ETHAN
— Ethan, preciso que revise alguns processos — Lucas Murmura jogando alguns papéis sobre minha mesa.
O Encaro com um suspiro cansado.
A dias não durmo direito, não consigo me concentrar em nada. A culpa me corrói, o desejo me sufoca.
Faz um mês que pedi à Lucy em casamento. Queria fazer as coisas certas, mas não consegui. Sou um maldito covarde, tive medo de perdê-la. Falar para ela, com quem quero dividir meus dias, que eu a traí com uma desconhecida... Seria demais, seria um golpe muito duro. Ela não merece passar por isso.
Quando vi Lucy pela primeira vez, tinha apenas doze anos. Foi no primeiro dia de aula do colegial. De lá pra cá, nos tornamos bons amigos, e ao longo dos anos a amizade evoluiu para o amor.
Lucy foi minha primeira paixão, fomos os primeiros um do outro. Descobrimos juntos os sabores e dissabores da vida.
Ela sempre foi a menina mais linda que os meus olhos já contemplaram. Olhos azuis, pele bronzeada, lábios perfeitos, cabelos negros, tão negros como a noite.
Até ela aparecer!
Me recuso a pensar nela. Não posso fazer isso com Lucy.
— Mano, você está com a cara horrível. O que você tem? — Lucas questiona, se sentando na ponta da minha mesa.
— Nada. — Respondo.
— Ethan, eu te conheço há bastante tempo. Sei quando algo está errado, e se for o que estou pensando... Não se condene tanto. Somos humanos, estamos suscetíveis a cometer erros. Tenho certeza que se você for sincero com Lucy e ela te amar de verdade, vai superar isso. Mas tem que contar a verdade a ela.
Lucas diz e me sinto ainda pior. Contudo, por mais que seja errado o que eu fiz, eu gostei. Penso nela todos os dias. A todo momento revivo aquela cena na minha cabeça. Seus lábios macios, seu cheiro doce e marcante, todo nosso desejo explodindo e nos levando ao total êxtase. Seus gemidos atormentando minha mente sem parar.
O que há de errado comigo? Droga! Eu amo Lucy!
Lucas é um bom amigo, quase um irmão para mim. Já que só tenho uma irmã de dezenove anos, Natália.
Depois de escutar Lucas por mais algumas horas, saio e no caminho tenho uma ideia. Não sou muito romântico mas de agora em diante me esforçarei.
Paro em uma floricultura em especial, já estive aqui uma vez. Na época era aniversário da minha mãe e comprei um lindo arranjo de rosas brancas, suas preferidas. Conheci um senhor muito simpático, acho que o dono da floricultura.
Uma moça muito educada me ajudou a escolher um buquê lindo e delicado de rosas azuis, assim como os lindos olhos de Lucy. A moça comenta que a mulher que receber o lindo buquê é uma mulher de sorte. Pois é um gesto lindo e carinhoso. Sorrio sem graça pelo seu elogio.
— Aninha, Desculpa te sobrecarregar, mas deixa que eu atendo o moço. Pode ir descansar.
Uma voz linda preenche o espaço. Uma moça com lindos cabelos loiros diz, ao se aproximar do balcão. Ela mantém a cabeça baixa, enquanto amarrava o avental com o nome da loja em sua cintura.
De repente uma porta se escancara, trazendo uma corrente de ar para dentro da loja. Sinto um cheiro doce e delicado se espalhar pelo o ambiente. Esse cheiro... Eu conheço. Reconheceria em qualquer lugar.
Não pode ser.
Em um gesto delicado pega o buquê e leva ao nariz inalando profundamente.
— Bela escolha, senhor! Tenho certeza que a mulher que for presenteada, com certeza vai amar! — Diz sorrindo de forma delicada, seu sorriso lindo e iluminado que habitou muito meus sonhos todas essas noites.
Mas na mesma velocidade que chega, se vai, assim que se dá conta de quem eu sou.
Amy me olha fixamente. Parecia em choque, a respiração acelerada, como se estivesse correndo, os lindos olhos verdes como duas esmeraldas ficaram ainda mais verdes e maiores, seu rosto começou a empalidecer.
Não entendo, ela parece que vai se desmanchar na minha frente.
— E...Ethan? — Sussurra antes de desmaiar diante dos meus olhos.
Por um segundo consigo sair do transe em que eu me encontrava. Em um claro sinal de desespero corro para atrás do balcão e alcanço seu corpo sem reação no chão da loja.
Minhas mãos começam a tremer, e a pego nos braços gritando por socorro.
— Amy? Filha, o que houve com ela, meu jovem? — Pergunta aflito o senhor que conheci outro dia.
— Não sei, senhor. Eu... Eu estava comprando algumas flores e a moça começou a me atender e de repente desmaiou. — Revelo aflito. Não sei, mas tive a nítida impressão que ela desmaiou assim que percebeu quem eu sou.
— Leve-a para minha casa, rapaz. Por favor! — Pede.
Fiz como o senhor pediu. Subi para o segundo andar já que a floricultura fica em baixo. Levei Amy para seu quarto, como o avô me instruiu. O quarto dela era grande, tinha uma enorme cama box, arejado, tinha um pequeno closet, alguns quadros, escrivaninha, pelúcias, e uma enorme janela de vidro com uma visão incrível.
Fui para a sala conversar com seu Antônio, ele não parecia estar nervoso com o desmaio da neta. O que me deixou bastante intrigado.
Logo depois chegou uma amiga de Amy, Toda preocupada. Lembrei- me dela, a morena que encantou Lucas. Ele só fala dela.
Quando percebe minha presença, se assusta. Seu rosto empalidece assim como o de Amy.
O que há de errado com essas duas?
Desconfiança paira sobre mim. A morena entra no quarto e após longos minutos retorna a sala dizendo que Amy deseja falar comigo. Não tenho um bom pressentimento sobre isso.
Continua...?⚡