expectativa X realidade

1924 Words
— Acho que perdi a fome. — Ruby disse ao ver o caco de vidro na sua comida, não tinha como manter o apetite em uma situação como aquela. — Vamos pegar a sua roupa e pedimos algo para comer em casa? Ruby sugeriu enquanto olhava ao redor, buscando se havia alguns prestando atenção nela e Lisa. Não notando nada. Acho melhor sair dali. Talvez fosse mais perigoso do que ela havia imaginado a situação. Precisava contar a Lisa o que estava acontecendo. — Ficou louca? Eu vou agora mesmo no restaurante devolver isso e fazer uma confusão. A gente poderia ter morrido se não tivéssemos percebido o vidro. Olha o tamanho disso?! — Lisa colocou a cumbuca de volta na bandeja indo em direção do restaurante. Deixando Ruby sozinha na mesa pensando na situação. — Você está certa, Lisa. Eles não queriam nos matar ou não teriam deixado um vidro desse tamanho e sim, pedaços imperceptíveis. Então estão tentando nos assustar? Ou melhor, me assustar? Mas porque? — Ruby não conseguia entender a situação e não fazia sentido ser o louco do sequestro, afinal, ele tinha se mostrado alguém direto e não tinha intenção de ferir ela, precisava dela. — Então, quem pode querer né machucar? Não demorou muito, Lisa voltou repleta de sacolas com várias marmitas feitas pelo gerente do restaurante na frente dela. Ruby olhou sem entender o que era aquilo. — Consegui o almoço da semana inteira! E dessa vez, sem vidro e bem diversificado. Não sei como aquele pedaço de vidro surgiu, mas deve ter caído de algum lugar ou está dentro da nossa cumbuca especificamente. O resto estava perfeito. — Lisa havia revirado o restaurante de cabeça para baixo em busca de mais pedaços de vidro, entretanto só havia aquele. O que deixou ela confusa no início, mas ao receber a proposta de dez marmitas, achou que seria melhor concordar e não levar em frente o que aconteceu. — Sim, só na nossa cumbuca. — Ruby não sabia como contar a amiga sobre o que tinha acontecido, mas acho que poderia colocar as duas em perigo guardar aquele segredo. — Lisa... — Eu sei. É muita comida. Vamos congelar quando chegar em casa. Não teremos tempo para fazer comida na semana. Será melhor assim. Vamos comprar as roupas. Já são cinco da tarde. — Lisa puxou Ruby para o corredor da loja, impedido que ela contasse a verdade. Ruby passou o tempo inteiro alerta no shopping, prestando atenção em todos que passavam por ela, enquanto Lisa experimentava diversas roupas sem saber qual seria melhor. Quando já estava por volta das sete horas, ela finalmente se decidiu e as duas voltaram para casa correndo para se arrumar. — Vamos nos atrasar lindamente. Muriel odeia atrasos. — Lisa olhou desesperada para Ruby pedindo ajuda. — Só mandar uma mensagem pedindo para ele passar um pouco mais tarde. Diga que teve um contratempo e só poderá sair lá para 22h. Ele só vai ficar chateado se chegar aqui e a gente ainda tiver tomando banho. — Ruby sugeriu desse vez ela que estava dirigindo o carro. Lisa: "Muriel, tive um contratempo, só estarei pronta as 22h, tudo bem por você." Muriel: "Okay". — Ele é sempre tão sem graça assim? — Ruby brincou ao ver a resposta, mas se arrependeu assim que viu a cara da amiga. Lisa era extremamente sensível e insegura quando se tratava de Muriel. — Talvez ele só não esteja interessado mim, por isso... — Lisa disse desanimada olhando para a mensagem monossilábica que havia recebido em resposta. — Você me disse que ele era introvertido. Se quer fazer ele falar, bebam juntos. Tenho certeza que um novo Muriel vai surgir depois de alguns copos. Não desanime antes de tentar. Você também me responde monossilábica e super me ama. Talvez ele apenas goste de ser objetivo. — Ruby sugeriu. Não queria que a amiga desistisse antes mesmo de tentar. Lisa passou duas horas para se arrumar mesmo já tendo escolhido uma roupa, a meta era estar impecável, a ponto de mexer com as estruturas de Muriel. A expectativa estava alta. Enquanto a amiga se produzia, Ruby tomou um banho, colocou uma roupa confortável para sair e um tênis. Aproveitou que está a pronta para comer e guardar as milhares de marmitas que Lisa havia conseguido obter por conta do vidro encontrado na comida. — Me sinto um pouco culpada, afinal, tenho certeza que são inocentes, mas não consigo pensar em ninguém que poderia me ameaçar. Poucas pessoas me conhecem. Posso contar nos dedos as vezes que saí da ilha. Como eu poderia irritar alguém? — Ruby pensou alto enquanto guardava as marmitas. Quando Ruby terminou de guardar tudo, ouviu o grito de Lisa, que correu em sua direção com o semblante pálido e o celular na mão, parecia que tinha visto um fantasma. Ruby na mesma hora pensou: será que a pessoa que está me ameaçando nos seguiu até aqui? — Tem alguém no apartamento? Você viu o rosto? Te machucou? Vamos sair e chamar a polícia quanto estivermos lado de fora. — Ruby perguntou indo em direção da Lisa para juntas fugirem do apartamento. — Que? Não. Quem estaria aqui? Tá maluca? Estamos em um campus universitário. O mais seguro da América latina, como teria alguém aqui, sua louca? Eu não sabia que você tinha esse lado medroso. — Lisa disse rindo, mais logo o seu sorriso desapareceu — Recebi mensagem agora de Muriel, ele chegou, está lá em baixo esperando por nós. — E, porque você está assustada? E ainda me chama de maluca. Marcamos de sair com ele as 22h. É surpreendente a pontualidade dele, mas não é para tanto. Você esperava ele não aparecer, sei lá? — Ruby ainda estava sentindo o seu coração batendo forte com o susto. — O que acha? Como estou? — Lisa usava uma blusa com decote coração e um short cintura alta de tecido não era curto o suficiente para passar vergonha, mas medida certa para mostrar um outro lado de Lisa que Muriel desconhecia e precisava urgentemente conhecer. — Uma grande gostosa. Se Muriel não pegar, eu pego. — Ruby brincou tentando deixar a amiga mais relaxada. — Muriel não é desse tipo, mas não faz m*l tentar atentar ele, não é? Afinal, ele pode ser certinho, mas ainda é homem. Sempre o encontrei nas reuniões dos nossos pais. Acho que é a primeira vez que vamos sair sozinhos. E eu quero muito impressionar. Acho que nunca me senti tão ansiosa com nada antes. Nem o vestibular me deixou tão pilhada. Me desculpa. Eu sei que é i****a. Nem eu me reconheço assim, mas não consigo me parar. — Lisa estava cheia de expectativas, Ruby tinha medo que ela se dececione, mas queria acreditar que a amiga não se apaixonaria por alguém r**m. — Então vamos descer e ver a reação que o homem terá quando te encontrar, assim você também vai se acalmar. — Ruby sabia como a sua amiga tentou esconder esse segredo por tantos anos. Muriel havia sido o primeiro amor de Lisa e ela guardou esse sentimento por muitos anos esperando a oportunidade certa, se não fosse agora não seria nunca. — Me sinto namorando com Muriel recebendo mensagens e ele vindo me pegar na porta. Já posso até imaginar como será o nosso casamento, os nossos filhos. Ahhh! A nossa casinha em um interior bem calmo. Podemos montar uma clínica beneficente e cuidar dos nativos— Lisa sonhava enquanto desciam as escadas. Ruby não pode deixar de rir do pensamento amigo. — Emocionada? Que nada. Graças a deus. Super tranquilinha. — Ruby brincou, não tinha como ouvir aquilo e não rir. Como poderia alguém ter medo de encontrar com o outro e sonhar tão alto com essa pessoa? Ruby se questionava. Esperando por elas na frente do apartamento, estava Muriel uma BMW preta. Parecia uma nave espacial. — Boa noite. — Muriel sorriu descendo do carro. Ruby sorriu para Lisa e fez um sinal de positivo, ele era melhor que ela imaginava. — Vocês podem entrar. — Boa noite. Eu sou a Ruby, melhor amiga e confidente de Lisa desde pequena. Já ouvi muito falar de você por minha amiga. — Ruby se apresentou antes de entrar no carro, afinal, não podia entrar no carro de um desconhecido. — Boa noite, Muriel. Obrigada por concordar em sair com a gente. Peço desculpas pelo atraso. — Lisa disse parando na frente dele. — Tudo bem. Sair de vez enquanto é bom para esfriar a cabeça e focar melhor no que procuramos. Aliás, você está linda com essa roupa. Combinou com você. — Muriel sorriu colocando uma mecha de cabelo de Ruby que estava solta, colocando atrás da orelha. — Sério? Obrigada. Eu estava nervosa, as roupas estão bastante bagunçadas e eu peguei a primeira que vi. — Lisa respondeu envergonhada. — Ah? Foi isso. Então é por isso que ainda tem uma etiqueta na roupa. — Muriel se aproximou de Lisa, em um movimento só arrancou a etiqueta do bolso. — Então, vamos indo? Se a gente demorar muito não teremos lugar para ficar. Ruby foi no banco de trás olhando para seu celular o tempo inteiro, para deixar a sua amiga confortável para falar o que quisesse, enquanto isso Lisa se sentia ainda mais namorada indo no banco da frente ao lado de Muriel. Alguns minutos depois, estávamos descendo em um barzinho mediano, podia ouvir o samba que tocava do lado de fora e os cartazes enorme falando sobre o preço do litrão de cerveja. Era óbvio que ali era o point da universidade. — Vocês procuram uma mesa e eu vou buscar uma bebida para gente. Muriel, o que você vai beber? — Ruby queria dar todas as oportunidades para aqueles dois tentarem ser felizes. O primeiro plano se consistia em deixar os dois ficarem a sós o maior tempo possível. — Pode ser uma água. — Muriel era tão sem graça como esperado. Tenho que trazer uma caipirinha com o dobro de álcool para Lisa. Se ele é tímido, temos que deixar ele assanhado. — Vou pegar uma caipirinha para nós duas, Lili. Volto já. — Ruby não o esperou a resposta antes de sair do lugar. Entrou no bar sem olhar para trás, porta adentro, indo em direção ao bar. Ruby andou em direção ao balcão, passou pela roda de samba, estava repleto de homens bonitos. Bem que Verônica havia alertado que o campus seria perfeito para Ruby esquecer o ex-namorado que a havia traído e jogado toda a culpa nela. — Por favor, duas caipirinhas duplas, pode caprichar no álcool. — Ruby sorriu para o garçom gatinho que a atendia enquanto ela sentava em um banco alto de frente ao bar. — Agora mesmo. — O sorriso do garçom o entregou. Ele tinha caído na rede de Ruby, para seu azar. — Vejo que a minha noiva não perdeu tempo. m*l chegou no bar e já está paquerando o garçom. Pensei que como uma boa patricinha você teria um gosto mais requintado, mas você é mesmo uma caixinha de surpresa. — MB sentou ao lado de Ruby acenando para outro garçom trazer uma nova cerveja. — O que você está fazendo aqui? — Ruby olhou surpresa para o lado, assim que reconheceu a sua voz. Uma parte dela queria acreditar que esse homem iria desistir, outra tinha certeza que era apenas o início de uma grande batalha. — Vou chamar a polícia agora.
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