Montadora

1057 Words
À noite era possível ver os carros voadores indo de um lado a outro, Maha não falou comigo e nem eu tive a coragem de falar com ela. Ananke pediu para que eu me vestisse para o baile, Fulana e Ravi me ajudaram a vestir. Estava tudo tão silencioso, assim como dentro de mim só ecoava as palavras de Maha dizendo que possivelmente eu nunca mais veria minha irmã ou Ramona. Enquanto Fulana e Ravi discutiam o quão deveriam apertar, eu apenas pensava no abraço quente de Ramona totalmente contra minha vontade, acompanhado com uma colherada de brigadeiro. —Está belíssima, Majestade! Apenas sua expressão triste que apaga um pouco. Ravi toca meu queixo com as pontas dos dedos. —Sei como é sentir falta das pessoas que mais ama, acredite todos aqui sabem! Mas saiba que está com pessoas que te amam. —Não amam a mim… —Querida… —Como poderiam? não me conhecem! —Tem razão, só que eu vejo o amor em seus olhos, uma pitada de loucura e uma imensidão de coragem! —Achei clichê, mas obrigada! —Prontos? —Gritou Ananke enquanto se aproximava, assim que ele colocou os olhos em mim ficou alguns segundos em silêncio. —Estamos! —Respondeu Ravi com um sorriso convencido de seu bom trabalho. —Ela… está muito arrumada para uma acolhida? — Seu rosto ganhou uma seriedade que demonstra seu desconforto. — Não para a acompanhante do governador, ainda que apenas um enfeite ainda posso ter uma acompanhante digna ao meu lado! —Podem considerar uma afronta Ravi! — Eu estou disposto a fazer mesmo assim. —Uau! —Falei ao ver Maha entrando, ela estava com r**o de cavalo preso por trancinhas que caiam sobre seus rosto elas eram enfeitadas por retângulos metálicos, mas a sua roupa era poderosa um blazer com um decote as cores preta e dourado brigando de uma maneira harmônica, um cinto de ouro só para mostrar o poder, e a calça de cós alto preta, elas estava deslumbrante. —Obrigada, eu acho! —Sim, é um elogio, você poderia bater em alguém e ainda te agradeceria, só faltou uma coisinha… —Disse apontando para a testa. —Infelizmente, não posso ser eu mesmo nessa situação. —Eu e Ravi vamos quebrar alguns tabus, pode se juntar a nós. — Eu entendo que essa humana não tenha respeito algum pelo que estamos fazendo aqui! Mas, vocês? Sério? —Disse Ananke colocando as mãos na cintura e elevando a voz. —Pode nos deixar a sós? —Pedi aos dois que se entreolharam e saíram rapidamente, Ravi foi puxando Fulana. —O que você quer? —Porque? Porque você é assim tão arrogante e m*****o? —Perguntei me aproximando dele. — Como assim? Eu… — Nem percebi não é mesmo? É natural para você tratar pessoas como eu com desprezo? Ou isso é apenas comigo? — Não sei o que quer que eu responda, vamos nos atrasar. Ele desviava o olhar. — Claro… Nem vai se esforçar para me responder, eu fui trazida aqui contra a minha vontade, deixei a pessoa que eu mais amava … — Sua egoísta! Pode falar novamente que deixou a pessoa que você mais amava, sendo que acabaste com a mínima possibilidade de eu ver a minha, estar aqui e ver você, com essa roupa e fingir que não conheço cada centímetro do seu corpo e ao mesmo tempo não reconhecê-la, tem idéia do suplício, da dor e agonia?—Sua voz estava alta e seus olhos se mantinham fixados nos meus parecia uma tempestade, ele se aproximava me fazendo tocar o espelho e ficar encurralada —Quer sentir ? Posso te mostrar— Ele estende a mão e toca em meu braço, sinto seu sentimento todos tão complicados e confusos, uma mistura tão intensa, uma dor quase física, esmagadora e triturada, mas muito parecida com a minha. Amor, raiva e culpa no seu ápice que o fazia querer estar com ela e me odiar por ser o empecilho a isso e saber que sou sua responsabilidade agora. Ao perceber a dor que me causava ele me soltou. —Me desculpe, eu perdi a cabeça, isso não vai s e repetir. Fiz a única coisa que não esperava fazer, o envolvi em meus braços e segurei tão forte que o senti desabar, quase me levando ao chão. —Não é sua responsabilidade! Não se preocupe comigo, sei que está tão cansado de lutar quanto eu — Falei tocando o seu braço — Vamos, não queremos nos atrasar. —Você é, todo esse povo é minha responsabilidade Meraki! Não deveria sentir-se culpada por não sentir que é sua responsabilidade também, eu não deveria te culpar por não ser ela. Eu queria dizer a ele que me sentia responsável e que uma parte da Meraki dele ainda estava aqui, mas isso poderia quer dizer nunca mais ver Margo e eu estava disposta a correr todos os riscos por isso, inclusive enterrar a Meraki dele para sempre. — Obrigada, eu gostaria de pedir uma coisa a você se houver uma mínima chance de voltar, você vai me deixar ir. —Quando quiser, Maha esteve trabalhando nas probabilidades e elas são muito pequenas, o melhor jeito seria você descobrir como ser uma saltadora e isso demoraria anos. — Está bem, não importa o tempo que demore. Ele toca em meus braços gentilmente e se aproxima devagar, olhando dentro dos meus olhos, me lembrando de quando dançamos a noite inteira no jardim, os pés descalços e nos pastos molhados da relva que caía sobre nós. Ela beijava a minha mão que havia acabado de acariciar seu rosto. — Não deixarei que viva com essa dor para sempre — Aquelas palavras se lembraram que tudo era apenas um lembrete de uma vida que nunca vivi. —Desculpe interromper, mas tenho notícias —Disse Maha entrando no recinto. —O que foi? —Temos uma boa e uma r**m, qual querem primeiro? —Respondeu Ravi. —Tanto faz diga logo! —Bom vamos pela boa, Utham não estará presente no baile! E a r**m é que e foi caçar a Pad. —Quem é Pad? —Ela é a protetora de Meraki, desapareceu junto a ela, achamos que ela tinha morrido, mas pelo jeito ela estava aguardando o retorno de sua montadora.
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