Capítulo 16 — DAVID

1340 Words
Minha vida se tornou confusa desde que eu conheci Giulia. Ela domina meus pensamentos e eu não consigo pensar em mais ninguém que não seja ela. Joyce até tenta reatar o lance que tínhamos, mas eu já não consigo nem mesmo olhar pra ela e senti desejo, como sinto por Giulia. Na mesa de um bar eu coloco para fora as mágoas que me perguntam, e quando César apenas me escuta e tenta me dar seus melhores conselhos. — Quase três meses que você a conhece e não sabe onde ela mora? Tem certeza que essa garota não é uma alucinação que você anda tendo? — De fato, eu não sei onde ela mora, ela nunca me deixa levá-la para casa e eu não sei nada além do seu nome. — Quem dera fosse. Mas ela é muito mais que isso e sabe o pior? Ela não quer nada comigo. Ela me procura só pra usar meu corpo e eu acho o máximo ficar com ela, mas me sinto vazio quando ela vai embora e com a incerteza, sem saber se algum dia ela voltará ou não. — Até quando você pretende viver assim? Sabe que uma hora vai tá com cabeça fodida, não sabe? Essa mulher é obra do d***o, ele usa essas perfeições em nossas vidas para que ela nos deixe sem saída e depois, elas vão embora e a gente fica chorando e se lamentando, tentando entender o porquê dela ter ido embora. O que eu quero dizer, é que você não deveria ter deixado algo que já era certo, por uma pessoa que você m*l conhece. — Eu não podia ficar com a Joyce para sempre. Eu não amo ela e não vale a pena viver com alguém por convivência. Joyce é legal, mas também não é a maravilhosa que demonstra ser. Giulia tem seus defeitos, mas os seus detalhes são únicos e eu não sei quando vou vê-la novamente. — Eu não sei nem o que ela usa para se proteger de uma gravidez, realmente eu não sei maga sobre ela e mesmo assim a desejo com uma força absurda. — Olha, David. Eu sou o pior conselheiro que alguém poderia ter. Eu tenho um casamento de longos anos, com a mesma mulher que eu conheci na festa da faculdade e se isso não é amor eu não sei o que é. — Você pode ter razão, mas as coisas não são todas iguais e você deu sorte. Mas não venha querer me dizer que eu tenho que ficar com a Joyce por medo de morrer sozinho. — Se tudo fosse fácil seria tão bom, mas o coração sempre tem que se meter onde não é chamado para assim, embaralhar nossos sentimentos dessa forma. Tive que interromper o que estava fazendo para ir até em casa, onde meu pai estava precisando de mim mais do que qualquer outra pessoa. A esposa de César é a sua médica, ela vem atendê-lo em casa e enquanto ela está lá, aproveito para jogar as mágoas para fora com o César, o bom ouvinte e meu melhor amigo. — Obrigada, Débora. — Agradeci e ela me entregou um relatório sobre seu estado e como sua demência vem se agravando rápido e o deixando completamente esquecido das coisas. — Olha, David, eu não deveria te dizer isso, mas como você é mesmo que um irmão para o César, eu vou te dar um conselho; aproveita mais o seu pai, ouça mais o que ele tem a dizer. — O que está querendo dizer com isso? Que eu vou perder o meu pai? — Eu sei dos riscos e que sua saúde não está perfeita e longe de estar, mas não dá pra pensar nisso e eu não estou preparado para isso. Não estou preparado para perder a única família que eu tenho. — O que eu estou querendo dizer, é que você deve aproveitar o máximo de tempo que tiver como seu pai. Ele está fragilizado, David. Vamos, César. — Débora o puxou pela gola e o levou para fora da casa. — Desejo-lhe melhoras, qualquer mudança pode me ligar que virei depressa. A sensação era de que eu estava perdendo um pedaço de mim aos poucos. Agora entendo como Giulia se sente e não posso ignorar isso, é um sentimento r**m e que não pode ser expulso. Olhava para ele deitado, com os olhos fechados e quando está acordado, não fala coisas lógicas e nem lembra de nada do passado. Aos poucos, está me confundindo com um estranho, dispensando minha ajuda por achar que eu sou um desconhecido para ele. Giulia combinou de vir dormir comigo, mas ainda apareceu e nem me ligou para avisar que decidiu o contrário. Alguém jogou pedra na minha janela me esperançoso eu fui ver quem era, mas não olhando para baixo, tudo parecia piorar. Joyce estava com sua mochila em suas costas e parecia estar chorando, a pouca luz não deixava ver seu rosto com nitidez — David? Pode abrir a porta por um segundo? — Tive a certeza que ela estava chorando quando ouvir sua voz chorosa quase implorando para que eu abrisse a porta. Ela entrou e ao fechar a porta, me abraçou forte e de um jeito desesperador. — Eu posso dormir aqui hoje? Minha casa pegou fogo e eu não tenho pra onde ir. Por favor! Eu juro que eu não vou incomodar, mas… — Sem pensar duas vezes eu a beijei. Senti como se eu precisasse fazer aquilo. Pensar que César pode ter razão me deixa louco. Mas Joyce tem estado presente. Ela errou em ter se metido na vida de Giulia, isso a fez perder o emprego e agora parece que ela está desesperada para arranjar um novo emprego. Eu não queria fazer isso, mas senti uma necessidade absurda de beijá-la e apenas o fiz. Senti sua respiração rápida, seus batimentos acelerados e um sorriso brotar com seus lábios após eu me afastar. — Você me surpreendeu. — Ela sentou, colocou sua bolsa no chão e apoios aos mãos em suas coxas. — Eu vi a Giulia novamente, quando estava vindo pra cá. Ela estava num clube, passei lá para pegar um dinheiro que Vitória me emprestou. — Pode ficar à vontade. Posso falar com a Janine para ficar aqui com o meu pai e a gente pode sair… — Meu pai está dormindo, ele não deve acordar nas próximas horas e Janine sempre o cuida muito bem quando eu preciso sair. Não é mais hora de remoer sentimentos e aceitar o que a Giulia faz como se fosse algo normal. Joyce é uma mulher bacana que está sempre ao meu lado, não posso deixá-la ir embora mais uma vez como se ela não significasse nada para mim. — Tem certeza do que está dizendo? Eu não quero ser um empecilho, por favor! — Claro que não é. A gente se conhece há bastante tempo. Sabemos bastante um sobre o outro e mesmo que minhas piadas sejam horríveis, você sempre ri como se estivesse ouvindo a coisa mais engraçada da sua vida. — Eu gosto das suas piadas, não finjo. A gente poderia tentar ficar juntos de verdade, David. Não podemos ficar assim, agindo como se nada acontecesse entre nós dois. Eu amo você, sei que no fundo você gosta um pouco de mim. Amor… era algo muito forte, mas eu não sei lidar com isso e também não encontrei ninguém que me fizesse declarar tal coisa. Mas eu queria arriscar ficar com ela, mesmo que desta vez não dê certo, pelo menos vamos ter a certeza que a gente tentou. — Eu não estou com você todo esse tempo sem sentir nada, Joyce. Você me faz bem, eu gosto de você. — Lhe abracei pela cintura e a beijei mais uma vez, tendo agora a mais completa certeza que eu não posso ficar com alguém tão ausente e libertina como a Giulia. — Vamos nos arrumar. — Lhe beijei por uma última vez antes de sairmos.
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