Capítulo 3

1434 Words
                    AMÉLIA — filha, você não está bem.— Meu avô Antônio diz visivelmente preocupado. — Estou bem, vô. Só um pouco cansada, normal. Minto. Como venho mentindo todos esses dias. Já se passaram dois meses que fiquei com Ethan nos fundos de uma boate. Foi loucura tudo que rolou. Intenso. uma sensação proibida que me proporcionou momentos inesquecíveis. Ethan não mostrou que era só bonito, inteligente e outros adjetivos. Ele, acima de qualquer suspeita, foi um bom amante. Meu corpo queima só de pensar. nunca havia me sentido realizada e satisfeita como naquela noite.  “ Eu não sei o que está acontecendo, Amy. Mas eu quero você.” — Sussurra com a voz rouca, me prensando contra a parede. Suas mãos passeando sensualmente por cada trecho do meu corpo. Nossas bocas se encontrando em uma carícia lenta e prazerosa. Sua língua desliza pelo meu lábio inferior, me fazendo estremecer e arquear o corpo em sua direção. Meu corpo querendo seu toque mais e mais. — Ahh… — Solto um gemido sôfrego quando seus dedos colocam minha calcinha para o lado e encontram minha b****a completamente encharcada. — Você é deliciosa, linda. Farei você gozar para mim — Murmura, sua voz profunda me causando arrepios calorosos. E sim, ele me fez gozar intensamente. Quando deslizou para dentro de mim, fechei os olhos e me deixei levar pela deliciosa sensação de ser preenchida por ele. Nossos gemidos desesperados, assim como nossas respirações, se misturavam, criando nossa própria melodia. Ethan é um homem inesquecível. Mas logo veio o balde de água fria. Ele me pediu desculpas. Alegando que foi um erro, que não deveria ter traído sua noiva daquela forma. Que foi leviano e não parou para medir as consequências. Como me senti? m*l, muito m*l. Eu sabia que ele tinha alguém e também me deixei levar pela aquela atração louca que ele desencadeou em mim. Eu poderia ter dito não, caído fora enquanto dava tempo. Mas não, o instinto primitivo falou mais alto e me entreguei ao momento. Me entreguei a Ethan Jones. Burra.  Estúpida.  É isso que eu fui. Então, como uma boa covarde que sou, saí correndo. Não conseguiria encarar seus olhos depois de tudo que fizemos, e principalmente diante de tudo que ele falou.  Foi um erro! Todas as noites relembro aquele momento. Suas mãos no meu corpo, seus beijos quentes. Seu desejo pulsando dentro de mim. Me sinto ridícula por isso, eu me apaixonei por Ethan e  ele ama outra.  O lado bom é que desde aquela noite não o vi mais. O que os olhos não veem, o coração não sente.  Sinto um gosto amargo na boca e já sei o que me espera. Corro para o banheiro e me agarro ao vaso sanitário colocando para fora todo meu café da manhã. Sinto um toque suave e mãos segurarem meu cabelo gentilmente. — Amy, você não está bem amiga, precisa procurar um médico.  Escuto a voz de Catarina atrás de mim. Suspiro cansada. Já estou assim há um mês, não contei nada para meu avô, não queria preocupá- lo. Só Catarina sabe disso. — Eu vou. —  Murmuro resignada. —  Mas não deve ser nada sério.  — Sorrio sem graça. Me levanto e lavo meu rosto e boca. Fitando meu reflexo no espelho me dou conta que emagreci um pouco e tenho algumas olheiras embaixo dos olhos. Não posso ficar doente, tenho que cuidar do meu avô, ele só tem a mim. — Amy, florzinha, você não estaria grávida, não é? - Cat questiona arqueando uma sobrancelha, cruzando os braços. — Não. Claro... que não— Respondo rápido, me atrapalhando com as palavras — Estremeço só de  pensar nessa possibilidade. Me olho novamente e um estalo me vem à mente.  Não. Não. Me recuso a acreditar nisso. Usamos camisinha. Pelo menos foi o que eu vi quando a retirou do bolso do seu jeans... Não pode ser, meu Deus! Balanço a cabeça negando, como se isso repelisse essa hipótese. Meus olhos se enchem de lágrimas e algumas escorrem sem permissão. Catarina percebe meu desespero e me abraça imediatamente. — Amiga, estou com você, e vou estar para sempre. Até quando não precisar — Me enterro em seus braços chorando copiosamente. — Não entendo, usamos camisinha. Eu vi quando ele a colocou. Isso não pode está acontecendo — Me contorço em seus braços, em completo estado de negação.  Catarina me abraça, falando palavras de consolo. minutos se passam e a vejo pegar alguma coisa na sua bolsa e estender em meu campo de visão. Olho para o objeto sem entender. — Pega Amy, isso aqui é a resposta para nossas perguntas. Só faça! Estarei aqui com você — Diz com um breve sorriso, porém, cheio de significados. Pego o teste de gravidez com as mãos trêmulas. Se eu fizer e for real? o que vou fazer? Eu não sei se consigo. Fico encarando o teste, como se toda a minha angústia fosse desaparecer magicamente. —  Amy, não tenha medo, querida. Você não estará sozinha, muito menos se estiver mesmo grávida. O bebê vai ter todo o amor do mundo. Eu como sua dinda oficial me encarregarei disso.  Um pequeno sorriso se forma em meus lábios. Só essa maluca para me fazer sorrir uma hora dessas. Mas e o pai? Mesmo que não tenha nenhum tipo de contato, irá me odiar quando souber. Provavelmente não acreditará, e ainda exigirá um teste de DNA. O que não vai ser nenhuma surpresa dada as circunstâncias de como tudo aconteceu. — Cat, Como eu vou cuidar de um bebê? ele não vai ter pai Catarina.Nem sei onde mora, telefone, nada. Como desgraça pouca é bobagem, ele tem alguém. Está prestes a pedir outra em casamento— Falo rapidamente sem dar tempo nem de respirar.  Estou literalmente surtando. Catarina acaricia meu rosto e sussurra: — Vai ficar tudo bem. Vamos dar um jeito. Respiro profundamente, e tomo coragem para fazer o teste. Seja forte, Amy. Depois de alguns minutos se findarem peço Catarina para ver o resultado. Não tenho coragem de olhar. — Iai? — Pergunto aflita, roendo as unhas das mãos. Catarina me olha em silêncio e após alguns minutos de aflição, anda em minha direção e me abraça. Esqueci que ela é especialista em suspense. — Parabéns, mamãe! — Sussurra no meu ouvido.  Sinto o mundo girar em câmera lenta, o ar deixar os meus pulmões, meus olhos pinicarem em lágrimas. — O que eu vou fazer com meu avô e um bebê? - Desespero começar a tomar conta de mim. Catarina segura firme em meus ombros, me olhando de forma carinhosa. —  Ei! Respira, calma irmã. Estou aqui, qual a parte de que vocês não estarão sozinhos, você não entendeu? — Cat Sussurra,  e sinto o peso dos meus ombros, diminuírem. Por mais louca que seja essa situação, conforto- me em saber que não estarei sozinha.  ************************* — Vô, fala alguma coisa? — Suplico. Choro copiosamente observando meu avô sentado na sua poltrona preferida dele. Aproximei- me mais, ajoelhando em sua frente. Ele permanecia calado com um olhar perdido e isso me assustou. Com certeza está decepcionado comigo. Aos 24 anos, está grávida e nem conhece o pai do filho, direito. — Me perdoa, vô. Não queria decepcioná-lo. —  Murmurei já em prantos. Me angustia seu silêncio, sua expressão vazia. — Amy... Não me peça perdão, querida. Você vai me dar um bisneto ou bisneta. Independente de como aconteceu, é uma vida. Não se martirize por minha atitude. Seu velho apenas...  — Faz uma pausa. — Não esperava por isso. Estou feliz querida, acredite. O que mais poderia esperar nesses últimos anos da minha vida? Uma criança, para colorir ainda mais a minha vida, mais do que você minha neta, já coloriu —  Meu avô diz com um tom de voz embargado. Em meio às lágrimas, sorrio feliz e respiro aliviada. Com a certeza que tendo meu avô do meu lado, me apoiando e feliz, por mais que as coisas se tornem difíceis. Não aguento e desabo no colo do meu avô. Após a morte dos meus pais em um acidente de carro, me vi sob os cuidados do meu avô Antônio já que minha avó havia falecido quando eu ainda era adolescente, com um enfarto fulminante. Durante muito tempo sempre fomos apenas dois, agora seremos três. Quão louco isso soa? Não sei, mas passado o susto já me sinto um pouco melhor. Estou gerando uma pessoinha dentro de mim, chega ser surreal o sentimento que está se enraizando aqui dentro. Tão natural. É um amor muito forte. O verdadeiro amor, puro e genuíno. 
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