Bruno Alcântara
Chegar em casa não era o que queria nesse momento, na verdade, queria apenas ter a minha esposa e meus filhos ao meu lado. Caminho em direção ao bar que temos em casa e escolho a garrafa de scott doze anos que Demétrius havia me dado de aniversário.
— Sério que vai beber Bruno? — Juliana diz com certa indignação.
— Tenho certeza que não vai deixar ninguém entrar…
Encho o copo e viro o conteúdo de uma única vez, sinto a presença de Claudio se aproximando de mim, sua mão vem para o meu ombro e nesse momento estou tão puto que não quero ouvir nada.
— Ei! O que houve? — Ele me pergunta preocupado.
— Trepei com a p***a de uma secretária há alguns anos e alguns dias atrás bebi demais, acabei transando com outra mulher acreditando que era a sua irmã. — Digo e viro em direção ao meu cunhado.
Seu olhar muda drasticamente, o vejo olhar para minha irmã que me olhar com tristeza e para a minha surpresa vejo Juliana dar as costas para mim e sinto impacto do soco que recebo.
Tombo para trás e caio por cima do aparador de bebidas, destruindo a maioria das garrafas que estavam ali. Tento me desvencilhar dos punhos do meu cunhado.
Mas Claudio é tão alto quanto sou, apenas não é tão musculoso, mesmo tentando me esquivar dele não consigo, estou preso entre suas pernas e sua mão estava agarrada em minha camisa.
— Confiei em você… — Sinto o novo impacto, meu supercílio se abre e o sangue escorre.
— Minha irmã não merece! — Claudio exclama e solta a minha camisa com violência.
Meu corpo desaba e bato com a nuca na ponta do aparador que estava quebrado. Olho para meu cunhado que caminha em direção a minha irmã que ainda estava de costas para onde estava caído.
O calor que escorre pelo meu rosto é mais que merecido, sei que se a Carol pudesse fazer isso ela teria feito novamente e tenho a sensação que dessa vez ela não me deixaria vivo. Limpo o sangue que escorre por meu rosto e olho para a bagunça que estava ao meu redor.
Levanto com dificuldade enquanto ouço Claudio tentando convencer minha irmã de voltarem para a casa deles, mas sei que ela ainda não está pronta para ir.
— Carol decidiu se separar e… — Mordo a parte interna da bochecha.
Não sei se devo contar sobre o Hassan, até porque sabemos que ele não é muito bom com segredos. Olho para a minha irmã e via ainda em seus olhos o quanto ela estava chateada com a situação.
— Está na hora de incluir meu marido nisso, porque as consequências serão para todos. — Ela diz e segura no braço do meu cunhado que estava de costas para mim.
— Tudo bem! — Digo olhando para os mesmos olhos verdes que possuo.
— Carol está tendo um caso com o novo segurança, com o fim do casamento, ela disse que não me denunciará…
— Em poucos dias irão conhecê-lo, já que terei que morar com eles! — Revelo de cabeça baixa e envergonhado.
Sentia o meu peito se partindo ao confirmar para a minha família o que estava realmente acontecendo entre mim e a minha Deusa. Ter que aceitar que ela agora está com outro é algo que devo demorar muito para poder aceitar.
Me surpreendo quando Claudio vira em minha direção e começa a gargalhar, ele caminha até o sofá sentando e estica a mão para que a minha irmã que se aproxima.
— Todo castigo para corno é pouco, Bruno, isso é um dito popular muito falado em Manaus. — Ele diz rindo da minha desgraça.
— Preferia estar morto a ter que aceitar ver minha mulher transando com outro homem embaixo do meu teto. — Digo irritado.
— Isso é simples de se resolver, posso ligar agora mesmo para Fritz. — Juliana se vira no colo dele.
— Não!!! — Ela praticamente grita.
Minha irmã olha do marido para mim, sei que ela me ama assim como o linguarudo do Claudio. Tudo o que ele está dizendo é por estar magoado com o que revelei para eles.
— Meu irmão não será morto, ainda não sei o que faremos, mas daremos um jeito… — Juliana diz me olhando. — Em família!
Respiro fundo e deixo a ferida aberta que está em meu peito sangre o que precisa, para poder cicatrizar ou me levar a morte de uma vez. Porque sei que será muito difícil, aceitar que a minha Deusa esteja com outro homem.
Mesmo com meu cunhado ainda desejando me matar, ele aceita beber comigo, deixar que amargue a dor do que ele diz ser o meu chifre.
Passamos a noite inteira bebendo, acabo dormindo no chão da sala, abraçado com uma almofada. Mudo um pouco de posição e sinto um corpo quente ao meu lado, ainda de olhos fechados passo o braço por sua cintura e inclino a cabeça na sua nuca.
Posso estar na maior ressaca, mas quando desço a minha mão pela cintura e ouço um gemido empurro o meu cunhado para longe de mim.
— Estava esperando para ver como seria você transando com o meu marido. — Juliana começa a rir e olho assustado para o lado.
Claudio ainda roncava abraçado com outras almofadas e para o meu desgosto o que estava abraçando não era as almofadas do sofá e sim o meu cunhado.
Sento no chão e sinto a cabeça pesar com a ressaca que estou sentindo, minha irmã se aproxima e me entrega um copo com água e algumas aspirinas.
— Nossa mãe deve chegar a noite, falei também com a Carol, ela está chegando pela tarde. — Olho para minha irmã e suspiro sentindo a dor pela nossa separação.
— Você entrou no fundo do seu poço, o que posso dizer a você é beber a água do fundo, respirar fundo e subir novamente. — Olho para a minha irmã e seguro uma risada.
— Desde quando começou a recitar a nossa mãe? — Pergunto sentando ao seu lado.
— No momento que me torne uma e fiquei ao seu lado. — Olho para a minha irmã e sorrio com amor.
— Eu a amo, implorei o seu perdão, ela disse que me ama também… — Digo e uma lágrima escorre.
Minha irmã segura em minha mão e com a outra seca o meu rosto com carinho.
— Conversei com ela hoje cedo, ela me explicou o lado dela e Bruno eu a entendo, acho que realmente Carolina está se apaixonando, ela apenas quer ser feliz. — Deito a cabeça no encosto do sofá e vislumbro o teto.
— Uma paixão que pode matar a nos três, deixando os nossos filhos a mercê do homem que está com problemas mentais. — Deixo as minhas preocupações saírem.
— Esse é o risco de serem quem são, mas tenho certeza que nossa mãe e nossa sogra vão conseguir pensar em algo. — Juliana t**a me animar.
Confirmo com a cabeça, mas a única coisa que me vem a mente é que no fim do dia estarei dividindo a casa com o amante da minha esposa. Olho para a minha irmã na esperança de que ela me diga o que falaram.
— Ela também te ama, deixou isso claro e não deixará que nada aconteça a você, mas nesse momento ela disse que precisa apenas de calmaria. — Concordo com a cabeça.
Me ergo do sofá e me abaixo, deixando um beijo na testa da minha irmã.
— Eu sei que decepcionei a todos, mas a amo e como disse a Hassan, não desistirei da minha esposa. — Digo convicto.
— É assim que se fala, agora melhor ir tirar essa cara de ressaca e arrumar a bagunça que fez com o Claudio. — Ela diz apontando para o canto.
Subo para o meu quarto para tomar um banho, preciso trabalhar um pouco, começo a pensar em tudo o que está acontecendo e uma forma de aceitar aquele segurança em casa.
Desço novamente e sorrio ao ver meu cunhado sentado na cozinha tomando uma xícara de café, me sirvo e deixo algumas ordens estabelecidas. Tenho que ir para a empresa e esperar Hector surgir aqui para resolver os planos que a minha Deusa tem.
Graças a deuses o meu dia foi extremamente carregado de afazeres, m*l tive tempo de olhar para o celular.
Mais sou surpreendido quando Raul entra na minha sala.
— Senhor, sua esposa acabou de ligar informando que já está em sua casa e que sua mãe o espera para conversarem. — Diz e o vejo sair da sala.
Largo o computador e relaxo na minha cadeira, olho para o relógio é já passava e muito da hora do jantar. Desligo tudo e saio do escritório indo em direção para a nossa casa.
Meus dois seguranças me levam de volta para casa e posso ver em seus olhos que eles estavam tentando falar algo, mantenho os olhos na telo do celular.
— Podem falar, estou percebendo a respiração de vocês. — Digo.
— Senhor, a sua mãe gostou de Hassan. — Deixo o celular escapar das minhas mãos.
Olho para os dois e sinto uma nova pontada no meu coração e uma veia em minha cabeça a ponto de estourar.
Chegamos no condomínio onde moramos e a frente de minha casa estava com alguns carros estacionados ali. Respiro fundo antes de ir enfrentar o circo que deve estar lá dentro.
Recolho tudo e saio em direção à porta enorme. Seguro a maçaneta e entro em casa, ouço a alegria de nossas mães e quando elas me veem o silêncio reina.
Podia ver o olhar decepcionado de todos ali em cima de mim.
— Saim todos, até você Hassan preciso ter uma conversa com o meu filho. — Minha mãe diz.
Enquanto todos estão saindo olho para Carolina que estava com o mesmo olhar triste e minha irmã parecia rir de algo, mas antes que pudesse dar um passo em direção a minha Deusa sou atingido por um sapato no meio da cara.
— Foi assim que te criei Bruno Marcos Alcântara?