15 - Bruno Alcântara

1912 Words
Bruno Alcântara Os dias tem se passado e a cada um que passa é pior que outro, deitar em nossa cama e não sentir o perfume da minha mulher me enlouquece. Não sabia mais o que contar para nossos filhos, eles estão começando acreditar que estou mentindo para eles. Finalmente minha Deusa atende a ligação, sua voz está diferente, não há mais aquela irritação, existe outra coisa ali que não consigo identificar, talvez ela tenha ligado para o Fritz e contado o que houve. Observo enquanto ela conversa com nossos filhos e sobrinhos que vieram passar o fim de semana em nossa casa. Matheus é o que está mais triste, nosso menino tem apenas quatro anos e é tão apegado a mãe com a minha pipoquinha. — Quando você volta mamãe? — Ele insiste na pergunta. Já havia feito a pergunta algumas vezes e ela apenas desconversou, o que me fez acreditar que não tem intenção de voltar para essa casa, não comigo aqui. “Assim que a mamãe conseguir resolver um problema com o papai, meu campeão.” Ela diz com uma voz suave, mas consigo nota que a sua voz tinha uma pontada de dor. — Não chora mamãe, vem pra casa e o papai faz carinho no dodói, onde é seu dodói? Matheus pergunta e decidi intervir na conversa, sei que para a minha Deusa tudo continua doendo dentro dela, conheço a mulher que amo. Tenho certeza que está se afundando em algo para esquecer o que houve. — Filho, que tal deixar a pipoquinha falar com a mamãe, tenho certeza que as duas estão com saudades. — Olho para o meu menino sentado na poltrona do outro lado da mesa. Ele concorda e antes que pudesse passar o telefone para a irmã, vejo minha menina abrir um sorriso lindo e me entregar o tablet e sair correndo com todos que estavam em meu escritório. Suspiro e olho para a tela, só agora percebi que ela estava sentada no nosso closet, havia várias roupas caídas no chão. Fixo meus olhos em minha Deusa e fico calado, com medo de causar alguma reação nela. Não quero que ela desligue a chamada, quero ficar assim olhando para a mulher que perdi. Sim, a perdi devido à p***a do meu ciúme. Como pude me descontrolar da forma como fiz, sabia que ela queria estabelecer uma amizade com Carrillo. Pensando no futuro, era essa a sua intenção de tentar fazer um comércio com ele. Depois que ela me perdoou por minha traição, meu ciúme ficou descontrolado, achava que ela sempre encontraria uma oportunidade para fazer o mesmo. Quando vi como Carrillo a tratou, era óbvio que ele estava querendo uma oportunidade. — Bruno, estou grávida… Ela diz e posso ver que estava surpresa com tudo isso, assim como estava. Ergo o dedo para a tela do tablet que estava no suporte, saio de trás da mesa e tranco a porta do escritório. Retorno para o dispositivo e olho para a mulher que estava com os olhos cheios de lágrimas. Via pelo seu choro que não era de felicidade e sim de tristeza. Sorrio para a novidade, nesse momento queria muito poder abraçar, beijar e me ajoelhar na frente da sua barriga abençoando nosso novo bebê. — Como você está, amor? Precisa que providencie algo? Quer voltar para casa? A encho de perguntas preocupado, levanto da mesa procurando o meu telefone, preciso ligar para o hangar, providenciar o jatinho. Tenho que ficar ao seu lado, cuidar de suas necessidades, seus desejos. Estou eufórico, serei pai novamente, minha Deusa espera um novo fruto do nosso amor. Encontro o celular e volto a me sentar em minha poltrona com os olhos nela. Suas lágrimas escorriam por seu rosto sem parar, estava soluçando e não conseguia dizer nada. — Eu te amo, mas não o perdoo. — Sinto o impacto e deixo o celular cair. — Carol… — Não quero você por perto, quero ter uma gestação tranquila, então depois que resolver tudo na Colômbia e voltar para o casamento, vou sumir. — Franzo a sobrancelha tentando entender o que ela disse — Você espera um filho meu, exijo participar da gestação, Carolina Alcântara… — Digo elevando a voz. — Você não exige nada, sua vida está em minhas mãos, então por hora ficarei longe para manter meu bebê bem. — Ela grita do outro lado. Controlo a raiva, minha Deusa não pode passar nervoso, faz m*l para nosso bebê, melhor concordar com o que ela tem em mente. Não me importo de morrer, mesmo sabendo que minha mãe faria o impossível para que Fritz não me mate. — Minha Deusa, pelo amor de Deus, você não pode ficar nervosa, se não me quer aí tudo bem, quer voltar para casa, me mudo para o apartamento. — Digo na esperança que ela se acalme. — Vou ficar aqui, me envie nossos filhos, estou com saudade, podemos conversar melhor quando vier para o casamento. — Ela diz com o seu olhar irritado. — Tudo bem, os envio amanhã com a babá, logo depois do almoço. — Digo na esperança que ela se acalme. A vejo olhar para longe e um surgir um tom em sua bochecha a deixando tão mais linda. Saber que está gravida faz com que meu olhar para ela mude, a vendo ainda mais linda do que sempre achei. Estranho a sua reação, ela parece constrangida com o seu olhar para longe, respiro fundo e controlo a raiva de saber que um dos soldados estava em nosso quarto a vendo daquela forma. Carolina sempre fui cuidadosa, os únicos que a realmente conhece são os de casa e os amigos próximos. Os soldados apenas conhecem a mulher Madame Suíça, uma das torturadoras da “First”. “Tenho que ir, me avise quando você embarcar a Laís e Matheus.” — Ela diz. — Me deixe informado sobre a gravidez, por favor… Ela desliga a chamada e fico olhando para a tela do dispositivo que estava refletindo a minha surpresa. Minha mente nesse momento está um turbilhão, preciso implorar o perdão da minha mulher. Não admito não participar da criação de um filho, quero estar presente assim como sou para a pipoquinha e meu campeão. Fecho a tela do computador, não conseguirei resolver nada hoje, ainda mais com a cabeça em euforia, quero comemorar. Preciso comemorar com alguém… Pego o celular e saio do escritório, passo pela sala e via Arthur e Laís competindo na dança no x-box, aceno para Mariana que continua conosco desde o nascimento da minha pipoquinha. — Mariana, vou sair por um instante. — Digo para a nossa babá. — O horário dessa tropinha é até as dez, depois cama. Ela concorda e me aproximo dando um beijo nos meus filhos e sobrinhos. Saio de nossa casa e dispenso todos os meus seguranças que ficam preocupados em me deixar sair sozinho. Pego a chave do carro e saio do condomínio que viemos morar, saímos do prédio para que meu cunhado e nem a minha irmã percebessem a vida tumultuada que estava tendo. Olho para o relógio e noto que chegarei a tempo, no melhor horário que tem. Comemorarei na comunidade, com os nossos amigos que estão lá para comemorar a eleição de mais um vereador que lutará pelos direitos da população que moram ali. Estava com um sorriso crescendo em meu rosto, estou com o peito inflado, quero gritar aos quatro cantos que minha mulher espera mais um herdeiro. Aperto o acelerador e corto os outros carros que pareciam se arrastar pela avenida. Da linha amarela já conseguia ver a comunidade e as luzes avisando que tem baile, é dia de festa entre a população. Pego um desvio e entro pela pista que apenas alguns têm direito de usar. Subo a comunidade sem muita resistência, passo em frente a nossa antiga casa, hoje é a casa do Júlio e a sua família, sei que ele anda buscando um apartamento, para quando os filhos crescerem. Estaciono o carro ao lado do carro da Juliana e sorrio em saber que ela estava aqui, desço do carro e vários populares começam a me cumprimentar, ainda me chamando pelo antigo apelido a tanto esquecido. — Apenas Bruno… — Digo sempre que eles me chama de Chefão. Entro na quadra e o DJ me enxerga, é o suficiente para abrirem espaço e poder subir para nosso camarote, já enxergava minha irmã e meu cunhado. Ela dançava e gesticulava para me aproximar. Chego perto deles e abraço a minha irmã que já havia bebido um pouco demais, Claudio estava tomando refrigerante e vigiando Juliana que estava com um vestido mais curto. Júlio também estava mais irritado do que o normal e olhando para como a Tânia estava dançando e bebendo, ele a irritou. Olhando para as sócias da minha esposa como queria que ela estivesse aqui fazendo o mesmo. Me enlouquecendo. Me sento onde os dois estão e recuso a bebida, aprendi a lição dessa vez, sorrio para os dois. — Carol está gravida! Digo alto o suficiente para as duas ouvirem e pararem de dançar. Júlio se ergue e me puxa para me abraçar, recebo os parabéns de todos e os vejo procurando por ela. — Cadê a minha irmã? — Suspiro e volto a sentar. — Brigamos muito feio, ela me expulsou de casa! — Decido contar apenas uma parte. Sei que não posso contar tudo por que o meu cunhado não sabe ficar calado, conta tudo o que não deve. Mas minha irmã me olha atentamente, ela sabe que tem algo mais. — Cunhado, sabe que se o conselho souber que estão separados, Fritz questionará! — Claudio diz e mantém os olhos na festa, enquanto todos olhamos para ele. — O que foi, vocês acham que denunciaria a minha irmã e meu cunhado? — Ele revira os olhos. — Já tenho dois filhos para criar, amo meus sobrinhos, agora serão três, estamos voltando a dormir tranquilos somente agora, não é mesmo pequena? Minha irmã o chuta e se senta ao meu lado, sorri e me abraça com carinho. A única coisa que queria nesse momento é poder chorar e compartilhar o que está acontecendo. — Bruno me leva até a casa da Amanda, preciso saber se ela está melhor! — Minha irmã me chama. — Te levo pequena… — Claudio diz e minha irmã o impede. — Fica aí, serei rápido, aproveito e passo algumas novidades do Suíça para o Bruno. — Meu cunhado suspira e volta a se sentar. Levanto e vou com a minha irmã em direção ao meu carro, abro a porta para Juliana entrar, ela já estava tonta e sorrio para como ela é tão parecida comigo, entro no carro e baixo os vidros caso ela queira vomitar. — Desembucha o que aconteceu, conheço a minha cunhada, se ela tomou essa atitude você fez uma merda muito grande. — Ela diz e seguro o volante com força. Levo o carro para o mais longe que posso, nos afastando de todos, preciso pôr a minha raiva para fora e não quero ninguém por perto. Chegamos na cabana no alto do morro, saio do carro e me ajoelho deixando o choro sair, Juliana se aproxima e apenas me abraça. Esperando que me acalme um pouco. — Bebi, fui drogado e transei como outra pensando ser a Carol e ela chegou na hora… Revelo para a minha irmã e vejo seu rosto horrorizado.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD