Capítulo 15 — GIULIA

1547 Words
— Eu estava limpa há quatro anos e eu não consigo lidar com as coisas que acontecem. Parece que eu vivo em câmera lenta. Senti minha cabeça girar, um enjoo enorme que estava me deixando m*l ali. Estou bêbada, mas também estou consciente e incapaz de falar qualquer coisa. Eu só queria ficar deitada e dormir. Meu coração bate acelerado e eu me sinto atordoada. David me deu um copo de leite e após alguns minutos, ele voltou e sentou-se ao meu lado, colocando os fios soltos atrás da minha orelha. Ele não disse nada durante dois minutos, mas buscava pelo meu olhar perdido, como se estivesse vendo algo ali. Sua mão tocou a minha e eu permaneci quieta, até que suas mãos seguraram meu rosto e seus lábios tocaram os meus. — Eu já me apaixonei por alguém quando era jovem, mas eu não sentia isso há muitos anos e com você é diferente. — O que seria esse diferente no que você sente por mim? — Encostei minha cabeça em seu peito, fechei os olhos e lembrei dos bons momentos com ele. — Você não pode viver desse jeito. Não pode sempre usar drogas ou beber como uma louca, você não é assim, Giulia. Olha só como você está agora. — Eu sinto vergonha, mas não tenho mais o que fazer. Ter vindo até aqui hoje foi um grande erro. — É por isso que eu não quero você no meio disso, entende? Eu sou um erro, digamos que se a gente ficasse juntos algum dia, em algum momento eu iria te decepcionar. Eu tenho transtorno afetivo bipolar TAB, eu não sei se esse momento é real ou somente mais um delírio meu. Meu pai me procurou hoje e disse que minha mãe está saindo de casa amanhã. Levando todos os móveis e tudo que for de valor. Meu pai ficou apenas com a sua cama e sua aliança. Ela jogou todas as flores no lixo, mesmo sabendo que eu as plantei com ele. Ela não tem um mísero sentimento ali dentro, completamente vazia e isso doía em mim. Dói saber que Júlio deveria estar aqui e eu quem deveria ter ido, agora eu não consigo viver tranquilamente sabendo que eu poderia ter impedido. — Não é todos os dias que estamos bem. Mas não pode se maltratar dessa forma, veja só como está, Giulia. Eu quero ajudar você, mas tem que confiar em mim. — Eu confio em você, eu não confio em mim. Será que eu poderia usar o seu banheiro? Não me sinto bem. — Minha visão embaçada deixava tudo muito borrado. — Eu acho que foi um erro eu ter vindo aqui hoje. Devo ter estragado algum de seus planos. — Não tenho planos com ninguém. Fica a vontade, precisa de uma toalha? — Por favor! Obrigada. Eu já sei onde fica cada cômodo da sua casa. O banheiro do seu pai era em seu próprio quarto, David tinha um em seu quarto, mas era pequeno e a água era fria. Liguei o chuveiro e me despi com rapidez. Deixei a porta apenas encostada, estava de costas quando ele abriu e colocou a toalha pendurada no gancho e abriu a vidro do box, que estava embaçado demais para algo claro. Não me cobri ou fiz algo que lhe impedisse de me ver nua. Seu m****o marcando na calça era uma visão perfeita que eu tinha do momento. Me encostei na parede, levei dois dedos meus no meio das minhas pernas e fui massageando lentamente meu clitores, sentindo ele pulsar e o desejo de ser dele falar mais alto que qualquer coisa no momento. Penetrei um dedo em meu meio úmido, sentindo o prazer em me consumir. Livrando-se da camisa, ele estava me intimidando contra a parede, fazendo com que eu encostasse o rosto e olhasse para ele de lado. Eu o quero dentro de mim e não sei dizer o quanto eu desejo o seu toque. Não pensei em nada que não fosse ele nos momentos oportunos. Suas mãos, seu toque pelo meu corpo, sua respiração e tudo que há de melhor nele é… eu não sei explicar o quanto ele me acalma com seu toque, mas quando o sinto, me vejo leve e como se a bolha de problemas que vive flutuando em cima da minha cabeça fosse estourada e tudo aquilo não existisse mais. Com a invasão do seu m****o, eu abri as pernas e não tive tempo nem mesmo de respirar. Ele estava dentro de mim, preenchendo o vazio que eu senti e matando a saudades que eu estava sentindo. Seguro em seus ombros, na tentativa de abraçá-lo, mas estávamos pensando na mesma coisa e a única coisa que nos importava naquele momento era a satisfação e o prazer que buscamos um ao outro. Nos desejamos por inteiro, mas tudo parecia voltar a ser como era depois que eu o vejo saindo de cima de mim e abandonando meu corpo na cama, seguindo em direção ao banheiro. — Você sente nojo de mim? — Não deixei que aquela dúvida fosse mais um motivo para me fazer enlouquecer um pouco mais. Sempre que transamos, ele corre para se lavar, nem mesmo diz nada e nem me olha. Ele levanta e nem se enrola, corre diretamente para o banheiro. O encarava através do reflexo do espelho, enquanto esperava por uma resposta que parecia impossível de ser dita. — Claro que não, Giulia. De onde tirou isso agora? — Sempre que transamos, depois que você goza, você corre rápido para o banheiro como se eu tivesse suja e você precisasse se limpar rápido. O problema sou eu? Você tem nojo de mim? — Não é isso, eu não tenho nojo de você. Sempre tive o costume de ir para o banheiro sempre que termino alguma coisa. O problema não é você. — Ele me puxou para perto do seu corpo e me abraçou. — Quer tomar banho comigo? — Eu tenho que ir pra casa. — Quanto mais tempo passou ao seu lado, mas tenho certeza que gosto dele de verdade e que não vou conseguir viver sem isso até o dia em que eu decidi colocar um fim. — Amanhã eu tenho uma entrevista pela manhã, tenho que estar apresentável ou vai tudo por água abaixo. — Tudo bem! Mas me espera sair que eu levo você em casa, está tarde para ficar andando sozinha por aí. — Tudo bem! Fechei a porta do banheiro e fui para sala, quando ouvi o barulho da água caindo, peguei minha bolsa e fui embora. Realmente tenho uma entrevista amanhã e tenho que parecer normal, não uma louca que se descontrola facilmente por motivos idiotas. (...) Os dias passaram e finalmente eu recebi o email com a esposa sobre a vaga de emprego, infelizmente não fui aprovada e tenho que rezar para encontrar algo a tempo. Não posso ficar pegando empréstimo sempre que quero, isso só vai complicar a minha vida ainda mais e no futuro se tornará uma bola de neve sem fim, que eu não vou ter mais controle sobre a situação. É trágico, mas é a minha vida! — David parece ser um cara legal, quem sabe se você desse uma chance pra ele, as coisas poderiam dar certo. Quem sabe… — Sam sabe que não tem como dar certo, até porque ele não me para nada, além de t*****r e depois cair fora. — Não vai dar certo. Nunca daria certo, Sam. A namorada dele é bonita, sexy e gostosa, deve ter um ótimo trabalho e ainda é positiva e está sempre ao seu lado. Ele só me quer para usar e como eu gosto de ser usada, finjo que não me importo e depois que estou satisfeita venho embora. — Para de se referir aquela v***a como namorada dele, ou sou eu quem vou te dar uns tapas. Ele não namora com ela, no máximo o que ela deve fazer é um boquete tão r**m que ele tem que procurar você pra poder gozar. Você é bonita, inteligente, sexy e… — E descontrolada, Sam. Sabe que eu não quero me envolver com ninguém agora. Eu não me imagino morando com alguém, ou tendo que dá satisfação de onde eu estava e com quem estava. Já imaginou ter que viver mais de cinco horas com a mesma pessoa no meio ambiente? É torturante só de pensar que alguém pode saber tanto de você, até mais que você mesmo. O que eu presenciei não foi um casamento amoroso entre meus pais. Eles brigavam o tempo todo, minha mãe saia e levava meu irmão com ela, enquanto meu pai ficava comigo e me levava para comer e poder esquecer do que eu tinha visto. Não sei nada sobre o amor e a cumplicidade e enquanto a droga do amor não me atinge, eu vou continuar vivendo desse jeito, buscando apenas por prazer sem compromisso e de preferência, com o David. — Essa conversa está melancólica, sabe do que precisamos para animar esse dia chato? Sair! Isso mesmo, se arruma que vamos sair, precisamos dançar e beber. Amanhã eu quero te levar a um lugar, tenho certeza que você vai gostar. Vamos beber e esquecer que hoje o dia foi uma droga.
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