ETHAN

AMÉLIA — Sabe Amy, não me canso de admirar a beleza das flores, são tão inocentes, perfumadas. É impossível ficar triste quando se está perto delas — Dona Helena, nossa fiel cliente, diz com seu costumeiro sorriso doce de sempre. Também compartilho da sua opinião, por isso me esforcei tanto para manter a floricultura da família, até me formei em administração. Nunca perdi a esperança, mesmo que às vezes me batesse a tristeza por não ter minha família para compartilhar alegrias, e tristezas. No momento, só conto com meu avô, somos verdadeiros sobreviventes. — Filha, pode conferir a nova remessa de flores que chegou? — Meu avô Antônio pergunta carinhoso. — Amyzinha! Reviro os olhos. Certamente quer alguma coisa. Catarina entra na floricultura correndo, ofegante como se fosse uma maratonista. — A resposta é não, Catarina! — Qual é, Amy? Você prometeu que sairia comigo semana passada, lembra? — Pergunta impaciente. Faço cara de paisagem. — Não— murmuro, arrumando algumas flores. Catarina dá a volta no balcão se recostando no meu avô, o abraçando. Sonsa! Sei muito bem que pretende. Essa Catarina é fogo. — Vô, o senhor não acha que Amy tem que sair e se divertir? - Pergunta na maior cara de p*u, mexendo nas unhas. Começo a orar mentalmente. — Deus, dai-me paciência! Meu avô para de ler alguns papéis para prestar atenção na conversa em questão. — Acho, filha. Já cansei de dizer para essa minha neta cabeça dura. Seu Antônio acaba caindo na lábia da Catarina. Ela dedica seus dias me infernizando para sair para baladas, mesmo sabendo que não é meu estilo. Só porque seus pais confiam muito em mim. Motivo? Bom, Catarina não é bem uma pessoa ajuizada. — Não se preocupe comigo, seu Antônio, estou muito cansada para me divertir. Tudo que quero é um bom banho e cama. — Sinto muito lhe informar, mas hoje a senhorita vai comigo para a inauguração da nova boate "Life." Me falaram que ela é top! Então se prepare, que hoje vamos nos divertir muito! — Catarina me abraça com um sorriso malicioso. Fecho os olhos, frustrada. Levanta o dedo indicador em riste em minha direção. — Não adianta me olhar com essa cara, até porque se não se arrumar, te levarei do jeito que estiver, nem que seja arrastada. — Eu ajudo! - Meu avô Antônio se manifesta. — Vô! Bufo irritada. *************************** — Amy, melhora essa cara. — Pede virando uma dose de tequila. Também faço o mesmo, me sinto até mais leve. — Gata, você é mesmo sortuda. Tem um Deus grego que não tira os olhos de você desde que chegamos aqui no bar— Catarina sussurra no meu ouvido. Viro mais outra dose de tequila e mais outra. Isso é sinal que estou nervosa, nunca havia feito isso antes. — Onde? — Tomo coragem e pergunto olhando para todos os lados. — Ei! Calminha! Pelo menos disfarçar e para de beber desse jeito, Pega leve. — Oh, meu Deus! Ele está vindo para cá! Disfarça, Amy. - Pede sussurrando olhando fixo para mim. Tarde demais! — Boa noite! — Uma voz rouca e "sexy" ecoa atrás de mim. Sinto um arrepio percorrer todo meu corpo, me viro lentamente e respondo o seu cumprimento. Péssima ideia! Meu corpo paralisou no lugar. Por Deus, estou em transe. De repente me sinto quente. Literalmente em chamas!