_____ Toques

1569 Words
Valentina Eu havia escutado toda a conversa deles. Então ao invés de entrar no banheiro como deveria ter feito muito antes, eu caminhei de volta até a sala e o vi ainda sentado no sofá, começando a desabotoar a própria blusa e parar assim que me viu. ____ Você não me disse que era seu aniversário — Eu murmurei, porque não sabia mais o que dizer, ainda parada um pouco longe dele. Caio olhou-me sem dizer nada, mas falhou em esconder a surpresa quando eu dei um passo ainda hesitante na sua direção e comecei a desabotoar a minha blusa exatamente como ele estava fazendo antes que eu aparecesse ali outra vez. ____ Eu sou seu presente, Caio? — Perguntei, dando mais um passo, desabotoando mais um botão. A minha voz tremia porque eu não sabia o que estava fazendo, mas principalmente porque Caio me olhava daquela forma que deixaria qualquer um sem ar. ____ Não faça isso. Valentina. — Ele alertou, mas eu só me aproximei mais. A sensação de desobedecer Caio era estranha, porque eu sempre fazia tudo exatamente como ele queria que eu fizesse, mas não dessa vez. Só dessa vez. Ser seu aniversário era só um pretexto, porque havia um motivo ainda maior que me fazia querer fazer aquilo, e esse motivo era a felicidade que parecia ter tomado conta de cada uma das minhas células. Talvez não fosse na mesma intensidade, mas eu acreditava de verdade, naquele momento, que Caio também se sentia atraído por mim. ____Feliz? — Senti a minha voz morrer quando desabotoei o último botão da minha blusa amarrotada, exatamente na sua frente, sem coragem de tirá-la de uma vez porque eu odiava o meu corpo. Então eu respirei fundo uma ou mais vezes e finalmente livrei-me da última peça que ainda cobria a parte superior da minha pele. ____ Feliz aniversário, Caio Victor! Eu estava insegura, e o silêncio de Caio só fazia as batidas do meu coração se tornarem ainda mais frenéticas. Aquilo nunca funcionaria como um presente. Na verdade, talvez só o fizesse perceber como eu era feia. Então eu mordi o meu lábio e abracei o meu próprio corpo, tentando esconder o que precisei juntar tanta coragem para mostrar. Eu me desculparia? A vergonha era tanta que eu nem sabia o que deveria fazer, mas enquanto eu tentava descobrir, Caio segurou os meus braços e os forçou a se afastarem do meu corpo quase nu, deixando-o completamente exposto outra vez. Quando ele deslizou as pontas dos dedos por uma linha imaginária que ia dos meus seiös até o cós da minha calça, eu soltei o ar que nem sabia que prendia e deixei que os meus olhos se fechassem enquanto sentia o seu toque contra o meu corpo exposto só para ele. Então ele ficou de pé e nós dois nunca tínhamos ficado tão perto um do outro como naquele instante. ____Abra os olhos. Devagar, sentindo que tudo ao meu redor parecia girar, eu deixei que as minhas pálpebras se abrissem outra vez. Então eu vi o rosto de Caio tão perto que me deixou tonta. ____ Não tenha vergonha do seu corpo, Valentina.— Ele disse com a sua mão subindo por meu pescoço lentamente. — Você é linda, muito linda, meu anjo! Eu precisei puxar o ar com mais força, mas parecia que ele nunca chegaria aos meus pulmões. ____ Você é mais!— Eu murmurei, porque como Caio disse que eu era linda tornou-me incapaz de dizer o contrário. Ele então moveu a cabeça para o lado, negando. ____ Nós somos diferentes, meu anjo. Só isso! ____ Mas você é tão... — Eu não completei, porque não precisava. Meus olhos, minha respiração e cada uma das minhas ações deixavam claro o que eu queria dizer. Então, ainda um pouco atrapalhada, eu desci o meu olhar até a pele exposta por sua blusa já aberta até a metade e a toquei com as pontas dos meus dedos. — Deixa eu te ver de novo, Caio... O tempo que ele levou para me dar uma resposta fez-me acreditar que o meu pedido seria negado, mas a suas mãos seguraram as minhas e ele levou-as até o primeiro botão ainda fechado da sua camisa. O seu rosto estava sério, mas seus olhos pretos tinham aquele brilho que provaram o quanto ele não estava indiferente ao que estava prestes a acontecer. Então eu tirei botão por botão, até abrir a sua blusa completamente e deslizando por seus ombros para que caísse no chão. E ali estava, outra vez. Aquela tatuagem, os seus músculos suaves e a pele que eu tanto queria tocar desde a primeira vez em que o vi. E eu toquei-o. Na cabeça do dragão no seu peito, primeiro, para depois descer até os limites da sua calça ainda com o cinto afivelado. Eu não entendia como era possível alguém ser tão lindo quanto Caio. Era como se cada pedaço do seu corpo fosse cuidadosamente esculpido, até não restar uma só parte que não me deixasse sem ar. __ Isso não é normal?— Eu balbuciei, ainda incapaz de entender como uma pessoa poderia-me afetar tanto assim. Mas eu não queria entender. Eu só queria aproveitar aquelas horas que teria com ele. E sem pedir a sua permissão ou sequer pensar que ele poderia me rejeitar, eu passei os meus braços para suas costas e o abracei com força, sentindo o meu rosto contra o seu peitoral quente. E Caio abraçou-me de volta. Uma mão nas minhas costas, a outra na minha cabeça e a sua voz ricocheteando no meu coração quando ele me respondeu. — Eu sei que não é, meu anjo, mas eu adoro como você me faz sentir. Talvez eu tenha ficado tempo demais sem esboçar qualquer reação, acho que com medo de descobrir que Caio não estava a falar sério. Então eu fiquei quieta, ainda sentindo o calor do seu corpo contra o meu, porque se as suas palavras não fossem reais, pelo menos eu sabia que aquele abraço era. Caio era quente, o seu abraço era apertado e o seu cheiro era daqueles que não são bons só pelo perfume. Tinha algo de natural na forma como o odor da sua pele se misturava à colónia discreta, assim como foi natural ser tomado por insatisfação quando ele me afastou com cuidado. Mesmo assim, eu aproveitei que a minha cabeça não estava mais pressionada contra o seu peitoral e busquei os seus olhos, finalmente. Talvez ele fosse um bom ator, mas eu senti o meu interior se desestabilizando ainda mais quando não consegui encontrar sequer um indício de que ele estava mentindo, então eu me dei o direito de acreditar mais um pouco nele. Eu estava sendo um pouco inconsequente ao correr, de forma espontânea, o risco de iludir-me-mesmo que não existisse absolutamente nada além da minha insegurança me fazendo acreditar que aquilo poderia não passar de um teatro, mas quando os dedos longos e ásperos de Caio deslizaram por meu rosto, eu não consegui mais me importar com isso. ____ Valentina — Ele chamou-me, e só então percebi que o seu toque fez-me fechar os olhos quase inconscientemente. Então eu voltei a olhar para seu rosto, ainda um pouco sonhadora, só para sentir os meus olhos quase saltaram para fora quando ele me beijou na testa. Depois, ele fez o mesmo com a minha bochecha, e eu senti a sua boca se arrastar sobre a minha pele até que os seus lábios estivessem próximos ao meu ouvido. Eu precisei-me segurar nele com mais força, ainda aproveitando a proximidade do abraço recém-interrompido, para que o meu corpo não desmontasse no chão. Caio Victor definitivamente nunca fez bem ao meu equilíbrio, fosse ele físico ou emocional. ____Eu vou-te perdoar por ouvir a minha conversa com Milla. — Ele disse contra a minha orelha, com o seu hálito quente se misturando à sensação quase ameaçadora da sua voz tão próxima - mas nós não vamos sair se você não ficar pronta logo. Eu não tinha percebido até então que tinha entregado de bandeja a minha culpa em ouvir, sem permissão, o que ele e a mulher estranha tinham conversado, mas não foi vergonha que senti ao finalmente notar isso. Foi inquietação, porque Caio Victor parecia estar disposto a usar isso como parte do motivo para me castigar caso eu não o obedecesse e aprontasse-me rápido. ____ Eu vou ficar pronta rápida. — Afirmei, falando tão rápido quanto pretendia-me arrumar. Caio já tinha afastado o seu rosto do meu, então eu pude ver o seu sorriso pequeno e satisfeito quando ele gesticulou com a cabeça na direção do banheiro de onde eu nem devia ter saído, e se sentou outra vez no sofá. ____ Então vá, anjo — Ele reforçou, deixando que a suas mãos começassem a desafivelar seu cinto da mesma forma lenta que eu já tinha visto fazer uma vez. — Você não quer me aborrecer logo hoje, quer? Eu neguei sem precisar reforçar a minha resposta com palavra alguma, precisando de menos tempo para pensar, porque eu já conhecia a sensação ameaçadora de ver Caio com o cinto de couro nas mãos. Então eu nem sequer esperei que ele o retirasse completamente, consciente de que perderia o já fraco controle sobre o meu corpo caso o fizesse, e voltei ao banheiro com o estômago revirado e os dentes cravados no meu lábio.
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