Capítulo 7 — GIULIA

1103 Words
Meus dias tem sido mais solitários que nunca. Minha melhor e única amiga está prestes a casar-se, meus pais estão se separando e tudo anda uma loucura em minha vida. Não tenho ninguém para conversar, ninguém a quem procurar quando a dor em meu peito apertar e eu precisar de um abraço e a velha e boa frase: vai ficar tudo bem! Eu não estou bem, nem me sinto bem e cada dia que vai passando eu me sinto mais perdida. Como se estivesse dentro de um labirinto sem saída, apenas andando… andando… até cansar e encostar em algum lugar que me faça se arrepender depois. Cheguei na casa do David e ele estava me esperando, sentado na escada enquanto conversava com o seu pai. Ele não merece ser enganado e viver um desamor, não posso fazer isso com ele. Eu gosto da sua companhia, gosto de quando estamos juntos, mas eu não posso prometer que o amarei, porque eu não posso fazer isso. Não sou capaz de fazer isso… — Eu acabei de ligar pra você. Pensei que não iria vir. — Perto dele minhas pernas ficam bambas, perco a habilidade de resposta e pareço uma i****a. — Vamos entrar, quero te mostrar uma coisa. Apenas o segui até a sala e lá estava um retrato perfeito do meu rosto. Meus cabelos brilhavam e eu parecia tão viva, tão real. Tão parecida comigo e mais viva que eu. — Eu achei que você fosse gostar. Pensei em você o dia inteiro. — Seus olhos brilhavam ao mirar os meus, ele tem um sentimento qual eu não posso retribuir, mas não consigo dizer não a ele e isso tem me deixado confusa. — Você não gostou? — Não. Eu adorei. Ficou perfeito, eu adorei. Obrigada! — Ninguém jamais demostrou afeto por mim, eu nunca nem mesmo recebi nenhum gesto de amor e agora isso me pegou de surpresa. — O que vamos fazer hoje mesmo? — Você quem decide. O que quer fazer? Qual a sensação de amar e quando sabemos que isso está acontecendo com a gente? Será essa estranha sensação de nunca mais querer sair de perto da pessoa. Rir das piadas mais sem graça que ela contar só porque ela mesma riu ao contar? Não faço ideia, mas eu gosto dos momentos com o David e não queria estragar isso, ou sumir e deixar lacunas vazias, como costume. — Eu não sou boas em escolher coisas, locais ou seja lá o que for… eu sou indecisa e se for me esperar pensar em alguma coisa, iremos passar a noite toda aqui, um olhando para cara do outro. — Não menti, quando se trata de decisões não é bem o meu forte. — Eu não poderia pensar em um lugar melhor para estar com você. Se quiser, podemos ficar aqui mesmo. Vemos um filme e tomamos alguma cervejas. Pedimos pizza e o que você quiser. — Em pouco tempo o seu pai já estava roncando. — O amigo dele não pôde vir, está muito doente e ele preferiu dormir cedo. Mas, me conta sobre você. Você sabe tanto sobre mim e a única coisa que eu sei é o seu nome, Giulia. — Eu não gosto de filmes, prefiro coisas como músicas ou livros quando não estou fazendo nada de bom. Minha vida não é muito agitada, bem… eu trabalho, moro sozinha, não tenho amigos e gosto de viver. — Gosta de viver assim? Complemente liberta ao entrar em uma festa? O que te assusta quando você pensa em você mesma? — Acontece que eu ainda não cheguei nessa parte onde eu tenha que pensar em mim mesma. Por mim, tendo um trabalho e uma casa para dormir, já é o suficiente e uma grande conquista. — Você não tem planos para o futuro ou, sei lá, vontade de conhecer alguma coisa bacana fora daqui? — Eu não tenho outra vida, David. Eu não pude escolher muitas coisas, eu só queria ficar longe de casa e não pense que em todas as festas que eu vou, eu transo com qualquer um. E não! Eu não tenho planos para o futuro, não me importo com o que vai acontecer comigo amanhã ou daqui há alguns minutos. Eu não sei se vou acordar amanhã, quem dirá fazer planos para o futuro. Eu tinha o desejos de conhecer a banda favorita de rock do Júlio. Quando ele era vivo, passávamos a noite acordados, compartilhando fones de ouvido enquanto ele me mostrava sua músicas preferidas. Eu detestava aquele bagulho, mas amava ver o sorriso em seu rosto, ele era quem fazia meus dias felizes com suas piadas ruins. Era sempre ele que me tirava do meio das brigas dos nossos pais, ele sempre esteva lá quando eu precisava de um ombro amigo. Ele estava lá quando eu precisava apenas saber que tinha alguém ali comigo, mesmo sem interação, sob um completo e doloroso silêncio. David me olhava como se eu estivesse dizendo algo ridículo. Por que a sinceridade assusta as pessoas? Deveriam ser mais compreensivas, deveriam conhecer melhor a si mesmas. — Eu disse alguma coisa que não deveria? Me desculpa, eu só… — Toquei em sua mão e ele a puxou do meu toque. Pensei que estava tudo arruinado, mas ele levantou e me estendeu a mão para que eu levantasse e ficasse a sua altura. — Tem mais uma coisa que eu preciso te dizer, David. — Antes que nós beijássemos, queria deixar claro que essa seria a última vez que isso aconteceria. — O que era? — Ele me olhava com um olhar meigo e gentil, que tirar toda a minha estrutura. — Também preciso te dizer uma coisa, mas você primeiro. — Não podemos mais sair ou nos encontrar. Eu não quero estragar o relacionamento de ninguém. Me sinto culpada e m*l por estar aqui agora, sabendo que sua namorada está em qualquer outro lugar acreditando em algo que você disse a ela. Não podemos ficar brincando, não somos mais dois adolescentes. — Não sei de onde tirei forças, mas eu não quero continuar com isso, não poderia. — Não estou mais namorando com a Joyce. Eu terminei com ela há alguns dias, mas ela veio até aqui hoje e eu dei um fim definitivo no que tínhamos. Será que agora tem alguma restrição a mais pela qual não pode ficar comigo ou eu posso beijá-la sem pensar em mais nada? Segurei seu rosto e o beijei, com sede de desejo pelo seu corpo, parecendo que eu iria incendiar a qualquer momento se ele não viesse apagar meu fogo de imediato.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD