Kate Mancini
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Mandei uma mensagem para minha irmã avisando sobre tudo, e como sempre me repreendeu pela vida qual eu escolhi. Mais o que eu podia fazer se me apaixonei por Lorenzo? E depois que descobri suas origens fiquei assustada, mas resolvi aceitar. No fim ela disse que nos amava muito e estava ansiosa para conhecer a sobrinha, e que nos esperaria aonde o jatinho fosse pousar.
Já no caminho dentro do carro estamos todos aflitos porque talvez essa hora eles já saibam da nossa fuga e estejam a nossa procura.
Minha linda bebê está no meu colo enrolada em seu cobertor dormindo e espero vê-la crescer longe de toda essa bagunça.
— Amor? – Lorenzo me chama.
— Sim, querido.
— Estamos chegando.
— Certo. – Falo cabisbaixa.
— Não fique assim, vai dar tudo certo, aposto que se eles já estivessem descoberto, Vicenzo já estaria como louco me ligando e veja. – Mostra-me o celular.— Sem nenhuma ligação.
Suspiro, não irei me sentir tranquila enquanto não chegarmos a minha cidade natal.
Chegamos.
Descemos as poucas malas do carro com a ajuda de Russo, o segurança. Olho para trás, Lorenzo com uma mala fina prata em suas mãos e um sorriso logo aparece e retribuo. Pego em sua mão e andamos até o jatinho quando…
... Ouço palmas.
A pista de pouso e decolagem onde estávamos era distante de tudo, tanto que ao seu redor tinha bastante vegetação alta.
Um arrepio subiu pela minha espinha e aperto minha filha contra meu peito e a mão de Lorenzo fez o mesmo com a minha. O barulho continuou, Russo colocou as coisas dentro do jatinho e foi se aproximando desarmando sua arma.
— Fique atrás de mim. – Lorenzo ordena e eu acato.
Quando olhamos Mateo Salvatore em carne e osso com seus homens.
— O que vocês acharam? Que poderiam fugir de mim? Acharam mesmo que não vigiaria vocês dois desde que pisei meus pés nessa cidade? Esqueceram quem sou?
— Mateo, eu dou o que você quiser, mas não faça nada com elas.
Um sorriso diabólico surge em seus lábios.
— Não me faça rir. – Seu semblante se fecha. — Me dê a criança.
— Não.
Lorenzo se coloca em nossa frente.
— Por favor, Mateo! – Grito.
— Kate, você é mais inteligente que isso. A única vez que se fez de burra foi quando escolheu ficar com esse i*****l.
— Não fale isso, Lorenzo também era seu amigo e ninguém escolheu nada. Você sempre quem foi competitivo demais, queria sempre mais…
— MAIS QUE INFERNO ME DÊ O QUE É MEU. – Mateo começa a sair do controle.
— Russo. – Lorenzo chama o segurança que se aproxima.
— Sim senhor.
— Lembra da nossa última conversa?
— Sim.
— Então essa é a hora.
— O que está acontecendo? Que conversa é essa?
— EU ESTOU PERDENDO A PACIÊNCIA.
Olhamos para nosso inimigo.
— EU SEMPRE SOUBE QUE ESSA IDIOTICE DE AMOR É A DESTRUIÇÃO DO HOMEM E OLHA SÓ LORENZO VOCÊ ESTÁ AQUI... EM MINHAS MÃOS, AGORA ME DÊ A p***a DA PIRRALHA!
Ignoramos por ora e Lorenzo pega no meu rosto com os olhos cheios d'água.
— Eu juro que vou encontrar vocês.
Ele beija nossa filha.
— Do que você está falando? – Minhas lágrimas já caem uma atrás da outra.
— Você confia em mim?
— Sim, mais...
— Por favor, Kate, antes de nós, você precisa cuidar da nossa filha, tirá-la daqui, Mateo depois dessa fuga consegue mudar qualquer plano que tinha para fazer nossa filha pagar por nossos erros do passado.
Ele beija minha boca.
— Entre agora naquele avião.
— Ele vai matar você.
— Vai Kate.
— Nunca se esqueça que amo você.
— Eu te amo.
Beijamo-nos como se fosse a última vez, mais eu não queria acreditar nisso. Eu não poderia acreditar que nosso fim seria assim. E que nosso melhor amigo seria o causador disso.
Sou tirada dos meus devaneios com um puxão no braço por Russo e vejo Lorenzo pegar sua arma, Mateo dá um sinal para os seus seguranças não atirarem e somente ele fica com a arma na direção do meu marido.
Vendo tudo isso em câmera lenta, sinto que já estou sentada dentro do jatinho olhando meu marido levar um tiro na perna...
— Nããããooooo... – Grito e sinto um pulinho no meu colo e a bebê começa a chorar.
Lorenzo cai e de longe do alto vejo ele de joelhos e Mateo olhando e apontando a arma na sua cabeça. E segundos depois meu marido cai para trás morto.
Eu não tenho palavras para descrever o que sinto, só sei que abraço forte a única coisa que ele me deixou a metade dele.
— Senhora, acalme-se, o meu chefe morreu feliz por salvar vocês e se tivesse acontecido algo a vocês ele nunca se perdoaria. – Russo fala.
Não respondo, apenas continuo chorando enquanto aqueles olhos azuis pequenos continuam a me encarar. É como se eu estivesse o olhando, porque ela é igual a ele, a única coisa que puxou a mim, é os cabelos.
E sempre farei ele está presente pro resto de nossas vidas.
— Filhinha, seu pai foi um homem bom, mesmo a vida que ele levava querendo tirar o melhor dele.
No fim beijo sua testa e pele macia. Depois do ocorrido mudamos nossa rota para irmos direto, e por sorte tínhamos combustível o suficiente para chegar aos EUA, então assim foi decidido.
Parece que passei dias dentro desse avião, mas foram mais de 10h até chegar do outro lado do mundo, o dia aqui já havia chegado e finalmente eu senti um pequeno alívio. Aterrissamos no local combinado e vejo minha irmã com um sorriso sereno. Desço e vou a seu encontro, que vem correndo e para na metade do caminho.
— Kate, que saudades, minha irmã! – Alex fala muito empolgada e logo nos abraça.
— Eu também estava.
— E cadê Lorenzo? Eu quero matá-lo. – Logo coloca a mão na boca. — Jesus me perdoe!
— Haha aí, Alex, você não muda.
— Culpa da saudade haha.
Termina de falar e me abraça, logo pega a minha bebê. E me olha.
— Você ainda não me respondeu, cadê Lorenzo?
Só de lembrar minhas lagrimas começa a rolar novamente e ela entendi o que possivelmente aconteceu. E me abraça mais forte ainda me consolando.
— Ah, Kate, eu sinto muito, mais quem vive nessa vida esse é o destino.
Saio do seu abraço limpando às lágrimas.
— Mais ele não morreu pelas causas que está pensando Alex. Mateo o matou.
— O quê? Aquele...
— Sim, o próprio.
— Eu sempre soube que ele seria um homem com problemas. O jeito que ele te olhava não era de um jeito amigável.
— É. Pode ser. – Abaixo a cabeça. — Agora não sei como poderei viver sem Lorenzo.
— Você é uma mulher forte e aqui nos meus braços tem a pessoa qual de dará a força para seguir.
Antes que pudesse responder, Russo nos interrompe.
— Senhora peguei todos os pertences.
— Ótimo. Coloque ali no porta-mala do carro da minha irmã.
Ele obedece, enquanto Alex fica fazendo gracinhas para minha linda bebê percebo que a mamadeira que Lorenzo a presenteou não está na lateral da bolsa. Fico desesperada.
— Russo, cadê a mamadeira?
— Qual Senhora?
Não respondo, apenas procuro e não encontro e a possibilidade de ter ficado no jatinho é muito grande.
— Fiquem aqui vou lá no dentro pegar.
— Senhora! – Russo pega no meu braço. — Não podemos ficar muito tempo aqui, precisamos ir para algum lugar aonde fiquem seguras, sua cabeça essa hora deve valer milhões, então por favor entre no carro e vamos.
— Me solte. Eu irei buscar aquela mamadeira foi um presente muito especial que o seu chefe presenteou a própria filha. E você não irá me impedir e olhe em voltar só há vegetação a nossa volta e não há ninguém e não daria tempo para Mateo fazer nada contra nós.
— Você que pensa.
Puxo meu braço.
— Você não irá me impedir.
— Enquanto termino de guarda as coisas, corra o mais rápido possível porque aquele jatinho precisa desaparecer daqui.
— Ok.
>>> Alex vê a irmã se afastar para ir buscar a mamadeira, perdida em seus pensentos o segurança a desperta e pede para que já se adiante e coloque a menina dentro do carro em seu bebê conforto. Ela não diz nada e apenas faz o que lhe é sugerido. Sem muita dificuldade termina rápido ao colocar a sobrinha em segurança.
A irmã de Kate franzi a testa quando olha novamente em direção ao jatinho e atrás dele vê uma pessoa correndo em rumo à mata. E logo diz:
— Aquilo é um homem? – Aponta.
— Mais que merda! – Russo se desespera. — Entre no carro e aconteça o que acontecer, não olhe para atrás e saia daqui com a menina.
— Eu não posso deixar minha irmã.
— Eu cuido dela.
— Mais...
— Mais que inferno mulher, obedeça.
— Grosso. – Resmungou.
Ela vê o segurança correr até o jatinho, e um tiro é disparo e solta um grito que logo tampa a mão na boca ao ver o homem cair ao chão e assustada entra no carro e não vai embora ainda na esperança da irmã aparecer. Com o barulho Kate aponta na porta do jatinho quando em menos de segundos uma explosão...
Alex sem pensar duas vezes aperta o acelerador e sai o mais rápido que pode daquele lugar, mais um tiro é disparado pelo vidro detrás atingindo o da frente. No momento da adrenalina e as vistas embaçadas por conta das lágrimas de sofrimento ao presenciar a morte da irmã continua a seguir.
Com o barulho a sobrinha começa a chorar sem parar. Mais sabe que naquele momento não se pode parar até que às duas estejam seguras. Alguns tiros são disparados mais felizmente não alcançam a velocidade do seu carro.
Quando chegam ao seu destino, no convento da cidade, pede ajuda a uma das irmãs que faz o favor de ficar com os pertences e a bebê. Leva o carro ao desmanche e volta para sua casa.
Tentando ser forte e a todo momento não chorar, o que se torna quase impossível após presenciar a maior tragédia de sua vida. Depois de todas as mulheres daquele lugar dar um apoio moral a ela, sobe para seu quarto para cuidar da única coisa viva que sua querida Kate deixou.
Pegou a menina no colo e olhou em seus olhos redondos e íris azuis. Dá um sorriso fraco e diz:
— Agora somos eu e você pequena...
Então cortando a própria fala quando percebe que a sua irmã não disse o nome da bebê.
— E agora qual o seu nome? Será que não deram um nome a você?
Levanta a criança até que estejam frente a frente. Pensando se teria que lhe dar um nome. A sobrinha resmunga pela posição desconfortável e mexe todo corpinho, dando a visão de um objeto com muito brilho no seu pulso.
Uma pulseirinha em formato de r**o dragão com uma plaquinha.
— Seus pais tinham gostos muito estranhos, mais seu pai não economizou ao te dar uma pulseira de diamante.
Reparando bem, ela vê algo escrito na plaquinha. E solta o primeiro sorriso depois de um dia de terrível. Apenas lê e balbucia:
— Olá pequena Merlia!
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