_____ Ansiosa pra ver Caio Victor

1317 Words
Valentina Senti uma onda de satisfação percorrer cada parte do meu corpo. Eu tinha deixado Caio Victor satisfeito e ele tinha-me recompensado por isso com o seu carinho e a suas duas palavras. Então ergui o meu rosto com um sorriso enorme, sentindo a minha visão trêmula pela emoção. Mas eu pude sentir com clareza quando o toque de Caio Victor deslizou da minha cabeça para minha bochecha, até que o seu polegar pressionasse o meu lábio inferior. Inevitavelmente, o meu sorriso foi sumindo até que eu focasse no seu rosto e nos seus olhos tão atentos à minha boca. ____ Porque você tem que ser tão nova? — Eu ouvi ele perguntar quando a sua respiração se tornou mais pesada. A minha, por outro lado, parou por alguns segundos. Eu não conseguia mais respirar porque, de repente, entendi o que Caio Victor quis dizer ao afirmar que a suas mãos estariam atadas até que eu fizesse os meus dezoito anos. Ele não poderia se envolver comigo enquanto eu não fosse maior de idade. E então eu odiei ser tão nova, assim como ele parecia odiar. ____ Não tem problema se ninguém descobrir... — Eu disse, um pouco inconsequente. Caio Victor, entretanto, parecia discordar. Era ele quem correria todos os riscos por se envolver com uma adolescente, afinal. ____ Eu sei ser paciente. Valentina. — Foi o que ele disse, deixando o seu polegar descer por meu queixo até que a sua mão não estivesse mais no meu rosto. Talvez eu tenha sido precipitada ao assumir isso tão rapidamente. Mas com aquelas palavras, Caio Victor fez-me acreditar que esperaria por mim. Estaria a ser tão ingênua a esse ponto? Talvez, mas aquilo encheu o meu coração de esperança e de um sentimento que eu jamais senti por alguém, até aquele exato momento. Caio Victor fez-me entrar num carro preto que tinha o nome da empresa discretamente na lateral. Então eu sentei entre ele e o seu pai, enquanto Max ia no banco da frente ao lado do motorista. No percurso de volta até o hotel, eu me encolhi entre os dois homens mais opressores que já tinha encontrado na minha vida. E eu não falo sobre as atitudes ou palavras que eles me dirigiram, porque, na verdade, o seu pai era surpreendentemente atencioso. Mesmo assim, como exatamente o seu filho, ele tinha uma postura que fazia qualquer um se sentir um pouco diminuído. Por isso, fui incapaz de pronunciar qualquer coisa até que chegássemos ao nosso destino. Como as vozes sérias de pai e filho conversavam sobre os resultados dos relatórios de uma filial em Vercelli fizeram-me perceber que nada do que eu pudesse dizer seria importante o suficiente para interromper. Então tudo que fiz foi olhar, sei que não tão discretamente assim, para Caio Victor, que nenhuma vez me olhou de volta. Quando finalmente fomos deixados na porta do hotel pelo motorista da empresa, eu desci e agradeci a todos por terem-me ajudado e dado carona para casa. ____ Eu não queria causar nenhum problema a vocês — Confessei, sinceramente, ainda com vergonha e com a cabeça baixa. — Sinto muito. Quem tocou no meu ombro foi o pai de Caio Victor, me fazendo levantar o rosto e o seu sorriso era pequeno, quase tão discreto quanto o do próprio filho, mas parecia sincero. ____ Não se preocupe com isso, criança. — Ele disse. — Só tome mais cuidado da próxima vez. Ainda um pouco envergonhada por tê-lo feito se resolver com um motorista furioso por minha causa, eu assenti. Depois vi o seu sorriso tranquilizador por apenas mais um segundo antes que ele virasse as costas para seguir para dentro da recepção. Quando Max o seguiu, Caio Victor finalmente olhou-me. Entretanto, ele não me disse nada e já estava se virando para trilhar o mesmo caminho que os outros dois. ____ Caio Victor? — Eu chamei antes que ele me deixasse sozinha na calçada. Ele olhou-me de novo e, deus, eu gostaria que ele sempre me olhasse. Eu simplesmente nunca vou conseguir me acostumar com a intensidade dos seus olhos escuros ou com a beleza do seu rosto. ____ Sim, Valentina? — Ele chamou a minha atenção ao ver-me em silêncio, admirando-o. Mas eu nem mesmo me envergonhei. Não era novidade alguma o quanto estava atraída e eu tenho certeza de que ele sempre soube muito bem como é lindo, capaz de tirar o foco de qualquer um. Mesmo assim, eu queria perguntar, então o fiz. ____ Eu posso... posso ir ver-te mais tarde? O que aumentou a minha chateação foi acreditar que ele me diria um sim e que então eu ficaria ansiosa durante o restante da noite até o momento de aparecer no seu quarto sem ser visto por ninguém. Mas ele negou. ____ Hoje não, anjo, tenho outro compromisso. — Ele disse, paciente, e eu vi que observou o meu uniforme da escola antes de me olhar outra vez. — Que horas a sua aula acaba? ____ As dezessete — Respondi, esperançosa. Ele sorriu, como se aquela fosse a melhor resposta que eu poderia dar. ____ Amanhã às dezessete, então. - Anunciou, com um sorriso suave, tão diferente de todos os que me tinha mostrado até então. Tão distinto do seu trejeito usual que até mesmo eu, na minha qualidade de adolescente burra, deveria desconfiar que algo estava errado. Mas a inocência combinada à ansiedade me cegaram, e tudo que fiz foi sorrir de volta, garantindo que no dia seguinte iria ao seu quarto assim que chegasse da escola. Por tudo isso, não posso dizer que o resto do dia ou grande parte do seguinte foram produtivos. Eu não conseguia colocar a minha cabeça no lugar, porque ela insistia que não valia a pena se concentrar em qualquer coisa que não fossem as possibilidades que me aguardavam assim que eu estivesse sozinho com Caio Victor outra vez. Então a noite, pela segunda vez, foi m*l dormida e as aulas, não que isso seja novidade, totalmente improdutivas eu estava ansiosa demais. Eu realmente nunca fui boa aluna. Não conseguia me concentrar porque qualquer mosca voando tirava a minha atenção e estar com a mente cheia de coisas relacionadas a Caio Victor só fortaleceu a minha natureza desatenta. Pelo segundo dia consecutivo, além de não conseguir me forçar a pelo menos tentar ouvir o que os professores diziam, eu nem mesmo prestava atenção no que Léo e Fernanda falavam, não até eles entrarem numa conversa que, invariavelmente, despertou o meu interesse. ____ Ela gosta de homens mais velhos, é sério, eu vi ela saindo de um hotel com um velho. Eu olhei para Fernanda, que fez o comentário enquanto tocávamos de sala para a aula de educação física. ____ Ugh — Leo fez uma careta olhando na direção de Fernanda, que estava sentado num dos bancos afastados, e então eu soube de quem estavam falando. ____ Não basta ser nojenta, tem que ser papa velho também! ____ A gente nem devia tocar no assunto, aqui — Fernanda voltou a dizer, enojada. — Vai que ela ouve. ____ Cara, isso é nojento. Uma garota com 16 anos transando com um cara velho. Eu voltei a concentrar-me na aula, sem tomar partido na conversa idiotä dos meus dois amigos. Eles sempre foram assim e eu nunca me importei muito. A Lisa era uma garota insuportável do colégio, sempre tratou todos muito m*l, então não era surpresa alguma que ela fosse sempre vítima dos comentários maldosos de Leo e Fernanda ou do resto da escola. Pelo menos, quando estavam ocupados falando de outra pessoa, eles perdiam menos tempo me provocando sobre a minha falta de namorado, ou minhas pernas grossas. Até porque estou sem saco para isso, eu só quero que essas aulas acabem o mais rápido possível para eu ir correndo para casa e encontrar o Caio Victor. ____Ahh... suspiro olhando o nada na minha frente.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD