adorar beber até ter um coma ou a minha mente apague a existência daquele crápula. — Ísis respondeu levantando a cabeça, o seu rosto estava repleto de lágrimas escorrendo, mesmo assim, ela sorriu ao se apresentar. Por coincidência, ambas moravam no mesmo prédio. — Eu também. Então, melhor ainda, podemos beber no saguão e falar m*l desses malditos que estragaram nossas noites. — Ruby sugeriu. Afinal, depois de um dia conturbado como aquele, ela necessitava de álcool para esquecer e relaxar antes de dormir. — Pode ser. Acho que eu realmente preciso de uma bebida bem forte, ou vou acabar fazendo um churrasco e será muito problemático. Prometi a minha mãe que não causaria problema. Melhor beber. — Isis concordou levantando da cadeira animada. Afinal, não seria um homem que iria derrubar ela. Naquele momento, Ruby só pude rir, afinal, havia feito a mesma promessa para sua mãe. Sentiu que de alguma forma, ela e Isis tinham mais em comum do que uma noite r**m. Ruby só iria descobrir no futuro, quanto realmente as duas eram parecidas e como aquele encontro mudaria a vida das duas. No caminho até em casa, enquanto caminhavam, descobriu que Isis estava cursando o quatro semestre de jornalismo na mesma faculdade. Ela era um pouco mais velha, tinha 22 anos, mas tinha muito menos juízo do que Lisa. Ruby não pode deixar de pensar enquanto ouvia as histórias de Lisa: " Será que eu sou um ímã de doido". Para coincidência ser ainda maior, Isis era a sua vizinha de quarto. Logo que chegaram no apartamento, Ruby subiu para pegar algumas cervejas na geladeira. Lisa não havia chegado ainda, mas enviou várias mensagens preocupadas, ela era uma boa amiga. Antes de descer para o saguão do prédio, Ruby respondeu as mensagens acalmando a amiga, dizendo que já estava em casa e sugerindo que ela aproveitasse o encontro. Ruby e Isis beberam contando suas desilusões amorosas. Logo foram notando algumas coisas em comuns. As suas haviam sido super protegidas por seus pais, a ponto de estudarem em um colégio da família e ter poucas saídas de casa até completarem seus dezoito anos. Eram como princesa presas em uma torre protegidas por um dragão. Quando as bebidas finalmente acabaram, aquelas duas decidiram subir para seus quartos, apoiadas uma na outra, subiram as escadas gargalhando em cada tropeço que davam. Felizmente, as duas conseguiram chegar até o apartamento inteiro. Antes de se despedirem, trocaram contatos e combinaram uma próxima bebedeira. Ruby entrou no apartamento, foi direto para seu quarto e se jogou na cama do jeito que estava. Em questão de segundos, adormeceu completamente. Naquela noite, ela passou boa parte da madrugada se remexendo na cama tendo pesadelos. No sonho, havia um homem muito machucado escondido em um lugar abandonado. Ruby não conseguia ver seu rosto, mas podia ouvir o tempo inteiro aquele homem pedindo para fazer silêncio e repetia a mesma frase várias vezes: "Ninguém pode saber da sua existência. Você é o meu maior segredo. Nunca poderá ser revelado". Ruby despertou com o celular tocando, já eram onze horas da manhã. Sua primeira aula começava 12h30. Atendeu a ligação de Verônica, explicou que estava atrasada antes de levantar da cama sonolenta. Para sua surpresa, havia uma mesa de café da manhã servida. Lisa deixou antes de sair para aula. Diferente de Ruby, o curso da amiga era integral. Ela iria viver mais tempo na faculdade do que no apartamento. — Pelo nível do café da manhã, ela com toda certeza está feliz. Acho que o encontro foi melhor do que o esperado — Ruby pensou alto enquanto sentava na mesa para comer. Aproveitando a comida pronta, comeu o máximo que podia e guardei o que sobrou. Vendo que já era quase meio-dia. Tomou um banho rápido, coloquei um short básico jeans, uma blusa folhada azul de um personagem alienígena da Disney e por fim um tênis. A ressaca que sentia impedia ela de se arrumar mais do que aquilo. A faculdade era tão perto que podia ir a pé. Ruby chegou em menos de cinco minutos. Teria conseguido chegar na hora, se não tivesse se perdido no campus e tido dificuldade para encontrar a sala de aula, mas finalmente, achou sua sala, para sua infelicidade, a aula já havia iniciado e todos já estavam na sala. Ruby só precisou colocar um pé dentro da sala que todos começaram a fofocar sobre ela. O vídeo do bar estava viralizado. O fato dela chegar atrasada, depois de todos já estarem na aula, não ajudava muito. Ruby respirei fundo para não mandar geral se lascar. Ela já tinha problemas suficientes. Para chamar menos atenção, ela sentou em uma cadeira próxima a porta. Se sentiu tão acuada que não teve coragem de olhar para o professor que já estava em sala de aula. — Boa tarde, pessoal. Me chamo Matheus, sou o professor substituto da turma. O que estava indicando para ministrar essa disciplina sofreu um pequeno acidente e terá que se afastar por certo tempo. Eu serei o responsável pela turma até a sua volta. — A voz do professor surpreendeu Ruby, fazendo seus olhos automaticamente irem em direção dele. Ela não pode acreditar que aquele homem estava ali, como seu professor ainda mais. — Não fode! — Ruby gritou batendo na mesa com força chamando atenção de toda turma. Ela não podia acreditar que MB estava parado na sua frente como meu professor. — Você só pode está brincando com minha cara. Ruby vai conseguia acreditar no que estava em sua frente. MB estava completamente diferente do que o usual. Seu penteado estava mais tradicional, usava agora uma polo e uma calda jeans e seu tom de voz era definitivamente bem diferente do que ela havia ouvido em outras vezes. — Senhorita, não bastou entrar atrasada na sala de aula no primeiro dia, como agora está atrapalhando o andamento da aula? Peço que se retire da sala de aula se for continuar com essa atitude. Diferente de vocês, os outros alunos estão realmente interessados em assistir aula. — MB disse com um semblante sério. Fazendo até mesmo Ruby questionar se era mesmo a mesma pessoa que estava importunando ela ali. — Me desculpe, por um momento, acabei confundindo o senhor com um babaca que jura ser meu noivo, está espalhando mentiras por aí e criando uma enorme confusão. Quando na verdade é só um homem que eu rejeitei e não aceitou. Com o susto, acabei agindo de forma equivocada, peço desculpas a todos. — Ruby não iria permitir que MB conduzisse aquele jogo, afinal, ela também podia jogar. — Agradeço sua colaboração. Agora vamos continuar a aula... — MB apresentou um slide para turma, para surpresa de Ruby, ele parecia realmente saber do assunto. A aula progrediu sem mais problemas. Assim que o sinal tocou, os alunos pouco a pouco, saiam da sala, algumas alunas conversaram um pouco com o professor, pediram seu número de telefone, mas ele negou, alegando que como professor não podia passar da linha. Ruby ficou sentada, assistindo a cena, esperando todas saírem para conseguir falar com ele a sós. — Não deveria se apressar para a próxima aula. Será que você tem problemas com pontualidade? — MB brincou enquanto desligava o notebook, guardando dentro de uma mochila. — O que você está fazendo aqui? Sério. Não é ir longe demais se passar por professor apenas para me perseguir? — Ruby perguntou sem acreditar que ele havia ido tão longe apenas para perseguir ela. — Pensei em entrar como estudante, assim como você, pagar para ser aprovado, mas não ia ter paciência para fingir me importar com as aulas. E eu sou muito bom em decorar. Achei que seria mais divertido ser seu professor. Superior a você. De alguma forma, você precisaria agir com respeito ao menos, dentro da universidade. — MB confirmou todas as suspeitas de Ruby. — Então você confirma que está fazendo tudo isso apenas para me perseguir? Eu vou denunciar você. — Ruby ameaçou. Não tinha provas de sua importunação. Afinal, ele nunca havia sequer machucado ela ou aprisionado. — Não vejo dessa forma. Como eu disse, não me meterei na sua vida. Apenas vou estar por perto para quando você se der conta do quão precisa de mim. Além do mais, você parece não ter noção do risco que corre. Hoje mesmo meus seguranças pegaram dois homens te seguindo de outra facção. Você deveria ser mais esperta. Talvez eu não te force a ser minha noiva, mas como seu noivo, tenho a função de te proteger. Afinal, haverá muita gente que tentará se aproveitar de você agora que saiu da sua toca. Há anos estão buscando por você. — MB explicou, pegando Ruby de surpresa, afinal, ela sabia que tinha sido ameaçada com aquele bilhete. — Pensei que havia dito que não precisava de ninguém me espionando. — Ruby retrucou, ao lembrar da conversa da noite passada. — Não menti. Eu não preciso de ninguém te espionando, mas preciso que te mantenham ao menos viva, já que noção não parece ser um dos seus fortes. Não sei como sua família permitiu que você estudasse aqui sem seguranças. Você é tão inocente que não faz ideia do que acontece ao seu entorno ou o tipo de pessoas que se envolve. Deveria crescer e abrir os olhos. — MB disse antes de colocar um cartão na mesa — Aqui está meu número. Me ligue quando perceber que eu estou certo. — Fala como se realmente gostasse de mim e quisesse me proteger. Quem ver até acredita. — Ruby brincou rasgando o cartão de visitas que MB havia colocado na mesa para ela. — Não gosto de você, eu preciso de você para meus planos. E não vou negar que você é bem mais divertida do que meu plano B e C. Darei um tempo para saber se você realmente vale a pena. Passarei apenas esse semestre aqui. É o tempo para você se dar conta e agir como a herdeira da máfia que você. Enquanto isso, vou aproveitar a vida de solteiro. — MB disse antes de sair da sala com um enorme sorriso. Ruby olhou para o papel em sua mão rasgado pensativa. Decidiu anotar o número do celular por segurança. MB parecia está agitando como um ser humano normal e não aparentar risco, mas ela não conseguia confiar nele, afinal, ele já havia sequestrado uma vez. Enquanto pensava sobre a história de ser herdeira da máfia, de alguma forma, a lembrança do sonho de mais cedo veio na sua mente, como um grande avisa. Ruby tinha a sensação que estava esquecendo algo muito importante. Enquanto caminhava dispersa pelos corredores, depois de perder a segunda aula no seu primeiro dia na faculdade, acabou esbarrando em uma estudante, fazendo o celular dela cair no chão, rachando a tela. — Me des.. Espera… Eu começo você de algum lugar? — Ruby assim que subiu os seus olhos, teve a sensação de conhecer aquele rosto de algum lugar. Era uma sensação nostálgica, mas ela não fazia ideia de onde já havia visto. — Oi, acredito que é a primeira vez que a gente se esbarra, dizem que o meu rosto é bem comum. Aliás, o meu nome é Beatriz. — Uma mulher ruiva se apresentou com um sorriso no rosto
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