Logo que o líquido tocou meus lábios a sensação de conforto e êxtase se tornaram um breu e perda dos sentidos, derrubei o copo no chão enquanto minha cabeça bateu com força na mesa.
O que aquela velha fez comigo?
Ótimo, achei que essa lição já tínhamos aprendido na terra, não aceitamos coisas de estranhas.
Minha cabeça pesava milhões de toneladas, e escutei uma voz mansa me chamando, ela vinha de dentro de mim, mas não era minha consciência. Aos poucos meus sentidos foram voltando, senti a mão de alguém tocar em minha testa, enquanto a pessoa murmurava algo que eu não entendia.
— Será que minha capacidade de entender as outras línguas se foi? —perguntei a mim mesma. Nesse momento minha visão voltou, havia uma mulher com três olhos, seus cabelos estavam presos em tranças que formavam um enorme coque.
—Pequenina...—Ela fala com um olhar terno, me levantando do chão. Sua única palavra fez meu coração transbordar. —Esperava que parecesse mais comigo. —Seus olhos derramavam gotas de carinho.
—Você é …
—Sim! —Seu sorriso um tanto constrangido escondido ao limpar as lágrimas com as mangas de seu vestido azul.
Eu ainda não conseguia compreender a dimensão do que estava acontecendo ou como estava acontecendo, mas pela primeira vez as perguntas não precisavam de respostas, elas nem fazem falta, tanto importa como ou porquê, apenas queria estar acolhida em seus braços e sem perceber eu estava de forma natural e acolhedora era como se meu coração fosse completo por um breve segundo.
Até me lembrar da minha pequena gota de alegria que estava na Terra, sentindo a minha falta, sem a minha p******o, como eu poderia sentir tal amor, tal alegria sendo que ela está sofrendo, o que me levou a sair daquele abraço.
—Minha criança, você é exatamente como eu imaginei, os cabelos, os olhos de seu pai. —Ela falava enquanto enrolava o dedo em um dos meus cachos, naquele momento as perguntas voltam a ter importância e me afasto dela.
—Você morreu? —Perguntei recuando.
—A muito tempo…—Ela percebeu Minha insegurança e se afastou.
—E… como é possível? Eu morri? —Naquele instante senti meu coração pulsando mais rápido embora isso pudesse ser um sinal de que não havia morrido, eu nunca estive morta para saber. —Doi aquela velha não foi? Não devia ter entrado na casa dela! Sou tão tonta! —Naquele momento o drama já havia se instaurado estava acocado no chão com as mãos na cabeça querendo encontrar um jeito de voltar.
—Você não morreu, pequenina. Está onde as consciências residem. —Ela fala tocando minhas mãos, fazendo com que eu a olhasse. Começo a olhar envolta agora não tão comovida com a situação apresentada, vi que estávamos em uma caverna com o teto brilhante e no meio uma cachoeira onde saía apenas um filete de água.
—Como? Como isso é possível? É magia? —Indaguei.
—Não! Ciência, aprendida por minha mãe a muitos anos em um planeta antigo fora de Kundale mas com pessoas egoístas e que só pensam no poder como aqui.
—A velha do tarot é sua mãe?
—Tarot? O que é isso?
—Bem, é tipo um jogo onde um o****o paga e alguém fala algo a respeito do seu futuro.
—Já sei de quem está falando, é minha tia. É feita de uma planta muito poderosa helling, depende da dosagem ela te coloca em um coma que te trás para cá.
—Isso não é real?