A porta

1804 Words
Todos estavam falando uns por cima dos outros em um círculo, era estranho e familiar, como participar de um grupo de super heróis, ao qual eu era um daqueles que ninguém chama para te socorrer e eu estava muito feliz com isso. —Eu vou! —Disse Maha com convicção. —É perigoso, não está acostumada! —Respondeu Ananke. —Ele tem razão, eu vou —Disse Ravi. —Estão loucos? Estão esperando por vocês na festa e sinceramente ninguém sentirá minha falta — Concluiu a garota. —És a minha conselheira todos sentirão sua falta, não estás acostumada a esse tipo de caçada, é perigoso, Utham é perigoso, não sabe do que ele é capaz! —Eu agradeço a preocupação, mas posso fazer isso! Eu posso rastrear o pensamento de um dos caçadores. —Eu também sou um ótimo rastreador—Respondeu Ravi. —Ravi, ninguém acreditaria que tu perdestes uma festa! —Espera! O objetivo não é encontrar a Pad? —Sim! —Então não precisam ir atrás deles, porque ela está atrás de mim, quero dizer desse corpo! Eu e Maha vamos para algum lugar seguro, consegue rastrear os pensamentos dela? —Perguntei para Maha, todos estavam em silêncio com expressões de surpresa. —Sim! Sim, na verdade não… mas, posso a partir da sua ligação com ela. Ananke segura meu braço e puxa para próximo dele. —Isso é perigoso! Não é tão simples assim… —Eu vou ficar bem! —Não estou preocupado com você —Ele fala olhando para Maha. —Confie em mim, vai dar certo. Ele olha fundo em meus olhos talvez buscando alguma memória que estava adormecida aqui dentro. —Está bem —Ele solta meu braço e olha para Maha— Se achar por um segundo que é necessário eu vou atrás de vocês e as trago para casa! —Eu sei que vai! —Disse Maha, ela e Ananke tem uma relação que não decifrei ainda, mas sabia que era parte do que os mantinham do lado bom da força. Enquanto Maha e Ananke preparavam as coisas o mais rápido possível, eu ia vestindo um macacão que se adaptava ao ambiente. Era interessante sentir como se a Meraki estivesse viva aqui dentro de alguma forma suplicando para que eu salvasse a Pad. —Vamos? —Disse Maha com uma mochila. —Sim —Falei acabando de amarrar o cabelo. —Tomem cuidado! —Disse Ravi beijando nossas mãos —Tragam um suvenir para mim. —Sobre voe em modo camuflagem, não faça nenhuma burrice! Só pouse quando tiver certeza— Ananke fala rigidamente franzindo a testa e ele cola alguma coisa no braço de Maha. —Nos vemos daqui a pouco —Ela responde com um sorriso e caminhando para a porta, a sigo quase correndo. Ao olhar para trás vejo o rosto preocupado de Ananke, respirei fundo sabendo que essa jornada não seria fácil, estava convencida que de que de alguma forma isso me levaria mais rápido para Margo. Havia chances de ser só mais uma cilada da minha mente. Maha e eu estávamos em direção a um carro, ela encosta o braço em sensor da porta e entra quando me aproximo ela abre para mim. —Tem certeza que quer fazer isso? Pergunta Maha com as mãos no volante. —Nenhuma, mas vou mesmo assim. Ela liga o carro e começamos a subir, é interessante pensar que na Terra eu nunca havia andado de avião ou saído de Tartarugas e agora eu estava voando em um carro. Um frio na barriga me fez respirar fundo mais uma vez e a vontade insana de olhar pela janela. Era tudo tão lindo como se saindo de um livro de ficção científica, era a cidade perfeita os prédios ecológicos e vários desenhos lindos em alguns deles como se fosse grandes exposições de arte. —É lindo, não acha? —Pergunta Maha. —Sim, é inspirador. —São parte da história de Kundale, a história contada pelos deuses. —Pelo jeito não é história toda… — Precisa de mais de um ponto de vista para ser! —Maha, eu queria me desculpar pela briga mais cedo, eu não tinha o direito de descontar em você, não tinha como você prever o que aconteceria. —Tudo bem, eu fui impulsiva, Ane me avisou e mesmo assim eu fiz. —A relação de vocês é muito bonita —Falei lançando um sorriso para ela. —É como a sua e da sua pequena humana. —De irmãos… —Não de pai e filho, no seu caso é mãe e filha. Aquilo de alguma forma me calou por alguns instantes, eu era tão pequena como poderia ter tido uma responsabilidade tão grande em minhas mãos, não via nossa relação daquela forma e agora não podia desver. —Estamos chegando só temos que passar pelo túnel, não se preocupe, temos todas as permissões só coloque o capuz e o óculos. —Disfarce de super heróis, perfeito. Ao entrar no túnel haviam vários soldados opleanos com suas armas prontos para atacar, mas mesmo que fosse assustador não dava para não ver a beleza desenhada dragões e um deserto maravilhoso, pessoas que pareciam com Hanaá com roupas primitivas e lanças, era lindo. —Essa é a outra versão da história? —Uma pequena parte, todos dias elas são apagadas, mas pessoas que ainda acreditam nesse planeta refazem todas as noites, estamos quase chegando no final do túnel. Maha tentava se manter concentrada, ela estava com as mãos tensas sobre o volante, quando estávamos quase saindo, um dos homens fez sinal com a mão Maha parou e abaixou o vidro. —Algum problema? —Ela perguntou, deixando que seu terceiro olho aparece-se, não encontrei melhor forma de dizer isso. —Esse veículo pertence ao magnífico, não se parece com ele —Disse o soldado mostrando o dispositivo com as informações. —Eu sei, sou Maha a conselheira, tenho total permissão a utilização desse veículo aliás aqui —Ela mostra o adesivo no braço —Não teria como eu ter isso se a autorização dele. —Certo, pode passar. Seguimos até o fim, havia uma enorme floresta que iria até uma vila próximo ao castelo onde iniciamos a nossa jornada. —Vamos pousar agora. —Acho que não foi isso que combinamos. —Sim, mas para criar uma conexão com Pad, vou precisar criar a partir de você, como se fosse uma ponte. — Certo, vamos quebrar as regras! —É, mas não é bem quebrar uma regra, é seguir o que a missão pede. —Tem razão, é mais uma desobediência! Não é como se eu nunca em toda minha vida tivesse obedecido —Disse tentando me convencer. —Por Asiris! Nunca quebrou uma regra? — Debochou ela. —Não! Porque eu faria isso? As consequências de quebrá-las podem ser duradouras! Eu sou filha de uma usuária de drogas que me teve aos 16 anos que morreu de overdose e tiveram que tirar minha irmã às pressas para ela não morrer também! Quebrar as regras? É como uma sentença de gravidez na adolescência ou morte e realmente eu não sei qual é o pior! —Claro, e em vez disso se tornou mãe aos 8 anos de idade! — ironizou Maha. —Essa foi pesada. —Me desculpe, não vamos quebrar regras, só vamos fazer o que é preciso para salvar a vida da Pad e quanto mais tempo perdemos é pior, ok? Você que quis vir, lembra? —Tem razão, mas foi graças a mim que você veio! Ela me imita, como se eu tivesse um grave problema de dicção enquanto pousa próximo a uma cachoeira. Nós sentamos no chão e Maha entende sua mão. —Segure minha mão e se concentre no barulho da água. —Ok. Era impossível, minha mente nunca conseguiu se concentrar em uma coisa só, eu precisa estar sempre em alerta e não relaxada. —Ta assim não vamos conseguir —Disse ela abrindo os olhos —Confia em mim? —Não. —Nossa, nem tentou fingir! — Ela cruza os braços fazendo birra. —Não é pessoal, eu não confio em muitas pessoas. —E veio mesmo assim para uma floresta comigo? —Se fosse me m***r já teria feito. —Bom, talvez possamos fazer diferente, vou te mostrar minha mente, assim pode saber que sou confiável —Ela estica a mão novamente —Olhe fixamente para meu olho. —Qual deles? — O que fica bem no meio da minha testa! —Respondeu ela apontando com indignação. —São três , eu só estava confirmando! —Olhe fixamente, sua visão deve começar a embaçar, vai parecer que você está lá a horas, mas serão alguns segundos, entendeu? —Sim —Respondi com a voz trêmula, não por falta de entendimento, mas pela falta de costume em encarar as pessoas. Aquele olho parecia me chamar, era como se ele fosse me envolvendo até a minha visão ficar turva, meu corpo parecia uma gelatina e uma neblina parecia nos cobrir levantei rapidamente, procurando os perigos que poderiam aparecer. A neblina começou a baixar em nossa volta havia algumas portas e Maha ainda estava em estado meditativo. —Maha, o que fazemos agora? —Falei tentado despertá-la com cuidado. Uma das portas se abriu a encarei procurando alguma reação, mas sem sucesso decidi que deveria entrar pela porta, possivelmente é o que Hermione teria feito? Talvez Harry. Uma versão menor e com uma enorme trança de Maha, estava com um livro em mãos, um som alto fez com que a garotinha se escondesse no canto entre a estante de livros e a parede, lugar em que ela cabia perfeitamente. —Solzinho! —Disse uma voz feminina, a garotinha correu para seu colo com rapidez —Você precisa ir com o titio agora, está bem? Ele vai cuidar de você, comporte-se, eu te amo muito! Nunca esqueça isso Ela beija várias vezes seu rostinho e a abraça com força e a entrega a Ravi. —Assim que possível eu voltarei. —Faça o que precisar —Ela fala segurando o braço de Ravi, eles encostam a cabeça um no outro. —Essa foi a última vez que vi minha mãe —Sussurrou Maha atrás de mim —Eu nunca vou esquecer. —Sinto muito, quantos anos tinha? —Falei fingindo não ter quase tido um piripaque quando ela sussurrou. —20, ou seja, uns 6 a 8 anos humanos. — Nunca vou entender essa coisa da idade de vocês. —Nem eu, o quão cedo vocês morrem, seus corpos frágeis e flácidos é deprimente. —Certo, obrigada!—Falei ironicamente —O que fazemos agora? —Precisa achar uma brecha nas minhas lembranças algo de semelhante que crie uma conexão —Responde Maha. —Minhas lembranças ou dela?
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