Capítulo XV

834 Words
Quando Maristela chegou em casa com Renato, tratou logo de fazer as bolsas com toda a roupa de Paulo. Não deixaram de colocar nem a escova de dentes e o pente que ele usava. Antes das três e meia, já estavam com tudo pronto. Renato olhou pela janela e avisou: - Tem um carro da polícia parado aqui em frente. - O delegado avisou que ia mandar uma viatura. Ele pode se tornar violento e é bom previnir. - Mas ele não está impedido de vir aqui? - Mas ele não pode ficar só com a roupa do corpo. Ele tem o direito de pegar as coisas dele. - Já que a polícia está aí, posso me manter no quarto, quando ele vier? - Ele não vai entrar. Vou entregar as coisas no portão. Pode ficar aonde quiser. - Quero evitar discussão com ele. - É bom mesmo. Tomara que ele tenha arrumado lugar para ficar. Vou lá falar com os policiais. Maristela saiu e se dirigiu aos policiais: - Ele marcou quatro horas. - Pode chegar mais cedo e se trata de um covarde que gosta de bater em mulher. Nós vamos ficar aqui até ele ir embora. - Tá bom. Querem aguardar lá dentro, tomando um cafezinho? - Por enquanto vamos ficar aqui fora. Depois de tudo resolvido, a gente entra para um café. - Tá bom. - A senhora pode entrar e esperar com calma. Estamos aqui para lhe proteger. - Eu estou um pouco nervosa. - É natural. Acabar um casamento de anos não é fácil, mas entra e toma uma água com açúcar. Nós estamos aqui. Maristela agradeceu e entrou. Foi na cozinha e tomou um copo d'água, depois se sentou na sala e ficou esperando. Já era quase cinco horas quando Paulo apareceu. Logo perguntou: - O que esse carro está fazendo aqui? - Caso você não se lembre, eu tenho medida protetiva contra você e eles estão aqui para se certificarem que tudo vai ocorrer em paz, sem você me agredir de novo. - Você já pensou bem no que está fazendo? - Pensei e só me arrependo de ter esperado tanto tempo. Você arranjou lugar pra ficar. - Não te interessa. Isso agora é problema meu. Fui no advogado público e ele vai cuidar da partilha de bens. - Você não vai conseguir. Não tem direito. - Ele perguntou se o casal tinha algum bem e eu falei da casa. Ele disse que eu tenho direito. - Você falou que a casa já era minha por herança quando nos casamos? - Isso não faz diferença. Com o casamento, a casa se tornou nossa. - Tenta então. Se a justiça decidir que você tem direito, eu acato, mas tenho certeza que você não vai conseguir. - Vamos ver. Os policiais, notando que a discussão estava se tornando acalorada, desceram do carro e avisaram: - O senhor pega as suas coisas e sai daqui. O senhor sabe que esta senhora tem medida protetiva e o senhor não pode se aproximar dela. Estamos deixando apenas o senhor pegar as suas coisas. Paulo com medo de ser preso novamente, pegou as bolsas e saiu sem dizer mais nada. Assim que ele virou a esquina, Maristela convidou os policiais para entrar e tomarem um café. Já dentro de casa, um deles falou: - Se a senhora perceber que ele está rondando a casa, nos avise. - Eu acredito que agora, ele vai tentar judicialmente. Não vai vir aqui de novo. - Mas fique atenta. Na delegacia, estamos sempre lidando com gente teimosa e as vezes, acontece o pior. Ele não pode mais se aproximar daqui. - Ele hoje foi no meu trabalho. - Nem lá, ele pode ir. Se for, a senhora avisa na delegacia. - Aviso sim, pode deixar. Agora vamos ao café. Depois de tomar um bom lanche, agradeceram, entraram no carro e partiram. Renato só saiu do quarto, quando percebeu que a mãe já estava sozinha. Se aproximou e perguntou: - Como a senhora está se sentindo? - Aliviada. Agora somos só nós dois. - Não se preocupe que a gente vai dar conta. Afinal, nós dois trabalhamos. - Não estou preocupada com isso. Eu tenho como manter a casa sozinha e você nem precisa me dar nada, o dinheiro dos aluguéis dá e sobra para as despesas da casa, mesmo porque a gente come no restaurante todos os dias. - Eu faço questão de ajudar. Eu dava parte do dinheiro a ele. - Pra mim, não precisa dar nada. Continua colocando as tuas economias na poupança e gasta o resto com o que você quiser. - Agora a poupança já não é mais importante. Você não vai me botar pra fora de casa. - Mas continua juntando. Sempre é bom ter uma reserva. Agora vai se arrumar que está na hora do colégio. Renato trocou de roupa e saiu para estudar. Depois de ficar sozinha, Maristela ligou a televisão e ficou se distraindo para aliviar a cabeça.
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