PRÓLOGO
E naquele maldito dia eu chorei. Chorei por amar um homem que pertence a outra m, mesmo que ele negue, sempre voltará para ela. Que droga! A primeira vez em que eu estou realmente acreditando que amo alguém, e sentindo o tamanho deste amor, o homem é comprometido e já não dá a mínima. Quebrando meu coração em mil e dois pedaços.
Coloquei um dos meus vestidos lilás, quase transparente que eu amava, passei gloss nos lábios, um pouco de sombra nos olhos e estava pronta sem esquecer do lápis de olhos. Ah, e quase esqueci do blush para deixar minha pele pálida um pouco mais rosada. Meus cabelos cortado em camadas, na altura dos ombros e em tom ruivo claro, assim como minhas sobrancelhas, e eram esses traços que eu gostava em mim. Meus s***s eram minúsculos, e quando estava frio noite, quase sempre eles ficavam com os b***s expostos, mostrando que estavam ali. Marcando aquela peça tão fina.
David estava sentado em uma mesa com sua namorada e uma amiga. Sem pudor algum, caminhei até ele, ficando parada em sua frente.
— Me perdoe, David. Me perdoe por ter deixado você sozinho. Me desculpe por ter ido embora, eu… — sua mão segurou meu braço e me puxou até um canto afastado de onde ele estava. — Eu prometo que não irei mais deixá-lo sozinho. A minha casa está à venda! A minha vida é uma droga, David.
— Calma. — sua mão segurava meu rosto enquanto ele me olhava terno. — Fala com calma, o que está acontecendo?
— A casa dos meus pais está à venda, eles estão se separando e eu não quero perder você. Não posso ficar longe de você. — de uma forma desesperada eu tocava seu rosto, para ter a certeza que não estava tendo alucinações. — Eu preciso de você. Preciso de você, David. Eu quero te contar sobre mim, eu quero que você me conheça, eu te amo.
— Giulia, olha para mim. — como eu iria conseguir tal coisa? Estava ali movida pela coragem que a cerveja me deu e prestes a fazer uma loucura.
— Eu te amo, David. Por favor, não me deixe. — pedi uma última vez, sentindo o seu beijo em minha testa.
— Giulia, olha para mim. — ergui o olhar e ele estava sério, enquanto meu peito doía e eu nunca conseguirei explicar tamanha dor, mas doía muito, e eu só queria sumir. — Eu não… eu não quero você. Não quero ficar com você. Eu não amo você.
E como se o mundo estivesse caindo sobre mim e me esmagando, era assim que eu estava me sentindo por dentro. Morta.
Minhas atitudes influenciaram para que isso acontecesse, e se eu estava sendo rejeitada nesse exato momento, a culpa era toda minha.
— Eu sinto muito, me desculpe por isso. — Sua voz estava embargada, mas se esta foi sua escolha, jamais haveria de protestar, apenas manter a máxima distância.
— Nunca mais quero ver você. — ele retirou minhas mãos do seu rosto e eu saí dali como se não estivesse sentindo meu corpo. Com todos me olhando e o peso da humilhação caindo sobre mim de forma avassaladora.
— Uma dose de conhaque, por favor! — ele pediu no bar e eu ouvi sua voz já tão distante.
A música que estava ficando era boa e uma das minhas favoritas. Eu já não tinha mais estômago para ficar ali, já não tinha mais coragem de olhar em seus olhos e senti novamente essa sensação estranha. Sem pedir licença, passei no meio da galera que estava dançando, olhando vez ou outra para trás, o vendo olhando para trás também.
[...]
Jesse estava de casamento marcado, mas não deixava de ser uma safada.
— Hoje é a última prova do vestido. Você me acompanha?
— Claro. Você e o Barry já se resolveram? Porque Klay não merece sua safadeza.
— Já terminamos faz um tempo, você sabe disso. Sentar no p*u dele de vez em quando, não faz m*l, ainda não me casei.
— Tem certeza que isso é uma boa ideia? Se vocês ainda se gostam, porque não reatam?
— Porque ele é um filho da p**a. Não daria mais certo entre a gente, além disso, eu amo meu noivo e tenho certeza que vou ser a mulher mais feliz do mundo ao lado dele.
— Você é sortuda! — liguei a TV e a fita que estava no aparelho era de filmes adultos, Jesse sorria com as cenas obscenas, encostando a cabeça em meu ombro e tentando me consolar.
Pegamos nossas bicicletas e fomos até a alfaiataria. Casar é uma coisa que nunca esteve em meus planos, nunca imaginei ser de um homem só, mas agora… agora eu só queria o David em minha cama, ele era o suficiente que eu precisava.
Jesse estava linda, suas curvas bem desenhadas e ela estava feliz, eu também estava feliz por ela.
[...]
O trabalho era o meu meio de distração. Observava os casais conversando, entre um carinho a outro e os invejava, de certa forma.
— Vai aparecer por lá hoje, já estamos sentindo sua falta por lá. — Raul era gerente da boate que eu sempre ia, mas há dois meses não apareço por lá e isso tem me deixado melhor.
— Acho que não vai dar. Minha amiga vai casar amanhã e depois disso minha mãe vai embora, preciso me organizar um pouco. Preciso mesmo desse emprego!
— O cara que você dava uns pegas nele, todos os dias vai lá, procura por você e quando não acha, ele vai embora.
David não sabia nada sobre mim, onde eu morava, onde eu trabalhava… nem sei se o mesmo sabe realmente meu nome, ou apenas decorou por ser associado a alguma coisa.
— Sabe… eu parei de me aventurar faz um tempo, Raul. Acho que essa vida não é mais pra mim, eu resolvi dar um tempo e me ressignificar, pois me encontro muito perdida. Obrigada pela preocupação, agora preciso trabalhar.
Havia alguns pedidos para anotar, passei em cada uma das mesas e faltava apenas duas horas para eu ir embora.
Cheguei em casa e tomei um banho rápido, era por volta das 10 da manhã, trabalhei em horário diurno, assim eu passava a noite pensando em alguma coisa a não ser no David.
Estava alguns minutos atrasada para o casamento, que já deveria ter começado. Peguei minha bolsa, minha bicicleta e pedalei o mais rápido que eu pude até a igreja, mas antes de chegar na mesma, pude ver David sentado em um parquinho, sozinha e com uma expressão abalada. Não tinha tempo para isso, nem queria ter, afinal, eu saí muito fodida de toda essa relação e já não queria mais ser a outra. Foi inevitável nossos olhares não se encontrarem, e foi então que eu pedalei mais depressa e ao olhar para trás, o vi correndo até o carro e me seguindo com o mesmo. Antes que David pudesse me alcançar, cheguei na igreja, encostei a bike na escada e entrei de forma natural.
Jesse estava linda, já havia trocado as alianças e minutos depois todos estavam fora da igreja. David me viu e tentou se aproximar, abaixei o olhar e esperei o que ele tinha a dizer, mas estava cansada demais para tentar dizer alguma coisa e não tão disposta a ouvir mais nada que viesse dele.
— Eu não sei onde você mora. Não sei nada sobre você. — em seu olhar havia algo indecifrável. — Giulia, olhe para mim, por favor! — ao esticar os olhos para olhá-lo, fui puxada por Jesse e seu esposo que estavam indo até o salão de festas.
— Agora é hora de encher a cara. — ela gritava enquanto corríamos. — Você vem com a gente? — não olhei para trás, mas tenho quase certeza que ele estava andando em passos lentos atrás da multidão que seguia até seus carros, indo em direção ao salão de festas.