CAPÍTULO 3
AYLA
Entro no banheiro e me olho no espelho, quem era esse homem maluco? E o que ele quer comigo? Ainda mais com essa história maluca de casamento?
Lavo o meu rosto, e passo a mão molhada na minha nuca, em todos esses anos trabalhando nesse bar, eu já encontrei muita gente doida, mas nenhuma vez alguém disse que ia se casar comigo, o pior é que aquilo não parecia um flerte qualquer, soava mais como uma ameaça.
Saio do banheiro e volto para o balcão, olho em volta procurando aquele homem, mas para o meu ele não está mais ali, vejo o papel sobre o balcão e pego, as letras bem escritas naquele pequeno guardanapo "Skravonski", quando leio aquele nome um arrepio sobe pelas minhas costas, toda Moscou conhecia a fama dessa família, mafiosos impiedosos e cruéis.
— Ayla, o que está acontecendo? As mesas estão sem atendimento—Pietro diz,me olhando.
— Eu, eu já estou indo—digo guardando o papel no bolso da minha calça.
Atendo as mesas da melhor forma que posso, no entanto, aquele papel parecia queimar no meu bolso, era só o que me faltava, problemas com a máfia.
O movimento já havia diminuído no bar, quando Cassie, a outra garçonete, se aproximou de mim.
— Amiga, está tudo bem? Parece assustada—ela pergunta se escorando no balcão.
— Cassie o que sabe sobre os Skravonski's?—pergunto e ela arregala os olhos.
— São demônios Ayla, demônios frios, que matam até sem motivo, o meu avô trabalhou na mansão deles, quando o primeiro Skravonski estava no poder, e ele diz que nunca viu um homem tão r.uim quanto ele, depois que o velho Roman morreu o tal Maksim assumiu o poder, e dizem que ele era tão r.uim quanto o anterior, porém a sua beleza camuflava a sua maldade, algumas pessoas juram que ele matou o próprio pai, mas isso nunca foi provado, inclusive dizem que a filha dele forjou a própria morte para fugir de um casamento forçado—ela diz.
— Como sabe tudo isso, Cassie?
Olho para ela curiosa, após tantas informações.
— Muita coisa o meu avô me contou, e outras eu pesquisei, apesar de perigoso esse mundo me fascina—ela sorri, mas eu em contraponto estou realmente assustada.
— Você pode fechar tudo com o Pietro? Estou um pouco indisposta—digo e ela sorri, no fundo, ela gostava de fechar o bar com o nosso gerente, pois eles adoravam se pegar sobre as mesas do bar.
Pego a minha bolsa e saio do bar, observo a rua, tem um carro preto estacionado do outro lado da calçada, nunca vi esse carro por aqui e algo me dizia que tinha tudo a ver com o loiro de olhos azuis que afirmou que se casará comigo.
Caminho rapidamente para o ponto de ônibus e seguro o meu spray de pimenta com toda força, mas o carro preto não sai do lugar.
Logo o meu ônibus chega e sigo para casa, entro no meu apartamento e tranco a porta rapidamente, solto a respiração como se ela estivesse presa todo esse tempo, passo a mão pelo meu cabelo e me sento pegando o meu notebook.
…Skravonski…
Dígito na barra de pesquisa e logo começam a surgir as fotos na tela, na pesquisa dizia que eles eram donos de grandes empreendimentos na cidade e que tinham como atividade principal o ramo de transportadoras.
Quanta hipocrisia, a atividade principal deles era matar pessoas.
Rolo a tela mais para baixo e vejo a foto de um casal, o homem é muito bonito, até lembra aquele maluco do bar, porém sem as tatuagens e o cabelo comprido.
Mais abaixo uma moça e ele, corro os meus olhos para os nomes Isabella e Adam Skravonski filhos de Halyna e Maksim.
Ótimo, o filho do mafioso estava atrás de mim, ah Ayla, em que merda você se meteu dessa vez?
Observo novamente a foto dele, os músculos distribuídos pelo o seu corpo, os olhos azuis, as tatuagens e a cara de bad boy.
Balanço a minha cabeça tentando me livrar daquilo e fecho o meu notebook colocando sobre a mesa, bufo e caminho até a cozinha para pegar um suco, tomo o líquido quase todo de uma vez, eu estava nervosa. Tomo um banho rápido e volto para a minha cama, pego logo no sono, mas os pesadelos me assolam novamente, o mesmo sonho, mas desta vez o homem que me persegue tem rosto e o rosto é de Adam Skravonski.
Acordo assustada olhando ao meu redor, ainda é madrugada. Levanto e caminho até a janela, observo a rua, e lá está o mesmo carro parado em frente ao meu prédio, abro a janela e faço questão de quem quer que esteja dentro da merda daquele carro me veja, então mostro os dois dedos do meio em direção ao carro, mas o motorista não esboça nenhuma intenção de sair de lá.
Desisto e fecho a janela, e sentando no pequeno sofá e ligando a TV, vou trocando os canais aleatoriamente, mas não encontro nada que prenda a minha atenção, na verdade, mesmo que fosse o melhor filme, não iria me fazer parar de pensar nisso tudo.
Acabo dormindo no sofá mesmo, e desta vez quando abro os meus olhos o dia já tem amanhecido, observo pela fresta da janela e o carro também se foi.
Respiro mais aliviada.