Capítulo 14 — DAVID

1401 Words
Dias depois… Meu pai sofreu um acidente nas escadas e teve que operar o pé, estava fazendo fisioterapia todos os dias. Giulia me liga, mas não atendi, não quero falar com ela no momento. — Ei, por que não me avisou que iria estar aqui? — Joyce tomou meu tempo em meio aos meus pensamentos na Giulia. — Trouxe um café, imagino que esteja precisando. Como está seu pai? — Obrigada! Ele vai ficar bem, não quis tomar o seu tempo com meus problemas. Joyce é legal, mas não quero me envolver com ela como éramos antes. Eu não estou preparado para me envolver com ninguém por ora. Giulia atormenta meus pensamentos todas as noites, sem piedade alguma. Joyce se manteve quieta e calada enquanto estava ao meu lado. — Sr. David Still? — Levantei e apenas assenti que era eu, após o terapeuta chamar meu nome. — Acompanhe-me, por favor! Ao chegar no espaço fisioterapêutico, vi meu pai deitado sob um colchonete, com uma aparência mórbida. Percebendo a tensão, Joyce me abraçou e eu apenas a abracei de volta. — Júlio teve uma parada respiratória e estamos o encaminhando para o hospital. Se o caso se agravar mais, ele terá que passar por outra cirurgia. Lamento pelo que esteja acontecendo, ele vai ser dessa. A ambulância estava parada à espera do meu pai que saiu de maca e acompanhado por algumas enfermeiras. Há poucos meses descobrimos que ele está com demência, esquece facilmente das coisas e o seu quadro está cada vez pior. Além de ser sua única família, também sou o único para custear todas as despesas. A poupança que ele tinha já foi usada em seus gastos, mas não será eterna e se tiver algum mil será muito. Passaram duas semanas e Joyce estava sempre ao meu lado, mesmo dizendo que não era necessário que ela fosse me ver em casa ou meu pai no hospital, ela estava lá. Estava colocando alguns desenhos para secar, enquanto Joyce lavava a louça e o telefone não parava de tocar. — Se eu fosse você entenderia e colocaria um ponto final definitivo. — Quem era aquela mulher e o que ela fez com a Joyce? Porém, era hora de dar adeus ao que nunca existiu e evitar ela só vai fazer ela insistir cada vez mais. Todos os dias ela ligava no mesmo horário, três vezes ao dia. A ligação caiu e como ela sempre fazia, iria ligar outra vez… esperei ela ligar novamente, mas não dessa vez. Passou alguns minutos e ela não ligou novamente. (...) — David! — Joyce chamou minha atenção e ao virar para trás, a vi sem roupas, encostada na pia e me olhando com o peito arfando. Não tive relações com Joyce desde a última vez que bebemos, desde a última vez que eu vi a Giulia e desde então não consigo pensar em outra coisa que não seja ela. — Eu acho melhor melhor você se vestir e ir embora. Não é preciso vir todos os dias, eu sei me virar sozinho. — Apanhei suas roupas do chão e lhe entreguei. Sem conversas, ela foi embora. Meu pai já está em casa, mas não consegue se comunicar muito bem e passa a maior parte do tempo dormindo. Estava finalizando uma pintura e escrevendo meus rascunhos sobre como as mulheres são difíceis, mas a porta foi aberta e atrapalhou meus pensamentos quando a vi ali. — Giulia! O que está fazendo aqui? — Eu tentei falar com você várias vezes, eu só liguei porque soube do que aconteceu com o seu pai e queria lhe desejar melhoras. Vocês estão juntos novamente? — Depois de quase um mês ela aparece em minha casa se achando no direito de querer alguma explicação, será isso mesmo? Não é possível! — A gente nunca se separou. Parece que você curte bastante a s*******m e eu não sou assim. — Não quis relembrar, mas não vou ficar tranquilo até entender o porquê. — Aquilo foi somente um episódio e eu não transei com ninguém, David. Eu fui demitida por causa da sua namorada, então avisa pra ela que se ela se meter na minha vida mais uma vez, eu não vou perdoar novamente. Dá um abraço no Júlio por mim. — Seus passos largos caminharam até a porta e antes de sair, ela virou-se e me observou com atenção, tomando toda minha atenção para si. — Você transou com ela aquele dia? Eu fui fraco, mas quem não é quando está com raiva? Mas eu não imaginei que sentiria medo de responder algo que eu fiz, sem precisar esconder de ninguém, simplesmente porque eu sou um homem livre. Mas ela continuava me encarando, mesmo sabendo que quem cala consente, ela continuou com seu olhar fixo ao meu, esperando por uma resposta que havia travado em minha garganta. — Talvez… mas você disse que não me queria e que não estava pronta para ter um relacionamento agora. No mesmo dia eu te vi se esfregando naqueles caras, como uma v***a. — Então sua explicação em t*****r com a sua ex novamente, é porque eu sou uma v***a que transo com qualquer um? David, você não sabe nada sobre mim. Mas, eu não entendo porque era tão difícil ficar comigo, mas me trocar novamente por alguém que você mesmo se convence que não tem nada. — Realmente, eu não sei nada sobre você. E não se compara com a Joyce, eu nunca menti pra você, confesso que fui fraco, mas te ver nos braços de outra pessoa é torturador. Você nunca vai entender como é ter sentimentos. — Claro! Como acha que eu me sinto por gostar de um cara que me vê como um objeto? Acha que eu não tenho merda de sentimentos só porque eu vivo desse jeito? Tudo para você é fácil demais de resolver, mas no fundo você não faz ideia do que seja sentimentos. Como pode alguém mexer com a sua mente de uma forma tão c***l? Meu subconsciente tem abstinência em pensar nela. Ela estava aqui e eu não consegui nem mesmo me levantar quando a vi parada, encostada na porta de entrada. Vestindo seus trajes únicos, que a fazem ser a Giulia que eu desejo ter por completo. Mas, lá se foi ela, batendo o salto contra a madeira e me deixando atordoado sem saber o que fazer para tomar uma atitude. Os ponteiros do relógio pareciam estar parados. Meu pai acordou, banhou-se, fez sua refeição e após tomar seus medicamentos voltou para cama. Ele não estava mais me reconhecendo, mas segurava meu rosto sempre que eu estava próximo a ele, parecendo procurar por alguma vaga lembrança de quem sou eu. Liguei para Giulia e ela não entendia. Percebi que ela disse que teve outro episódio, mas que estava tudo bem agora. O seu amigo, com quem falei outro dia, me alertou sobre ficar longe dela, que ela é intensa, na mesma intensidade também é problemática. Como eu pude ser tão i****a? Deixá-la ir e não a procurar, depois que ela contou algo sobre ela para mim? Mesmo sendo algo tão delicado e pessoal, com os olhos cheios de lágrimas ela falava sobre seu irmão e a fatídica tragédia. Passaram-se das meia-noite, quando alguns bateram na porta e ao abrir era ela. Sua aparência de bêbada é algo decadente, seus olhos bêbados e suas pupilas dilatadas são coisas difíceis de lidar e dolorido são os porquês. Não estava calor, mas ela estava usando um vestido fino, deixando a mostra os seus s***s arrebitados por cima do vestido e ela estava suando e piscando lentamente os olhos. — Entra, está frio aí fora. — Segure em sua mão e percebi que ela estava em um estado de transe e sob o efeitos de alguma droga. — Giulia, sou eu, David. — Ela não se moveu nos primeiros 30 segundos e aquilo me deixou assustado. — David? — Uma lágrima caiu e em seguida seu corpo foi junto ao chão. Seus olhos estavam abertos, tentando piscar enquanto ela debatia seus braços, tentando se conter. Segurei firmemente seu corpo em meus braços e a levei para cama. Alguns minutos se passaram e ela finalmente estava conseguindo falar e parecendo mais “destravada”. — Me desculpa por ter vindo até aqui nesta situação, é deplorável. — Ela tentava sorrir em meio ao buraco fundo onde se encontrava.
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