Ela parece ter medo de se aproximar ou olhar nos meus olhos, sempre que eu a encaro, ela desviava meu olhar e abaixava a cabeça. Havíamos feito algumas pinturas, ela me ajudou com alguns gráficos e no mesmo dia eu consegui entregar. Giulia foi comigo até a gráfica e entregou tudo que encomendaram a mim. Me pagaram e fomos embora.
— Quer ir em algum lugar em especial? — Observei que ela estava olhando para a rua através do vidro, ela observava bem os lugares. — Giulia, quer ir para algum?
— A gente pode voltar para sua casa, se você quiser. Seu pai não pode ficar tanto tempo sozinho. — Ela e meu pai se deram bem, coisa que a Joyce nunca conseguiu fazer.
— Posso te perguntar uma coisa? Mas é assunto pessoal, não é nada sobre coisas aleatórias. — Ela me olhou e concordou, olhando para o lado novamente e me esperando perguntar. — Você já se apaixonou por alguém?
— Não. Eu nunca me apaixonei por ninguém. Eu não acho que seja necessário ter amor em sexo casual, você não acha? Mas, você não é um sexo casual para mim. Quando eu acordo eu quero te ver na minha cama, mas você já é de outra e mesmo que negue, você segue a procurando pelos lugares em que passa.
Era tão visível assim? Mas não procuro porque sinto falta dela, mas não quero que ela nos veja juntos. Giulia é bonita, legal, mas eu não devo passar de nada para ela, diferente do que eu sinto por ela.
— Giulia. — Ela é atenta aos detalhes, pegou uma taça de vinho e começou a beber. Ela finalmente encontrou meu pai, que ficou radiante quando a viu na sua frente.
— Olha só o que eu trouxe para você! Seu filho é meio careta, então você não pode beber muita cerveja ou coisa do tipo. — Ela entregou a sacola ao meu pai e ele fez questão de abri-la no mesmo instante. — Os cigarros são artesanais, feitos apenas com ervas, sem tabaco. Eu mesma que fiz.
— Ah, claro! O suco de unha para acompanhar enquanto eu estiver fumando. Obrigada, Giulia. Você é uma mulher sábia. — Ela sorriu e eu abraçou, prestando atenção em como ela estava feliz que nem mesmo percebi em que momento a sua taça foi parar na mão do meu pai.
Eles dois se deram bem assim que se conheceram. Giulia não mede suas palavras e fala o que pensa, mesmo que isso magoe, ela não demonstra muito sentimentos como desculpas. Mas, se ela está aqui hoje, é porque se importa.
Katarina estava bebendo e conversando com um dos meus tios, sim, eles somem e só aparecem quando bem quer. Então, somos apenas nós dois sempre. Katarina e eu tivemos um breve romance, mas não deu certo, ela era muito libertina e eu sempre fui reservado e quieto. Terminamos, mas continuamos amigos e ela ainda vinha visitar meu pai, mas havia coisas que Giulia ainda não sabia, Katarina é uma dessas coisas.
Estava observando as crianças brincando na rua, através da janela e senti a aproximação de alguém, virei na esperança que fosse Giulia, mas o perfume era diferente.
— Katarina! Que bom que você veio. Meu pai ficou muito feliz. — Ela era tímida, uma pessoa gentil com todos, mas foi uma filha da p**a comigo.
— Eu não perderia esse dia. A ruiva é a Giulia? Sua namorada? Ela é gente fina, gostei dela.
— É… ela é a Giulia. — Giulia veio em nossa direção, apoiou-se em meu ombro e sorriu com o nada. — Giulia, essa é a Katarina. Uma amiga do meu pai.
— Oi, tudo bem? — A bebida fazia Giulia ficar “animada” demais e isso estava sendo um problema certas vezes.
— Você e o David são um casal bonito. Ele é um cara legal, faz ele feliz. — Katarina não sabia ficar calada e isso a fazia passar vergonha, na maioria das vezes.
— Como você explica o “cara legal” que ele é? E a gente não é um casal. — Então somos o que? Giulia se despediu do meu pai e foi embora.
Katarina era uma desgraçada, ela não me deixava em paz e fazia questão de vir em todas as festas porque é “amiga do meu pai”, isso já passou da hora de dar um basta.
Giulia não esperava que eu fosse atrás dela, porque ela some sem deixar rastros, essa altura ela já deve estar longe, se bem a conheço.
— Ela está sempre nervosa daquele jeito? Cuidado, isso pode ser perigoso, David. — Ela se retirou de perto de mim, pegou sua bolsa e foi embora.
Meu pai percebeu o clima que estava entre nós, me olhou e me deu uma bronca por não ter ido atrás da Giulia.
— Ela não pode ter ido tão longe. Ela bebeu umas boas doses, enquanto você estava distraído. — Meu pai não brinca quando o assunto é beber sigilosamente. Mas, será que ela ainda estaria por perto? Vou correr o risco.
Katarina estava saindo em seu carro, peguei minha caminhonete e fiz o mesmo. Como meu pai havia dito, ela estava bêbada o suficiente para andar devagar demais.
— Giulia, vem aqui. Vamos dar uma volta. — Insisti, mesmo sabendo que eu não tinha culpa pelo que estava acontecendo. Mas, sinto uma necessidade de tê-la por perto. — Giulia, eu ia te contar sobre ela. Katarina é somente amiga do meu pai e nada mais que isso. Tudo bem a gente não ser um casal, mas estou disposto a lutar para que sejamos um algum dia.
Ainda calada, ela entrou no carro e tentou me beijar. Suas atitudes não são nada neomai, mas eu não quero afastar ela ou algo do tipo. Giulia parece ter dificuldade para relacionamentos, ao contrário de mim, que mesmo não me relacionando com muitas pessoas, os dois relacionamentos que eu tive foi duradouro e que valeram a pena.
— Tem alguma coisa que queira me dizer? — Perguntei e a beijei, segurando seu rosto e buscando pelo seu olhar. — Giulia, eu gosto de você e quer ser feliz com você. Mas, preciso também que confie em mim.
— Eu não sei como a gente vai fazer isso dar certo, David. Mas, eu gosto de você, gosto se ficar com você e me sinto m*l por tentar afastar você sempre. Eu… eu me sinto confusa, não sei se eu vou conseguir te amar. Eu…
— Tudo bem. Vamos dar um passo de cada vez. Eu também gosto de você e quero tentar fazer isso dar certo. Tudo bem? Vamos com calma. — Beijei suas mãos e ela assentiu, enxugou as lágrimas e pareceu que voltou a realidade. — Tudo bem. Vamos voltar, meu pai deve estar esperando por você. E, eu e Katarina tivemos uma coisa que ficou no passado, mas não é nada que veio fazer parte do presente e ela é somente amiga do meu pai, nada mais que isso. Tudo bem?
— Me desculpa por te agido daquela forma, eu não sei o que deu em mim. Eu realmente quero me desculpar, não vai acontecer e novamente.
— Tá tudo bem, Giulia. A gente não é adepto a tudo. Quero te levar a um lugar depois, mas quero que prometa que não vai fugir. — Ela sorriu, assentiu e olhou para frente.
Voltamos para minha casa e assim que a viu, meu pai foi em sua direção e a abraçou firme, tendo o mesmo barco retribuído por ela.
— Venha… quero que saiba que eu prefiro você. Você é a minha amiga e a melhor pessoa que o David já me apresentou. Sou feliz por ter conhecido você, merci.