16 - Bruno Alcântara

1701 Words
Bruno Alcântara Sei que estou errado e não justificarei o meu erro, mereço o que a Carol está fazendo. Havia prometido a ela que nunca mais beberia a ponto de perder os meus sentidos. Deixei a p***a da insegurança falar mais alto, não confiei nos sentimentos de minha esposa e a acusei de deixar que o Carrillo se insinuasse. Tudo começou aí. — Ela queria formar uma aliança, sei que a minha esposa é linda e às vezes usa de seu charme para conseguir o que é necessário. — Digo para a minha irmã. Estávamos sentados há quase uma hora no gramado em frente ao barraco. — Bruno… — Via que ela não conseguia pôr em palavras. — Eu sei, Ju, me sinto um merda… Contei tudo para a minha irmã, desde o dia em que a Carol foi intermediar a situação do Fritz com o Saymon, acarretando a falta dela em Nova York e que transei com a secretária, até a nossa conversa de ainda pouco. Sinto os diversos tapas que a minha irmã me dá. Apenas aceito por ser um merda de homem. — O que você tinha na p***a da sua cabeça, Bruno. — Ela acusa. — Vocês homens só pensam com o p*u de vocês. Suspiro e baixo a cabeça para ouvir todo o seu sermão, que a minha irmã mais nova tem para me dar. — Precisa falar com a nossa mãe, ela tem que controlar o Fritz, tentar fazer com que não te mate. — A vejo se erguer do meu lado e andar de um lado para o outro. — Você sabe que… — Cala a p***a da boca… — A via irritada e pensativa. — Nossa mãe protegeu o Saymon de ser morto, por que você acha que ela não faria isso pelo próprio filho? Sei que se não tivesse traído a minha esposa, teria certeza que minha mãe me defenderia, mas da primeira vez ela já ficou do lado da Carol. — Nossa mãe não vai me defender Juliana, se for o caso, ela me entrega aos leões. — Deixo uma risada surgir e sinto mais um chute. — Deixa de ser i****a, minha mãe pensará em algo para te ajudar. — Ela diz com tanta segurança que por um minuto tenho esperanças. — Obrigada Ju, por me apoiar… — Sinto outro chute. — Não estou te apoiando, se vocês não fossem envolvidos com a máfia e o líder de vocês não estivesse ficando esclerosado, estaria ao lado da Carol para que ela te deixasse e encontrasse outro para criar os meus sobrinhos. — Ela diz e se vira para entrar no carro. — Nem brinca com isso, não consigo imaginar meus filhos sendo criados por outro macho. — Só de imaginar surge um incômodo no meu peito. Entro no carro e converso outros assuntos com a minha irmã, e um que vem preocupando a todos nos últimos anos. — Você acha que Fritz pode machucar a nossa mãe, ou Mia e Andreas? — Minha irmã suspira ao meu lado. — Mês passado o vi brigar com o Andreas, acho que depois daquela invasão ele piorou muito. — Isso é uma preocupação que vem deixando todos aflitos. Mas não quero pensar sobre isso agora, tenho que encontrar uma forma de me aproximar da minha Deusa, quero estar presente em suas consultas e participar dessa gestação. Tentarei me aproximar o mais devagar possível. Volto com a Juliana para o baile, antes de sair do carro ela se vira e me lança um olhar irritado e conseguia ver a sua decepção ali. — Não preciso nem dizer que o Claudio não deve saber, não é? — Concordo com a cabeça. — Vou conversar com a minha cunhada, não por você, porque não merece o apoio de ninguém, mas porque quero saber como ela está. Suspiro resignado e aceito calado o que minha irmã diz. — Me perdoe se te decepcionei… Digo com cabeça baixa e olhando para a multidão que estava na quadra, minha irmã abre a porta do carro e antes de se sair, ela vira em minha direção. — Posso estar decepcionada, mas você é meu irmão, por mais que não mereça conversarei com a Carol! — Ela diz e sai batendo a porta do carro. Podia voltar para ficar perto de nossos amigos, mas lembrar a merda que fiz me deixa ainda mais aflito, principalmente o fato de ver a minha mulher com um rubor em seu rosto, algo que não via a tantos anos. Já são dez anos de casamento, não há mais nada que faça a minha esposa se sentir envergonhada na minha frente, nem mesmo eu não sinto mais vergonha de nada com ela. Com certeza deve ter sido a Bia ou até mesmo a Vanessa que devem ter entrando em nosso quarto. Espero que seja a Bianca e converse com ela, não por mim, mas para que a Carol se sinta um pouco mais leve. Demorou uma semana para que ela conseguisse descontar um pouco da raiva que ela sentia de mim depois daquela traição, espero que ela consiga por para fora tudo o que está sentindo. Não posso passar a noite aqui, saio da comunidade e sigo em direção à orla, nosso barco deve estar ancorado na baia, estar dormindo na nossa cama e saber que dessa vez existe a possibilidade de que ela nunca mais volte e pior ainda, ela pode me denunciar para o conselho. Assim que chego no iate estacionado, o responsável pela manutenção estava lá. — Nos tire daqui. — Digo retirando a camisa e me deito no mesmo lugar que minha esposa gosta para poder se bronzear. A noite estava com poucas estrelas, até ali sentia que todos estavam brilhando menos para mim, apoiando a minha Deusa. — Chefe, que tal pescar um pouco, tenho certeza que vai se sentir melhor. — O nosso capitão diz. Sento e olho para o mar que estava calmo, sorrio e concordo com o homem que sorri e volta por onde havia vindo. Levanto de onde estava e vou para a parte de trás do iate, há um pequeno deque e dali podemos pescar. O homem surge com as duas varas e um pote com iscas. — Já fui casado, sabia? — Ele pergunta e estranho. — A convivência entre duas pessoas é muito difícil, ainda mais quando existem responsabilidades das duas para outros assuntos. — Não estou entendendo… Digo tentando colocar a isca no anzol e prestar atenção ao mesmo tempo. — Para o senhor estar aqui no barco as três da manhã, provavelmente a senhora o colocou para fora de casa. — Ele diz rindo e por um pequeno minuto me divirto. — Não só de casa, mas da vida dela também. — Digo arremessando o anzol no mar. — Difícil não é? Mas posso te garantir que vocês vão encontrar um equilíbrio… Olho para o homem que estava ao meu lado puxando a carretilha. — Vocês foram escolhidos para ficarem juntos, isso acontecerá, com tanto que aceitei as consequências… — Sabe patrão, olhar para vocês me faz lembrar da minha ex-esposa, se não tivesse sido tão orgulhoso estaria ao lado dela criando os nossos filhos… Sinto uma fisgada em minha vara e puxo na esperança de ter pescado algo, enquanto recolho a linha o homem ao meu lado incentiva. Puxo um robalo, que acho até bem grande, sorrio com essa pequena vitoria e olho para o homem que estava ao meu lado me parabenizando. — Pode lutar, vai cansar, vai doer os seus braços, mas no fim vai conseguir a vitória, tenha paciência com a senhora e tudo dará certo… Olho para o peixe que ainda se debatia em minhas pernas, podia ver a analogia que havia acabado de ouvir. — Obrigado, pelo que disse. — Digo sentindo um pouco de esperança. Ele bate no meu ombro e sorri para mim. — Levará para comer ou planeja soltar? — Olho para o peixe e para o homem. — Pode fazer o que achar melhor! — Digo seguro. Vejo o homem segurar o peixe com as suas mãos e o jogar para a água. — Lembre-se, às vezes para a felicidade ser completa é necessário deixar que a pessoa que amamos, tenha o que é preciso e nem sempre apenas o nosso amor será o suficiente… Somente nessa conversa com o homem me ajudou a controlar a minha tristeza, pude perceber que posso sim deixar a Carol livre, deixar que ela esqueça um pouco o que lhe fiz. Passo a madrugada toda no iate e assim que amanhece volto para a casa, fedendo a peixe e bem mais tranquilo de como havia chegado no píer. Me surpreendo ver a minha irmã sentada a minha mesa com nossos filhos e o seu olhar irritado em minha direção. — Vim ajudar a preparar as coisas para que Laís e Matheus possam ir. — Ela diz e concordo com a cabeça. — Vou tomar um banho e já desço, estava no iate pescando. — Sorrio com a memória da madrugada que passei conversando. Assim que estava arrumado, desço e aviso para Mariana que as crianças estão indo para Miami, a vejo rir e se afastar para ir arruma as malas de todos. Juliana me contou que havia conversado com a Carol, que a minha Deusa apenas chorava, mas disse que estranhou que ela não estava em nosso quarto, ela estava em um lugar diferente. Vamos para o aeroporto e me despeço dos meus filhos, digo que em poucos dias chegarei para fazer companhia. Os deixo no jatinho com a babá que partem em direção a nossa casa em Miami. — Ela deveria estar no quarto de hóspedes, ou até mesmo na casa de Bianca. — Digo para a minha irmã, que não parecia muito convencida. Mas agora não posso fazer nada, preciso esperar e encontrar uma forma de fazer com que ela me perdoe e me deixe estar perto dela durante a gestação. Puxo o meu celular para avisar o que nossos filhos estão indo. Bruno: Minha Deusa, nossos filhos estão a caminho, me diga como está, precisa de algo? Te amo, seu saco de músculos.
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