Capítulo 18 — DAVID

2415 Words
Algum tempo depois… Tudo que Joyce se dispõe a fazer não tem graça. Eu pensei que pudesse gostar dela, ganhando e com a convivência isso iria dar certo, mas não está dando. Seu sexo oral tem a mesma sensação de quando eu estou no banho, não tem maestria e eu não consigo sentir desejo. Está sendo desgastante para nós dois. Meu pai teve uma melhora, mas já não lembra de muitas coisas e está sempre confundo o que diz. Joyce estava trabalhando no turno da noite, sendo assim, eu não contava com a sua presença surpresa no meio da noite. — Onde está a Giulia? Ela me disse que não iria demorar e já faz algumas horas que ela saiu. — Giulia! Ela era uma das coisas que meu pai não esquecia, mas ela nunca ligou para saber como ele estava. — Ela foi embora faz algum tempo, pai. Ela não vai mais voltar. — Tentei explicar, enquanto meu peito doía de arrependimento pelo que eu fiz. — E agora quem vai me ajudar a conquistar sua mãe? Ela tinha bons conselhos, era bonita e eu gostava dela. Ligue para ela, quero falar com ela. — Débora sempre me diz que eu tenho que dar mais atenção a ele, aproveitar todo o tempo, porque o amanhã é apenas de dúvidas. Pensei bem e estava decidido a ligar. Retirei o telefone do gancho, disquei o número dela e esperava que ela atendesse. Parece que meu pedido foi ouvido, quando alguém atendeu, mas não falou. “Desculpa te ligar, é que o meu pai queria falar com você!.” Esperei por uma resposta, mas nada foi dito, então prossegui tentando… “Giulia, eu sei que está chateada comigo. Me perdoa, mas…” “Aqui é o pai dela, ela está trabalhando no momento. Estamos nos preparandobpara viajar, ela saiu para comprar algumas coisas. Quando ela chegar, eu aviso sobre sua ligação.” “Obrigada! Eu…” Antes que eu dissesse alguma coisa, ele desligou e eu fiquei sem reação alguma. Eu nunca soube nada sobre ela, agora o pai dela atendeu e como se já soubesse quem eu sou, agiu com naturalidade. Ele não vai avisá-la que eu liguei. Eu errei feio com a filha dele. — Ela disse que depois vem, agora você tem que se vestir, se quiser assistir o jogo. — Ele estava com a mania da nudez. Queria ficar despido o tempo todo, alegando que seu corpo tem a sensação de que está queimando quando está vestido. — Vamos sair hoje a tarde. Vamos passear um pouco, quem sabe reencontrar alguns amigos. Como eu disse, Joyce está trabalhando a noite, mas isso não impede que ela venha todos os dias à minha casa pelas manhãs. — Imaginei que precisasse de um café da manhã com proteínas. — Todo dia era uma coisa diferente, que eu não comia e acaba indo para o lixo depois. — Não precisa me olhar com essa cara, não fui eu quem fiz. Ela foi morar sozinha novamente faz apenas um mês, não via a hora de ter minha liberdade novamente e ela longe daqui. Já deixei as cartas na mesa, deixando bem claro que nós dois não temos um relacionamento, apenas sexo casual nada mais que isso. Mas eu já não quero continuar com essa mentira, porque eu fico mentindo o tempo inteiro, tentando enganar meus sentimentos que eu sei que nunca vão pertencer a ela. — Joyce, a gente precisava conversar sobre nós dois. — Vi seus olhos brilhando e sua face transparecer felicidade, mas cortei qualquer emoção que pudesse surgir no momento. — Não quero que venha mais aqui. Eu não quero mais continuar essa mentira. Eu até gosto de você, mas não quero ficar te prendendo e mantendo suas esperanças em mim. A gente nunca vai ficar juntos, porque eu… eu gosto de você e você merece ser feliz e eu não posso te dar isso. — Você prometeu que a gente ia tentar, como vai dizer que não demos certo? A gente está juntos há um bom tempo, David. Como pode dizer que não sente nada por mim? No fundo você sabe que me ama, mas ao invés de assumir, você fica me afastando e tentando se convencer do contrário. — O que temos é algo casual, você sempre soube disso. Além do mais, eu não amo você, Joyce. Eu não queria, mas eu amo a Giulia e ficar com você só tem me machucado ainda mais. Eu não penso em você uma noite sequer, eu sempre penso nela e já não tem mais graça quando a gente transa. Eu não sinto t***o em você, não sinto desejo em você e tudo parece que é artificial e que estamos vivendo uma vida de casado chato, como nosso cotidiano sem graça. — Tudo bem! Eu já entendi que eu sempre fui a segunda opção. Eu vou embora, espero que amanhã esteja mais calmo. Ah, não pense que essa v***a vai te querer, porque ela já deixou bem claro que não presta. E quanto a nós dois, você sempre esteve certo, eu sou boa demais para você não consegue enxergar as coisas boas que tem ao seu redor. Você vai morrer sozinho, porque sempre faz escolhas erradas. — Não estou fazendo escolhas, apenas não quero ficar enganando você como se algum dia eu fosse te amar. Eu nunca vou amar você e até pensei que a convivência entre nós dois poderia ajudar com isso, mas eu me sinto cada vez mais distante de você. — Tudo bem… até nunca mais, David. Seja feliz com a sua v***a e sua vida de merda que você ama ter. — Me desculpa, Joyce. — Ela me olhou, levantou a mão e me mostrou o dedo do meio, sem dizer mais nada, ela foi embora e dessa vez acho que para sempre. Eu deveria estar arrependido e ter ido atrás dela? Talvez! Mas eu estou mesmo aliviado, por saber que eu não tenho que ficar em algo que não estava me agradando. Me sentia na obrigação de disfarçar seus desejos e isso estava acabando comigo. Ignorei todos os emails que estavam chegando e estava me preparando para sair com meu pai, quando Débora bateu na porta e eu havia me esquecido completamente que hoje é dia de consulta e fisioterapia. — Hoje vamos fazer algo diferente. A estimulação na água é sempre mais eficaz. Pode nos levar até o clube? Meu carro não é adaptado. Os deixei no clube e fui espairecer a mente em uma praça que tinha ali perto, a mesma praça que eu e Giulia trocamos olhares e eu vi seus s***s. Olhava para o céu em busca de uma resposta que eu nem sei para qual pergunta seja. Minha cabeça está vazia e eu não sei o que fazer de hoje em diante. Perdi a mulher que eu amo e mandei embora a que me amava. Tentei não pensar no passado, mas quando abri os olhos, vi o passado passando de bicicleta no asfalto. Por alguns segundos me perguntei se eu não estava vendo coisas, mas não, era mesmo a Giulia e quando me viu, apressou as pedaladas. A seguir com aninha caminhonete e antes que eu pudesse alcançá-la, ela parou em frente a igreja, jogou sua bicicleta no chão e entrou apressada, sem olhar para trás em nenhum momento. Esperei pacientemente ela sair e 15 minutos depois a porta da igreja foi aberta. Os noivos saíram e estavam cumprimentando os convidados, quando avistei ela, passei no pelo menos dos convidados e fui ao seu encontro. — Eu não sei onde você mora. Não sei nada sobre você. Olhe para mim! — Buscava por seu olhar, que encarava o chão e estava sem brilho e sem vida, diferente dos olhos intensos que me encarou algum dia. — Giulia! — Vamos. Agora é hora de encher a cara. — A noiva gritava enquanto puxava Giulia pelas mãos. — Você vem com a gente? Estacionei o carro mais a frente e segui em direção a onde acontecia a festa do casamento. Não foi difícil ver Giulia, ela dançava e sorria com um senhor Judeus, ensaiando ele falava algo seu ouvido. Me aproximei o bastante para que ela percebesse que eu estava ali. Parei ao seu lado e encarei seus olhos, que logo se desviaram dos meus. — Será que eu posso roubá-la por um minuto? — O senhor me cumprimentou e nos deixou a sós. Segurei sua mão, trouxe até o meu peito e tentei dançar com ela, que se manteve quieta e olhando para os lados, como se estivesse buscando por alguma coisa ali. Toquei seu rosto e ela retirou minha mão, se afastou de mim e foi embora sem olhar para trás ou dizer alguma coisa. — Giulia, eu sei que eu errei naquele dia, mas me perdoa. Eu sei agora que eu te amo. Eu sempre amei você, eu… vamos conversar, por favor! Ela apressou os passos e no momento seguinte começou a correr, mas pareceu cansada demais e então foi andando devagar até chegar onde era sua casa. Ela morava mais perto de mim do que eu poderia imaginar, mas não sei nada sobre ela e agora ela não quer nem mais me ver em sua frente. — Está tudo bem? — Seu rosto pálido era preocupante, mas ela ignorou minha pergunta e entrou em sua casa, tentou fechar a porta e impedir minha entrada, mas eu fui mais rápido e coloquei o pé impedindo que a mesma se fechasse. Achei que havia ganho, que ela iria me escutar, mas ela trancou-se no banheiro e fechou a porta por dentro. — Você não pode ir embora. Não pode me deixar sozinho. Eu errei com você e agora entendo que eu sempre quis você, mas ganhei de negar isso para mim mesmo todo esse tempo. Eu quero você. Quero ficar com você e quero te conhecer. Se você não abrir a porta eu vou embora, já entendi que não me quer mais e eu não tiro sua razão. — Quando sair fecha a porta, por favor! — Suas palavras foram como facas enfiadas em meu peito. Sua voz estava falha e sem dúvidas ela estava chorando. Não insisti e fui embora, entendendo que tudo havia acabado ali mesmo. Pelo menos agora eu sei onde é sua casa, posso arriscar vir e tentar conversar quando ela estiver mais calma. Estava descendo as escadas quando ouvi algo sendo quebrado por ela, que gritava e jogava os objetos no chão. Eu a deixei sozinha quando ela me falou sobre os seus medos. Não fui homem o suficiente para encarar os problemas junto a ela e ela está mais que na razão de me odiar. Só que eu não vou fazer isso novamente. Não posso ir embora e deixá-la aqui sozinha, eu não sei o que ela deve pensar, mas com certeza não são coisas boas. Voltei para dentro de casa e ao abrir a porta, ela arremessou o vaso na parede, próximo a um quadro e deslizou seu corpo na porta em seguida. Cobrindo seu rosto com suas mãos. — Vai embora cara, você não me quer mesmo, tá fazendo o que aqui ainda? Eu não quero t*****r com você, tá legal? Pode ir embora se quiser, não preciso da sua caridade em sexo. Vai embora. — Me aproximei o suficiente para lhe abraçar, enquanto ela se encolhia em meu peito e chorava. Levou alguns minutos até que ela parou de chorar. Observei os detalhes da sua casa e pude ver vários frascos de remédios no armário. Sua casa estava bagunçada, com roupas espalhadas pelo chão, as louças parecem que já estão no escorredor há bastante dias e apenas garrafas de vinhos e embrulhos de lanches tinha em cima da sua mesa. — Eu procurei por você, mas não sabia onde te encontrar. — Quando seu choro cessou, ela levantou, arrumou seu cabelo e sentou-se em cima da mesa. — Eu quero fazer tudo diferente. Eu quero ficar com você. Quero conhecer você e… — Vai embora, David. Por favor! A gente não tem mais o que conversar, você deixou bem claro seus sentimentos por mim naquele dia e eu entendi perfeitamente cada palavra. — Eu estava com medo, Giulia. Eu não sabia o que iria acontecer se a gente ficasse juntos. — Eu te contei sobre mim, te contei a única coisa importante e que você precisava saber. Sabe com quantos caras eu transei desde que te conheci? Nenhum. Eu sempre dancei daquele jeito, nem por isso eu sou a v***a de mais de um cara no final da noite. Eu fui somente sua e queria que fosse sempre assim, mas você sempre ia se enfiar na Joyce. Sua namorada perfeita e única. Aliás, o que você quer de mim? Eu não posso te dar nada, David. — Seus olhos cheios de lágrimas era o que me deixava fraco e me sentindo um i****a. — Eu não acho que você seja uma v***a, eu só… — Não acha? E porque estava transando com a Joyce enquanto eu estava em alguma festa? Não dava para esperar por mim? Eu não transei com ninguém, porque você era o único que e queria dentro de mim. Era em você que eu pensava quando estava bebendo. Era com você que eu desejava dormir todas as noites, mas a p***a do meu transtorno não me deixa ser meiga e amorosa. Me desculpa se eu te fiz acreditar em nós dois existindo algum dia, era tudo coisa da minha cabeça louca. Agora vai embora e me deixa em paz. — Me liga qualquer dia, podemos ser amigos. — Vai se f***r você e sua amizade. Eu não quero te ver nunca mais, David. Eu fui embora porque tinha que ir para casa, Débora já deveria estar lá me esperando. Como era de se esperar, quando estava bem acomodado fazendo meus trabalhos, Joyce entrou com duas caixas em mãos e não me olhou nem dirigiu a palavra a mim em momento algum. Recolheu tudo que lhe pertence, jogou tudo dentro das caixas e depois de se certificar que já não havia mais nada dela ali, ela foi embora e eu me senti um merda por ter cedido a ela todas as vezes que eu senti vontade de gozar ou pensei em Giulia. Droga, ela deve ir embora e eu não lembrei disso na hora e nem sei para onde e quando ela deve ir.
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