Paulo saiu dali e depois de virar a esquina, ficou pensando em quem poderia ajudá-lo a sair daquela situação. Os irmãos não iriam lhe dar liberdade para fazer o que quisesse e os poucos amigos que tinha, eram do trabalho e não iam querer lhe ajudar.
Depois de pensar muito, resolveu que por hora, iria ter que recorrer a família. Seu celular estava descarregado e não tinha como se comunicar com ninguém. Como Maristela já tinha saído do trabalho, resolveu ir lá e pedir para seu Mário para ligar para um dos irmãos e pedir que fosse lhe buscar.
Quando chegou no restaurante, Seu Mário lhe atendeu como sempre e emprestou o telefone para que fizesse a ligação.
Paulo ligou para um irmão e ele ficou de ir até o restaurante assim que saísse do trabalho.
Quando ele chegou, Paulo agradeceu a ajuda de Seu Mário e foi embora com o irmão, que deixou claro que seria uma situação provisória.
Paulo pensou melhor, e decidiu ir para a casa da mãe, que morava sozinha em uma casa confortável.
Pediu que o irmão lhe levasse lá.
Quando chegaram na casa da mãe, Paulo disse que Maristela tinha se separado dele, porque estava desempregado e não comentou a respeito da violência que tinha cometido. A mãe penalizada, deixou que ele ficasse.
Depois que o irmão saiu, a mãe colocou um dos quartos a sua disposição e foi para a cozinha esquentar o jantar.
Ela estava pensando que seria bom ter companhia de um dos filhos.
Tinha aposentadoria e recebia também pensão do falecido marido. Vivia com certo conforto e era justo ajudar o filho em uma emergência daquela.
Depois de tomar banho e trocar de roupa, Paulo se dirigiu a cozinha. Estava com fome.
Dona Marlene, a mãe de Paulo, fez de tudo para agradar o filho, acreditando que ele era a vítima daquela situação.
No dia seguinte, foi na empresa, resolver sua situação.
Lá chegando, foi encaminhado ao Departamento Pessoal, aonde assinou uma carta de pedido de demissão e assim manteve sua carteira limpa. Ainda recebeu os dias de trabalho e foi marcada a data da homologação. Tinha férias vencidas. Pelo menos ia ficar com algum dinheiro até arrumar outro trabalho. Sabia que não seria fácil. O mercado estava escasso, mas quando recebesse o dinheiro da venda da casa, que acreditava ter direito, colocaria sua vida de novo em ordem.
Voltou para casa da mãe e foi muito mimado por ela. Enquanto ele estava fora, ela tinha ido ao mercado e feito compras para agradar o filho. No princípio, ele se comportou muito bem, a ponto de Dona Marlene ficar com raiva da nora e do neto, que haviam posto o filho pra fora numa hora que estava tão fragilizado.
Aos poucos, Paulo foi demonstrando seu verdadeiro gênio e reclamava por qualquer coisa. Ainda não tinha usado de violência com a mãe, mas ela já percebia que a historia não era aquela que ele havia contado.
Escutou ele conversando, por telefone com o advogado que estava cuidando da separação e ouviu quando ele se referiu a prisão que Maristela tinha lhe colocado e por isso, ia tirar tudo dela.
Dona Marlene, logo viu que tinha muita mentira ali e decidiu fazer uma visita a Nora para descobrir o que realmente tinha acontecido.
Decidida, no dia seguinte, inventou que ia sair com uma amiga da igreja e partiu para a casa da nora.
Quando chegou, não encontrou ninguém. Depois de um tempo esperando, uma vizinha lhe informou que Maristela estava trabalhando e só voltava depois de duas horas.
Marlene se identificou como a mãe de Paulo e disse que não podia voltar pra casa sem falar com a nora.
A vizinha, que sabia de tudo que ocorreu, lhe perguntou?
- A senhora não veio aqui na intenção de aborrecer ainda mais a Maristela e o Renato não? Não é?
- Não, vim para saber o que realmente aconteceu. O Paulo está lá em casa e eu quero saber o que houve para Maristela acabar com um casamento de quase vinte anos.
- Se a senhora quiser, pode esperar lá em casa.
Marlene seguiu a mulher e logo ficou sabendo da verdade.